DesignaçãoMosteiro de Nossa Senhora do DesterroCódigoLxConv004Outras designaçõesMosteiro de Santa Maria do Desterro; Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro de Lisboa; Convento do Desterro; Hospício de Nossa Senhora do Desterro de LisboaMorada actualRua Nova do Desterro, 6-12; Rua Antero de Quental, MuroOrdem religiosaGéneroMasculinoData de extinção1834-05-30AutoriaBaltazar Álvares - ArquitectoTipologia arquitetónicaArquitetura religiosa\Monástico-conventualComponentes da Casa Religiosa - 1834Mosteiro Claustro: 2 Igreja Cerca de recreio e produçãoTipologia de usoInicial - Religioso\Mosteiro ou Convento Intermédia - Civil\Equipamento\Saúde Atual - Sem usoSituaçãoConvento - Existente Igreja - Demolido(a) Cerca - Urbanizada
Evolução urbanaÀ época do Terramoto de 1755 o Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro possuia uma das maiores cercas conventuais da cidade de Lisboa (cft. Planta Topographica da Cidade de Lisboa, comprehendendo na sua extensão a beira mar da Ponte d´Alcantara até ao Convento das Comendadeiras de Santos [...], nº 116). O mosteiro surge a meio da colina, com grandes áreas de terreno de cultivo a norte e a poente que se estendiam até à Rua da Bempostinha, junto ao Paço da Rainha; a nascente e a sul a cerca confinava com a Rua Direita dos Anjos, prolongando-se até aos campos de cultivo que existiam no atual Largo do Martim Moniz. O acesso à portaria do mosteiro era feito pela Rua do Desterro.
No início do século XIX já se encontra aberta a Rua Nova do Desterro, rasgada em terrenos da cerca sul do mosteiro. Este novo arruamento veio criar um acesso mais direto entre o mosteiro e o Largo do Mitelo e permitiu que os monges pudessem urbanizar as frentes de rua e aforar os respetivos edifícios (cft. FAVA, 1807; ANTT, Inventário de Extinção do Hospício de Nossa Senhora do Desterro de Lisboa, f. 0003-0011 e f. 0055). Em julho de 1834, quando é feita a descrição e a avaliação dos prédios rústicos que pertenciam ao mosteiro, na zona do Desterro apenas é referido um terreno chamado "o cequeiro", que confrontava a nascente com a igreja velha, a poente com a Travessa Nova do Desterro, e a norte e a sul com propriedades de particulares (ANTT, Idem, f. 0053), e que seria vendida a 12 de setembro de 1835 (ANTT, Idem, f. 0128)
A nível urbano a zona mantem-se estável até ao último quartel do século XIX, havendo apenas a assinalar a construção, entre 1871 e 1878, dos edifícios das enfermarias de São Roque e Santo Alberto na zona nascente da cerca do antigo mosteiro, à época afetos ao Hospital do Desterro (cft. Levantamento altimétrico da cidade de Lisboa, 1871; GOULLARD, 1879, nº 28).
As grandes transformações ocorridas a partir de então, e que deram à zona do Desterro a estrutura viária e urbana que hoje conhecemos, são consequência do loteamento da zona norte e poente da cerca, desenvolvido pela Empresa Promotora do Bairro dos Castelinhos, e das demolições de efetuadas a nascente, junto ao Largo do Intendente, para a abertura da Avenida dos Anjos (atual Avenida Almirante Reis) e ruas adjacentes.
A urbanização do Bairro dos Castelinhos foi um loteamento de iniciativa privada, teve o seu projeto aprovado em sessão de câmara de 25 de junho de 1896 (Actas..., 1895-1996, pp. 231-232; AML, Bairro dos Castelinhos 1) e desenvolveu-se em duas fases (AML, Bairro dos Castelinhos 2). A 1ª fase (1896-1904) abrangeu o topo norte da antiga cerca do mosteiro e conduziu à abertura da Rua Antero de Quental, da Rua Rafael de Andrade, da Rua dos Castelinhos, e da Rua Capitão Renato Baptista que constitua o grande eixo vertical da urbanização e ligava a zona baixa do Desterro (Rua do Desterro) à zona da Bemposta. A 2ª fase (1904-1906) correspondeu à urbanização da "Vila Amâncio" (zona poente da cerca), na qual se abriu o 2º troço da Rua Capitão Renato Baptista (AML, Bairro dos Castelinhos 4). Todo este processo encontra-se detalhadamente documentado em plantas e informações técnicas dos serviços de urbanismo, e foi debatido em várias sessões do executivo camarário (ver fontes e bibliografia).
A execução da nova Avenida dos Anjos (cujo 1º troço ligava a Rua da Palma à Estrada da Circunvalação) implicou um complexo processo de expropriações na área do Intendente, onde se incluía a zona nascente da cerca do antigo Mosteiro do Desterro, então integrada no Hospital do Desterro (AML, Projecto da Avenida dos Anjos e ruas adjacentes, Planta de expropriações, 1892). Assim, o município adquiriu o terreno onde estavam implantados os edifícios das enfermarias de São Roque e de Santo Alberto para continuar a construção da nova avenida e abrir a Rua Antero de Quental (PINTO, 1904/1911, Planta 11H), pela quantia de 16.500 escudos (Actas... 1906, p. 477), tendo sido autorizada a realização da escritura por do Ministro do Interior de 16 de Fevereiro de 1911 (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz em Arroios, f. 0797).
Inventário de extinçãoMinistério das Finanças, Hospício de Nossa Senhora do Desterro de Lisboa, Cx. 2225, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4695228
A extinção do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro ocorre formalmente com a publicação do Decreto de 30 de Maio de 1834 que extinguiu as casas religiosas masculinas de todas as ordens regulares.
O processo de inventário e avaliação dos bens móveis e imóveis do mosteiro (composto por 316 fólios digitalizados) é coordenado pelo Dr. António Alexandrino de Morais Sousa, Provedor do 2º Distrito da capital; o representante do mosteiro é frei Joaquim da Cruz, Procurador-Geral da «Ordem dos Monges de São Bernardo» e os escrivães dos autos são Francisco de Salles Rodrigues Leiria e João Gualberto da Silva.
Os "Autos d´ Inventário dos Bens pertencentes ao Hospício de Nossa Senhora do Desterro, da extincta Ordem de São Bernardo" (f. 0015-0080) têm início com a autuação das «Portarias que ordenão se tome posse dos Conventos dos Religiosos, e deligencias a que se procedeo, e mais Inventarios do Hospicio de Nossa Senhora do Desterro, pertencente ao Mosteiro de São Bernardo» (f. 0017).
Assim, a 2 de Julho de 1834, em casa do Dr. António Alexandrino de Moraes Sousa (f. 0018), é autuado o exemplar da "Chronica Constitucional de Lisboa", nº 132, de 6 de Junho de 1834 (f. 0023-0025), que contém a Portaria do Tesouro Público de 4 de Junho de 1834, da qual fazem parte as instruções para o cumprimento do Decreto de 30 de Maio. Este exemplar fora enviado ao Provedor pelo Perfeito da Estremadura a 9 de Junho, com a indicação que, de acordo com as instruções anexas à portaria, «Vossa Senhoria sem perda de tempo passe a tomar conta dos Conventos, Mosteiros, Collegios, Hospicios ou quaisquer outras Casas de Religiozos de todas as Ordens Regulares que existirem no districto dessa Provedoria procedendo aos Inventarios, avaliaçoens, arrendamentos e arrecadação de todos os bens a ellas pertencentes pelo modo descripto nas citadas instrucçoens, e com a maior exactidão e excrupulo possível (...) e recomendo-lhe muito que remetta decezivamente pelo sobredito Tribunal os Autos, contas, e mais papeis for propeteficando relativos a este objecto [...]» (f. 0019-0021).
A 5 de Julho têm lugar os Autos de inventário dos objectos sagrados e paramentos (f. 0010-0012 e f. 0029-0033), que incluem o Auto de juramento tomado a frei Joaquim da Cruz (f. 0031-0033), o qual devia declarar «quaes eram os vasos sagrados, Paramentos, objectos preciozos não sagrados, objectos de refectorio, cosinha, enfermaria, e mais mobília do commum, livrarias, manuscriptos, Predios Rusticos, e urbanos, foros, Penções, Titulos de Juros, dinheiro, e outros quaisquer objectos de valor pertencentes ao mencionado Hospicio, e bem assim dividas activas, e passivas [...]» ( f. 0032).
Também de 5 Julho são os Autos de inventário dos objectos preciosos não sagrados (f. 0033-0042). Após serem listados os paramentos o religioso diz que «depois que a Casa Pya se tinha estabelecido no edeficio do Hospicio, os Religiozos que alli estavão setinhão retirado para huma pequena parte do Hospicio ficando separados da Igreja, e sem comunicação para ella donde resultou o não haver se não a piquena quantidade que acima se descreveo» (f. 0037). Segue-se a descrição de alguns objectos de prata.
Ainda nesse dia é feito o inventário da «mobília do comum» (f. 0045-0048) e redigidos os respetivos autos.
Os Autos de inventário de prédios rústicos e urbanos, foros, pensões, e dívidas activas e passivas (f. 0051-0080) realizam-se entre 7 e 11 de julho de 1834
Estes autos incluem a descrição de «Hum pedasso de terreno chamado, o cequeiro, que confronta da parte no Nascente com a Igreja velha do desterro, do Poente com a travessa nova do desterro, do Norte com Propriedades de Dona Carlota Butado Furtado da Silva de Azevedo Coutinho [...], e do Sul com Propriedades de diferentes» (f. 0053). Descrevem também a Quintinha de São Marcos, e o Casal de São Marcos, em Barcarena (f. 0054) e referem vários prédios na Travessa da Bica (f. 0054), Travessa do Desterro e Rua de São Lázaro (f. 0055) e que «He o mosteiro do desterro Senhor directo de todos os Prazos de cazas que se compeendem desde aporta do Mosteiro do Desterro, voltando pela Travessa da Bica, direito á Rua de São Lazaro, e dahy até á barraca primeira das furcureiras incluzivamente, e voltando pela Travessa nova do Desterro abaixo até acabar na mesma porta do Desterro [...]» ( f. 0055).
A 14 de Julho é lavrado o Auto de posse, por parte da Fazenda Nacional, dos prédios rústicos e urbanos, no qual não se encontra incluído o edifício conventual (f. 0081-0082). Nesse mesmo dia começam os autos de avaliação (f. 0087-0151):
- Avaliação dos objectos de prata (f. 0089-0096). Como avaliador é notificado João António do Espírito Santo, mestre examinador no ofício de ourives da prata, e avaliador privativo do mesmo ofício. Entre os bens avaliados constam uma custódia, um cálice, caixas e talheres de prata.
- Avaliação dos paramentos (f.0097-0104). Como avaliador é notificado um vestimenteiro, ou armador. A avaliação é feita por Manoel Feliciano e inclui, nomeadamente, um missal, um frontal de damasco branco, duas dalmáticas de damasco branco.
- Avaliação dos objectos pertencentes às profissões de mestre carpinteiro de seges, correeiro e seleiro (f. 0105-0115). São notificados um mestre carpinteiro de carruagens (Francisco Luiz Joze d´Avellar), um mestre correeiro (Joaquim Jozé Rodrigues) e um mestre seleiro (Joze da Silva).
- Avaliação dos móveis (f. 0117-0120). A avaliação é feita por mestre carpinteiro (Joze Jerónimo Romão) e inclui um número reduzido de móveis.
- Autos de avaliação dos prédios rústicos e urbanos (f. 0121-0162), que incluem a notificação dos louvados e os autos de juramento. São avaliadores - Cypriano Joze Nunes (mestre do ofício de pedreiro), João Luiz Leitão (mestre do ofício de carpinteiro), e Antonio Martins Dias Alves (como vem no auto) e Joze Maria Resote (ambos fazendeiros). As avaliações incluem: o «pedaço de sequeiro chamado de Desterro», que confronta a nascente com a igreja velha, avaliado em 600$00 (renda anual de 30$000) e vendido por 870$000 em 12 de Setembro de 1835 (f. 0128); prédio na Rua dos Anjos, 23-31, avaliado em 2:428$00 e vendido a 18 de Setembro de 1835 por 4:110$000 (f. 0129); prédio na Travessa da Bica, 8-10, avaliado em 33$600 e vendido a 18 de Setembro de 1835 por 400$00 (f. 0129); propriedade na Travessa da Bica, 11-14, avaliada em 1:656$000 e vendida em 18 de Setembro de 1835 por 2:020$000 (f. 0129); prédio na Travessa da Bica, 11-12, avaliado por 324$000, e cocheira anexa por 120$000 (f. 0130); prédio na Rua de São Lázaro, 112-118, avaliado em 6:876$000 e vendido por 9:480$000 a 21 de Julho de 1835 (f. 0130); segue-se a avaliação dos foros de várias propriedades na Travessa do Desterro, Rua de São Lázaro, Travessa da Bica, Bempostinha e Paço do Bemformoso (f. 0131-0139). Uma lista das mesmas propriedades (foros) do mosteiro consta de um documento sem data e assinaturas (f. 0003-0011).
A 12 de Julho, o Provedor do 2º distrito toma posse, para a Fazenda Nacional, de várias propriedades e foros, sendo lavrados os respectivos autos de avaliação (f. 0153-0162).
A 16 de Julho são lavrados os autos de posse e avaliação da Quinta e Casal de São Marcos, em Sintra, avaliada em 480$000 e vendida a 7 de Dezembro de 1835 por 1:110$000 (f. 0141-0151).
A 9 de Setembro, o solicitador da Fazenda, cumprindo o que lhe foi ordenado pela Portaria de 30 de Pulho de 1834, remete o inventário de papéis e livros, de que fez entrega na Contadoria, e que se encontravam em poder do Procurador-Geral dos Bernardos. Diz que entre eles estão alguns de grande importância por conterem esclarecimentos relativos aos bens dos mosteiros da Ordem. Alguns desses livros estão guardados num depósito do qual tem a chave o Provedor do Distrito. E refere que está na posse do referido Procurador-Geral um livro em que se achavam lançadas as dívidas todas da Congregação, o qual não foi entregue com os outros (f. 0227).
Este maço de documentos contém:
- Ofício do solicitador da Fazenda, de 13 de Agosto, em que este informa estarem na posse de frei Joaquim da Cruz papéis, móveis e alfaias, que tinham sido inventariadas (f. 0229).
- Ofício da Contadoria do Tesouro Público, de 21 de Julho, a solicitar orientações sobre a pertinência de intimar o Procurador-Geral dos Bernardos na cidade de Lisboa a entregar ao Tesouro todos os livros das dívidas do mosteiro, títulos de crédito, dinheiro e mais objetos que tinha em sua posse (f. 0231).
- Portaria de 30 de Julho de 1834, do Tesouro Público, a ordenar que o Procurador-Geral entregue todos os bens que tem em sua posse (f. 0233).
Feita a intimação, o solicitador da Fazenda Nacional recebe de frei Joaquim da Cruz os documentos em causa (f. 0235-0238), que são entregues na Contadoria a 12 de Agosto de 1834.
Apensos:
· Folha do Real Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro. Abril de 1816 a Março de 1819 - Abade-Geral José de Mesquita. Receita 5:088$595 / despesa 2:781$000 (f. 0243-0247).
· Folha volante do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro. Abril 1819 a Abril 1822. Receita 15:671$313 / despesa 15:650$844 (f. 0251- 0255).
· Folha do Real Mosteiro do Desterro. 15 Abril 1822 a 5 Abril 1825. Receita 6:358$148 / despesa 5:855$426 (f. 0259-0262).
· Folha do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro. 6 Abril 1825 a 25 Abril 1828. Era Geral frei Antonio Tudella e administrador do mosteiro o padre mestre frei Joaquim da Cruz. Receita 7:334$454 / despesa 7:324$601 (f. 0267-0271).
· Folha volante do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro. 25 Abril 1828 a 21 Abril 1831. Receita 4:222$497 / despesa 4:080$134 (f. 0275-0279)
· Folha do Real Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro do triénio em que foi abade-mor frei Pedro de Mendonça. 25 de Abril de 1750. Receita 4:570$872.Das despesas deste triénio constam o reboco e pintura da igreja, uma escada nova de serventia para o dormitório (em pinho da Flandres), a reedificação da parede do claustro de fora em quase toda a roda e outras obras de manutenção (f. 0285-0314).
A 22 de Agosto de 1834 tem início o processo de arrematação da renda da Quinta e Casal de São Marcos (f. 0173-0188), que inclui a autuação da Portaria de 19 de agosto, do Tribunal do Tesouro Público, sobre o arrendamento dos bens nacionais (f. 0174-0176).
Esta portaria determina que «[...] o Perfeito da Provincia da Extremadura faça proceder à venda de todos os bens moveis, e semoventes dos Conventos extinctos, excepto os objectos que servirem imediatamente ao culto Divino, as Livrarias, os trastes de ouro, e prata, e aquelles que por qualquer motive se devem considerar preciozos. Outro sim ordena o Mesmo Augusto Senhor, que o mencionado Perfeito arrende pelo tempo de hum anno, todos os prédios rústicos, e urbanos da Fazenda Nacional, com excepção porem dos campos e lezírias do Riba-tejo, e suas dependências [...]» (f. 0176).
São afixados editais anunciando a arrematação da renda da Quinta e Casal de São Marcos para 1 de Setembro mas os autos só se realizam a 21 de Outubro (f. 0185-0188). A propriedade era composta por terras de semeadura e um pequeno pomar. O maior lanço - 96$000, oferecido por Joze dos Santos, lavrador e morador no sítio de São Marcos, é aceite pois cobria a avaliação. Nas condições da arrematação é referido que a propriedade é arrendada por um ano.
Em 28 de Fevereiro de 1835 são lavrados os Autos de entrega de objectos sagrados e paramentos ao prior da freguesia dos Anjos (f. 0193-0198). E entre 30 de Março e 13 de Abril é feita a arrematação de vários móveis (f. 0201-0211).
Quase dois anos depois, a 13 de Janeiro de 1837, a Fazenda Nacional toma posse da igreja e seus pertences (f. 0213-0214), bem como do edifício conventual (f. 0219-0220) e faz as respectivas avaliações. A igreja é avaliada em 1:000$000 (f. 0215) e o edifício em 8:000$000 (f. 0223-0225). Os avaliadores são Joaquim Felix da Costa, mestre do ofício de carpinteiro, e José Rodrigues dos Santos, mestre do ofício de pedreiro. À data, o Procurador do 2º distrito da capital era Rodrigo d' Azevedo Sousa da Câmara.
1586-08-14 Alvará régio de Felipe I, com aprovação do Papa Clemente VIII, concedendo licença para os monges de São Bernardo fundarem um mosteiro em Lisboa. 1591-04-08 Lançamento da primeira pedra do mosteiro. 1707 A construção da igreja já se encontra muito adiantada. 1750 Uma parte do edifício é ocupada provisoriamente pelos doentes do Hospital Real de Todos os Santos após incêndio deste. 1826-11-13 Anúncio de uma lotaria em benefício da Irmandade do Senhor dos Passos, erecta na Igreja do Desterro. A referida lotaria era composta por sete mil bilhetes de 5$000 cada um. 1827-09-05 Anunciado o plano de extração da lotaria da Real Casa Pia, instalada no Mosteiro do Desterro, relativo ao ano de 1826. 1832-07-11 Anunciada para 17 de Julho a venda e arrematação de uma fazenda denominada «das Areias», no sítio do Poço dos Mouros (Penha de França), foreira em 9$000 réis à Congregação de São Bernardo, com laudémio de décima, e avaliada em 400$000 réis. 1834-05-30 Decreto de extinção de todas as casas religiosas masculinas das ordens regulares e incorporação dos seus bens nos Próprios da Fazenda Nacional. O Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro é formalmente extinto. 1834-07-02 Início dos autos de inventário dos bens do Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro. 1834-08-19 Portaria do Tribunal do Tesouro Público sobre a venda e o arrendamento dos bens nacionais. Determina que o Perfeito da Província da Estremadura dê orientações para que se proceda à venda dos bens móveis e semi-móveis, exceto os objetos do culto divino, as peças de ouro e prata e as livrarias; e que arrende, por um ano, todos os prédios rústicos e urbanos da Fazenda Nacional. 1835-02-28 Entrega dos objectos sagrados e paramentos ao prior da freguesia dos Anjos. 1835-07-21 Venda de dois lotes - Rua de São Lázaro, 112-118 e Travessa da Bica dos Anjos, 11-14, arrematados por 11.500$000 1837-01-13 Tomada de posse do edifício conventual e da igreja pela Fazenda Nacional. A igreja é avaliada em 1:000$000 e o edifício em 8:000$000. 1848-11-29 Portaria do governo autorizando o Hospital de São José a ficar com o edifício do extinto Mosteiro do Desterro. 1857 O edifício do antigo mosteiro é entregue à administração do Hospital de São José. 1895-07-08 Por deliberação camarária, a Avenida no Prolongamento da Rua da Palma até à Estrada da Circunvalação passa a denominar-se Avenida dos Anjos. 1900-11-04 Escritura celebrada com a Empresa Promotora do Bairro dos Castelinhos pela qual a Câmara fica obrigada a fazer a ligação entre a Rua da Bempostinha e a Rua Rafael de Andrade. 1900-11-08 Aprovado em sessão de Câmara que a rua designada como prolongamento da Vila Amâncio, aberta na antiga cerca do Mosteiro do Desterro, passe a chamar-se Rua Capitão Renato Baptista. 1901-01-06 O Hospital do Desterro tem 360 doentes e não dispõe de cozinha nem de farmácia. 1903-06-26 A Avenida dos Anjos passa a designar-se Avenida Dona Amélia. 1904 Conclusão dos acessos entre o Bairro dos Castelinhos e a Rua dos Anjos. 1904-01-21 Apresentado em sessão de Câmara o ofício nº 2891, da 3ª repartição, relativo à projectada ligação entre a Avenida Dona Amélia e Rua da Palma. Expõe-se a conveniência de obter do Ministério do Reino a cedência das enfermarias de São Roque e de Santo Alberto (instaladas num corpo independente do Hospital do Desterro) e de um barracão e pátios que lhe ficam anexos, uma vez que está projectada a transferência de algumas enfermarias do hospital para o extinto Convento de Santa Marta. 1904-05-26 Apresentado em sessão de Câmara o ofício nº 3138, da 3ª repartição, relativo á cedência das enfermarias de São Roque e de Santo Alberto. Informa-se que se considera onerosa a exigência do Enfermeiro-mor do Hospital de São José de que fique por conta dos cofres da Câmara a execução de um projecto que existe no Ministério das Obras Públicas para a construção de uma enfermaria sobre a igreja do Desterro.Dada a necessidade urgente de se continuar a avenida a Câmara deliberou contribuir com 15.000$000 réis para as obras a executar no Hospital do Desterro. 1904-07-21 Apresentado em sessão de Câmara um ofício do Governador Civil informando que a Administração dos Hospitais não concorda com a indemnização de 15 contos atribuída pela câmara para a construção de uma nova enfermaria no Hospital do Desterro. 1905-05-25 Apresentado em sessão de Câmara o ofício nº 3917, da 3ª repartição, informando que as enfermarias de São Roque e de Santo Alberto poderiam ser transferidas para o antigo Convento de Santa Marta, onde se estavam a realizar «importantes obras». 1905-07-13 Apresentado em sessão de Câmara um pedido do Enfermeiro-Mor do Hospital de São José para que seja autorizado a abrir uma porta de acesso ao piso inferior do Hospital do Desterro. Para isso é necessário rebaixar o pavimento da rua no recanto que a Travessa Nova do Desterro forma a leste do adro da igreja. A Câmara delibera favoravelmente à abertura da porta e encarrega a 3ª repartição de elaborar o orçamento de despesa para a supressão do adro da igreja. 1906-11-10 Os arquitectos José Luís Monteiro, nomeado pela CML, e Leonel Gaia, nomeado pela 3ª Direção de Obras Públicas do Distrito de Lisboa, reúnem-se para avaliarem os edifícios e terrenos do Hospital do Desterro que é necessário adquirir pelo município e que ocupam uma área de 2.055,04m2. Aos 16.424$880 réis da avaliação acrescem 3.556$000 réis para a construção do muro de suporte e vedação nos alinhamentos da avenida e Rua Antero de Quental. 1906-11-29 É apresentado em sessão de Câmara o auto de avaliação dos edifícios e terrenos do Hospital do Desterro necessários para a continuação da Avenida D. Amélia. Mandou-se dar conhecimento ao Governador Civil. 1908-09-17 Em sessão de Câmara, o vereador Ferreira da Silva fala da necessidade de se insistir com a administração superior dos Hospitais Civis de Lisboa sobre a cedência da parte do Hospital do Desterro necessária para o acabamento da Avenida Dona Amélia «aproveitando-se para a transferencia das enfermarias prejudicadas pela cedencia, o hospital de Santa Martha, que há tempo está prompto a funccionar». 1908-10-29 Presente em sessão de Câmara a exposição da 3ª repartição relativa à urgência da cedência da parcela do Hospital do Desterro necessária para a conclusão da Avenida Dona Amélia, tendo-se deliberado mandar ao Contencioso o processo administrativo de expropriação. 1909-03-11 A Câmara delibera que seja de novo ouvida a 3ª repartição sobre o valor das expropriações a fazer no Hospital do Desterro, aplicando-lhe agora preços de expropriação por utilidade pública, para conclusão da Avenida Dona Amélia e tendo em conta que as enfermarias já terão sido desocupadas. 1910-10-13 Por deliberação camarária a Avenida dos Anjos passa a designar-se Avenida Almirante Reis (edital publicado a 5 de Novembro de 1910). 1911-01-07 Em ofício dirigido à CML, o Enfermeiro-Mor do Hospital de São José informa que só é possível começar a demolições na parte do hospital a ceder ao município, onde se encontram instalados os serviços de tracção dos hospitais, depois destes serem transferidos para oum barracão a construir pela câmara no Convento das Recolhidas. 1911-01-12 Em resposta ao Enfermeiro-Mor do Hospital de São José, é decidido em sessão de câmara que só se poderá começar a construção do barracão depois de feita a escritura com a administração dos hospitais. 1911-01-19 Em sessão de câmara é lido novo ofício do Enfermeiro-Mor do Hospital de São José, no qual este informa ainda não ter recebido comunicação do Governo «para intervir no contrato relativo á cedência das enfermarias do Hospital do Desterro». 1911-02-16 Despacho do Ministro do Interior autorizando o Enfermeiro-Mor do Hospital de São José a outorgar com a CML a escritura do pagamento (em prestações) dos 16.500$00 relativos à expropriação de parte do Hospital do Desterro necessária à abertura da Avenida Almirante Reis e da Rua Antero de Quental. 1911-02-16 Em sessão de Câmara, o vereador Afonso de Lemos exprime o seu agradecimento ao Dr. Bernardino Machado que, como representante do Governo, ao votar «a verba necessária para o mobiliario do novo hospital de Santa Martha, para onde são transferidas as enfermarias a demolir no Hospital do Desterro, removera a maior difficuldade que existira para a realisação d´este melhoramento [a conclusão da Avenida Almirante Reis], e não menos digno de louvor era o Dr. Augusto de Vasconcellos, enfermeiro mór dos hospitaes pelo muito que contribuiu para este resultado». 1911-02-23 Aprovada em sessão de Câmara a proposta do vereador Afonso de Lemos para que oficie à Companhia de Carris de Ferro no sentido de estabelecer uma linha pela Avenida Almirante Reis, assim que estiver concluída a avenida, agora que a Câmara irá tomar posse das enfermarias do Hospital do Desterro. 1989 O Hospital do Desterro e o Hospital de Arroios são agregados ao Hospital dos Capuchos.
Material gráficoCartografiaManuscritoMonografiaPeriódico | Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada sul. DPC_20140709_138E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Entrada. DPC_20140709_006E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Entrada. DPC_20140709_014E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro grande. DPC_20140709_026E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Inteior | Claustro grande. DPC_20140709_033. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório. DPC_20140709_033. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório. DPC_20140709_042. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório | Coluna. DPC_20140709_043. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Mísulas. DPC_20140709_122. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Sala. DPC_20140709_106. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório. DPC_20140709_076. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório. DPC_20140709_102. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Dormitório. DPC_20140709_072. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro pequeno. DPC_20140709_132. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro pequeno. DPC_20140709_124. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro pequeno. DPC_20140709_127. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Sala. DPC_20140709_058E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Sala | Pormenor. DPC_20140709_065. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Sala. DPC_20140709_114E. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Perspetiva aérea. JBN005143. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Perspetiva geral. POR010582. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada poente | Entrada. JBN001326. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada poente e Chafariz. POR057718. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada sul. N65718. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Pormenor fachada sul. N65715. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Rua Antero de Quental. N67855. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro grande. POR060210. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Pátio. EDP000683. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Interior | Claustro pequeno. EDP000687. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada sul. BAR000220. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada poente. N66185. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Rua da Palma. JBN000652. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Fachada sul. N15761-C. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Exterior | Perspetiva geral, antes da demolição da Igreja. N73776. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2013. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2013. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2013. |
| Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2013. |
Rita Mégre Última atualização - 2018-08-21
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