DesignaçãoConvento de Nossa Senhora da Conceição dos CardaisCódigoLxConv034Outras designaçõesConvento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais de Lisboa; Convento dos Cardais de Jesus; Convento dos CardaisMorada actualRua Eduardo Coelho, 1-5SumárioO Convento de Nossa Senhora dos Cardais, no Bairro Alto, foi fundado em 1681 por D. Luísa de Távora, comendadeira do Convento de Santos-o-Novo, para acolher religiosas da Ordem dos Carmelitas Descalços. Nesse mesmo ano chegaram as primeiras religiosas, oriundas dos conventos Carmelitas de Aveiro, de Santo Alberto de Lisboa e de Santa Teresa de Jesus de Carnide.
Em 1703 ficaram concluídas a obras de construção do cenóbio, que apresenta a igreja paralela à actual Rua do Século e as dependências conventuais, com pátio e claustro, encerradas no interior do quarteirão.
O Terramoto de 1755 causou vários danos no edifício, pelo que as religiosas tiveram que se abrigar temporariamente numas barracas dentro da cerca.
O convento foi extinto em Abril de 1876 por morte da última religiosa professa, e cedido no ano seguinte à Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena para aí instalarem um asilo para cegas, função que mantém até hoje.Ordem religiosaGéneroFemininoFundadorD. Luísa de Távora - Intenção religiosaData de fundação1681-12-08Data de extinção1876-04Tipologia arquitetónicaArquitetura religiosa\Monástico-conventualComponentes da Casa Religiosa - 1834Convento Claustro Pátio Igreja Cerca de recreioSituaçãoConvento - Existente Igreja - Existente Cerca - Existente / parcialmente construída
Disposições legaisImóvel de Interesse Público; Decreto nº 32973/1943; 18 de Agosto
Inventário de extinçãoANTT, Ministério das Finanças, Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais de Jesus de Lisboa, Cx. 1951, http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4224405.
O processo de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais é composto por 574 fólios digitalizados que incluem os autos de inventário e os autos de avaliação dos bens deste convento.
A 15 de Junho de 1859 é assinado o termo de abertura do inventário "de todos os bens e rendimentos, dividas activas e passivas, de todas as alfaias e mais objectos preciosos destinados ou não ao serviço do culto" (f. 0037-0038). Este inventário surge no cumprimento da Portaria e Instruções de 21 de Julho de 1857, do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, que determina a realização do inventário geral do convento. Para presidir ao inventário, o Vigário-geral Interino do Patriarcado nomeia frei Luiz Augusto Teixeira Neto de Mello e Vasconcellos, Prior da freguesia de São Mamede, acompanhado na tarefa por Miguel Augusto Pacheco (escrivão do inventário) e pela Superiora do convento.
A 20 de Junho faz-se o levantamento do número de pessoas existentes no convento no ano corrente: 4 religiosas, 8 pupilas e mais 6 pessoas ao serviço do convento - um capelão e confessor, um procurador, um sacristão, um cirurgião, uma veleira e um criado (f. 0068). No mesmo dia é elaborado o mapa das despesas feitas pelo convento no ano de 1856, com o valor total de 1:523$865 (f. 0071). A 21 de Junho realiza-se o levantamento das dívidas activas e passivas do convento, no valor total de 4:942$270 (f. 0061-0063).
No contexto deste primeiro inventário são redigidos 6 cadernos referentes à descrição e avaliação de diferentes propriedades e bens pertencentes ao convento.
O 1º caderno é redigido a 27 de Junho de 1859 com a função de descrever e avaliar o convento e respetiva cerca. O convento, situado na frente poente da Rua Formosa "compõe-se d'uma entrada para a portaria, onde tem uma porta para a Igreja, a qual se compõe de cinco altares com o da capella-mór inclusive, sachristia e tem porta para a rua; na mesma entrada tem casa de locotoria, segue-se a casa da roda, o Claustro onde tem casas de confessionarios e varias capellas e o côro de baixo e mais acommodações [...]" (f.0119-0121). O convento é avaliado em 5:400$000 e a respetiva cerca em 6:600$000.
O 2º caderno, redigido a 5 de Julho de 1859, corresponde ao inventário dos prédios rústicos e urbanos foreiros ao convento. Apresenta um total de 18 propriedades aforadas: 12 em Azeitão (avaliadas num total de 1:348$000); 2 em Sesimbra (avaliadas em 170$000); 1 vinha em Camarate (avaliada em 100$000); 1 casal nas Amoreiras (avaliado em 74$000); 1 courela de vinha em Coina (avaliada em 74$420); 1 propriedade de casas em Almada (avaliada em 32$000). Todas as propriedades perfazem um total de 1:798$420 (f. 0141-0158).
Ao 3º caderno corresponde o inventário dos papéis de crédito pertencentes ao convento. Redigido a 25 de Junho de 1859, o caderno conta com 15 "inscrições d'assentamento" no valor de 7:700$000; 3 apólices totalizando 2:400$000; 7 padrões em 7:581$521; e 2 adições em 5:590$302 (f. 0161-0168).
Redigido a 28 de Junho de 1859, o 4º caderno indica que o convento tinha arrendadas 4 propriedades na freguesia da Mercês: uma propriedade de casas na Rua Formosa, 28-29 (avaliada em 1:800$000); um barracão no Beco da Conceição, 25 (avaliada 30$000); uma propriedade de casas na Rua de São Boaventura, 55-56 (avaliada em 96$000); uma propriedade de casas na Rua da Vinha, 4, 5 e 6 (avaliada em 180$000); e uma propriedade de casas no Beco da Cardoza, 34 a 36, sita na freguesia de S. Miguel d' Alfama (avaliada em 100$000) (f. 0171-0177).
A 4 de Fevereiro de 1860 é redigido o 5º caderno, com a descrição "de todas as alfaias e mais objectos preciosos destinados ou não ao serviço do culto [...]. Foi dito pela referida Superiora que os objectos que, de tal especie, possuiam eram poucos e em máo estado, e que não valia a pena apresental-os, e muito menos fazel-os avaliar" (f. 0181). São contabilizados apenas 5 ornamentos avaliados em 56$500 (f. 0179-0183).
A 21 de Junho de 1859 é redigido o 6º e último caderno, do qual constam os empréstimos feitos pelo convento, com o valor total de 4:017$200 (f. 0187-0192).
Após a notícia da morte da última religiosa do convento, o Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça solicita ao Ministério da Fazenda, em Ofício de 12 de Abril de 1876, "que se proceda sem demora á segura guarda, arrecadação e administração provisoria dos bens e rendimentos d'aquelle convento". Na sequência do referido ofício são enviados para a Fazenda os 6 cadernos referentes aos inventários das propriedades e bens pertencentes ao convento (f. 0095-0097).
A 26 de Abril é assinado o termo de abertura do 2º inventário, já com o convento formalmente extinto (f. 0302-0304). Jayme Coreolano Henriques Lessa da Veiga, Administrador do Bairro Ocidental, fica responsável pelo inventário; Joze Carlos May é nomeado a secretário; e o padre Manoel Antonio Alves, capelão, confessor e procurador do mencionado convento, é nomeado para assistir no inventário, bem como a "constituir-se depositario dos objectos do culto existentes no referido convento e suas dependencias " (f. 0302). Mais ainda, compareceram na abertura do inventário as pupilas Theresa de Jesus Maná Joze, Anna Theresa do Coração de Jesus e Anna Emilia do Coração de Jesus, esta última sendo a administradora do convento.
É então realizado o inventário dos "livros, documentos e todos os mais papeis existentes no cartório do Convento", sem indicação de data (f. 0288-0293).
A 26 de Abril realiza-se a abertura do inventário das inscrições do crédito público e certificados de dívidas internas que contam com a soma total de 18:400$000 (f. 0075-0087).
A 6 de Junho são inventariados os capitais mutuados (f. 0373-0379).
Também a 6 de Junho comparecem no convento Joaquim Isidoro de Passos, Manoel Ferreira da Silva e Manoel Jose Martins, mestres de obra, na qualidade de avaliadores dos bens pertencentes ao convento (f. 0354-0372). O edifício do convento é avaliado em 7:200$000 e a cerca em 768$000. O convento é ainda composto por "três lojas de abobada que ficam por baixo do mencionado Convento, para as habitações dos criados do mesmo, as quaes lojas fazem a sua frente para o Beco da Conceição com portas tendo os numeros de policia dois a oito; as quaes não podem ser vendidas em separado" (f. 0363-0364).
Joaquim Augusto dos Anjos, avaliador da Câmara Municipal de Lisboa, é chamado ao convento a 15 de Maio para realizar o inventário dos objetos de prata (f. 0304-0306), e a 9 de Julho para realizar o inventário dos objetos de culto (f. 0306-0329) e objetos profanos (f. 0329-0336).
O termo de conclusão deste inventário é assinado a 25 de Outubro de 1876 (f. 0387), e dia 27 do mesmo mês o inventário é enviado para o Delegado do Thesouro do Distrito de Lisboa (f. 0387).
Entre Julho e Novembro do mesmo ano são realizados os inventários referentes às propriedades que o convento possuía fora das muralhas, nomeadamente em Cesimbra (f. 0390-0443), Almada (f. 0446-0492) e Setúbal (f. 0496-570).
A 25 de Novembro calcula-se valor total dos bens do convento em 46:796$928 (f. 0286).
A 29 de Maio de 1876 a direção da Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Afflictos entra em contacto com a Fazenda Nacional com o objetivo de solicitar a entrega do "edificio do dito extincto Convento, compreendendo a pequena cerca, a Igreja, com os paramentos, alfaias e mais objectos destinados ao culto" (f. 0231), para que nele fundassem um asilo para cegas (f. 0230-0234).
Por Decreto de 28 de Julho de 1877 o convento é provisoriamente cedido à Associação "com a clausula de que reverterá para a Fazenda Nacional, com todas as bemfeitorias, quando deixe de ter a applicação para que é concedido, ou, quando o Estado por qualquer circunstancia d'elle carecer, sem que por este facto a associação fique com o direito a indeminisações" (f. 0117).
A 20 Agosto de 1877 é realizado o auto de entrega do convento à Associação em cumprimento do Decreto de 28 de Julho 1877 (f. 0111-0114). Comparecem Napoleão Henriques Leça da Veiga (Administrador interno da freguesia da Mercês), o padre Antonio Alves (responsável pela guarda do edifício e detentor das chaves), Manoel de Aguiar (procurador da Associação), João Pedro de Oliveira (Oficial de diligências) e Marcos Cornello (escrivão).
1681-12-08 D. Luísa de Távora, comendadeira do Convento de Santos, dá entrada no Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais, juntamente com quatro religiosas vindas de outros cenóbios de Carmelitas Descalças (duas do convento de Aveiro, uma de Santa Teresa de Carnide e outra de Santo Alberto de Lisboa). 1693 Morte de D. Luísa de Távora. A fundadora do convento é sepultada provisoriamente no claustro, uma vez que o coro-alto ainda não estava terminado. 1703 Terminam as obras de construção do convento. A partir daí a decoração é feita a a expensas das religiosas. 1821-04-08 O 1º marquês de Olhão, Francisco de Mello da Cunha Mendonça e Menezes (1761-1821), é sepultado no jazigo de família, no Convento dos Cardais. 1832-12-01 No âmbito do Aviso de 19 de Setembro, do Ministério dos Negócios da Guerra, relativo aos donativos de lenços e roupas para os hospitais militares, as religiosas do Convento dos Cardais entregaram «17 tiras de panno de linho que podem servir para ligaduras ou chumaços, e 5 arrateis e 6 onças de fios». 1834-05-30 É decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos. 1859-06-15 Termo de abertura do inventário «de todos os bens e rendimentos, dividas activas e passivas, de todas as alfaias e mais objectos preciosos destinados ou não ao serviço do culto». 1859-06-20 Residem no edifício 4 religiosas e 8 pupilas, e há ainda mais 6 pessoas ao serviço do convento - um capelão e confessor, um procurador, um sacristão, um cirurgião, uma veleira e um criado. 1859-06-27 O convento é avaliado em 5:400$000 e a cerca em 6:600$000. 1861-04-04 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que "Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero". E que uma lei especial regulará esta aplicação. 1862-05-31 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções "sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos". 1876-04 Morre a última religiosa professa e o convento é extinto. 1876-04-26 Termo de abertura do 2º inventário, já com o convento formalmente extinto. 1876-05-29 A direção da Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos contacta com a Fazenda Nacional para solicitar a entrega do "edificio do dito extincto Convento, compreendendo a pequena cerca, a Igreja, com os paramentos, alfaias e mais objectos destinados ao culto", para nele fundarem um asilo para cegas. 1876-06-06 O edifício do convento é avaliado em 7:200$000 e a cerca em 768$000. 1876-10-25 Termo de encerramento do inventário. 1876-10-27 O inventário é enviado para o Delegado do Tesouro do Distrito de Lisboa. 1877-07-28 Decreto de cedência provisória do antigo convento à Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos, com a cláusula "de que reverterá para a Fazenda Nacional, com todas as bemfeitorias, quando deixe de ter a applicação para que é concedido, ou, quando o Estado por qualquer circunstancia d'elle carecer, sem que por este facto a associação fique com o direito a indeminisações". 1877-08-20 Auto de entrega do convento à Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos. 1893-07-21 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 10 de Julho que concede, a título definitivo, à Associação de Nossa Senhora Consoladora dos Aflitos o edifício e pertenças do extinto Convento dos Cardais para asilo de cegas. 1943-08-18 Decreto de classificação da Capela do antigo Convento dos Cardais como Imóvel de Interesse Público.
CartografiaManuscritoMonografiaPeriódico | Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada nascente | Rua de O Século. DPC_20150212_167. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada sul | Trav. da Conceição. DPC_20150212_169. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada norte | Rua Eduardo Coelho. DPC_20150212_172. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada norte | Rua Eduardo Coelho. DPC_20150212_170. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada norte | Rua Eduardo Coelho. DPC_20150212_173. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada nascente | Pormenor. DPC_20150212_175. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada nascente | Portal. DPC_20150212_179. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada nascente | Portal. DPC_20150212_181. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Perspetiva da fachada da Igreja | Rua de O Século (antiga Rua Formosa). JBN000675. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Perspetiva geral. S05173. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Exterior | Fachada. A6206. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Interior | Igreja. BAR000823. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Interior | Capela. BAR000064. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Cardais | Interior | Dormitório. BAR001002. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
Rita Mégre - 2013-05-22 Sofia Carvalho (Inventário de extinção) - 2015-09-30 Última atualização - 2019-05-09
| Imagens: 15
|