Ficha de Casa Religiosa
    
Designação
Convento de Nossa Senhora da Soledade

Código
LxConv063

Outras designações
Convento de Nossa Senhora da Soledade de Lisboa; Mosteiro das Religiosas Trinas de Nossa Senhora da Soledade do Mocambo; Convento das Trinas do Mocambo; Convento das Trinas; Mosteiro das Trinas

Morada actual
Rua das Trinas, 49

Sumário
O convento de Nossa Senhora da Soledade, da Ordem da Santíssima Trindade, foi fundado em 1657 no bairro do Mocambo por Cornélio Vandaly e sua mulher Marta de Boz, e começou a ser habitado em 1661 com duas religiosas vindas do convento do Monte Calvário.

O cenóbio passou para a posse do Estado em 1878, após a morte da última freira professa . Entre 1878 e 1910 o edifício foi residência das Irmãs Hospitaleiras da Imaculada Conceição e depois teve ocupações diversas que contribuíram para a sua degradação física e arquitectónica, nomeadamente a destruição da igreja. Em 1969 o edifício foi entregue à Marinha que o cedeu ao Instituto Hidrográfico, organismo que ainda ocupa a casa conventual e os espaços circundantes. Foram então feitas importantes obras de restauro que devolveram parte do primitivo esplendor do convento, que apresenta espaços notáveis, de grande riqueza azulejar e trabalho de talha. O património artístico encontra-se hoje disperso por vários museus e igrejas do país.

Caracterização geral
Ordem religiosa
Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos

Género
Feminino

Fundador
Cornélio Vandaly - Cláusula testamentária
Marta de Bóz - Cláusula testamentária

Data de fundação
1657

Data de construção
1660-10-29

Data de extinção
1864-10-13

Autoria
Mateus do Couto (Sobrinho) - Arquitecto, Atribuição

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual

Componentes da Casa Religiosa - 1834
Convento
Claustro
Igreja
Cerca de recreio

Caracterização actual
Situação
Convento - Existente
Igreja - Vestígios
Cerca - Existente / parcialmente construída

Propriedade
Estado

Ocupação
Convento - Ocupado(a) - Instituto Hidrográfico

Disposições legais
Imóvel de Interesse Público; Decreto nº 32973/1943; 18 de Agosto

Descrição
Enquadramento histórico
O Convento de Nossa Senhora da Soledade foi fundado por um casal de flamengos a viver em Lisboa - Cornelio Vandali (cavaleiro nobre) e Martha de Bóz -, possivelmente fugitivos das perseguições políticas e religiosas dos protestantes na Flandres. Na ausência de descendentes resolveram doar os seus bens para obras pias. Na casa de campo que tinham no bairro do Mocambo edificaram uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Soledade.

Cornelio Vandali deixa em cláusula testamentária que na ermida se fizesse um convento para religiosas professas na Ordem da Santíssima Trindade (S. JOSÉ, II, 1794, p. 211); o seu jazigo ficaria na capela-mor e haveria a obrigatoriedade de missa quotidiana pela sua alma. As obras, sobre supervisão da mulher, iniciam-se em 1657. A autorização para a fundação data de 24 de Março de 1660 e teve o apoio de D. Catarina de Gusmão, pois aconteceu numa altura em que o rei não favorecia a fundação de novos conventos pela época complicada em que Portugal se encontrava nos anos pós Restauração (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 454).

Por bula do papa Alexandre VII In bis auctoritatis nostrae partes, de 29 de Outubro de 1660, foi dada licença para a clausura e para a passagem das religiosas trinitárias, que até então assistiam no Convento do Calvário da Ordem Seráfica (Ordem de Santa Clara). O trinitário frei António da Conceição havia criado o ramo feminino da Ordem da Santíssima Trindade, ainda sem casa própria. A 21 de Agosto de 1661 as religiosas fundadoras, as madres Soror Catarina de Santo António (sobrinha de Martha de Bóz) e Soror Ana de São Francisco, e uma outra religiosa deixam o Convento do Calvário, acompanhadas por dois padres provinciais da Ordem Seráfica e pessoas ilustres da Corte que as entregaram ao provincial da Ordem da Santíssima Trindade e instalam-se no novo convento, onde se encontravam já quatro súbditas vestidas com o hábito trinitário. A 18 de Setembro, em procissão que partiu do Convento da Trindade é transportada a custódia com o Santíssimo Sacramento para a nova casa do Mocambo, provisoriamente colocada num sacrário já preparado onde permaneceu até ser trasladado para a nova igreja, a 18 de Novembro de 1713 (S. JOSÉ, II, 1794, pp. 211-212).

O convento foi estabelecido para 16 religiosas: 13 de véu preto e três conversas de véu branco, por não ter a fundadora D. Martha de Bóz renda para suportar maior comunidade (Idem, p. 218). Querendo a fundadora recolher também no convento algumas meninas por educandas, a esperarem lugar para serem religiosas, em 1661 pediu ao papa Alexandre VII, que já havia passado a bula de fundação, para que lhe concedesse a mercê. O que foi autorizado pelo Breve Cum sicut dilecta in Christo filia Martha de Bóz..., com cláusula para que as educandas não excedessem o número de metade das religiosas, que fossem donzelas entre os 7 e 25 anos, que aceitassem os votos da Comunidade, que vivessem em lugar separado das religiosas, que fossem para o dito convento sem pompa, que no caso de saírem não poderiam entrar sem novo Breve, e finalmente que se não professassem dentro do tempo definido, saíssem logo para fora do convento, sob pena de excomunhão de violação da clausura, tanto para elas como para a prelada e seus parentes mais chegados. As novas regras foram confirmadas pelo bispo de Targa D. Francisco de Souto Maior, vigário geral de Lisboa a 29 de Março de 1662. Com o passar dos anos, vendo as religiosas ser o seu número diminuto para assistência no coro, oficinas e mais obrigações da comunidade, em 1683 pediram ao papa Inocêncio XI novo Breve que autorizasse o aumento do número para 33 religiosas, a saber: 25 do coro e 8 conversas, que ficaram em 6 por exigência do núncio (Idem, p. 219).

O Terramoto de 1 de Novembro de 1755 causou estragos no edifício, obrigando as religiosas a mudarem-se temporariamente. Primeiro retiraram-se para a cerca do convento, onde abarracadas permaneceram 10 dias. Depois alojaram-se na Portela, arredores da cidade, na quinta e casas nobres com ermida, pertença do cidadão Francisco da Silva Lima. A 10 de Novembro fizeram a viagem em carruagens fechadas, cada uma com a imagem da sua maior devoção. Ali ficaram 14 meses, período em que foi reparado o convento. Regressaram a 8 de Janeiro de 1757

Das quatro vezes que o convento sofreu obras importantes (1657-1661, 1711-1713, 1745-1754 e 1755-1760) estas ocorreram sempre por conta de mecenas ou por conta das próprias freiras, não havendo nenhuma intervenção atribuída à casa real. O único monarca que visitou o edifício foi D. Maria I, em 1778, 1782, 1784, 1785 e 1790, apesar de não ter apadrinhado nenhuma obra.

A 14 de Janeiro de 1878 morre a última religiosa do Convento das Trinas e 4 dias depois o Estado toma posse do edifício [ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Soledade de Lisboa, Cx. 1695, doc. IV/I/90 (44)].

Nesse mesmo ano as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição instalaram-se no convento onde ficaram até 1910, altura em que saíram por determinação do governo republicano. Até 1 de Dezembro de 1899 ali viveu Maria Clara do Menino Jesus, considerada a fundadora da Congregação, que foi beatificada a 21 de Maio de 2011 (GOMES, Setembro 2010, pp. 23-24).

Após a implantação da República o edifício teve inúmeras utilizações. Na sequência das incursões monárquicas de 5 de Outubro de 1911, chefiadas por Paiva Couceiro, em algumas salas do convento decorreu no final desse ano o tribunal dos revoltosos (Ilustração Portuguesa, 27 Novembro, 11 e 18 Dezembro de 1911). Em 1912 eram já diversas as ocupações das antigas dependências conventuais: a Federação Nacional das Associações de Socorros Mútuos (posto médico-cirúrgico com farmácia e escritórios), o atelier do pintor Júlio Vaz no antigo refeitório do convento. Em março de 1912 funcionou como hospital provisório do Hospital de S. José, recebendo os doentes vitimas do surto de febre tifóide que grassava na cidade. Pela mesma altura instalou-se no edifício o Arquivo Central de Identificação e Estatística Crimina, que ali se manteve até ao início da década de 40 do século passado (GOMES, Abril 2012, p. 31).

Ao longo dos anos foram arrendados espaços à Escola Elementar de Comércio Ferreira Borges e à Escola Preparatória Rodrigues Sampaio, procedeu-se à instalação do Arquivo da Direcção-Geral das Obras Públicas e Minas, e ainda a uma arrecadação da Direcção-Geral das Obras Públicas do Distrito de Lisboa (Idem).

Em 12 de Fevereiro de 1917, por ocasião da 1ª Grande Guerra, o Ministério da Guerra toma posse do pavimento superior e instala o 1º Grupo de Companhias de Saúde que se estendem depois a outras áreas do convento como igreja e coros. Outras utilizações dadas ao edifício foram a instalação do Museu de Escultura Comparada (pelo Museu Nacional de Arte Antiga), o armazenamento de livros (por parte da Imprensa Nacional), o arquivo da Inspecção do Comércio Bancário etc. (Idem).

Para além de todas estas instalações oficiais, partes do edifício e terrenos anexos foram clandestinamente ocupados. O antigo conjunto conventual entrou em estado de completa degradação, com destruição da igreja e grande parte do património artístico.

A 29 de Março de 1939 o historiador Manuel dos Santos Estevens, secretário do então Director-geral da Fazenda Pública encontrou, amontoado no edifício, o espólio do antigo Arquivo do Ministério das Obras Públicas, do qual faziam parte 20 pastas de plantas e 10.000 processos de obras com 1500 desenhos, nomeadamente 118 desenhos do Convento da Estrela e 56 desenhos do Convento de Nossa Senhora das Necessidades. Esta descoberta esteve na origem de um despacho do Ministro das Finanças (Leite Lumbralles) que determinou que se instalasse no edifício a sede do Arquivo Central das Secretarias do Estado (SIMÔES, 2004, p. 106). Foi no entanto uma decisão muito contestada pois havia quem, como o engenheiro Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas, achasse preferível demolir o antigo convento e construir um edifício de raiz para acolher o Arquivo Central (Idem, p. 107). Assim, as obras, dirigidas por Manuel Santos Estevens, arrastaram-se até 1951 e a instalação efectiva do arquivo no edifício das Trinas não chegou a concretizar-se.

É durante este período (Agosto de 1943) que o edifício é classificado como imóvel de interesse público pelo decreto 32973 (Diário do Governo, 18 de Agosto 1943). Em 1951, com a saída de Manuel Santos Estevens para director da Biblioteca Nacional, o edifício volta a ter destino incerto; funcionou como atelier do escultor Numídico Bessone Amorim, sede do Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos e da Mocidade Portuguesa Feminina. Em Outubro de 1956, a Direcção-Geral de Saúde propôs a a transformação do edifício num Centro de Recuperação Social do Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos, facto que não se veio a concretizar (Idem, p. 31).

A 7 de Novembro de 1960, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais é autorizada pelo Governo a celebrar contrato com João Gomes Nunes para a execução da empreitada do "Antigo Convento das Trinas - Adaptação a arquivo central das Secretarias do Estado" pela importância de 1211000$00, a executar no prazo de 270 dias (Decreto 43298, Diário do Governo nº 258, 7 Novembro 1960, pp. 2405-2406).

O vasto espólio azulejar de proveniência vária que Manuel Santos Estevens reunira no edifício das Trinas, como os painéis da escadaria do Mosteiro de São Bento da Saúde, e que se encontrava acondicionado em dezenas de caixotes há anos vários anos, começa a ser transferido no final de 1962 para o recém-criado Museu Nacional do Azulejo (SIMÕES, 2004, p. 112).

Devido ao incêndio ocorrido a 18 de Fevereiro de 1969 no Arsenal da Marinha, o edifício do antigo Convento das Trinas é colocado à disposição do Ministério da Marinha para instalação provisória do Instituto Hidrográfico, dada a necessidade de manutenção da produção cartográfica devido ao conflito nos territórios ultramarinos. Depois de 1974, com a descolonização e consequente redução da área de actuação do Instituto, é posta de parte a sua passagem para um edifício novo em Paço de Arcos. Novos espaços são então construídos junto ao antigo convento - dois edifícios e parque de estacionamento -, em terrenos adquiridos à Casa de Cadaval por 42.000. 000$00 (Portaria 1094, Diário da República nº 295, de 24 de Dezembro 1981, pp. 3351-3352).

Evolução urbana
Eram vastas as terras das religiosas Trinas do convento de Nossa Senhora da Soledade. Compunham-se de dois casais contíguos - Boa Vista e Buenos Aires - divididos pelo eixo constituído pelas ruas das Trinas e de Santa Ana. Tinham-lhes sido doados pelo Duque de Cadaval em 1662, pouco depois da fundação do convento em 1657 [ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Soledade, Cx.1965, doc. IV / I / 90 (76)], cuja memória perdura na toponímia local. A doação permitia aos duques de Cadaval o direito perpétuo de apresentação de duas religiosas "de veu preto" para dois lugares que ficariam abertos na comunidade conventual, em compensação da remissão do foro que aqueles casais pagavam à Misericórdia de Lisboa.

No seu todo os casais Boa Vista e Buenos Aires ocupavam uma extensa área com cerca de 14 hectares que confrontava a sul com a Rua da Santíssima Trindade (atual Rua Garcia de Orta) e com a cerca do convento de Nossa Senhora dos Remédios, estendendo-se a poente até à Rua de São Domingos, a nascente até à Rua da Bela Vista (atual Rua dos Navegantes) e a norte até à Rua de S. Ciro (Planta do loteamento das freiras trinas e do Casal d'El Rei da Casa do Infantado, Planta da nova freguezia de N. Sra. da Lapa e Freguesia de Santos in SANTANA, pp. 41 e 43; GOMES, 2012, p. 30). Também os terrenos que limitam com a Rua Garcia de Orta e a Rua de São João da Mata pertenciam ao convento, sendo denominados por cerca.

A destruição causada pelo Terramoto de 1755 levou a que parte da população da cidade se fixasse nesta área, prolongando a cidade para ocidente. Em 1756 foram feitos aforamentos de terras, na área dos dois casais, surgindo uma extensa urbanização actualmente conhecida por Bairro da Lapa. Com a extinção do convento os enfiteutas que detinham contratos de arrendamento com as Trinas não sabiam a quem deveriam pagar e a Casa de Cadaval reclamou a posse das propriedades baseando-se numa cláusula do contrato segundo a qual os bens doados regressariam à família em caso do desaparecimento ou extinção do convento, o que veio a verificar-se [ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Soledade, Cx. 1965, doc. IV / I / 90 (76 e outros)]. A Casa de Cadaval ficou com a posse das propriedades até 1981 altura em que o Instituto Hidrográfico procedeu à sua compra. Este organismo instalara-se no edifício em 1969 e pretendia alargar a área ocupada a novos serviços e parque de estacionamento.

Caracterização arquitectónica
Edifício em gaveto compreendido entre a rua das Trinas e a rua Garcia de Orta, com 2 ou 3 de pisos acompanhando o acentuado declive das duas ruas. De fachadas rígidas, caracterizadas pela horizontalidade das linhas, apresenta como únicos pormenores arquitectónicos decorativos a porta do corpo da Igreja, a norte, coroada por frontão onde se inscreve um relevo representando Nossa Senhora da Piedade, e a porta da portaria do convento, no corpo virado a sul. Esta dá entrada á portaria decorada com silhares barrocos recortados, onde ainda se pode ver o espaço ocupado pela roda da clausura e a porta que daria acesso á igreja e ao coro, do lado direito, e em frente ao claustro

O primitivo edifício conventual, de pequena dimensão, foi alargado a expensas da condessa do Redondo, D. Maria Magdalena de Távora, que deixou a avultada soma de vinte mil cruzados para a construção de uma nova igreja. A condessa havia escolhido o Convento das Trinas para seu recolhimento, mandando construir várias dependências para sua habitação e que depois serviram de dormitório com cuja obra [o Convento] ficou mais avultado, ainda que com pouca regularidade (S. JOSÉ, II, 1794, p. 213). A construção da nova igreja ficou concluída em 1713, embora numa descrição datada de 1718 se referir que a igreja e o convento ainda estavam incompletos, sem valor artístico (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 454).

Assim permaneceu a edificação até ao ano de 1745, altura em que começava a ameaçar ruína e com o dormitório inabitável, o que obrigou à construção de novo convento. Lançou-se a primeira pedra a 8 de Março de 1745, sendo provincial da Ordem da Santíssima Trindade, o mestre frei João da Cruz, e prioresa do convento a soror Maria Josefa de Jesus. Desse ano (6 de Julho) data um requerimento da prioresa e mais religiosas à Câmara de Lisboa solicitando autorização para desmanchar parte das paredes do convento por estarem arruinadas e abrir alicerces de novo (AML, Livro de Cordeamentos de 1745-1753, f. 33-34v.).

Em três anos se terminou o dormitório grande com todas as suas oficinas, começando a ser habitado pelas religiosas a 11 de junho de 1748. Toda esta campanha foi custeada pelas freiras que pediram em 1745 um empréstimo à Coroa (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 1965).

Esta empreitada foi concretizada por duas equipas associadas de mestres de obra. A equipa composta por Jorge de Sousa e Caetano Jerónimo associou-se Manuel Francisco de Sousa e Manuel Antunes. Associação feita por contrato notarial a 30 de Março de 1746 (SIMÕES, 2004, p. 17). A obra terá durado até 22 de Junho de 1754, data em que ambos os mestres de obra receberam das mãos de outro Jorge de Abreu a quantia de 3.221.791 réis (ANTT, Cartórios Notariais de Lisboa, Cartório nº 11, Liv. 609, f. 49v-50v; SIMÕES, 2004, p. 17).

A igreja era na descrição de frei Jerónimo de São José, cronista da Ordem da Santíssima Trindade, sem exagero, huma das mais perfeitas, e aceadas Igrejas, que tem os Conventos de Freiras da Corte. O seu cumprimento he de 50 passos, e de largo 25: Toda de abóbeda, apainelada de bellissimas pinturas, com molduras douradas, e diversos entalhados de gosto. Primeiramente a Capella Mor he muito espaçosa, com seus presbiterios, para os quaes se sobe por 6 degraos: o retábolo, ideado com bella arquitectura, de 4 columnas salomonicas, capiteis, e ornatos dourados, fingindo marmore, e outras variedades de pedras, com hum estimavel painel da Senhora da Soledade, Orago do Convento, de 25 palmos de alto, e 13 de largo, e os Santos Patriarcas de escultura estofada de ouro, de estatura ordinaria: Ornão as suas paredes mais 4 paineis dos principaes Mysterios da mesma Soberana Senhora, do comprimento de 10 palmos, e oito de largo; tudo guarnecido das referidas molduras douradas, e diversas folhas de entalha, a que servem de resguardo humas excellentes grades fingidas de Lapis Lazaro, ornadas do mesmo ouro. O corpo da Igreja tem duas ordens de quadros de igual pintura, e da mesma sorte que os outros, sendo alguns de 30 palmos de comprido, e oiro de largo, que de hum, e outro lado, fazem o número de 30: São as vidas dos Santos Patriarcas, e da Instituição da Ordem. Consta esta Igreja de 5 Altares, todos com a mesma perfeição, e aceio. O primeiro he o Altar Mór, de que fallámos, para cuja perfeição concorreo muito a R. M. Soror Vicencia Michaela de Santa Maria. O segundo da parte do Evangelho, he chamado do Bom Pastor, aonde está o deposito das Sagradas fórmas, assim como tambem no Altar Mór. He de talha dourada, com a Veneravel Imagem de Christo Crucificado de 6 palmos, que veio a este Convento (confórme se conta) do modo seguinte (...)(SÃO JOSÉ, 1789-1794, pp. 213-214).

Por especial devoção a esta imagem se sepultou junto ao altar o 4º conde de Coquolim, D. Joaquim de Mascarenhas em 21 de Julho de 1792, da casa dos Marqueses de Fronteira e Vila Nova. Na igreja também se encontrava sepultada a condessa, sua mãe, D. Teresa de Lencastre.

O terceiro Altar, he dedicado ao prodigioso, e insigne Martyr S. Cyro. com igual entalha, e riqueza. A sua Imagem, he de vulto, estofada de ouro, altura de 5 palmos, e no meio do mesmo Altar, hum riquissimo cofre, da ossada toda do Santo, que de Roma mandou à Reverenda Madre Soror Maria da Soledade, o Cardeal Gusmão, seu parente (Idem, p. 214).

As relíquias de S. Ciro eram veneradas na cidade para dar vida a quem estava sem esperanças dela. Tal devoção é comprovada pelo sermão de D. Lucas da Gama Portugal, feito em acção de graças da benesse recebida pelo toque na relíquia estando muito doente (PORTUGAL, 1697).

O quarto altar, he dedicado ao Sagrado Precursor de Christo, S. João Baptista, igual em tudo aos outros, que fez de entalha a mesma referida Religiosa [Soror Catarina Maria de S. José), e mandou dourar a R. M. Soror Mariana do Espírito Santo. O último dedicado a Nossa Senhora dos Prazeres, Imagem de roca, de estatura ordinaria, ricamente ornado, e com a mesma perfeição dos mais. Fez tambem a seu despeza a dita R. M. Soror Ursula dos Santos, no que respeita à entalha, e dourou com a do Christo, José Ramos da Silva, Provedor da Casa da moeda, e Benfeitor deste Convento. (S. JOSÉ, II, 1794, p. 215).

O tecto, tanto da Igreja como da capela-mor bom desenho pintado com 2 admiráveis painéis: um com o Anjo com cativos na forma da visão do papa Inocêncio III, o outro a Assunção da Senhora. Tudo mandou fazer Salvador Franco Rainho, tio da Soror Josefa Elena de Jesus, juntamente com os quadros e entalhas douradas que apainelam a igreja. A igreja de, boas grades de pau santo que servem de divisão e resguardo dos altares, alampadas de prata, sitiaes de damasco para todos os arcos, e janellas, guarnecidos de galão fino, que deo de esmola o Tenente General de Artilheria Manoel Gomes de Carvalho, Cavaleiro da Ordem Militar de Christo, pai da M. Soror Justa de Jesus Maria. Por cima do coro, tem a Igreja um quadro que corresponde a toda a largura da igreja, que são 25 palmos em que se acha pintado com singular idea, o maravilhoso prodigio da Senhora, quando no dia da Festa da sua Natividade, quiz ennobrecer esta Religião, apparecendo no nosso Convento de Cervo Frigido, acompanhada de Anjos, vestidos todos com o proprio habito, cantando no Côro as suas Matinas, como consta da lições do inclito Patriarca S. Felix. He tambem de molduras douradas, e com igual riqueza, e perfeição aos outros (Idem, p. 215).

A luz entrava na igreja por 8 janelas de altura de 10 palmos e 6 de largo, que a fazem muito clara e alegre. O Coro debaixo corresponde bem à perfeição da Igreja, bastante largo, com boas cadeiras, apainelado, dourado e com singulares pinturas da vida de Nossa Senhora.

No que respeita às dependências de habitação das religiosas, o convento em si he grandioso, com bastante extensão, e boas officinas. A principal acomodação das religiosas é para a parte do mar com cuja vista são muito bem divertidas e recreadas. Consta de um dormitório grande, noviciado e outras acomodações (Idem). O claustro tinha árvores de espinho, canteiros com grande variedade de flores, próprias do sítio, e criadas com singular mimo e desvelo. Do lado poente estava uma bella casa de Capítulo com altar, no qual se encontra a imagem de Nossa Senhora da Luz. Imagem muito venerada, nomeadamente por D. Maria Francisca Isabel de Sabóia, esposa de D. Pedro II, que atribuía à sua intercepção o restabelecimento da sua saúde (Idem, p. 216).

O convento possuía ainda uma casa chamada do lavor, onde as religiosas se juntam para fazer as costuras necessárias à comunidade. Também possuía um altar, no qual havia sido colocada uma estimavel e antiquissima pintura de Jesus Cristo com a cruz às costas (Idem).

O convento detinha ainda boa enfermaria, e casa de banhos com provimento de água de dois poços (Idem, p. 217).

A cerca era de sufficiente extensão, composta de ruas, parreiras, pomares, vinha, e orta. Na cerca existe uma ermida dedicada a Santa Marta e a S. Benedito (Idem).

A obra efectuada no convento esteve envolta em polémica pois não respeitou a disposição régia que proibia toda e qualquer construção na cidade até que fosse acabado o plano de ordenamento urbanístico (Livro 5º de consultas e decretos de D. José I, consulta da Câmara de 17 de outubro de 1757, f.19, citado por SIMÕES, 2004, p. 18). Em 1760 ter-se-ão finalizado as obras como se pode concluir da data num relevo representando a Nossa Senhora da Soledade ainda hoje existente sobre a porta exterior da igreja.

Nos inícios do século XIX, Luiz Gonzaga Pereira (PEREIRA, 1927, p. 317) refere que a igreja podia acomodar 400 fiéis. E referenciava o grande número de devotos da imagem do Menino Jesus dos Atribulados que á muitos anos se venerava na igreja, cujo quadro he muito collorido (idem, pp. 318-319), do qual há muitas estampinhas devotas (idem, p. 319). Refere, este autor, que a igreja estava ornada de quadros pintados a óleo, colocados em ricas molduras. Referindo o mau estado de alguns pelo pouco cuidado que houve na sua conservação. Refere também em circulo do corpo da Igreja se fe huma collecção de figuras pintadas em azolejo muito bem palpadas (Idem). Salienta também a existência de imagens em escultura de madeira, de muita devoção por parte dos fiéis, todas as capelas se conservão com decencia (Idem. Conclui referindo que a planta, alçado, corte, retabulos e mais objectos tendentes à Igreja são de importancia; o convento hé magestozo e muito bem edificado (Idem).

O acervo artístico do Convento de Nossa Senhora da Soledade encontra-se actualmente disperso por vários museus, igrejas e conventos nacionais como no Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), Museu Grão Vasco (Viseu), Museu de Arte Sacra (Aveiro), igreja de São Gregório (Tomar), Convento de São Francisco (Tomar), Convento da Ordem de Cristo (Tomar) ou Palácio Nacional de Mafra (Mafra).

Inventário de extinção
ANTT, Ministério das Finanças, Convento de Nossa Senhora da Soledade, Cx. 1965, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224414

Entre 22 de Dezembro de 1858 e 19 de Janeiro de 1859, procedeu-se à descrição e avaliação dos prédios rústicos e urbanos foreiros ao convento da Nossa Senhora da Soledade, "com declaração da sua situação, qualidade e natureza, nome dos enfiteutas, importância dos foros e datas dos títulos de emprazamento, com indicação dos cartórios em que foram lavrados", pelo secretário da comissão da extinção das ordens religiosas Miguel Augusto Pacheco (doc. IV/I/90 (2), f. 2). A informação recolhida é apresentada num quadro com 22 folhas preenchidas com 341 registos de foros discriminando, em colunas sucessivas, a "Qualidade e natureza dos foros", o "Nome dos enfiteutas", o montante dos "Foros", "Datas de pagamento", "Datas das escrituras ou títulos de emprazamento", "Cartórios em que foram lavradas", "Valor dos prazos", "Situação dos prazos", e por último uma coluna para "Observações".

Até ao registo número 318 todos os prazos se situam na freguesia da Lapa, então bairro de Alcântara. A partir do registo 319 até ao último, o 341, os foros são referentes a prazos situados em Arruda, Oeiras, Vila Franca de Xira, Barreiro, Sintra, Cadaval, Mercês e Ourique. A importância total dos foros é de 1996$968 (pagos entre 1725 e 1859) e o valor total dos prazos corresponde ao montante de 39 939$370.

No dia 28 de Janeiro de 1859 procedeu-se à descrição e avaliação do edifício do convento das Trinas na presença da vigária soror Maria Bárbara do Carmo, do comissionado eclesiástico Joaquim José Tomás, de dois louvados nomeados pelo administrador do bairro (Guilherme António Costa e Manuel Ferreira da Silva) e de Miguel Augusto Pacheco secretário da Comissão. O convento foi avaliado em 10.000$000 réis e descrito do seguinte modo: "É situado o Convento na rua das Trinas do Mocambo, para onde tem a sua entrada, Freguezia de Santos o Velho; compõe-se de três pavimentos, um terreo e dois superiores; o pavimento terreo e o primeiro andar e todo fechado de abobada; o segundo é forrado de madeira; os dois primeiros pavimentos estão muito bem conservados, porem o segundo andar está em partes arruinado na solha; no meio do recinto se acha um claustro com seu jardim com alegretes e assentos porem em mao estado; as paredes do claustro acham-se aruinadas por falta de rebôcos; junto ao convento se acha um pedaço de quintal murado todo, que o faz independente da cerca , e umas barracas situadas á parte do Norte, que servem de accomodar gado ou creados, e que estão em total ruina; o convento contem todas as acomodações proprias para o que foi feito, e foi avaliado em dez contos de reis" (doc. IV/I/90 (2), f. 1v.).

No que respeita à cerca compunha-se "de dois bocados de terra de semeadura, um taboleiro de orta, com um poço sem engenho, parreiras sobre esteios de madeira, algumas oliveiras, e umas barracas annexas, e sendo a sua renda importante em trinta e oito mil e quatro centos, foi avaliada na quantia de seiscentos setenta e dois mil reis" (doc. IV/I/90(2), f. 1v.). "Pertence tambem ao convento uma propriedade de casas sitas na Traveça do Pé de Ferro nº um a quatro, que se compõe de lojas, e primeiro andar, a qual propriedade é habitada pelo Padre Capellão e pelos creados das respectivas religiosas, com excepção da loja nº um que pertence a outro dono; e sendo-lhe fixada a renda de vinte quatro mil reis foi avaliada a dita propriedade em duzentos mil reis". A soma total dos bens avaliados foi de 10:879$000 (doc. IV/I/90 (2), f. 1v.).

Anos mais tarde, o Decreto de 13 de Outubro de 1864 determina a supressão do convento de Nossa Senhora da Soledade, e estabelece uma pensão mensal de 20$000 réis a cada uma das religiosas em conformidade com o artº 11 § 2º da Lei de 4 de Abril de 1861 (doc. IV/I/90 (3). Este decreto foi enviado a 19 de Outubro de 1864 ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda por Gaspar Pereira da Silva, da Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, para que o 1º mandasse proceder à nomeação de funcionário para à arrecadação dos bens do convento e para pagar as pensões ás religiosas na residência que escolherem, quer continuem ou não a viver em clausura. Acto que deveria ser harmonizado com o Cardeal Patriarca, informado por aviso régio, no cumprimento do artº 10 do decreto de 31 de Maio de 1862, que determinava que as alfaias, vasos sagrados e mais objectos de culto fossem entregues para inventário à autoridade eclesiástica competente.

À data, 1864, a comunidade religiosa do Convento das Trinas era composta por quatro religiosas professas: Soror Barbara Joaquina da Piedade de 56 anos, Soror Maria Bárbara do Carmo de 66 anos, Soror Maria do Carmo do Santíssimo Sacramento de 62 anos, e Soror Maria Rita dos Prazeres de 61 anos. Por falta do número legal e canónico o convento não deveria ser mantido (doc. IV/I/90 (99). No convento viviam também as pupilas: D. Isabel Maria de Moraes Sarmento, D. Maria da Madre de Deus Silveira e Vasconcelos, D. Ana Isabel da Fonseca Pedrozo e D. Henriqueta Clementina de Sá. Como empregados no serviço interno e externo da Comunidade encontravam-se o confessor, padre Manuel Joaquim da Costa Sousa, o sacristão Bernardino, o procurador Francisco José da Silva, a criada Gertrudes Rosa, os criado Manuel dos Santos e Manuel de Campos, a veleira Maria José e o cirurgião Porfírio Amaral Rego.

A 5 de Dezembro do mesmo ano, D. Maria do Carmo de Castro, foreira do prédio nº 76 da Rua do Meio, em requerimento pedia esclarecimento sobre se deveria ou não obedecer à intimação recebida para reconhecer D. Maria da Piedade Caetano Alvares Pereira de Melo com direito ao foro que antes pagava às religiosas Trinas (doc. IV/I/90 (7). No ano seguinte volta a pedir esclarecimento (doc. IV/I/90 (9). Esta situação advinha do facto de D. Maria da Piedade Caetano Alvares Pereira de Melo, duquesa do Cadaval, pretender tomar posse dos casais da Boa Vista e Buenos Ayres doados pelo duque de Cadaval D. Nuno Álvares Pereira em 1662 ao convento (doc. IV/I/90 (6, 8, 13). A 28 de Junho de 1865 a Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça esclarece que enquanto se não realizar a supressão do convento (decretada a 6 de outubro de 1864) os foros devem ser pagos ao convento por ser senhorio directo (doc. IV/I/90 (10). Depois da supressão deverão ser pagos à Fazenda Nacional como administradora provisória dos bens do convento

Em Março de 1866 o convento ainda não tinha sido extinto e as religiosas usufruíam dos seus bens por ainda não lhes terem sido pagas as pensões (doc. IV/I/90 (15, 17, 18).

A 14 de Janeiro de 1878 morre a última religiosa pelo que, de acordo com as instruções de 31 de Maio de 1862, dever-se-ia proceder às diligências necessárias para a tomada de posse do convento e inventário dos bens, segundo informação do delegado do Tesouro ao Director Geral dos Próprios Nacionais em 15 de Janeiro de 1878 (doc. IV/I/90 (44).

O auto de posse do edifício do Convento das Trinas para a Fazenda Pública data de 18 Janeiro de 1878, e é realizado na presença do administrador do bairro o doutor Jaime Herculano Henriques Leça da Veiga, do encarregado do inventário Manuel Nunes Reis, do delegado do Tesouro António Francisco Pereira e de duas testemunhas: o bacharel Francisco Maria Tristão aspirante de 1ª classe da Repartição da Fazenda do distrito de Lisboa, e Manuel Ribeiro da Ascensão, sacristão da igreja do convento. É deste modo dada "posse para a Fazenda Publica do referido edificio e suas pertenças que confronta, pelo norte com predio de Carlos Maria Canha, sul com a rua da Santissima Trindade, a nascente com rua das Trinas de Mocambo e poente com a cerca que foi do mesmo convento e da qual se acha separado por um muro; igualmente tomou posse de todos os objectos no mesmo contidos" (doc. IV/I/90 (54).

A 19 de Janeiro o delegado do Tesouro José M. Marques Caldeira, da Repartição da Fazenda do Distrito de Lisboa, informa a conselheiro Diretor Geral dos Próprios Nacionais que foi no dia anterior com o administrador do Bairro Ocidental tomar posse do Convento das Trinas e efectuar as providências necessárias para se levar a efeito o inventário e guarda de todos os haveres do convento (doc. IV/I/90(45).

O "Inventario Addicional dos bens pertencentes ao extincto Convento das Trinas do Mocambo" data 30 de Janeiro de 1878 (doc. IV/I/90 (54) e foi realizado na presença do administrador do bairro ocidental, o doutor Jaime Herculano Henriques Leça da Veiga, do reverendo padre Raimundo dos Anjos Beirão, nomeado pelo Cardeal Patriarca para assistir e receber os objectos do culto, e Manuel Nunes Reis. nomeado pelo Delegado do Tesouro para escrivão do inventário. Compareceram também o ourives José Olimpo de Campos, e Estanislau Duarte Ferreira com loja de móveis na praça da Alegria, como avaliadores

Os objectos pertencentes ao culto foram avaliados em 3 197$480 (imagens, jarras, bandejas, sacrário, cortinas e sanefas, paramentos quadros em tela, missais, 100 livros sobre assuntos religiosos etc.). Foram entregues ao reverendo Raimundo dos Anjos Beirão, capelão das Irmãs Hospitaleiras da Terceira Ordem da Penitência para assistir ao inventário, "responsável pelos bens para com a Fazenda Pública", no dia 19 de Fevereiro de 1878 (doc. IV/I/90 (47).

A 9 de Agosto de 1878, o delegado do tesouro José Maria Marques e Pina informa o Conselheiro Director Geral dos Próprios Nacionais do resultado do inventário, dos documentos enviados aos vários organismos estatais, e envia 3 padrões e 2 títulos de divida pública da Junta dos juros que encontrou no convento, 6 cédulas de papel moeda do valor nominal de 2$400 réis cada uma, no total de 14$400 réis. Menciona ainda outros documentos encontrados como inscrições e certificados (doc. IV/I/90 (53).

A 4 de Outubro de 1878, a Segunda Repartição da Direcção Geral dos Próprios Nacionais, publica o edital incluindo a "Lista nº 5416 - Arrematação no Ministério da Fazenda no dia 7 de Novembro de 1878 ao meio dia" dos bens do Convento das Trinas, referente à desamortização dos bens compreendidos nas disposições das leis de 4 de Abril de 1861, 22 de Junho de 1866 e 28 de Agosto de 1869

Nesta lista aparecem os seguintes bens: "1. O edificio do convento situado na rua das Trinas do Mocambo, por onde tem a sua entrada, que se compõe de tres pavimentos, um terreo e dois superiores: o pavimento terreo e o 1º andar é todo fechado de aboboda o 2º é forrado de mudeira, no meio do recinto tem um claustro com seu jardim, com alegretes e assentos, junto ao convento tem um pedaço de quintal todo morado que o faz independente da cêrca, e umas barracas situadas á parte do norte que servem para accomodar gado ou creados. 10.000$000

2. Uma porção de terra a que se chama cêrca, que se compõe de dois bocados de terra de semeadura, um taboleiro de horta com um poço, parreira sobre esteios de madeira, algumas oliveiras e umas barracas annexas. 672$000

3. Uma propriedade de casas, sitas na travessa do Pé de ferro nº 1 a 4, que se compõe de lojas e 1º andar. 200$000" (doc. IV / I / 90 (62) doc. impresso).

Em anotação manuscrita aparece ao lado dos nºs 1, 2 e 3 as palavras "Retirado" e "Idem". No topo do documento: "Os bens do Convento das Trinas do Mocambo foram retirados da praça, como dis o diario do Governo da 3ª feira 29 de outubro de 1878" (Idem).

No ano seguinte, a 21 de Outubro de 1879, o Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça autoriza a instalação provisória das Irmãs Hospitaleiras da Terceira Ordem da Penitência de São Francisco de Assis no extinto Convento das Trinas (doc. IV/I/90 (55).

Os requerimentos dos descendentes da Casa de Cadaval continuam nos anos seguintes. Em 1886 a Casa de Cadaval é acusada de receber indevidamente foros do casal de Buenos Aires (doc. IV/I/90 (72). Dez anos mais tarde a situação ainda não se encontra resolvida, levando o Conselheiro Delegado do Tesouro a remeter ao Ministério dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça cópia da escritura de doação do Casal da Boa Vista feita pelos duques de Cadaval Dom Nuno Alves Pereira e Donna Maria de Faro ao Convento das Trinas do Mocambo, datada de 4 de julho de 1662, e outros documentos referentes aos bens do convento (doc. IV/I/90 (76).

O assunto continua até aos primeiros anos do século XX (doc. IV/I/90 (7.7a 79, 82 a 90). No doc. 90, datado de 17 de Outubro de 1904, o processo havia subido em apelação ao tribunal (doc. IV/I/90 (93). Um oficio do conselheiro delegado do Tesouro informa que do modo que se encontra o Arquivo da repartição é impossível encontrar a escritura de doação feita pelo Duque de Cadaval, remetendo o oficio nº 1828, de 11 de Dezembro de 1890, onde estava uma cópia.

Os terrenos passam para posse da Casa de Cadaval e são adquiridos pelo Estado em 1981, para ampliação das instalações do Instituto Hidrográfico (GOMES, Janeiro 2007, p. 20).

Cronologia
1649 Construção de uma ermida nas casas que Cornélio Vandaly e Marta de Bóz possuiam no sítio do Mocambo.
1657 Morte de Cornélio Vandaly e doação da ermida e casa à Ordem da Santíssima Trindade. Início das obras para construção do convento
1660-03-24 Alvará de D. João IV a autorizar a fundação, no sítio do Mocambo, de um convento da Ordem da Santíssima Trindade com treze religiosas recolectas.
1660-10-29 Bula do Papa Alexandre VII - "In bis auctoritatis nostrae partes" - que dá permissão para a edificação do novo convento.
1661-08-21 Entrada das religiosas no novo convento.
1661-09-18 Consagração da igreja.
1662 Confirmação pelo Vigário Geral de Lisboa da autorização papal para o Convento receber educandas.
1662-07-04 Doação, pelo duque de Cadaval, dos casais da Boa vista e de Buenos Aires.
1711 | 1713 Execução de quatro telas, possivelmente de autoria de Lourenço da Silva Paz, representando episódios da vida da Virgem, hoje na igreja do convento de São Francisco ,em Tomar.
1745-03-08 Início das obras de beneficiação do convento.
1745-07-06 Requerimento à Câmara de Lisboa para autorização de obras.
1747-01-08 Regresso das religiosas ao convento do Mocambo.
1748 Execução de duas séries de telas sob direção de André Gonçalves, com passos da vida de São João da Mata e São Félix de Valois, da Virgem e da infância de Jesus, hoje em dependências do Convento de Cristo e do Convento (Palácio de Mafra).
1748-06-11 As religiosas passam a habitar as novas dependências conventuais (novo dormitório e oficinas).
1755-11-01 Devido às obras no convento fruto da destruição sofrida com o Terramoto, as religiosas recolhem-se na Portela, arredores da cidade, numa quinta cedida pelo cidadão Francisco da Silva Lima.
1756 Aforamento das terras doadas pelo duque de Cadaval, que estiveram na origem do bairro das Trinas (Lapa).
1772 | 1790 Visita da rainha D. Maria I ao convento no dia da Santíssima Trindade, nos anos de 1782, 1784, 1785 e 1790.
1778-11-02 Visita da rainha D. Maria I ao convento, acompanhada da princesa, príncipe, infantas e damas.
1823-08-07 É publicado na Gazeta de Lisboa o agradecimento de D. João VI às palavras de apoio das religiosas do Convento das Trinas do Mocambo «pela sua prodigiosa restituição ao Throno».
1832-03-05 Anunciada na "Gazeta de Lisboa"a venda e arrematação, no dia 15 de Março, de uma propriedade de casas abarracadas com um «quintalão», situada na Rua do Meio à Lapa, 46-48; Rua do Quelhas, 2-7, foreira em 6$000 às religiosas Trinas do Mocambo e avaliada em 600$000.
1834-05-30 É decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos.
1859-01-28 O convento é avaliado em 10:000$00 e a cerca em 200$000.
1861-04-04 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que "Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero". E que uma lei especial regulará esta aplicação.
1862-05-31 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções "sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos".
1864-10-13 É decretada a supressão do convento, sendo estabelecida uma pensão de 20$000 a cada uma das quatro religiosas.
1878 Instalação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Ordem de São Francisco de Assis, no edifício conventual.
1878-01-14 Morte da última freira Trina do convento.
1878-01-18 Auto de posse do edifício pela Fazenda Nacional.
1883-06-09 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 18 de Maio, que concede às Irmãs Hospitaleiras da Ordem de São Francisco de Assis a posse do edifício e cerca do convento.
1939-03-29 Manuel dos Santos Estevens, secretário do Director-geral da Fazenda Pública, descobre, amontoado no edifício do antigo convento, o antigo Arquivo do Ministério das Obras Públicas. Neste fundo encontavam-se 118 desenhos do Convento da Estrela e 56 desenhos do Convento de Nossa Senhora das Necessidades.
1940-09-05 Um despacho do Ministro das Finanças (Leite Lumbralles) determina qeu seja criado no antigo Convento das Trinas do Mocambo o Arquivo do Ministério das Finanças, reunindo o Arquivo Histórico (até 1910) e o Arquivo Administrativo (de 1910 a 1940).
1941 O Ministro das Obras Publicas, Duarte Pacheco, pretende demolir integralmente o antigo convento, para se construir um edifício de raiz para o arquivo, opondo-se assim à opinião de Manuel Santos Estevens, do Director-geral da Fazenda Pública e do Minsitro das Finanças.
1941 | 1951 Obras de restauro no edifício para acolher o Arquivo Central das Secretarias do Estado. A obra foi dirigida por Manuel dos Santos Estevens, sob gestão directa da Direcção-geral da Fazenda Pública, à revelia da DGEMN.
1941-01-16 Um novo despacho do Minsitro das Finanças eleva o antigo convento a sede do Arquivo Central das Secretarias de Estado.
1941-06-21 A DGEMN nomeia o arquitecto Eugénio Correia para fazer o projecto do novo Arquivo Central das Secretarias de Estado.
1942-04-14 Carta do Ministro das Obras Públicas ao Minsitro das Finanças, alegando que por questões técnicas o edificio das Trinas não poderia acolher o arquivo.
1943-05 Manuel Estevens solicita ao Museu Nacional de Arte Antiga parte dos bens provenientes do Convento dasTrinas, que haviam dado entrada no museu em 1911, nomeadamente os azulejos da escadaria do coro e um painel representando uma vista de Lsiboa antes do Terramoto de 1755.
1943-08-18 Classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público.
1943-11-16 Duarte Pacheco morre num acidente de viação e Leite Lumbrallles é nomeado Ministro das Obras Públicas, pelo que deixa de haver impedimentos à instalação do Arquivo Central das Secretarias de Estado.
1947 Uma directiva superior retira a verba cabimentada no Ministério das Finanças para as obras nas Trinas.
1947-02 Dois ofícios de 13 e 22 de Fevereiro informa de diversos problemas no telhado e nas estruturas do edifício.
1947-12 O arquitecto Jorge Segurado elabora os primeiros cadernos de encargos para as obras.
1947-12 A DGEMN assume a direcção das obras.
1950 A DGEMN abandona a ideia de se transformar as Trinas em Arquivo Central das Secretarias de Estado e pretende fazer do edifício um depósito que reunisse os azulejos excedentários dos trabalho de restauro feitos por aquele organismo.
1950-08-02 É nomeado um novo Ministro das Finanças (Artur Águedo de Oliveira), que pede um relatório pormenorizado sobre o que acontecera nas Trinas nos últimos dez anos.
1951 o Directo-geral da DGEMN pede à Direcção-geral da Fazenda Pública que faça um inventário dos azulejos guardados nas Trinas e que tinahm vindo, nomeadamente, de vários conventos de Lisboa (Jesus, Jerónimos, Santo António dos Capuchos, Albertas, São Bento), com o objectivo de os recolocar noutros edifícios do Estado.
1951-02-19 A abóbada da capela-mor da igreja abate e a abóbada da nave fica em muito mau estado, mas a DGEMN não pôde inervir por não ter verba cabimentada para 1950.
1951-04-18 Manuel dos Santos Estevens demite-se e os fundos do abortado Arquivo Central das Secretarias de Estado, hoje na Torre do Tombo, vao para um hangar no Montijo.
1960-11-07 O decreto nº 43298, do Ministério das Obras Públicas, autoriza a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais a celebrar contrato com João Gomes Nunes para a execução da empreitada de adaptação do convento a arquivo central das Secretarias do Estado.
1962-12-07 E entregue ao Museu Nacional do Azueljo (criado em 1961), a primeira remessa de azulejos encaixotados nas Trinas, na qual se incluiam os painéis da escadaria de São Bento..
1964-10-12 São retirados das paredes os painéis do coro-alto, que transitaram para o Museu Nacional do Azulejo.
1965-06 Entre Maio e Junho são retirados do edifício das Trinas os últimos vinte caixotes de azulejos.
1969 Instalação do Instituto Hidrográfico no edifício.
1981-12-24 A portaria nº 1094, do Estado-Maior general das Forças Armadas e do Ministério das Finanças e do Plano, autoriza a compra das terras pertencentes aos duques de Cadaval para alargamento das instalações do Instituto Hidrográfico.

Fontes e Bibliografia
Material gráfico

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Manuscrito

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GOMES, Carlos - O Convento das Trinas do Mocambo e as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Hidromar - Boletim do Instituto Hidrográfico. Lisboa: Instituto Hidrográfico. II Série, nº 109, setembro de 2010, pp. 23-24.

GOMES, Carlos - Há vinte anos... Instituto adquire "Cerca Grande". Hidromar - Boletim do Instituto Hidrográfico. Lisboa: Instituto Hidrográfico. II Série, nº 96, janeiro de 2007, pp. 20-21.

Ilustração Portuguesa. nº 301, [27 de novembro de 1911].

Ilustração Portuguesa. nº 303, [11 de dezembro de 1911], p. 736.

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Lei de 4 de Abril de 1861. Collecção Official de Legislação Portugueza [...]. Anno de 1861. Lisboa: Imprensa Nacional. 1862, pp. 155-157.

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Portaria nº 1094/1981. Diário da República, 1ª Série, nº 295. 24 de Dezembro de 1981.

SIMÕES, João Miguel - O Convento das Trinas do Mocambo e o nascimento do Museu Nacional do Azulejo. Olisipo - Boletim do Grupo Amigos de Lisboa. Lisboa: Imprensa Municipal. II Série, nº 20/21, 2004, pp. 106-113.

Material Fotográfico
Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada nascente | Porta principal. DPC_20140917_095.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada nascente | Rua das Trinas. DPC_20140917_096.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada nascente | Rua das Trinas. DPC_20140917_089.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada poente. DPC_20140212_079E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada Sul | Rua Garcia de Orta | Cunhal. DPC_20140917_091.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Exterior | Fachada Sul | Rua Garcia de Orta. DPC_20140917_093.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Bairro das Trinas | Rua Garcia de Orta © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua Garcia de Orta © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua São João da Mata © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua dos Remedios à Lapa © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua de São Felix © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua Garcia de Orta © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua Garcia de Orta © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua das Praças © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua da Lapa © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua de São Felix © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Bairro das Trinas | Rua Garcia de Orta © CML | DMC | DPC | José Vicente 2018.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Portaria. DPC_20140212_015.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha | Azulejos de figura avulsa. DPC_20140212_028.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Portaria interior. DPC_20140212_013.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Coro alto | Janela virtual. DPC_20140212_005.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Coro alto. DPC_20140212_002.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Escada de acesso ao Coro Alto e aos pisos superiores. DPC_20140212_011.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Sala. DPC_20140212_021.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha antiga | Botica. DPC_20140212_030.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha antiga | Botica | Lavatorio. DPC_20140212_031.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Lavatório. DPC_20140212_034.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Capela 1º andar. DPC_20140212_092.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha nova. DPC_20140212_043E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha nova | Tecto. DPC_20140212_042.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha nova. DPC_20140212_043.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Cozinha nova. DPC_20140212_046E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Refeitório. DPC_20140212_039.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Pátio. DPC_20140212_052.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Pátio. DPC_20140212_055.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Zona dos armazens. DPC_20140212_071.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Capela 1º andar. DPC_20140212_094.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Zona dos armazens. DPC_20140212_063.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Interior | Capela 1º andar. DPC_20140212_113.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Nossa Senhora da Soledade| Exterior | Fachada nascente. POR058405.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2012.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2012.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2012.

Convento de Nossa Senhora da Soledade | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2012.

Inventariantes
Edite Alberto - 2014-05-31
Rita Mégre
Última atualização - 2019-07-31

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