DesignaçãoMosteiro de Nossa Senhora da NazaréCódigoLxConv065Outras designaçõesAbadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo; Mosteiro das Bernardas; Convento das Bernardas; Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré de LisboaMorada actualRua da Esperança, 148SumárioLocalizado no antigo Bairro do Mocambo (actual Madragoa), o Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré (ou das Bernardas) teve a sua génese em 1654 no Recolhimento de Santa Madalena, em cujas casas se instalaram as religiosas. Fechada a clausura a 6 de Janeiro de 1655, as obras do edifício arrastaram-se durante todo o século XVII, estando concluídas apenas em 1708. Tendo sofrido profundos danos com o Terramoto de 1755 (ainda que sem mortes a registar), as religiosas foram instaladas no ano seguinte numa quinta ao Campo Pequeno e em 1769 em Setúbal, em propriedades que D. José lhes comprou para o efeito. Reconstruído o mosteiro (seguindo, em traços gerais, os preceitos do original), foi reocupado de 1786 até 1850, altura em que as únicas três religiosas pediram para ser instaladas noutros conventos da mesma ordem. Tendo tido diferentes donos particulares durante quase século e meio, na sua igreja se instalou um cinema (1924) e uma oficina (década de 1950), tendo a restante área conventual sido maioritariamente ocupada por ocupação educacional (séc. XIX) e habitacional (desde o início do séc. XX). Depois de décadas a padecer de problemas de salubridade, sobrelotação e conservação, a Câmara Municipal de Lisboa adquire o imóvel em 1998, onde é instalado o Museu da Marioneta, mantendo-se simultaneamente a função habitacional.Ordem religiosaGéneroFemininoFundadorFrei Vivardo de VasconcelosData de fundação1654-11-02Data de extinção1909-04-16AutoriaJoão Antunes - Arquitecto, Atribuição, Arquitecto do edifício - 2ª metade do século XVIII. Giacommo Azzolini - Arquitecto, Atribuição, Arquitecto da reconstrução no pós-terramoto de 1755. António Pereira Ravasco - Pintor, Contrato, Quatro painéis para a capela-mor, pós 1696. Pedro Alexandrino de Carvalho - Pintor, Atribuição, Pintura do tecto da igreja - 2ª metade do século XVIII.Tipologia arquitetónicaArquitetura religiosa\Monástico-conventualComponentes da Casa Religiosa - 1834Convento Claustro IgrejaTipologia de usoAtual - Civil\Equipamento Atual - Civil\Habitação Atual - Civil\HotelariaSituaçãoExistente Existente
PropriedadeCâmara Municipal de Lisboa Câmara Municipal de Lisboa
OcupaçãoConvento - Ocupado(a) - Museu da Marioneta Igreja - Ocupado(a) - Museu da Marioneta
AcessoMuseu da Marioneta - Público\Condicionado Privado\Condicionado
Disposições legaisImóvel de Interesse Público; Decreto 2/1996; 6 de Março
Enquadramento históricoEm 1653, frei Vivardo de Vasconcelos, abade do Convento de Nossa Senhora do Desterro, único cenóbio cisterciense até então existente em Lisboa, tomou conhecimento de que na freguesia de Santos-o-Velho havia um recolhimento de algumas mulheres devotas que desejavam servir a Deos (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 444), chamado da Magdalena, regido por Maria da Cruz, que tinha vindo de Roma. No dia seguinte, 1 de Setembro, foi-lhe falar e, segundo palavras do próprio, de tal modo me prendeu a conversação daquella creatura, que eu a buscaria em mais dos dias para falarmos de Deos, e eu lhe cobrar tanto respeito e veneração que lhe falava de joelhos, e quando a hia buscar, hia resando canticos e himnos ao Senhor [...] (Cód. Alcobacences, CDXXXIII/307).
A 18 de Janeiro seguinte, frei Vivardo toma conhecimento, por via de um clérigo chamado José Rolão, que D. Diogo Lobo (antigo prior-mor do convento de Palmela, da Ordem Militar de Santiago de Espada, de quem o clérigo havia sido capelão) dezejava muyto fundar hum mosteyro de monjas cistersiences de observancia reformada e que elle mesmo ordenara huns statutos e os deyxara já confirmados pella Sé Apostolica, com licença para fundaçam do mosteyro (História dos Mosteiros, II, 1972 p. 444). Agradado com a notícia de que havia uns estatutos confirmados por Clemente VIII para a fundação de uma casa de recoletas de Cister que não chegou a fazer-se, frei Vivardo foi falar com Maria da Cruz e tendo entendido a vontade que as recolhidas mostraram de serem Religiosas sogeytandose aos statutos e regras que pera a ditta reforma tinha feyto o D.Prior, (Idem) tratou de obter a licença necessária junto de D. João IV. No entanto, e contrariamente à vontade da rainha D. Luísa de Gusmão, tanto o rei como as autoridades eclesiásticas levantaram grandes dificuldades à fundação de mais um mosteiro.
A 2 de Novembro de 1654, Vivardo decidiu ir ao Paço fazer mais uma tentativa junto do rei. Perante a irredutibilidade do monarca, ameaçou-o com um castigo divino, o que terá deixado o rei perturbado. Já após a saída do religioso, e graças à intervenção da rainha, o monarca despacharia favoravelmente a fundação da recoleta. No sábado seguinte foi frei Vivardo à audiência pública falar com o rei que lhe disse Domingo quando me falaste, logo se me virou o coração, e logo determinei de vos despachar, mas não volo quis dizer. [...] duas vezes fuy para dizer não, e não foi que se me atravessou no coração, que nunca o pude pronunciar. E mais quero vos contar hum milagre que Deos fez em mim. Eu tinha hum braço com hum formigueiro, e quasi esquecido, e com grande temor de ficar aleijado, e no ponto em que assinei este despacho fiquei são como nunca tivera nada (BNP, Reservados, Cód. Alcobacences, CDXXXIII/307).
Vencida também a oposição das autoridades eclesiásticas, frei Vivardo tratou de eleger as fundadoras para o novo convento que foram escolhidas no mosteiro de São Bento, de Évora: D. Antónia Moniz (que mudou o nome para Soror Antónia do Espírito Santo, e ocupou, durante doze anos o cargo de abadessa), D. Francisca de Vasconcelos (que se veio a chamar Soror Francisca das Chagas), e D. Maria de Almeida (que passou a Maria do Sacramento).
Na festa da Epifania, de 6 de Janeiro de 1655, fechou-se a clausura do convento, que foi dedicado à Virgem Nossa Senhora da Nazaré. A data de 1651 e a frase Esta obra he de Deos inscritas na base do cruzeiro de pedra que encima o portal da Travessa do Convento das Bernardas parecem indiciar a fundação do recolhimento primitivo.
Para o efeito foi necessário comprar as casas onde viviam as recolhidas, pelo valor de cinco mil cruzados provenientes das esmolas dos fiéis, uma vez que o convento não tinha padroeiro nem rendas próprias.
Entre 1664 e 1699 as madres assinaram diversas petições de modo a que lhes fosse cedida uma travessa (com cento e quinze palmos de comprimento e vinte de largura) que ligava a actual Rua do Castelo Picão à Travessa das Freiras Bernardas, para que, desse modo, pudessem concluir as obras do convento, visto possuírem já edifícios nos quarteirões contíguos. Tendo sido o pedido concedido, no início de setecentos, deu-se continuidade à obra.
Em 1696, as religiosas celebram com António Pereira Ravasco um contrato no valor de 120.000rs. para a execução de quatro painéis com passos da vida de São Bernardo para a capela-mor da igreja da autoria de João Antunes (SERRÃO, 2001).
No ano de 1706 o mosteiro contava com 47 monjas e 8 conversas, e crescia o número das que requeriam o estatuto. Graças aos dotes das religiosas foi possível continuar as obras do convento. O conjunto terá ficado concluído por volta de 1708, estando já concluída aquando da execução do Panorama de Lisboa em azulejo (c. 1700).
Como convento de clausura, a vida da comunidade religiosa processava-se toda dentro dos limites do edifício, que, dado não possuir cerca, dependia totalmente do exterior para adquirir os bens necessários à sua alimentação e manutenção (exceptuando o abastecimento de água, que era feito graças à existência de duas cisternas no claustro). A vida que se professa neste convento nam deyxa de ser aspera, porque os alimentos sam sempre os da Quaresma, sem se dispensar em comer carne, de que só usam as enfermas que no tempo da doença sam trattadas com toda charidade, e as que tem saude jejuam oyto meses no anno. Andam descalças com alparcatas abertas. Nam se permitte o uso de roupa de linho. O tempo das Matinas he as duas horas depoys da meya noyte, sem dispensaçam. Alem da reza d'officio divino, que he muyto larga, ha mays duas horas de oraçam mental, todos os dias em communidade, fora outros exercicios spirituaes. A pobreza se observa com grande perfeyçam, porque na cella nam ha mays que uma barra com humas taboas de pao, e em cima hum enxergam de palha, mantas d'estamenha, huma cruz de pao sancto, huma pia de agua benta de barro vidrado, hum escabelo de madeyra tosca, alguns livros spirituaes e huns instrumentos de penitência, e este he todo o movel da cella. O vestido he hum habito de burel branco e hum escapulario preto, com uma cogula de estamenha branca por cima. O toucado he de panno de linho caseyro, assim a toalha como o veo. Nam se permitte communicação pera fora, mays que com pay, mãy, irmãos e parentes muy chegados, e estando sempre com escuta. A mortificaçãm da vontade propria he muy frequente, porque tudo he regulado pella Prellada, da qual ha dependencia ainda nas couzas mínimas (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 446). Os enterramentos das religiosas eram feitos sob as arcadas do claustro.
O mosteiro foi quase completamente destruído pelo Terramoto de 1755, não havendo, contudo, mortes a registar. Segundo frei João Raposo seriam quase três quartos depois das nove horas da manhã [quando as monjas] sentiram o estrondoso tremor [...]. As paredes caiam para fora. Saindo com muito custo sobre todas as ruinas para a rua acharam derribado o muro da cerca do conde de Vila Nova, que lhes ficava defronte do mosteiro, por onde entraram e donde estiveram cinco dias e quatro noites sem abrigo e com muita aflição. No quinto dia, por ordem de sua magestade, o sr. D. José o primeiro, foram para a cerca das religiosas da Esperança, onde estiveram seis meses e vinte dias debaixo de uma lona (SANTOS; FERREIRA, 1996).
O monarca comprou-lhes uma quinta (Quinta dos Louros) no Campo Pequeno por 20$ cruzados para onde foram em 25 de Maio de 1756. Nas folhas de rendimentos e despesas do convento, no triénio de Maio de 1756 a Abril de 1759, verifica-se a despesa na quinta que se comprou no sítio do Campo pequeno que consta de pomar, terras e casa p(ar)a acommodação das Religiosas oyto contos de reis. Despendeose na forma que se deu às d(it)as casas p(ar)a servirem de Most(ei)ro, asseio da Capella, e com hu(m) tanque que se fez de novo, e mais preparos p(ar)a a ditta acommodação Religiosa doys contos quatro centos e nove mil reis». Entre as diversas despesas feitas nesse período destaca-se ainda as da construção de «nove moradas de cazas que se fizerão no Mocambo na rua direita de Santos e na rua da palha e com outra morada de casas nobres que ficão principiadas na d(it)a rua direita de Santos» no valor de «sette contos quinhentos noventa e quatro mil quinhentos oytenta e doys r(eis) (ANTT, Mosteiro de Alcobaça, Folhas de rendimento e despesa... Maço 3, nº 143). A construção das casas na rua de Santos levou a um litígio com o Conde de Vila Nova, cujo palácio lhes ficava fronteiro, e que lhes moveu um embargo.
Em Carta de 19 de Setembro de 1769, D. José fez doacção perpetua e irrevogável à comunidade das Religiosas (...) do Collegio [de S. Francisco Xavier] com sua cêrca que tinha sido dos Padres da Companhia de Jezus (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 1995, f. 0229). Um decreto do abade geral D. Frei Manuel de Mendonça, obrigou à sua transferência para o referido Colégio, que ficava em Setúbal, e de que as freiras tomaram posse em 14 de Outubro desse ano. Nova Carta Régia, datada de 1776, faz doação de mais um terreno, também em Setúbal, onde podiam edificar. São, portanto de doação régia os prazos da vila sadina, não se conhecendo, porém, as origens dos prazos ou foros em Lisboa, sendo provável que proviessem de doações de fiéis.
O regresso das religiosas ao convento do Mocambo aconteceu em 1786. Em termos espaciais o edifício primitivo pouco diferiria da actual construção. A topografia do terreno, desde sempre, obrigou à construção de dois pisos abobadados que, à semelhança de um criptopórtico, permitia vencer a acentuada diferença de cotas.
Nesse período, o rendimento do convento consistia em padrões, aluguer de cazas e alguns foros em Setuval, Sintra, e Corte de Lisboa, de algumas ordinarias que lhe dão por esmola na mesma corte, e em Alcobaça, e de tenças vitalicias; o que tudo virá a constituir o total de dois contos, quatro centos, trinta, e cinco mil reis, poco mais, ou menos [havendo a descontar 145 mil réis, por morte de três religiosas, e 470 mil réis de despesas com ordenados] satisfacção de hum legado, tres creados, quatro creadas, lavandeiras, e mais gastos ordinários (BNP, Reservados, COD.1493-96, p.27 e 27 vº).
No edifício conventual, para além do arrendamento comercial dos espaços abertos à Rua da Esperança, destaca-se, no triénio de 1813-1816, a existência de uma despesa referente a obras num armazém, de forma a adaptá-lo a habitação para arrendamento a inquilinos: D(espendeu-se) em obbra das cazas novas por baixo da Feitoria, q(ue), quase nada rendendo, desde q(ue) se fez o Most(ei)ro athe o prezente, por estar m(ui)to tempo sem ter alugador, por ser hu(m) armazem sem acomodação algu(m)a, nelle se fizerão acomodacoes p(ar)a hum, dois, tres, ou quatro moradores, com suas quatro cozinhas, e mais acomodacoes precizas, podendo alugarse tudo a hum só inclino, ou mais, por ter portas interiores de comunicação, p(ar)a o que foi nec(essári)o abrir hu(m)a porta nova, e larga p(ar)a o armazem, e outra, logo junto desta, para a escada das cazas q(ue) ficam sobre o m(es)mo armazém, abrir cinco janellas e hu(m)a porta p(ar)a a Calçada de Castello Picão, oito portas nas paredes interiores, e fazer janelas de sacada com suas grades de ferro, as duas q(ue) havia de peitos; o q(u)e foi tudo precizo p(ar)a dar lus ás cazas, e boas serventias aos inclinos, tendose também aproveitado o grande xaguão q(u)e servia de cloaca, no qual se fes hua morada de quatro andares, e tudo se acha arrend(ad)o pella p(rimei)ra ves, a quatro moradores pella quantia de quarenta moedas e meia, sendo a maior p(ar)te em metal, não obstante terem sido arrend(ad)as fora do tempo em q(u)e costuma haver mais pertendentes (ANTT, Mosteiro de Alcobaça, Folhas de rendimento e despesa..., Maço 3, nº 143).
A extinção das ordens religiosas do sexo masculino, em 30 de Maio de 1834, impunha a imediata incorporação de todos os bens daquelas ordens na Fazenda Nacional. Esta medida não implicou, no entanto, o encerramento dos conventos do sexo feminino, que se manteriam até à morte da última freira. No caso específico do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo, a desocupação ocorre em 1850 em razão do seu estado de ruína e do decreto de 9 de Agosto de 1833 que, para além de proibir novas admissões à profissão de freira, determinava que os conventos, mosteiros, casas seculares e hospícios com menos de 12 religiosas seriam extintos e as suas propriedades incorporadas nos bens nacionais (à época permaneciam apenas três religiosas no edifício: D. Carolina Augusta de Castro e Silva, D. Anacleta Justa do Carmo Semedo e D. Maria Matilde dos Anjos).
Enviadas numa primeira fase para o vizinho Convento das Trinas do Mocambo, aí permanecem pouco tempo, pedindo para ser incorporadas no Real Mosteiro de S. Dionísio de Odivelas, ou de S. Dinis, da mesma ordem, com a condição expressa de administrarem as suas rendas, e de se não confundirem os bens da sua casa com os do mesmo Real Mosteiro, excepto D. Maria Matilde dos Anjos que obteve licença para ser incorporada no Convento de São Bernardo de Portalegre (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 1995, fl. 209).
Em 1859 é elaborado um inventário dos bens do convento, pelo que, no dia 30 de Setembro desse ano, o desembargador da Relação Eclesiástica, cónego João de Deus Antunes Pinto, e o oficial da Repartição da Fazenda, Joaquim António Gonçalves, se reuniram no Real Mosteiro de S. Dionizio de Odivelas, e às grades (...) compareceu da parte de dentro (...) D. Carolina Augusta de Castro e Silva (MIRANDA, 1999). Filha legítima de Romão José da Silva e de Francisca Maria dos Santos, professa desde 1831 com 16 anos, viria a falecer em 16 de Abril de 1909, com 93 anos de idade.
O edifício foi comprado pelo professor Joaquim Lopes Carreira de Melo que nele fundou o Colégio de Nossa Senhora da Conceição. Um anúncio publicado no Jornal do Comércio publicita a transferência, no final de Dezembro de 1855, do Colégio, que desde o anno de 1848 tem estado no palácio da Calçada da Estrella, nº8, [...] para o bello e grande edifício que foi mosteiro das religiosas da Nazareth do Mocambo. [...] Ali, todos os alumnos ficarão separados; até aos 10 annos n'um dormitorio de camaratas, e dos 10 annos para cima, cada um ficará no seu quarto particular; mas ainda assim separados n'outros dormitorios com escadas independentes, e pelas seguintes divisões por idades de 10 a 12 annos, de 12 a 14, de 14 a 16, e de 16 para cima (Jornal do Comércio, 6 de Dezembro de 1855). O dístico deste estabelecimento de ensino, onde foram alunos o dramaturgo D. João da Câmara e o célebre médico Dr. Sousa Martins, sobrepõe ainda o portal da fachada.
Segundo Júlio de Castilho, em 1893 aí funciona o Colégio Académico Lisbonense de Frederico Vilar. Houve ainda um colégio do professor Ferreira e o Liceu Politécnico de Luís Rodrigues.
No início de Novecentos, desaparecidos os estabelecimentos de ensino, o edifício foi adquirido por um novo proprietário que o converteu em habitação de numerosas famílias de fracos recursos económicos, mantendo-se no piso térreo um conjunto de estabelecimentos comerciais (tabernas e carvoarias).
Apesar de nenhuma freira habitar o edifício há quase 60 anos, o convento apenas é extinto aquando do falecimento da última freira, D. Carolina Augusta de Castro e Silva, a 16 de abril de 1909, fazendo deste o último dos conventos de Lisboa a ser extinto.
Na igreja do antigo edifício conventual, o empresário Santos Malafaia instalou um cinema inaugurado em Junho de 1924, baptizado de Cine Esperança ainda que fosse conhecido como Cinema Malafaia. A fraca adesão do público levou ao encerramento precoce da sala que, contudo, continuou com actividades ligadas ao espectáculo.
A laicização da igreja só foi definitivamente assumida na década seguinte, com a execução de pinturas murais de gosto art déco, atribuídas ao cenógrafo Mário Costa, que se sobrepuseram às pinturas de falsos marmoreados de uma redecoração oitocentista que, conjuntamente com os lambris de azulejos, ainda estava demasiado agarrada à memória do espaço religioso. As pinturas apresentam uma composição de motivos paisagísticos e vegetalistas muito estilizados e geometrizados, numa paleta de negro e vários tons de cinzento, remetendo para o espectáculo da fotografia animada» que acontecia na pantalha. Estritamente decorativas, as qualidades técnicas e artísticas destas pinturas não serão as melhores, constituindo, no entanto, um raro documento, não sendo conhecida a existência de um único exemplar de decoração mural daquele período com tal dimensão.
A sala serviu ainda para teatro de amadores - onde actuou Hermínia Silva no princípio da sua carreira - e sede de uma filarmónica. A primeira marcha, organizada em 1932, aí teve ensaio, com registo fotográfico para a posteridade.
Nos anos 50, uma tentativa de transformação da igreja em habitação foi impedida pela autarquia, vindo o espaço a dar lugar a um armazém de mobílias usadas e marcenaria. Até ao início das obras de reabilitação do edifício (1999), junto da porta da entrada da igreja existiu o guichet que correspondia à bilheteira do cinema e a cabine de projecção.
Particularmente acentuada, a degradação de todo o espaço conventual levou, em Abril de 1928, ao desabamento parcial da cobertura da ala poente, devido ao mau estado das madeiras. Na sequência, o município intima os proprietários, Carvalho e Dias, Lda., a fazer obras de conservação sob pena de demolição do prédio. Em Abril de 1933, a falta de condições era tanta que, num depoimento da junta de freguesia de Santos-o-Velho ao Diário de Notícias, se alerta para a miséria e porcaria que chega à promiscuidade, que mete medo [...] que se alberga ali no Convento das Bernardas». Diz o presidente que «é preciso acabar com aquilo. É um foco infeccioso. Há lá lepra! Os proprietários compraram aquilo para demolir, mas foi tal a algazarra e os empenhos dos pobres moradores, que, apesar da ordem judicial de despejo, eles não saíram. E, coitados! para onde haviam de ir? Mas até o Governo resolver, ao menos, que se lave, que se areje, que se ilumine aquele pardieiro medieval, que causa arrepios contemplar (Diário de Notícias, 16 de Abril de 1933).
Em Fevereiro do ano seguinte um ofício do Batalhão de Sapadores Bombeiros dá conta da situação, onde se lê: Vivem ali na mais degradante promiscuidade, [...] sem ar e sem luz, cerca de 700 pessoas [por] interiormente se ter feito uma compartimentação que a transformou num verdadeiro labirinto, tornando péssimas as condições de alojamento e horríveis as de segurança. Há escadas que dão acesso ao claustro que nem degraus têm. Nem todos os compartimentos têm chaminé o que leva a fazer lume em qualquer ponto [...] O meio criado pela compartimentação feita além de anti-higiénico é insalubre. As pias estão entupidas e exalam um cheiro pestilencial.
Em Abril de 1934, o edifício é adquirido por Manuel Amaral Marques (mantendo-se na família até 1998). Um ano depois, de acordo com vistoria efectuada, a Inspecção Geral de Saúde de Lisboa considera o imóvel passível de funcionar como habitação se o número de inquilinos fôr reduzido, permitindo melhor acomodação, e realisar as beneficiações indispensáveis. Para a efectivação dessas obras seria necessário a desocupação das habitações, tornando-se porêm impossível remover em conjunto os inquilinos, sem lhes garantir novo domicílio, sendo ainda de opinião que á medida que fôssem vagando, as diversas dependências, não se consentisse o aluguer, sem que se realise uma vistoria para impôr os melhoramentos indispensáveis.
Por ter reconhecido o excessivo número de moradores, nesse mesmo ano, Amaral Marques tomou a iniciativa de o reduzir. No entanto, e alegando falta de capacidade financeira para o efeito, retardou a realização de obras de fundo, apesar das sucessivas intimações.
Com o advento da II Guerra Mundial e a crise económica e social então registada, o proprietário vai-se excusando de cumprir o exigido. Todavia, em 1942, em requerimento à câmara, informa ter posto o prédio à venda, não tendo compradores, pelo que requer autorização para demolir o edifício para construir prédios de 4 andares. Por o projecto não parecer viável economicamente, é mantida a intimação para obras que vão ficando apenas nas pequenas reparações.
Na década de 1970, o edifício tinha 250 residentes e 7 estabelecimentos comerciais. Com o intuito de resolver as carências mais prementes (nomeadamente a electrificação dos corredores e o depósito para o lixo) em 1975 é criada uma comissão de moradores. Ainda assim, a degradação do edifício continuou e em 1994 a Direcção Municipal de Reabilitação Urbana cria o Projecto Integrado do Convento das Bernardas, que visa a recuperação do velho edifício conventual para nele instalar equipamentos, mantendo a valência habitação nos pisos superiores. Nesse sentido, o imóvel é adquirido pela autarquia em 1998 dando-se início às obras de recuperação em Dezembro do ano seguinte.
Em Novembro de 2001 instalou-se na igreja e em parte do antigo espaço conventual o Museu da Marioneta.
Evolução urbanaO Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré localiza-se no antigo Bairro do Mocambo (actual Madragoa) e ocupa o quarteirão compreendido entre as ruas da Esperança, do Castelo Picão, Vicente Borga (antiga Rua da Madragoa) e Travessa das Freiras Bernardas. Foi construído a partir de um primitivo recolhimento, tendo para tal sido necessário comprar logo [1654/1655] pera dar princípio ao mosteyro as casas em que viviam as recolhidas, as quaes com serem limitadas lhe custaram sinco mil cruzados (História dos Mosteiros..., II, 1972, p.445).
De 1664 data uma petição da Madre Soror Antónia do Espírito Santo, Abadessa do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré da Descalças de São Bernardo sobre uma petição anterior respeitante à compra de uma ilha de casas, defronte do mosteiro, para o continuar e fazer a igreja. Tinham pedido a travessa que ficava no meio e que ficava defronte da igreja e portaria. Ficava próximo da Rua de Belém e do muro do conde de Figueiró (AML, Livro de Cordeamentos, 1614-1699, f. 186-187). Seis anos depois a Abadessa e restantes religiosas do convento fizeram nova petição ao Senado, insistindo no pedido de cedência da dita travessa (que segundo medidas elaboradas por um mestre de obras da cidade, tinha cento e quinte palmos de comprimento e vinte de largura) visto considerarem necessário alargar mais aquella obra, e que para se aver decontinuar a da Igreja, percizamente nessecitao de ua' travessa q' fica neste mesmo sittio, ahonde stao hunz pardieiros q' comprarao' pª. formar o pátio della. Não obstante o Senado considerar que nao so se devia conceder âs supp. p. necessidade q tem de alargar a Serª, mas q alem de não cauzar prejuízo algu' ao publico [que] seria mui conveniente, por q co isso se ficava evitando o servido de despejo a toda aquella vizinhança, co' grande indecenssia do serviço de Deos, e do Culto Divino, em razão dos maos vapores [que] se communicao â Igreja, e a todo o Convento (AML, Chancelaria Régia, Livro 1º de consultas e decretos de D. Pedro II, f. 295-296).
Esta pretensão volta de novo a ser abordada noutra petição das madres ao Senado, datada de 1699, na qual alegam padecer de «grandes descomodidades, para a observância(?) monástica, celebração dos ofícios divinos, pelo limitado de sua clausura, e descómodo do coro, e por quanto junto ao dito mosteiro passa uma travessa de pouco trato(?), por ficaram duas ruas contíguas, desta não ter casas com a que podiam remediar, assim a falta do coro, como o fecharem decentemente ao aperto(?) de seus institutos e observância religiosa que professam», pedindo de novo licença para tomar a dita travessa. Atendendo que em 1706 se nam acha[va]m [...] de todo acabadas [era] já pouco o que lhe falta (História dos Mosteiros..., II, 1972, p. 446), admite-se que a travessa é finalmente cedida nos primeiros anos de setecentos, para assim o edifício poder tomar a configuração que apresentava até à sua quase total destruição com o terramoto, retomada no contexto das obras de reconstrução do edifício.
Nunca tendo possuído cerca, o mosteiro sempre esteve delimitado ao próprio edifício, pelo que não existe qualquer evolução do tecido urbano desde o início do século XVIII.
Caracterização arquitectónicaFundamental para se perceber a realidade arquitetónica conventual anterior a 1755, a descrição dada na História dos Conventos permite perceber que, em traços gerais, a reconstrução pós-terramoto segue o projeto original: Pera chegar à porta da igreja [...] se sobe [...] por uma escada de pedra muyto boa, e entrando pella porta da igreja se acham no corpo della tres capellas de cada parte, com seos retabolos dourados, de huma columna por banda, e a parede que fica entre capella e capella he revestida de um azolejo adamascado. E logo por cima dos arcos das capellas corre huma cimalha de marmore vermelho que corre toda a igreja à roda, até sambrar com o retabolo da capella mor. E por cima da ditta cimalha assenta hum andar de payneis quadrados, proporcionados à igreja, e entre elles tres janelas de cada parte, das quaes só as direyta dam luz à igreja, porque as da esquerda só servem de fazer apparente correspondência. Por cima dos dittos payneis e janelas se estende por todo o corpo da igreja huma boa cimalha de pedra, e por bayxo della fica o arco da capella mor, cujo tecto he em volta de meya laranja, com hum brutesco de ramos grandes e largos, com figuras e anjos, ocupando o meyo hum ovado que guarnecem pella borda varias quartellas e revirados, e dentro do ditto ovado se deyxa ver o melliflo Bernardo, ao qual acompanham os anjos pera o Ceo. Por cima do arco da capella mor e de sua cimalha se deyxa ver hum vam que vay do arco da capella mor pera o tecto da igreja, e neste grande paynel se representam as divinas pessoas da Sanctissima Trindade com S. Bento de huma parte e Sam Bernardo da outra.
Nos lados da capella mor há dous payneis de cada banda, fronteyros hum ao outro, com suas molduras de talha douradas, e no meyo dos payneis tem lugar huma janella de cada parte. O retabolo da capella mor he de duas collunas por banda, e entre ellas tem lugar a imagem de hum sancto. O retabolo he bem dourado e do mesmo modo a tribuna, com do
us anjos que acompanham em cima a custodia. O tecto da capella he de abobeda, pintada com um brutesco ao moderno, de mininos, serafins e flores. No meyo se deyxa ver hum seistavado e dentro delle o anjo embayxador anunciando à Virgem o mystério da Encarnaçãm.
[...] Tem o primeyro lugar no edificio do mosteyro o coro, [...] com sincoenta e sete cadeyras lavradas com muyto primor, em madeira de angelim. O tecto he todo pintado muyto bem; há dentro delle duas capellas. Na que fica da parte do Evangelho logram as Religiosas deste mosteyro a consolaçam de lhe assistir o Divinissimo Sacramento, de que sam devotissimas, assim se esmeram no ornato e no asseyo da ditta capella. No outro lado, que he o da Epistola, corresponde à capella do Senhor outra em que inclui em si o Sanctuario, em que se veneram muytas e grandes reliquias bem ornadas. Alem das dittas duas capellas há mays no antecoro outra com grande asseyo, dedicada a Jesus Maria Joseph.
A casa do Capitulo sobre ser grande [...] com huma capella, grande obra de talha, com hum paynel muy devoto que representa o Senhor atado à columna. Tem uma imagem grande do Senhor Crucificado, obra de marfim, lavrado na India.
Consta o mosteyro de seys dormitorios com bastante grandesa, azolejado todo em bastante altura, e as cellas todas que há nos dittos dormitorios sam pera mayor asseyo todas azolejadas à roda, couza que se nam acha em todas as cellas de convento algum de que tenhamos noticia.
Há no interior deste convento grande numero de capellas, porque em cada hum dos seys dormitorios tem huma capella muyto asseada. E no claustro que tem este mosteyro, que fica no meyo de quatro dormitorios, e no fim de cada lanço há huma capella e no meyo outra com que vem a ser todas oyto as capellas todas de Passos da Payxam, a que acrescentaram mays outra de Nossa Senhora da Soledade, com as imagens de Sancto Ignacio e Sam Francisco Xavier. E por cima dos quatro lanços do claustro correm quatro varandas, sobre as quaes caem as janellas das cellas das Religiosas, que tem a sua habitaçam nos quatro dormitórios (História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 447-449).
Destruído pelo Terramoto de 1755, as freiras vêem-se obrigadas a resguardar-se provisoriamente noutros edifícios enquanto as obras de reconstrução do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré não se encontram concluídas. O regresso ao Mocambo ocorre em 1786. Está edificado de novo, para o que, com pia e Real magnificencia, concorreu, e concorre a nossa Augusta Soberana, e o Snr. Rei D. Pedro 3º, que Deos levou, e só falta concluir-se a igreja e habitação dos P(adr)es no que se trabalha actualmente.
Tem casa de capitulo, que prezentemente serve de igreja, sancristia, refeitório, enfermaria, cozinha, e as mais officinas precizas, todas muito commodas, e decentes; e duas cisternas.
Tem quarenta cellas preparadas, e ornadas, segundo o instituto das religiosas que as habitão. O numero que prescrevem os seus estatutos é de vinte e quatro religiosas, e tres leigas, ouve tempos em que chegarão a ser cincoenta; prezentemente, tem trinta e tres, e huma leiga (BNP, Cód. 1493-96). Segundo Leroux, o projecto será da autoria do arquitecto e cenógrafo de origem italiana, Giacomo Azzolini (LEROUX, Jornal O Dia, 8 e 14 Abril, 13 Maio e 9 Junho 1985).
A igreja, de nave única, quando finalmente ficou concluída, era de grande simplicidade. Segundo Gonzaga Pereira podia acomodar 400 fieis. A planta, em forma de caixa, [...] he deferente de todas as Igrejas de Lisboa; a escada he dentro da primeira porta, e depois de grande numero de degráos, fica na frente a portaria, e na esquerda o templo, que é formado em pavimento nobre; e por baixo fica hum andar de cazas e lojas [...] he o unico templo da cidade construido por esta forma [...]. No interior possue [...] 3 capellas com a primaria, em que se acha collocada a milagroza Imagem de N. Senhora da Nazareth; e 2 capellas lateraes, tendo a capella mór 2 nixos com os santos fundadores, [...]. Nas paredes brancas, de lizo estuque, ressaltavam os silhares pombalinos tardios, com repetição linear de almofadas marmoreadas, a amarelo, com florões azuis, ao centro, que envolviam a nave e que, felizmente chegaram em grande parte até aos nossos dias. O tecto era ornado de hum quadro da mesma invocação de N. Senhora, pintado pelo pincel [de] Pedro Alexandrino de Carvalho. Tinha a igreja poucas imagens. Para além da referida do orago, a mais inrrequecida de belleza de bellas artes, possuía outra imagem de N. Senhora, do lado da Eppistola, na sua capella, que he muito sofrivel escultura. Informa ainda Pereira que nesta Igreja não há chapa alguma de author; por occazião de festividade, dãosse simples estampas aos fieis do culto divino (PEREIRA, 1927, p. 229)
Em virtude da topografia do terreno onde se insere, a principal característica do edifício prende-se com o facto de a igreja ficar situada a um nível bastante superior (3º piso) em relação à Rua da Esperança. O acesso ao templo é feito por via de uma grande escadaria que he dentro da primeira porta, e depois de grande número de degraós, fica na frente a portaria, e na esquerda o templo [em cujo portal, de desenho simples, se inscreve o nome do orago), que he formado em pavimento nobre; e por baicho fica hum andar de cazas e lojas (Idem, p. 231).
O edifício apresenta uma planta quadrada que se desenvolve em torno de um claustro com cinco arcadas em cada face, no qual existem duas cisternas, uma ao centro e a outra num dos extremos. No primeiro piso, desenvolve-se um terraço avarandado a toda a volta. Outra particularidade que distingue este convento dos demais, são as pinturas constituídas pela repetição intercalada de elementos arquitectónicos e gradeamentos de varanda, em trompe l'oeil, decorando as guardas das varandas que correm sobre as arcarias do claustro, que era originalmente ajardinado.
Na ala Norte do piso inferior do edifício localizavam-se a cozinha (da qual se mantém intacta a chaminé original) e o refeitório (ambos constituindo actualmente o espaço ocupado por um restaurante), situando-se do lado poente o parlatório e a casa do capítulo, esta última com ligação directa ao claustro (MARTINS, 2011, p. 447).
Nos pisos superiores, a transformação dos dormitórios em casas de habitação data do início de novecentos, tendo ao longo do século sido construído avançados sobre o primeiro andar do claustro por via a aumentar a área ocupada. Para além da remoção dessas construções, a campanha de obras de 1999 alterou radicalmente a lógica de acesso aos compartimentos por via da supressão do corredor paralelo às fachadas laterais do edifício. Desde então, o acesso às casas é feito em átrios interiores (próximo das diversas caixas de escada que o edifício possui, em três dos recantos do claustro) ou no próprio terraço avarandado que constitui o primeiro andar do claustro.
Inventário de extinçãoANTT, Ministério das Finanças, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo, Cx. 1995
http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4224428
A 30 de Setembro de 1859, é elaborado o inventário do Mosteiro das Religiosas de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo, então já agregado ao Real Mosteiro de São Dionísio de Odivelas, no contexto da inventariação dos bens deste último (f. 0189). À grade encontrava-se João de Deus Antunes Pinto (desembargador), Joaquim António Gonçalves (escrivão, oficial da repartição da Fazenda do distrito de Lisboa) e da parte de dentro, Carolina Augusta de Castro e Silva, freira professora da Ordem de São Bernardo, que declara que "tinha professado em mil oitocentos trinta e um, com dezesseis anos de idade, no mosteiro de Nossa Senhora da Nazareth do Mocambo, em Lisboa, e que ahi tinham professado D. Anacleta Justa (?) do Carmo Semedo, e D. Maria Mathilde dos Anjos, a primeira das quaes com ella declarante reside neste Real Mosteiro de S. Dionizio de Odivellas, e a segunda no Convento de S. Bernardo de Portalegre, com a competente licença. Que em razão do estado de ruina do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazareth foram mandadas para o Convento das Trinas do Mocambo, e dalli por assim o haverem pedido foram incorporadas a este Real Mosteiro, com a condição expressa de administrarem as suas rendas, e de se não confundirem os bens da sua caza com os deste, digo, com os do mesmo Real Mosteiro" (f. 0208-0209).
Este inventário é composto por dois títulos:
Título primeiro - descripção e avaliação dos prazos (f. 0211-0 230 - total: 11:895$140), do qual consta uma "notícia sobre a origem dos prazos» na qual é referida que «El Rei D. Joze fez doação perpetua e irrevogável á Comunidade das Religiosas de Nossa Senhora da Nazareth do Mocambo, do Collegio com a sua cêrca que tinha sido dos Padres da Companhia de Jezus, da qual doação se passou Carta em dezenove de Setembro de mil setecentos sessenta e nove, e tomaram posse do mesmo Collegio em quatorze d'Outubro do mesmo anno.
Consta do auto de posse que o Collegio dos Jezuitas era na Villa de Setubal junto á muralha, e que a cêrca do mesmo collegio constara de horta com tanque, oliveiras, figueiras, e mais arvores e parreiras, murada sobre si, com caza terrea que servia de cavallariça e palheiro, na qual cêrca havia duas portas, uma de cancella larga, e outra pequena que sahiam para outra segunda cêrca onde haviam quatro cubículos, um refeitórios, cosinha e despensa, e bem assim trez cazas altas com serventia para o Largo de Palhaes.
Por outra Carta de dezesseis d'Agosto de mil setecentos setenta e seis o mesmo Rei lhe fez doação de duzentos e oitenta palmos de frente e duzentos e cincoenta de fundo, da parte do Nascente, no terreno baldio do sitio de Palhaes, que naquele tempo era Praça de S. Bernardo, em Setubal, com a faculdade de possuírem e edificar e tomarem posse em vinte e dois d'Outubro do mesmo anno.
Parece, portanto, em vista do que fica referido, que a origem dos prazos em Setubal é de doação regia, não tendo sido possível descobrir a dos prazos em Lisboa" (f. 0229-0230).
Título segundo - descripção dos títulos de crédito públicos (f. 0231-0240 - total: 25:650.000)
O termo de encerramento geral ocorre a 28 de Março de 1860 (f. 0241-0242).
No último quartel de oitocentos são executados diversos autos para avaliação de foros pertencentes ao Mosteiro, nomeadamente o dos imóveis sitos na Rua da Esperança 87 e 88 (f. 0277-0300, 21 de Setembro de 1877, avaliado em 35.000$000), na Rua da Esperança e na Travessa das Bernardas (f. 0247-0270, 20 de Setembro de 1878, avaliados respectivamente em 70.000$000 e em 17.000$000), de um conjunto de foros situados em Setúbal (f. 0124, 1882) e de um outro conjunto, dos quais o do imóvel na Rua da Esperança 97-102A (f. 0301-0326, 30 de Julho de 1889).
Em 1909 ocorre o "Processo de supressão do convento de Nossa Senhora da Nazareth de Mocambo, agregado ao supº convento de Odivellas" (f. 0029), tendo, a 28 de Maio e para o efeito, estado presentes Lucas Duarte (administrador do concelho), Raphael da Paz Furtado (escrivão da fazenda) João Rodrigues de Mello (oficial de deligencias) e Maria Emyglia da Silva Barbosa, em cuja casa se reuniram, uma vez que aí faleceu, "no dia dezeseis d'Abril ultimo, sua tia D. Carolina Augusta de Castro e Silva, religiosa que foi do convento de Nossa Senhora da Nazareth do Mocambo [...], usufructuaria dos bens d'aquelle convento, e que por isso apresentava os títulos, livros e mais documentos que estavam em poder da dita falecida" (f. 0031). Consta de descrição dos títulos (f. 0031-0033), cartas régias [carta regia de 16 d'Agosto de 1776 de doação ao mosteiro de Nossa Senhora da Nazareth d'um terreno no sitio de Palhais, em Setúbal; carta regia de 19 de Setembro de 1769 de doação do colegio e cerca em Setubal, que foi dos regulares da Companhia de Jezus] (f. 0033), translados d'escripturas e outros documentos" (f. 0033) e livros. (f. 0034)
Já depois da supressão do convento, ocorrem diversos processos de avaliação de foros pertencente ao convento, nomeadamente os dos imóveis sitos na Rua de Campo de Ourique 228 a 228A (com lojas) e 230 a 234 (f. 0041-0051, 13 de Novembro de 1912) e dos dois no Terreiro de Santa Maria, em Setúbal (f. 0351-0357, 23 de Agosto de 1916).
1651 Data provável da fundação do Recolhimento de Santa Madalena, ao bairro do Mocambo (actual Madragoa). 1653-09-01 Frei Vivardo de Vasconcelos (abade cisterciense do Mosteiro do Desterro) visita Maria da Cruz, regente do Recolhimento de Santa Madalena, e demais recolhidas. 1654-01-18 Frei Vivardo de Vasconcelos toma conhecimento, por via do clérigo José Rolão, que D. Diogo Lobo (antigo prior-mor do convento de Palmela, da Ordem Militar de Santiago de Espada), da existência de estatutos, confirmados por Clemente VIII, para a fundação de um mosteiro de monjas cistercienses da observância reformada. 1654-11-02 Frei Vivardo de Vasconcelos procura interceder junto a D. João IV de modo a obter autorização régia para a conversão do Recolhimento de Santa Madalena em cenóbio cisterciense. Inicialmente irredutível, o monarca acaba por aceitar após intersecção da rainha. 1654-12 Três religiosas do Convento de São Bento de Castris de Évora chegam a Lisboa para ocuparem o mosteiro. 1655-01-06 Fecho da clausura do recém-criado mosteiro cisterciense, dedicado a Nossa Senhora da Nazaré. 1664 Petição das religiosas ao Senado sobre uma petição anterior relativa à compra de uma ilha de casas defronte do mosteiro, para o continuar e fazer a igreja, tendo pedido a travessa que ficava no meio e que ficava defronte da igreja e portaria. 1670-06-10 Nova petição ao Senado insistindo na cedência da travessa por via da continuação das obras do edifício. 1696-07-04 Contrato de António Pereira Ravasco para a execução de quatro painéis para a capela-mor do edifício, com passos da vida de São Bernardo. 1699 Petição das religiosas pedindo de novo licença para tomar a dita travessa. 1706 Viviam no mosteiro quarenta e sete monjas e oito conversas. 1708 Data provável da conclusão das obras do edifício. 1755-11-01 Destruição quase total do edifício, não se contabilizando no entanto qualquer morte. 1755-11-06 As religiosas instalam-se provisoriamente na cerca do vizinho Convento da Esperança. 1756-05-25 As religiosas transitam para a Quinta dos Lombos, ao Campo Pequeno, comprada por D. José para o efeito. 1769-09-19 D. José faz a doação perpétua e irrevogável do Colégio de S. Francisco Xavier de Setúbal e sua cerca (que tinha pertencido à Companhia de Jesus), às religiosas Bernardas. 1769-10-14 Tomada de posse e instalação das religiosas no Colégio. 1776 Carta régia de doação de um terreno em Setúbal. 1786 Conclusão das obras de reedificação do edifício, que em termos espaciais pouco diferiria da antiga construção, e regresso das religiosas. 1823-04-20 Segundo decreto régio (surgido em consequência da Carta de Lei de 24 de Outubro de 1822), é «supprimido o Mosteiro de Nossa Senhora da Nazareth das Religiosas Bernardas de Cister denominadas Bernardas [devendo] as moradoras delle agregadas, e incorporadas com todos os seus direitos activos, e passivos à Communidade do Mosteiro de S. Dionizio de Odivelas». Devido à mudança de regime operada pouco depois, esta disposição não se chegou a cumprir. 1832-12-15 No âmbito do Aviso de 19 de Setembro, do Ministério dos Negócios da Guerra, relativo aos donativos de lenços e roupas para os hospitais militares, a abadessa e as religiosas do mosteiro entregam «4 arrateis, e 12 onças de fios, 1 arratel e 8 onças de panno para curativo, e 2 ligaduras». 1833-08-09 Decreto proibindo a manutenção de cenóbios com menos de 12 religiosas. 1834-05-30 Decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos. 1850 As três únicas religiosas do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré pedem para ser transferidas para outras casas religiosas da mesma ordem. Numa primeira fase instalam-se provisoriamente no vizinho Convento de Nossa Senhora da Soledade (Trinas do Mocambo). 1855-12 O Colégio de Nossa Senhora da Conceição passa a funcionar nas instalações do mosteiro. 1859-09 Inventariação dos bens do mosteiro, nos termos do disposto na Portaria de 21 de Julho de 1857, do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e Justiça. 1861-04-04 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que "Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero". E que uma lei especial regulará esta aplicação. 1862-05-31 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções «sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos». 1893 Funcionava nas instalações do mosteiro o Colégio Académico Lisbonense. 1909-04-16 Extinção oficial do Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré, por morte de Carolina Augusta de Castro e Silva, de 93 anos, última religiosa professa, que residia em Odivelas, em casa de uma sobrinha. 1924-06 Inauguração do Cinema Esperança, do empresário Santos Malafaia. 1928-04 Desabamento parcial da cobertura da ala poente devido ao mau estado das madeiras. 1934-04 O edifício é adquirido por Manuel Amaral Marques. 1942 Os proprietários colocam o edifício à venda mas não aparece qualquer interessado; o proprietário pede autorização para demolição do imóvel, mas o projecto não é aprovado por não parecer "viável economicamente". 1951-01-01 | 1960-12-31 A igreja é utilizada como armazém de mobílias usadas e marcenaria. 1971-01-01 | 1980-12-31 O edifício tinha 250 residentes e 7 estabelecimentos comerciais. 1994 Elaboração do "Projecto Integrado do Convento das Bernardas" (Direcção Municipal de Reabilitação Urbana). 1996-03-06 Decreto de classificação da Abadia de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo como Imóvel de Interesse Público. 1998 O edifício é adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa. 1999-12 Início das obras do "Projecto Integrado do Convento das Bernardas". 2001-11 Instalação do Museu da Marioneta em parte do edifício.
Material gráficoAudiovisualCartografiaManuscritoMonografiaPeriódico | Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada sul. DPC_20141203_078. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada sul | Portal. DPC_20141203_081. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada sul | Portal. DPC_20141203_079. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Cunhal nascente/sul. DPC_20141203_082. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada nascente. DPC_20141203_085. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada norte. DPC_20141203_097. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada poente. DPC_20141203_096. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Travessa do Convento das Bernardas | Cruzeiro. DPC_20141203_099. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada nascente | Portas. DPC_20141203_093. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada nascente | Pormenor. DPC_20141203_094. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Claustro | Perspectiva geral. DPC_20141203_030. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Claustro | Perspectiva geral. DPC_20141203_051. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Claustro | Varanda. DPC_20141203_052. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Claustro | Varanda | Pormenor. DPC_20141203_054. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Claustro | Galeria. DPC_20141203_056. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escada principal. DPC_20141203_069. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escada principal. DPC_20141203_067. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escada principal. DPC_20141203_065. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Igreja. DPC_20141203_073. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Igreja | Capela-mor. DPC_20150129_008. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Igreja | Capela-mor. DPC_20150129_009. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré de Lisboa | Interior | Igreja | Capela-mor. DPC_20150129_015. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré de Lisboa | Interior | Igreja | Capela-mor. DPC_20150129_016. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Igreja | Nave da igreja. DPC_20150129_019. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Igreja | Nave da igreja. DPC_20150129_022. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2015. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_011. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_012. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_013. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_015. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_018. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_019. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_021. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_038. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_040. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Escadaria. DPC_20141203_057. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior. DPC_20141203_002. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior. DPC_20141203_003. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Antiga cozinha. DPC_20141203_100. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Interior | Antiga cozinha. DPC_20141203_102. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2014. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada sul. FER008069. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Exterior | Fachada sul. A69268. © CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2012. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2012. |
| Mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré | Museu de Lisboa | Maqueta de Lisboa antes do Terramoto de 1755 | Pormenor. © CML | DMC | DPC | José Vicente 2012. |
António Miranda Tiago Borges Lourenço - 2015-02-10 Última atualização - 2018-08-01
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