Da cidade sacra à cidade laica. A extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX

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Designação
Convento de Santa Ana

Código
LxConv039

Outras designações
Mosteiro das Penitentes da Paixão de Cristo; Mosteiro de Santa Ana da Ordem Terceira de São Francisco; Mosteiro de Sant´Ana de Lisboa; Convento de Santa Ana de Lisboa

Morada actual
Rua do Instituto Bacteriológico

Sumário
O Convento de Santa Ana deve o seu nome a uma ermida quinhentista implantada na colina de Santa Ana, fora da Cerca Fernandina. Começou por ser um recolhimento de mulheres penitentes constituído por volta de 1543, com o apoio de D. João III e o patrocínio da Confraria da Paixão de Cristo. Por volta de 1546, um pequeno número de recolhidas ficou sob a orientação espiritual da Ordem de Santo Agostinho. Em Julho de 1561, o recolhimento transformou-se em convento, com o apoio de D. Catarina de Áustria. Sob o risco do arquiteto Miguel de Arruda, construiu-se o edifício junto às paredes da antiga ermida que foi sede da antiga confraria dos sapateiros (Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento); as religiosas abriram uma porta com grades para a capela-mor e construíram o coro. Em 1562 entraram em clausura e passaram para a Ordem Terceira de São Francisco, integradas na Província de Portugal. As dependências conventuais (claustros e dormitórios) foram construídas e/ou ampliadas a partir do final do século XVI. No início de Setecentos habitavam o convento cerca de 300 pessoas, das quais 130 religiosas. Foi restaurado depois do Terramoto de 1755, extinto em Maio de 1884, depois da morte da última freira, e demolido entre 1897/98. No local do convento, mantendo a mesma área, foi construído o Instituto Bacteriológico, que começou a laborar no início de 1900 e aí se manteve até 2008. Atualmente parte dos edifícios do Instituto já foi demolida para ampliação das instalações da NOVA Medical School da Faculdade de Ciências Médicas.

Caracterização geral


Ordem religiosa
Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho
Ordem dos Frades Menores. Província da Ordem Terceira Regular, Sob jurisdição da Ordem dos Frades Menores/Província de Portugal

Género
Feminino

Fundador
D. Violante da Conceição
D. Filipa de Sousa

Data de extinção
1884-05-04

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual

Componentes da Casa Religiosa - 1834
Convento
Pátio
Igreja
Cerca de recreio

Caracterização actual


Situação
Convento - Vestígios
Igreja - Demolido(a)
Cerca - Existente / construída

Descrição


Enquadramento histórico
O convento começou por ser um recolhimento para mulheres penitentes, constituído em 1453 por iniciativa de D. Violante da Conceição, da Casa da Rainha, e com o apoio de D. João III. O recolhimento funcionou junto ao Castelo de São Jorge, no sítio de São Bartolomeu, ficando as recolhidas ao cuidado da confraria da Paixão de Cristo (VIEGAS, 1893, p. 19; História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 345-346). Três anos depois, sem o apoio dos confrades, um número reduzido de mulheres (sete) professou na Ordem de Santo Agostinho (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 346). Foi sua primeira abadessa D. Filipa de Sousa, do Mosteiro de Chelas (COSTA, III, 1712, pp. 416-417; VIEGAS, 1893, pp. 20 e 24).

A comunidade constituiu-se em convento durante a Regência de D. Catarina de Áustria (1557-1562). Com autorização régia (alvará de 1561) e a pedido de D. Filipa de Sousa, as recolhidas saíram de São Bartolomeu, onde "tinham mau agasalho" (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 347) e foram para o bairro de Santa Ana, no sítio onde estava a ermida quinhentista da "Bemaventurada Sant'Anna" (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0397-0398).

A antiga ermida era sede da Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento (inicialmente designada "Senhora de Santa Ana"), uma confraria de sapateiros (ANTT, Idem, f. 0848). Por acordo com os confrades, datado de Julho de 1561 ("istromento de concerto & obrigação"), as Religiosas Penitentes da Ordem de Santo Agostinho (ANTT, Idem, f. 0383-0386) puderam construir o convento junto às paredes da ermida (VIEGAS, 1893, p. 24; COSTA, III, 1712, p. 403).

Entraram em clausura a 2 de Julho de 1562, "no dia da visitação da Virgem a Santa Isabel", já sem a proteção dos Agostinianos, mas ainda "com o hábito que antes usavam" (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 347. Nesse mesmo ano as freiras "transmudaram-se para a Ordem Franciscana" (Lisboa: história, descripções crónicas e projectos..., 13, Relatório Justificativo..., p. 37). O grupo de mulheres, que segundo informação do Pe. Carvalho da Costa seria de 24 (COSTA, III, 1712, pp. 416-417), ficou na obediência da Ordem de São Francisco, depois das recusas dos responsáveis pelas ordens de Santo Agostinho e de São Domingos (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 347). Acolheu-as o Ministro Geral, frei Francisco de Zamora, que as integrou na "Terceyra Ordem, bem reformada" (Idem, p. 348), subordinando-as aos Prelados da Província de Portugal (Idem, p. 348; COSTA, III, 1712, p. 403; VIEGAS, 1893, p. 21).

Em 1563 decorriam as obras de pintura no côro superior, conforme constava de um "recibo de pagamento de 200$000 réis por D. Catarina, a Gaspar Dias" (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0793-0794).

A tradição aponta o nome de D. Aleixo de Meneses, aio de D. Sebastião, como proprietário de grande parte dos terrenos onde se construiu o convento (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 347; COSTA, III, 1712, pp. 416-417; VIEGAS, 1893, p. 21).

Num documento do antigo cartório do convento constava que o terreno sobre o qual se edificou a parte conventual era foreiro aos padres de Benfica, que deram licença para venda em 1564 (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0795).

Sem patrono específico, o incremento dos edifícios dependeu do dote das freiras, das benesses reais (desde D. Catarina a D. João V e depois D. Maria I), das doações de particulares, dos legados e das esmolas dos fiéis (ANTT, Idem, f. 0773-0779). Destacamos, entre eles: o legado de Cristóvão de Brito, em 1560 (ANTT, Idem, f. 0794); a provisão régia de três arrobas anuais de açúcar da Madeira, em 1605 (ANTT, Idem, f. 0797); ou o benefício real de 370$000 réis da Alfandega para alimentos (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 361). Por Alvará de 24 de Setembro de 1577, D. Sebastião determinava a nomeação régia de vinte e dois lugares para religiosas, dois deles da Rainha D. Catarina (PEREIRA, 1927, p. 306).

O convento ocupou sempre a mesma área, desde a fundação até à extinção. As sucessivas ampliações e campanhas de obras em 1573, 1621, 1624, 1635, 1666, 1674-1681, 1707, 1729 e 1739 não alteraram os limites do terreno (GOMES e GOMES, 2007, p. 76).

Em 1573, as freiras mandaram ampliar a igreja e no seu prolongamento fizeram o coro-alto. Esta obra exigiu a construção de uma nova porta principal, com a mesma orientação da anterior, a sul, alinhada com a capela-mor (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 348; Lisboa: história, descripções crónicas e projectos..., 13, Relatório Justificativo da colocação..., p. 37), mas num nível superior. No termo da visitação de 13 de Abril do mesmo ano, o Dr. António da Cruz, dizia que o coro estava concluído, mas que a porta principal, que fora transferida "do logar onde estava pera baixo", ainda não estava fechada (CORDEIRO, 1897, p. 155). O visitador mandou fazer a porta, ladrilhar o vão por baixo do novo coro e mudar a pia batismal, que em 1581, já estava na zona da nova porta principal da igreja (Idem, p. 156). Esse vão continuou a pertencer à confraria e o pavimento foi destinado a jazida pública ou comum, de pessoas pobres ou sem recursos (Idem, p. 155).

A ampliação que prolongou a nave e cortou com o coro (de cima) obrigou à mudança da porta principal. A partir dessa data e até à demolição da igreja, a antiga porta travessa passou a principal, virada a nascente (Idem, p. 155). Segundo Luciano Cordeiro, próximo "d'esta ultima porta devia terminar a ermida, anteriormente à ampliação pouco antes de 1580" (Idem, p. 155). No início do século XVIII fizeram-se novas alterações na zona do coro, que adiante se explicam.

O século XVII foi marcado pela ampliação geral das dependências conventuais. Segundo informação de Luciano Cordeiro, a Casa da Roda foi mandada fazer por Violante das Chagas, quando era porteira, em 1621; uma das capelas da "sacristia velha ou do convento, de mármore, estilo classico", foi mandada fazer pelas "Baptistas" em 1624; e em 1666, a Madre abadessa D. Antónia Nogueira mandou fazer a sua custa um poço na cerca (Idem, p. 152).

Contudo, a obra mais significativa foi a dos novos dormitórios, cujos alicerces foram lançados a 21 de Julho de 1674. O primeiro localizava-se a nascente, tinha três pisos, sendo o primeiro térreo, com "officinas, despejos e gasalhos pera as criadas", iluminados por frestas altas. No primeiro piso ficava um dormitório, com várias celas, iluminadas janelas largas, de pedraria. Sobre este piso havia "outro bastantemente levantado do primeyro", com menos celas, porque uma parte do espaço estava ocupado por "huma grande casa que lhe serve para o seo lavor, com as suas janelas rasgadas pera terem maior luz" (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 360).

Posteriormente fez-se o dormitório poente, virado para a cerca, com o número correspondente de celas. Antes de 1707 acrescentaram-se mais celas para recolher os "muytos sogeitos que se acham neste mosteyro" (Idem, p. 360). Em Dezembro de 1702, habitavam o convento 280 pessoas: "cento e trinta e tres religiosas professas de veo preto, doze noviças, dezanove educandas, treze seculares co m breve de Sua Santidade e decreto de Sua Magestade, treze criadas da Comunidade e noventa das freyras particulares..." (Idem, p. 361).

Um outro dormitório foi mandado edificar pela abadessa Maria do Monte Olivete em 1739. Esta data constava de uma legenda pintada a preto a preto no estuque do teto de um dos lanços da escadaria do dormitório, que Luciano Cordeiro observou em 1896 (CORDEIRO, 1897, p. 153).

Foram contraídos elevados empréstimos "pera fazer o Dormitório Grande chamado das Obras, muito antes do Terramoto, e pera se poder acabar pagaram grossas dívidas, sendo a principal a dos Marchantes. Aceitaram-se para tal muitas noviças, cujos dotes se applicarão á mesma obra, e só às que não chegaram a professar se deve 5.850$000 reis" (Extracto Demonstrativo..., f. 4).

Apesar da falta de rendimentos e das grandes despesas, havia "capellas bem ornadas e asseadas", que também se podiam observar nos claustros (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 361). No chamado dormitório novo (ou Grande), havia duas capelas, uma forrada de talha e pinturas em tela, representando o "caminho do Calvario" (Idem, p. 361).

No início do século XVIII, a expensas do pai de uma religiosa, se pintou o tecto da Igreja, com que "ella ficou mays airosa do que era" (Idem, p. 359).

Em 1729, as freiras quiseram acrescentar e mudar o coro. Aproveitaram para isso a parte baixa da Igreja, para sul. No vão criado pela construção do coro de 1573, as religiosas fizeram um novo espaço, que passou a ser o coro de baixo (Idem, p. 359). Entaiparam, para tal, a porta da fachada sul, colocaram um altar no interior e abriram uma ligação com a zona regral, através da Portaria de Fora (CORDEIRO, 1897, p. 157; Lisboa: história, descripções crónicas e projectos..., 13, Relatório justificativo da colocação..., pp. 37-38). Essa parte baixa do coro, "assoalhou-se de sobrado, para o que se levantaram as campas" e com ele as alterações ao local do túmulo de Luís de Camões (REBELO, 1880, p. 99).

Desde então ficou a igreja com uma única porta - a lateral, orientada a nascente (com o adro virado à antiga Rua do Convento de Santa Ana) e assim se conservou até à demolição (Lisboa: história, descripções crónicas e projectos..., 13, Relatorio Justificativo da colocação..., p. 38).

Com o Terramoto de 1755 ruiu a igreja (abóbada) e as torres laterais, que não voltaram a ser reconstruidas. Na zona conventual caíram dois dormitórios: "hum que ficava para a banda da portaria, e outro para a Calçada do Lavre; cahirão mais três varandas do Claustro, e varias casas, e oficinas; ficando sepultadas cinco Relligiosas, cinco seculares, cinco criadas, e huma educanda; além de outras que ficaram estropeadas" (COSTA, III, 1712, p. 403).

As freiras sobreviventes foram para a cerca do Colégio de Santo Antão; dois dias depois mudaram-se para a Quinta da Bemposta, onde o Infante D. Pedro lhes "mandou fazer barracas promtissimamente, e aqui estiveram até véspera de S. João de 1756, em que se recolheram para o seu Mosteiro reparado no sumamente preciso, em cujos Coros rezão, e exercitão todas as suas funções Regulares" (Idem, p. 403).

Em 1781 residiam no convento setenta e três religiosas, uma delas com licença para professar; havia dezoito lugares para preencher, dos vinte e dois que D. Sebastião e D. Catarina reservaram para a Coroa (Extracto Demonstrativo..., f. 3; PEREIRA, 1927, p. 306). Tinha 1182$000 réis de rendimentos: uma ordinária de 20 moios de trigo no Almoxarifado da Malveira; uma ordinária de 2 arrobas de cera; juros reais de 21 padrões; um foro e rendas de umas Casas junto ao Mosteiro (Extracto Demonstrativo..., f. 3). Ainda assim, para "huma comunidade tão numerosa, falta todo o socorro, sendo indispensáveis os partidos de Medico, Cirurgião, Botica, Creados, Reparos do Mosteiro e principalmente a despeza do culto Divino, e mais Obrigações" (Idem, f. 4).

Entre 1785/1787, por iniciativa de D. Maria I, procedeu-se à reconstrução, "sem ostentação", da igreja e de parte do convento (CORDEIRO, 1897, p. 154). A rainha mandou restaurar o título de abadessa, em vez do de "presidente", imposto durante o período pombalino. A antiga Irmandade da Senhora de Santa Ana reformulou-se e passou a designar-se Irmandade dos Escravos do Santíssimo Sacramento.

Em finais de 1833 a comunidade recebeu 19 religiosas vindas do extinto Convento de Santa Apolónia (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Santa Apolónia de Lisboa, Cx. 2235, http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4709851, f. 0205). Por essa altura, a parte conventual de Santa Ana precisava de "grande concerto, tanto por dentro, como na parte do prospeto que discobre a cerca de Santo Antão do Collegio" (PEREIRA, 1927, p. 307).

A 7 de janeiro de 1859 habitavam o convento onze religiosas professas (duas de véu branco), três pupilas ou meninas do coro (admitidas em 1856 e 1858), três educandas (recebidas em 1858) e duas seculares (recolhidas em 1831 e 1856). Havia oito empregados, a saber: um capelão, um sacristão, uma "criada da comunidade" e cinco "encostadas", que eram educandas que serviam as religiosas e eram pagas "por suas amas ou socorridas por esmolas de diversos benfeitores" (ANTT, Inventário da extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0521-0523).

No século XIX foram nomeadas três comissões para exumarem os restos do poeta Luís de Camões: 1836, 1854 e 1880. A primeira procurou uma campa, de pedra lioz (que D. Gonçalo Coutinho mandara colocar em 1595), no meio do templo, à esquerda da porta principal; a segunda procurou dentro do coro-baixo," à mão esquerda da entrada principal", tendo sido publicado um relatório em 1880, por José Tavares de Macedo. De salientar que a comissão de 1854 orientara-se pela antiga porta principal que já não servia desde 1573 (MOURA, 2011). A terceira comissão, que incluía, entre outros o capelão confessor das freiras, Sebastião de Almeida Viegas, encontrou uma ossada num cesto de vime numa "campa situada na linha media da Egreja, junto às grades do côro, e da parte de fora da clausura d'este" (VIEGAS, 1893, p. 14), e outros ossos dispersos, de várias pessoas. A trasladação para o Mosteiro de Belém dos pretensos ossos do poeta teve lugar a 8 de Julho de 1880, por ocasião das festas cívicas da capital e do Tricentenário do Poeta.

Em 1871 fez-se o levantamento das estruturas conventuais, que permitem observar o templo e os seus anexos, bem como o claustro com o poço (Planta do local do extinto Convento de Sant'ana..., MC.DES.1559).

Em 1881, o arquiteto Luís Caetano Pedro de Ávila, empregado das Obras Públicas de Lisboa, fez o levantamento da Igreja em plantas (SILVA, II, 1960, p. 270), cujas cópias foram publicadas na monografia do antigo capelão do convento (VIEGAS, 1893, pp. 9-10).

Em maio de 1884 morreu a última freira residente e o Estado tomou posse do conjunto conventual, através da Fazenda Pública. Em 1892 criou-se o Instituto Bacteriológico e em 1896 decidiu-se pela sua edificação no sítio do antigo Convento de Santa Ana. A imprensa e a Irmandade dos Escravos manifestaram-se contra a sua demolição, em particular da igreja, da porta principal e do coro, pela dimensão histórica ligada ao poeta Luís de Camões (Occidente, 30 Out. 1899, pp. 239-240).

Em ofício de 4 de agosto de 1897, o Ministro das Obras Públicas, conselheiro Campos Henriques, pediu a Luciano Cordeiro que o informasse "sobre o valor historico e architectonico da igreja do extincto convento de Sant'Anna, que muito conviria demolir para instalação do Instituto Bacteriológico e hospital annexo"; o autor respondeu que bastava pensar que no templo fora sepultado Luís de Camões (CORDEIRO, 1897, p. 151). Apesar de rápida, a visita deixou-nos dados fundamentais, como o das legendas que recolheu entre os escombros:

- no friso da porta da casa da Roda (portaria): "Violante das Chagas a fez sendo porteira 1621" (Idem, p. 152);

- na sacristia velha ou do convento havia duas capelas, uma em talha com painéis de pequenas figuras isoladas em relevo, a cores, outra de mármore, estilo classioc. Nesta ultima, do lado esquerdo havia, o seguinte: As Baptistas mandarão fazer esta capella anno de 1624" (Idem, p. 152);

- ainda na casa da portaria, sobre a Roda e em azulejo: "A madre gracia do sacramento a mandou fazer sendo rodeira 1635" (Idem, p. 152);

- Na cerca, junto a um poço, esculpida em lapide: "Esta obra mandou fazer a m.e D. Ant.ª Nogueira a sua custa sendo abb.ª o anno de 1666" (Idem, p. 153);

- num dormitório do lado da cerca, que deveria ser o "dormitório novo, com um certo luxo artitsico, havia duas capellas, uma das quaes forradas de bella talha e pinturas em téla; parte d'estas tinham desaparecido e das cuidadosamente recolhidas pela direc dos edifícios públicos há algumas apreciáveis, especialmente uma - "a caminho do Calvario". Sobre um dos lanços da escadaria para aquelle dormitório lia-se a seguinte legenda pintada a preto no estuque do tecto: "Este dormitório se reedificou sendo abb.ª am.to R.da M.e Soborranna M.ª do monte olivete na era de 1739" (Idem, p. 153).

As demolições de uma grande parte do convento e depois também da igreja começaram ainda em 1897 (GOMES e GOMES, 2007, p. 38; BORGES et.al. 2008, fig. 68).

Com projeto do engenheiro Pedro Romano Folque (1848-1922), Diretor das Obras Públicas (substituído depois por Joaquim Pedro Xavier da Silva), o novo Instituto Bacteriológico começou a funcionar três anos depois (Idem, fig. 60). Não houve cerimónia de inauguração, em virtude da morte recente, em 1899, do Dr. Luís da Câmara Pestana (GOMES e GOMES, 2007, p. 76; AML, FAN000488).

Em 1977 criou-se a chamada "Faculdade do Campo de Santana", onde funcionou o primeiro curso de Medicina da Universidade Nova de Lisboa (NOVA Medical School|Faculdade de Ciências Médicas). A abertura do novo Pólo de Investigação do Campus de Santana conduziu a um processo de demolição dos edifícios do Instituto Bacteriológico. Abriu, recentemente, com uma nova biblioteca e um centro de treino em competências clínicas (Ver "NOVA Medical School. Faculdade de Ciências Médicas").

Entre 2002-2003 principiaram as escavações arqueológicas a pedido do IPPAR e da Câmara Municipal de Lisboa. Os trabalhos foram coordenados pelos arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes, numa área de 860m2 (sudeste), onde se erguera parte da casa conventual e Igreja (onde se pretendia edificar, à época, a cantina e outras instalações universitárias da Faculdade de Ciências Médicas). Identificaram-se, entre outros: as fundações do coro-baixo e da nave da igreja, bem como do canto sudeste do claustro e das instalações adjacentes; um poço profundo, escavado até aos 16 metros (2,90 de diâmetro); e a cisterna, em blocos de calcário aparelhado e cobertura em abóbada. Na zona dos corredores do claustro foram escavadas 18 sepulturas de inumação incompletas e recolhido o espólio das fossas-lixeiras abertas a meio do claustro, lixo variado, cerâmica, azulejos, entre outros. Os trabalhos terminaram em 2010 (Ver "Escavações arqueológicas no Convento de Santana...").

Caracterização arquitectónica
O conjunto conventual de Santa Ana era composto por vários corpos, entre eles um templo, com coros e capela-mor, duas sacristias, dois dormitórios, um claustro grande com poço e cisterna e uma zona de cerca. A área ocupada pelos edifícios formava um retângulo irregular, com os lados menores a norte e a sul (FOLQUE, Planta nº 28, Setembro 1858). Estava delimitada pelo muro da cerca, virada a poente, e pelas fachadas da Igreja e de um dos dormitórios, a sul e a nascente (PEREIRA, 1835/1837, MC.DES.1631.048).

Igreja

A partir de Julho de 1561, as Penitentes de Santo Agostinho (depois franciscanas da Ordem Terceira) puderam construir o convento encostado à Ermida de Santa Ana, que partilharam com os confrades sapateiros. O projeto terá sido o que D. João III encomendara a Miguel de Arruda, antes da morte do arquiteto, em 1563 (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 1974, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0848; VIEGAS, 1893, p. 36).

Entre 1563 e 1573, numa casa que ficava fora da Ermida, abriram uma janella com grades fortes por cima da porta principal (Idem, p. 25), através da qual podiam ver a igreja e assistir aos ofícios divinos (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 349).

Segundo informação do Pe. Alexandre Viegas, a Ermida media até o anno de 1572 (em que foi acrescentada pelas religiosas), a principiar das costas do altar da Capela-mor até à parede da fachada e porta principal, 27 metros (VIEGAS, 1893, p. 53, Planta I). Ainda segundo o capelão, a capela-mor tinha de comprimento 8m,90 e de largura 6m,35 e o corpo da igreja tinha de largura 8m,50; a porta principal que sobreviveu até à demolição era, nesta altura, uma porta travessa (Idem, pp. 53-55).

Em 1573, as religiosas acrescentaram a Igreja e construíram um coro no seu prolongamento. Este acrescento traduziu-se num conjunto de mudanças importantes. A porta principal da igreja passou do lugar onde estava para baixo, e debaixo do novo coro ficou um vão (local de inumação). Explica-se, assim, que a entrada lateral do templo que sobreviveu até à demolição (actual R. do Instituto Bacteriológico) não fosse a primitiva porta principal. Esta estava orientada a sul, abrindo para a Calçada de Santana (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0527) e já não era a original, porque essa ficou num nível inferior, com as obras de 1573.

Entre 1573 e 1581 as religiosas mandaram fazer uma porta para tapar a entrada do novo coro, ladrilhar o vão que ficou por baixo e mudar a pia batismal para a nova entrada principal, que passou a ser a lateral (VIEGAS, 1893, p. 57). Esta era a antiga porta travessa e próximo d'esta ultima porta devia terminar a ermida, anteriormente à ampliação realizada pelas religiosas pouco antes de 1580 (CORDEIRO, 1897, p. 155).

Antes da demolição em 1897, a fachada sul da igreja apresentava um portal, ladeado por duas janelas com grades (diminuídas em tamanho) e sobrepujado por uma janela alta, que foi depois entaipado (AML, BAR/00814). O frontão triangular, rematado por uma cruz, era ladeado por duas torres sineiras de secção quadrangular que terminavam em minarete (Perspectiva do Convento de Santana e sua igreja, 1903, MC.DES.1818.017; VIEGAS, 1893, Estampa 4; CORDEIRO, 1897, p. 157).

No adro virado a nascente (Rua do Instituto Bacteriológico) o acesso ao portal fazia-se por um embasamento de sete degraus, construído na segunda metade de Oitocentos (Igreja de S. Anna, PEREIRA, 1835/1837, MC.DES.1631.048; AML, BAR/000813). A envolver a porta havia uma moldura saliente em arco de volta perfeita suportada por pilares adossados, em cantaria. A porta de entrada estava ladeada por dois pilares que suportavam um entablamento, animado por um frontão curvilíneo. Por cima deste abria-se uma janela retangular, com grades, que terminava em frontão triangular (AML, BAR/000813 e BAR/000814; Occidente, 30 Out. 1899, p. 241).

O templo era de planta retangular, composto por uma nave, com eixo longitudinal interno (O Occidente, 10 Jun. 1899, p. 99). O corpo da igreja ficou cortado pela construção do coro de cima, na primeira metade do século XVIII (CORDEIRO, 1897, p. 154). A igreja possuia teia a dividir o cruzeiro (espécie de balaustrada), surgindo uma segunda na capela-mor, ambas de madeira, ornada por marchetados (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0739; VIEGAS, 1893, Estampa 1).

No innventário de extinção do convento diz-se que o templo tinha 5 capellas com seus altares (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0527). Segundo Gonzaga Pereira, podia acomodar 500 fieis e possuia três capelas com a primaria, onde estava colocada a imagem de Nossa Senhora, como sua Padroeira, e outras imagens da sua Ordem; os altares laterais eram pequenas capelinhas, uma das quais do Santíssimo (PEREIRA, 1927, p. 306). O teto foi mandado pintar na primeira década de Setecentos pelo pai de uma Religiosa (que era Sacristã), ficando mays airosa do que era (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 349). Um século depois precisava de huma perfeitíssima reedificação, mais tão completa como á pouco se fez na Igreja de Nossa Senhora da Graça, de Lisboa (PEREIRA, 1927, p. 307).

A capela-mor era animada por uma janela retilínea e vários corpos adossados, mais baixos, com frestas jacentes. As religiosas mandaram fazer um trono de prata com um frontal bem lavrado e dourado, com banqueta, onde assentava a sacra, também ela dourada; o pano do púlpito também era de prata (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 358-359).

No contrato de 1561 refere-se que a Sanchristia, que fica nas costas da Igreja para os ditos mordomos se fará d'altura conveniente p.a se fazer no meio um sobrado para recolhimento de panos e couzas necessárias á dita confraria... (VIEGAS, 1893, p. 36). Na parte posterior da capela-mor havia duas sacristias, às quais se acedia por um corredor lateral: a de fora abria para a rua (com porta de servidão pera a dita rua) por meio de uma escadaria (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0527); e a de dentro, em nível superior, dava para a Roda, que comunicava com a zona conventual (ANTT, Idem; VIEGAS, 1893, Estampa 1; Planta do local do extinto Convento de Sant'ana [...], MC.DES.1559; PEREIRA, 1927, p. 305). A capela de mármore da sacristia velha ou do convento foi mandada fazer pelas Baptistas (família benfeitora da igreja) em 1624 (CORDEIRO, 1897, p. 152).

Os coros localizavam-se ao fundo da nave, virados a sul, sobrepostos (Vista exterior do Convento de Sant'Anna, O Occidente, V 22, p. 241). O coro-baixo foi construído no século XVIII, quando as freiras aproveitaram o vão criado pelas obras de prolongamento da igreja e novo coro em 1573. As paredes eram revestidas a talha e tinha dois oratórios, um deles de talha dourada com pinturas coloridas e um painel da Virgem como Menino ao centro (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0736; Convento de Sant'Ann [...], REBELO, 1880, p. 100). Sobre o coro de baixo ficava o coro de cima, guarnecido de oratórios e painéis, e com assentos de madeira à volta.

Zona conventual

A entrada para a zona conventual fazia-se pela Portaria de Fora, na antiga Travessa da Portaria das Freiras (hoje Rua Câmara Pestana), à esquerda da fachada sul da Igreja. O corpo anexo era marcado por um portal em arco de volta perfeita, ao qual se acedia através de quatro degraus (AML, BAR/000814).

A ligação entre a portaria de fora e o espaço claustral fazia-se por um pedaço de terra com cisternas, árvores de fructo e um poço p.a uso de balde, designado Entre-Claustros (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0528; História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 360-361). Da portaria de fora acedia-se à portaria de dentro e ao coro-alto, através de uma escadaria interior. À portaria de dentro (designada Casa da Roda, no inventário de extinção, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0528), com o seu oratório, seguia-se a Casa do Comungatório (Casa das vendas, adossada ao antigo Celleiro(VIEGAS, 1893, Estampa 1).

O claustro maior tinha apenas três alas (FOLQUE, 1856/1858, Planta nº 28), nas quais se distribuíam vários painéis da Via Sacra (Passos do Senhor) e ao fundo para o lado uma Capela de S. José (ANTT, Inventário de extinção..., http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0528). À direita do claustro, estando virado a nascente, ficava a Casa do Comungatório, com três capelas. A seguir outra casa, com uma capela bem armada, chamada do Bom Pastor (ANTT, Idem, f. 0528).

Subindo uma escada que ficava do lado norte, acedia-se a um dormitório com duas celas; seguia-se outra casa e outro dormitório com 22 celas, à direita do qual havia uma escada que dava para o pavimento inferior, onde estava uma Capela de Santo António. Num plano mais baixo havia outro dormitório com varias cellas contiguas a um saguão (correspondentes às de cima) que serviam de cozinhas (ANTT, Idem, f. 0528).

No segundo pavimento havia outro dormitório com duas capelas e 28 celas. Ao mesmo nível, mas separado daquele, havia uma casa dividida em 4 quartos..., que deita pera o lado da cerca, com entrada por uma escada interior (ANTT, Idem, f. 0528).

Contiguo à igreja ficava outro dormitório com 31 celas todas descobertas e com repartim.tos de madeira e uma capela do Senhor dos Passos, e é o da primitiva do Convento, seg.do a declaração das Relligiosas (ANTT, Idem, f. 0529; PEREIRA, 1835/1837, MC.DES.1631.048).

A cerca ficava a poente do convento. Confrontava com as travessas do Forno e do Torel e era murada a norte e a oeste. Dispunha de várias parreiras sobre estios de madeira, algumas árvores de fruto, canavial, uma cisterna (duas cisternas) e um poço (dois poços), empedrado de alvenaria, sem uso. Havia ao fundo uma casa que antigamente era capella, hoje inteiramente destruída. A cerca era foreira em parte às Relligiosas de Odivelas, em 400$000rs anuaes (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 1974, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418, f. 0529).

A chamada casa do capelão era contígua ao convento e estava livre de foro (ANTT, Idem, f. 0575-0577). Fora habitada pelo capelão e pelo sacristão e tinha dois pavimentos: o pavimento alto com cinco divisões e entrada independente para a dita Rua; e as lojas ou pavimento baixo com três divisões (ANTT, Idem, f. 0530).

O convento tinha ainda uma propriedade urbana na Travessa do Forno, nº 13-16, com esquina para a Travessa do Torel nº 1-2 (ANTT, Idem, f. 0578). Era composta por 4 lojas e um piso dividido para três inquilinos. Confrontava a sul, com o quintal do Asylo de Sant'Anna, pelo nascente com o dito Asylo (ANTT, Idem, f. 0585).

Inventário de extinção
ANTT, Ministério das Finanças, Convento de Santa Ana de Lisboa, Cx. 1974, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224418

O processo de extinção do Convento de Santa Ana (852 fólios digitalizados) começou a 4 de Maio de 1884, com a morte da última freira, a abadessa Maria da Conceição (f. 0107-0108 e 0257-0258). No dia 15 principiou o processo de confirmação da inventariação dos bens do suprimido convento, da igreja, dos prédios urbanos, bem como dos bens móveis, da biblioteca e do cartório (f. 0651-0673). A tomada de posse pela Fazenda Nacional ocorreu a 17 do corrente mês e ano (f. 0655-0660).

Houve um primeiro inventário "ou descripção regular dos bens do Convento" (f. 0506) concluído a 24 de Fevereiro de 1859 pelo Prior da Freguesia da Pena, António Francisco Franco, designado pelo Patriarcado, e pelo 1º oficial da Repartição da Fazenda do Distrito de Lisboa, Francisco Maria Xavier de Sousa (f. 0451-0452 e 0491). Compareceram a abadessa Soror Gertrudes Magna da Conceição, a vigária Soror Maria Francisca do Carmo Lôbo, a escrivã Soror Maria da Luz do Coração de Jesus e o capelão Joaquim José Baptista Mendes (fólios 0506-0507). Para avaliar todos os prédios foram intimados pelo Administrador do Bairro Alto: Nicolau José, mestre carpinteiro; Joaquim Almeida, mestre pedreiro e Manuel José Ferreira, fazendeiro (f. 0588). Para avaliar as alfaias litúrgicas e os objectos preciosos foram chamados António de Oliveira Campos e António Osório de Campos e Silva, este com loja de Ourives na Rua do Ouro, 255 (f. 0510-0511). O "Auto de Entrada na clausura" data de 15 de Janeiro de 1859; tinha como objetivo "examinar e conhecer o estado edifício e da Cêrca, para assim poderem ser devidamente avaliados" (f. 0510-0511).

Redigiram-se cinco cadernos: o 1º do edifício do Convento e dos prédios anexos, avaliados em 10.500$000 rs; o 2º da "Cêrca", avaliada em 500$000rs; o 3º da propriedade contígua ao Convento, onde residem o Capelão e o sacristão, avaliada em 450$000rs; o 4º relativo à propriedade urbana sita na Travessa do Forno do Torel, 13-16, avaliada em 400$000rs; o 5º relativo aos vários Prazos, acções do Banco de Portugal, inscrições da Junta de Crédito Publico e certificados, avaliado tudo em 4.350$000rs (f. 0512-0513). No 5º Caderno descreveram-se também as alfaias e os objetos preciosos, no valor total de 897$200rs. A avaliação do edifício e respetiva cerca foi feita "tendo atenção ao seu local e proporções que oferece" (f. 0529). Atendendo o "mau estado estado em que se encontra", o convento foi avaliado em 9700$000rs (f. 0584-0585).

Em Novembro de 1886, o amanuense, nomeado para as formalidades da inventariação, Júlio Estevão Franco, recebeu do padre Sebastião Almeida Viegas, depositário dos bens e alfaias do convento, os "documentos, livros e mais papeis" do cartório (f. 0119-0120). Em Novembro de 1887, o Ministério da Fazenda autorizou a entrega de todos os quadros do convento à Junta de Paróquia de Alpiarça, em Santarém (f. 0281).

Antes de Novembro de 1888, o Ministério do Reino cedeu umas partes do Convento para as Casas do Asilo da Infância Desvalida e para a Associação Auxiliar da Missão Ultramarina, para instalar um colégio filial do de Cernache do Bom Jardim (f. 0131-0133). No dia 8 cedeu-se, provisoriamente, uma parte do edifício conventual ao Ministério dos Negócios da Marinha e do Ultramar; a cedência definitiva ficaria dependente do poder legislativo (f. 0131-0133).

Em Fevereiro de 1889, o edifício voltou à posse do Ministério do Reino "a fim de ter nova aplicação": cedência provisória ao Instituto Oftalmológico de Lisboa e/ou ao Asilo dos Cegos (f. 0131-0133).

Auto de posse do convento e cerca de Santa Ana - 4 Junho de 1889; auto de arrematação dos móveis - 27 Junho de 1889 (f. 0633-0639).

Em Fevereiro de 1894 redigiu-se o Auto de posse do Convento e da Cerca de Sant'Anna pela Fazenda Nacional (f. 0275-0276; ver DG, N 34, 14 de Novembro de 1894). Em Abril fez-se o Relatório dando conta das várias propostas de ocupação do edifício conventual (f. 0131-0133). Em Maio dava-se conta de várias famílias pobres a viverem nas dependências do ante-coro ("cuja frente deita para os claustros") e no convento; houve necessidade de fazer obras nas paredes, nos telhados, em alguns canos e frestas e desinfestar (f. 0139-0141). Uma parte do espólio de Arte Sacra (quadros, azulejos antigos, baixos-relevos em madeira) foi cedida ao Museu Nacional de Belas Artes, pela Inspeção da Academia de Belas Artes de Lisboa (Julho de 1894).

Em Setembro de 1895 foi dada ordem de despejo à Cooperativa dos Empregados dos Correios e Telégrafos, que ocupavam duas salas do Convento, onde havia uns azulejos antigos e de grande valor (f. 0187-0188); em Novembro ainda não tinham saído. Em Dezembro do mesmo ano, um lote de 600 azulejos azuis e brancos (padrão em diagonal), que estavam "arrecadados n'um pateo em ruina pertencente ao extincto convento" foram reutilizados no revestimento da parede "d'uma casa do extinto Convento da Madre de Deus" (f. 0035-0037).

No final de Janeiro de 1896, a Santa Casa da Misericórdia, que distribuía a Sopa da Caridade (ou da Misericórdia) numa das casas térreas e dava consultas médicas aos pobres, e a empresa dos Recreios Withoyne, que ali dispunha de um armazém, também foram intimadas a saírem (f. 0011-0012 e 0045). Por essa altura fez-se um levantamento do número de famílias pobres (um total de 24) que habitavam o convento, em particular o ante-coro, cujas paredes ameaçavam ruína (f. 0061-0062); em Novembro, o assunto ainda não fora resolvido (f. 0073). No final de Setembro, um despacho ministerial determinava que no local do extinto convento se construísse o Instituto Bacteriológico de Lisboa, criado em 1892 (f. 0231). Escolheu-se o conjunto conventual "por ser de fácil adaptação mas principalmente por se achar contiguo ao edifício da Escola Médica de Lisboa, em construção" (f. 0025). O "suprimido Convento de Sant'Anna" foi entregue à Direcção dos Edifícios Públicos e Faróis em Dezembro de 1896, com auto de entregue de Janeiro de 1897 (f. 0013). Ainda em Dezembro, fez-se o levantamento do antigo edifício e desenharam-se as plantas do novo (eng. Pedro Romano Folque; condutor de obras públicas Joaquim Pedro Xavier da Silva).

Para ampliar o Instituto decidiu-se pela demolição da antiga Igreja; a Irmandade dos Escravos do Santíssimo desistiu da posse do templo e foi indemnizada pelo MOP, em Maio de 1897 (f. 0005-0006). A demolição do Convento e o início das obras do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana decorreram entre 1897/1898 (eng. Pedro Romano Folque, substituído depois por Joaquim Pedro Xavier da Silva). O novo instituto estava concluído em 1900. Passou a designar-se Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana, em homenagem ao seu falecido fundador. Em Maio de 1901 vendeu-se a propriedade de casas na "Trav. do Forno do Torel nº 2 a 8, esquina com a Trav. do Torel nº 1 a 3, constando de 4 lojas e um andar dividido para 3 inquilinos"; avaliadas em 800$000 réis, foram à praça por 2.285$000 réis (f. 0851).

Cronologia


c. 1500 Construção da Ermida de Santa Ana, que foi sede da confraria de sapateiros (Irmandade de Santa Ana).
1543-05 Fundação de um recolhimento feminino de mulheres penitentes (iniciativa de Violante da Conceição) com o apoio de D. João III e a proteção da Confraria da Paixão de Cristo.
1551-07-21 Contrato entre a Irmandade de Santa Ana (depois dos Escravos do Santíssimo Sacramento) e as Penitentes da Ordem de Santo Agostinho para edificarem um convento anexo à Ermida de Santa Ana, sob proteção da rainha D. Catarina de Áustria, segundo projecto de Miguel de Arruda.
1562-02-07 Entrada em clausura das primeiras religiosas, enquanto Penitentes de Santo Agostinho. Nesse ano passaram para a Ordem dos Frades Menores (OFM), ficando na Ordem Terceira Observante, integradas na Província de Portugal.
1564 Criação da freguesia de Santana (depois freguesia da Pena), pelo Cardeal D. Henrique.
1602 | 1829 75 livros de receita-despesa do convento (documentos do Cartório) desapareceram.
1615-09-26 A Câmara de Lisboa concede à abadessa e religiosas do Convento de Santa Ana a quantia de oitenta mil réis (80$000) «para ajuda das obras da casa».
1673-12-19 Pedido das freiras para que lhes fossem concedidos cerca de 15 palmos de rua para a construção do seu novo dormitório (o Senado recusou o derrube das casas e o estreitamento da rua).
1674 | 1681 Sucessivas ampliações da igreja e das dependências conventuais.
1674-07-21 Alicerces para os novos dormitórios: primeiro do lado nascente, com cedência de uma porção de terreno da Confraria ("chão que tem junto da ermida e a sacristia dela") ao convento.
1676 Demolição do Arco de Santa Ana (Cerca Fernandina).
1702-12 Viviam no convento 280 pessoas, das quais 130 eram religiosas.
1705-05-25 Inauguração da nova Igreja de Nossa Senhora da Pena, que passou a sede da paróquia e da Irmandade dos Escravos.
1711 O convento passou a pertencer à Paróquia de Nossa Senhora da Pena.
1729 Realização de obras: levantamento do soalho da igreja e das suas campas.
1742 Reforma administrativa de Lisboa: desaparece a designação de Santana, ficando apenas a de Nossa senhora da Pena.
1755-11-01 O terramoto destruiu a igreja (abóbada caiu), dois dormitórios, três varandas do claustro e várias dependências conventuais. Morreram 5 religiosas, 5 seculares, 5 criadas e uma educanda.
1756-06 Regresso das freiras ao convento, no qual se fizeram-se pequenas obras para a sua acomodação.
1777 Habitavam no convento mais de 400 pessoas (muitas vindas de outros conventos).
1781 Residiam no convento setenta e três religiosas.
1833 Aumento da comunidade com a chegada das 18 freiras do Convento de Santa Apolónia.
1834-05-30 É decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos.
1835-08-11 Criação da "Casa de Santana", da Fundação D. Pedro IV.
1836 Decreto do Cardeal Patriarca a autorizar a Sociedade dos Amigos das Letras a investigar a sepultura de Luís de Camões que se encontrava na igreja do convento.
1854-12-30 Portaria de nomeação da Comissão de investigação dos ossos de Luís de Camões (relator José Maria Feijó).
1859-01-07 Residiam no convento 11 religiosas (7 do Convento de Santa Apolónia, 1 do Convento do Santo Crucifixo e 1 do Convento da Conceição de Beja), 3 pupilas ou meninas do coro, 2 seculares e 3 educandas; havia 13 empregados internos e externos, entre eles o capelão e o sacristão.
1859-02-24 Minuta do inventário dos bens do Convento de Santa Ana (Prior da freguesia Antonio Francisco Franco e redigido pelo 1º oficial da Fazenda, Francisco Xavier de Sousa.
1861-04-04 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que "Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero". E que uma lei especial regulará esta aplicação.
1862-05-30 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções "sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos".
1871 Levantamento das estruturas conventuais (templo, anexos, claustro e poço).
1875-06-07 Aviso régio para se estabelecer provisoriamente um asilo numa parte do edifício conventual.
1880 Levantamento da Igreja do Convento de Santa Ana pelo Arq. Luís Caetano Pedro de Ávila. O topónimo Campo dos Mártires da Pátria substitui o de Campo de Santana.
1880-03-07 Portaria de nomeação da 2ª Comissão de estudo dos restos mortais de Luís de Camões (para a sua trasladação para o Mosteiro dos Jerónimos).
1881 Levantamento da planta do interior da Igreja pelo arquiteto Luís Caetano Pedro de Ávila.
1884-05-04 Morte da última religiosa (Abadessa Madre Maria da Conceição) e extinção do Convento de Santa Ana.
1884-05-15 Inventário dos bens do suprimido convento (prédios urbanos, bens móveis, biblioteca e cartório).
1884-05-17 Tomada de posse da igreja, do convento e das dependências conventuais pela Fazenda Nacional.
1886-05-14 "Relação dos títulos de renda vitalícia, acções do Banco de Portugal, títulos de dívida interna...", pela Repartição da Fazenda do 1º Bairro.
1887-09-16 É determinado por lei que a soma obtida com a venda do extinto convento seja destinada à construção de um quartel de Infantaria na Real Quinta da Bemposta (o que vriria a acontecer) ou na parte disponível do Convento de Santa Ana.
1887-11-03 Ofício a determinar a entrega pelo Ministério da Fazenda de todos os quadros do convento à Junta de Paróquia de Alpiarça, Santarém.
1888-11-08 Decreto de cedência de umas partes do convento às Casas do Asilo da Infância Desvalida e à Associação Auxiliar da Missão Ultramarina, para instalar um colégio filial do de Cernache do Bomjardim.
1888-11-08 Cedência provisória de parte do convento ao Ministério dos Negócios da Marinha e do Ultramar; a cedência definitiva ficaria dependente do poder legislativo.
1889-02-08 Edifício voltou à posse do Ministério do Reino, que decretou a sua cedência provisória ao Instituto Oftalmológico de Lisboa.
1889-08-10 "Carta das Familias Asiladas" em Santa Ana (c. 80 pessoas) a pedirem autorização para ocuparem o ex-Convento das Flamengas.
1889-11-07 Despacho do Ministério a autorizar a "habitação provisoria e gratuita no edifício do Convento das Flamengas".
1891-09-03 Carta do duque de Palmela, vice-presidente da Sociedade das Casas de Asilo da Infância Desvalida, a pedir autorização para ficar com uma pequena parcela do terreno que a Associação Auxiliar das Missões não precisava, junto à parte do convento que lhe foi concedida.
1892-12-29 Decreto de criação do Instituto Bacteriológico de Lisboa, instituição dedicada à microbiologia médica.
1894-02-08 É revogado o Decreto de 8 de Novembro de 1888 que concedeu à Associação Auxiliar da Missão Ultramarina uma parte do edifício e cerca do convento.
1894-02-28 Auto de posse do Convento e Cerca de Sant?Anna pela Fazenda Nacional, publicado no DG nº 34, de 14 de Novembro de 1894.
1894-05-03 Moravam ainda várias famílias pobres nas dependências do antecoro ("cuja frente deita para os claustros") e no convento; despesas com obras nas paredes, nos telhados, canos e frestas e desinfestação.
1894-07-28 Cedência de parte do espólio de arte sacra (quadros, azulejos antigos e 12 baixos-relevos em madeira com figuras pintadas a dourado) ao MNBA, pela Inspeção da Academia de Belas Artes de Lisboa.
1895-03-09 O Instituto Bacteriológico de Lisboa passou a designar-se Real Instituto Bacteriológico de Lisboa.
1895-09-09 Ordem de despejo à Cooperativa dos Empregados dos Correios e Telégrafos, que tinham ocupado duas salas do convento, onde havia uns azulejos antigos de grande valor; em Novembro ainda não tinham saído.
1895-12-05 Entrega de 600 azulejos azuis e brancos (em diagonal) do convento para aplicar na parede de uma casa do extinto Convento da Madre de Deus.
1896-01-31 Intimação para a saída da Santa Casa da Misericórdia, que distribuía a "Sopa da Caridade" numa das casas térreas.
1896-02 A Empresa dos Recreios Whitoyne foi intimada a sair do edifício.
1896-09-27 Despacho ministerial a conceder o edifício conventual ao Instituto Bacteriológico.
1896-12-18 Levantamento e plantas do novo Instituto (Eng. Pedro Romano Folque; condutor de obras públicas Joaquim Pedro Xavier da Silva).
1897 | 1898 Demolição do convento e início das obras de construção do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (Eng. Pedro Romano Folque, substituído depois por Joaquim Pedro Xavier da Silva).
1897-01-16 Entrega de 3 altares, 1 guarda-vento e 2 sinos à paróquia da freguesia de Tábua.
1897-05-28 Portaria do MOP a indemnizar a Irmandade pela desistência da posse da igreja (3 contos de réis).
1899 Demolição da igreja (com a porta principal) e do coro.
1900 Conclusão das obras do Instituto Bacteriológico, "Instituição científica e casa hospitalar". Passou a designar-se Instituto Bacteriológico de Câmara Pestana, em homenagem ao seu falecido fundador.
1901-05-08 Venda das casas sitas na Travessa do Forno do Torel, 6 a 8, esquina com a Travessa do Torel, 1 a 3.
1901-12-05 Edital municipal de atribuição do topónimo "Rua Câmara Pestana" à antiga "Travessa do Convento de Santana".
1911 Criação da Universidade de Lisboa. O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (IBCP) ficou anexado à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (até 1989).
1918-08-13 Edital municipal de atribuição do topónimo "Rua do Instituto Bacteriológico" à antiga "Rua do Convento de Santana".
1996-03-06 Decreto nº 2/96 - Classificação do Campo dos Mártires da Pátria, incluindo as vizinhanças, como Imóvel de Interesse Público.
1998 Protocolo entre a Universidade de Lisboa e a Universidade Nova de Lisboa: a maior parte dos edifícios do Instituto Bactereológico passaram para a UNL.
1999-07 | 1999-08 Demolição de dois últimos edifícios do IBCP pela Universidade Nova de Lisboa.
2000 Requerida a classificação do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana. Projeto de ampliação da Faculdade de Ciências Médicas (1º projeto pelo atelier ZT Arquitectos, Lda, Lisboa).
2002 | 2003 Escavações arqueológicas (arqueólogos Mário e Rosa Varela Gomes), pedidas pelo IPPAR, pelo IPA e pela CML. Área de 860m2 (sudeste), onde se erguera parte da casa conventual e depois o IBCP e onde se pretendia edificar a cantina e outras instalações universitárias da Faculdade de Ciências Médicas da UNL.
2002-08-06 Autorização do IPPAR para se proceder a escavações arqueológicas no antigo Convento de Santana.
2008-10 O IBCP encerrou definitivamente; o espólio foi trasladado para um edifício no "Campus de Santa Maria".
2009-09-02 Alvará da CML para obras de ampliação - "Extensão dos Edifícios da Faculdade de Ciências Médicas no Recinto do IBCP, da UNL".
2010 Fim das escavações arqueológicas.
2012 Pólo de Investigação do Campus de Santana. Faculdade de Ciências Médicas (ZT Arquitetos Lda e Gonçalo Byrne).

Fontes e Bibliografia


Material gráfico

Fachadas principais. Habitação dos empregados. Raiva. Habitação do Director. Laboratório. Habitação dos empregados. Direcção especial de edifícios públicos e faróis. Instituto Bacteriológico.. Arquivo Nacional Torre do Tombo [1896].

GAMEIRO, Alfredo - Perspectiva do Convento de Santana e sua igreja.. Museu de Lisboa [1903].

Leituras arquitectónicas - Demolição do Instituto Câmara Pestana e construção das instalações da Faculdade de Ciências Médicas.

Leituras arquitectónicas - Distribuição de espaços.

Leituras arquitectónicas - Implantação do Instituto Câmara Pestana.

Leituras arquitectónicas - Planta de localização.








Cartografia



PEREIRA, Luís Gonzaga - Igreja de S. Anna. Museu de Lisboa [1835/1837].
Planta do local do extinto Convento de Sant'ana e do actual Instituto Bacteriologico Camara Pestana. Museu de Lisboa.
Planta geral das caves. Direcção especial de edifícios públicos e faróis. Instituto Bacteriológico.. Arquivo Nacional Torre do Tombo [1896].
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Electrónico

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Material Fotográfico


Convento de Santa Ana | Exterior | Perspetiva geral. DPC_20140924_028.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santa Ana | Exterior | Instituto Bacteriológico | NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas.

Convento de Santa Ana | Exterior | Instituto Bacteriológico | NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas. DSF6623.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada nascente/norte. DSF6613.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada nascente.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada norte.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada norte | Pormenor. DSF6617.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | Trav. do Torel / Trav. do Forno do Torel. DSF6634.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | Cisterna. DSF6640.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | NOVA Medical School | Faculdade de Ciências Médicas. DSF6627.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2013.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada nascente/norte. FAN000561.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santa Ana | Exterior | Instituto Bacteriológico | Fachada sul. FAN000488.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santa Ana | Exterior | Gravura Castilho. BAR000054.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada sul / nascente. LSM000837.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada sul. BAR00814.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santa Ana | Exterior | Fachada nascente. BAR000813.
© CML | DPC | Arquivo Municipal de Lisboa.


Inventariantes


Elisabete Gama - 2015-03-06
Última atualização - 2017-05-15


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Câmara Municipal de Lisboa
 Data: 2024-04-23