Ficha de Casa Religiosa
    
Designação
Convento da Madre de Deus

Código
LxConv074

Outras designações
Convento da Madre de Deus de Xabregas; Mosteiro da Madre de Deus; Convento da Madre de Deus de Xabregas de Lisboa; Convento da Madre de Deus de Lisboa

Morada actual
Rua da Madre de Deus

Sumário
O Convento da Madre de Deus, que instala atualmente o Museu Nacional do Azulejo (MNAz), situa-se na zona oriental de Lisboa, em Xabregas, fronteiro à rua que lhe tomou o nome, flanqueado por instalações da Casa Pia de Lisboa, cujo corpo do lado nascente é o antigo Palácio dos Marqueses de Nisa. A planta compõe-se do lado sul de torre sineira e igreja, com respetivos coros, à qual se adossa, para nascente, a "casa do padre", tendo entre ambas outra torre. A norte, as dependências conventuais, adaptadas a salas do MNAz, e um jardim, rodeiam um claustro, que se liga a um claustrim, em cota superior. A cerca conventual era murada, chegando ao Largo da Cruz da Pedra, a sul, à estrada para o Beato (atual Rua da Madre de Deus), a nascente e à de Lisboa a Chelas (Rua Nelson de Barros e Estrada de Chelas), a poente.

Fundado pela rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II, em 1509, para clarissas, num terreno por si comprado, a escolha do local, da invocação e da Ordem a habitar o Mosteiro estão, envoltas em lenda. Das casas existentes no terreno, parece que subsistiu a atual Capela D. Leonor, com teto de alfarge, que terá sido o elemento a partir do qual se fez o primitivo convento, de feição manuelina. Em 1551, D. João III inicia a expansão do edifício, construindo nova igreja e novo claustro, segundo os modelos italianos, de raiz clássica. Vários monarcas beneficiaram o Mosteiro. Com D. Pedro II são colocados os painéis de azulejo holandeses na igreja, com D. João V, a talha dourada e a pintura impõem-se a todo o templo e constrói-se uma nova sacristia. D. José custeia as obras de recuperação pós-terramoto de 1755, que dão à frontaria uma nova capela-mor. Com a morte da última religiosa, em 1869, o convento é extinto e o Estado cede-o ao Asilo D. Maria Pia, já instalado no Palácio contíguo. A partir de 1871, inicia-se a remodelação do edifício, com projeto do arquiteto José Maria Nepomuceno, que lhe dá praticamente o aspeto atual. Prevendo já a instalação de um museu no edifício, só em 1965 é regulamentado o Museu do Azulejo, como anexo do Museu Nacional de Arte Antiga e autonomizado, em 1980, como Museu Nacional.

Caracterização geral
Ordem religiosa
Ordem de Santa Clara. Clarissas Capuchas, Província dos Algarves

Género
Feminino

Fundador
D.Leonor

Data de fundação
1509

Data de construção
1509-06-23

Data de extinção
1869-07-15

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual

Componentes da Casa Religiosa - 1834
Convento
Claustro: 2
Pátio: 3
Igreja
Cerca de recreio e produção

Caracterização actual
Situação
Convento - Existente
Igreja - Existente
Cerca - Parcialmente construída

Propriedade
Estado

Ocupação
Convento - Ocupado(a) - Museu Nacional do Azulejo
Igreja - Ocupado(a) - Museu Nacional do Azulejo

Acesso
Público\Livre

Disposições legais
Monumento Nacional; Decreto; 16 de Junho de 1910

Descrição
Enquadramento histórico
Estando a Rainha D. Leonor (1458-1525) passando uma temporada em Xabregas e determinada a fundar um convento "em as suas casas que tinha entre o de Santo Eloi e a Igreja paroquial de São Bartolomeu, mudou de parecer por uma visão que teve uma mulher mui espiritual que havia em esta cidade de Lisboa a qual viu neste lugar [do futuro Mosteiro da Madre de Deus] (...) uma escada com as pontas de baixo em ele e as de cima em o céu, e que por ela subia grande multidão de gente e foi-lhe revelado ser vontade de Deus Nosso Senhor que a Rainha fundasse aqui o Convento" (Notícia da Fundação do Convento..., 1639, cit. em Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 290). Lenda à parte, o facto é que a rainha chegou a ter licença apostólica para construir o convento no primeiro local mas fez novo pedido ao Papa Júlio II para o lugar onde viria, após autorizada em 1508, a comprar no ano seguinte, por 1300000 réis, um terreno com casas e hortas, a D. Inês, viúva de D. Álvaro da Cunha. Alguns tetos das "casas", nomeadamente da capela (atual Capela de D. Leonor), eram de alfarge, com um cordão decorativo mudejar, ficando aquela, por isso, conhecida como "Sala árabe". Pela mesma razão o cordão decorativo passou a envolver a torre sineira da igreja (PAIS e CURVELO, 2009, p. 75) e, segundo a tradição, foi ao ver nessa decoração o cordão de São Francisco, que a rainha determinou que o mosteiro fosse de clarissas.

Lendária é também a escolha para a invocação do convento. Segundo o Agiológico Lusitano (1652), andava a rainha à procura de invocação no local indicado pela dita visão, quando lhe apareceram dois moços, de aspeto flamengo, com uma imagem da Virgem, intitulada Madre de Deus, pedindo por ela um preço tão alto que o negócio não é feito. Deixando a imagem nas mãos da rainha, com a promessa de regressarem, os moços nunca mais voltaram e ela adoptou a imagem como padroeira do mosteiro, colocando-a na capela real (cit. por AZEVEDO, 2009, p. 60).

Logo em 1508, a rainha D. Leonor pedira ao imperador Maximiliano da Áustria (1459-1519), seu primo-co-irmão (filho da infanta D. Leonor, tia da rainha), que lhe mandasse do Mosteiro de Santa Úrsula, em Colónia, algumas relíquias das Onze mil virgens, de quem era muito devota. O imperador manda retirar as relíquias de Santa Auta, uma das companheiras de martírio de Santa Úrsula, e entrega-as a Francisco Pessoa, feitor do rei D. Manuel na Flandres que, por sua vez, as envia, numa nau holandesa, que chega a Lisboa a 2 de setembro de 1517 e a dia 12, na mesma nau, a Xabregas (Crónica de D. Manuel, de Damião de Góis, cit. por AZEVEDO, 2009, p. 59). As relíquias entrarão no Convento da Madre de Deus em procissão presidida pelo Arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa, na presença do cabido da Sé, de D. Manuel, do príncipe D. João e de D. Leonor (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 259). Serão colocadas numa capela especialmente construída para o efeito, estando atualmente num cofre, num altar lateral da igreja. Após a chegada das relíquias à Madre de Deus, para comemorar o facto, a rainha encomenda um retábulo para a capela da igreja dedicada a Santa Auta.

Fundado em 1509, com o intuito de criar uma "anti-cidade", o Convento da Madre de Deus é um exemplo da vontade de renovação espiritual, por parte da rainha, a par de outros investimentos na zona de Xabregas, como os conventos de São Bento, dos Lóios e de Santa Maria de Jesus (Ivo Carneiro de Sousa, cit. por SIMÕES, 2009, p. 71). Aliás, para dirigir o novo cenóbio constituir a sua comunidade inicial vem Soror Coleta Talhada e seis outras clarissas, do Convento de Jesus, de Setúbal, onde fora introduzida a reforma coletina da Ordem em Portugal (SIMÕES, 2009, p. 66). A reforma de Coleta de Corbie (1381-1447), levada a cabo no início do século XV, defendia um retorno da vida monástica à estrita observância da regra de Santa Clara, fundadora do ramo feminino dos Franciscanos (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 277).

Segundo a "Notícia da Fundação do Convento da Madre de Deus", de 1639, o convento apenas admitia como freiras "pessoas de muyta qualidade e nobreza" (cit. por PAIS e CURVELO, 2009, p. 75), que passavam a viver de esmolas. No entanto, recebiam donativos e um fundo da Coroa para sua sustentação (MATOS e PAULO, 1999, p. 9). Na esfera do convento, viviam também serviçais, escravos e senhoras que não faziam votos, em habitações a norte do claustro primitivo (aterradas no século XIX para dar lugar a instalações da Casa Pia de Lisboa). Preparado para receber 20 religiosas (Idem, p. 9), em 1551 habitavam já o cenóbio 60 pessoas, entre 42 freiras, 4 veleiras, 2 frades (confessor e sacristão), escravos e escravas, baixando o número de religiosas para 30, em 1620 (PAIS e CURVELO, 2009, pp. 81 e 83).

O convento começou por ser constituído por algumas das casas e horta dos terrenos de D. Álvaro da Cunha. Daquelas subsistiram espaços forrados a azulejo de padrão hispano-mourisco, de produção sevilhana, de que não existem testemunhos "in situ" (PAIS e MONTEIRO, 2009, p. 129) e a Sala Árabe que, nos primeiros tempos do convento terá um grande altar ladeado por dois lanços de escadas de acesso ao claustrim, onde parece ter figurado o "Panorama de Jerusalém" que atualmente ali se encontra, voltando, assim, ao seu local original, depois de ter estado noutros espaços do Mosteiro (PAIS e CURVELO, 2009, p. 78). A pintura, encomendada pela rainha, que nela se fez representar como clarissa, após a chegada da obra a Portugal, já terminada (METZIG, 2009, p. 88) seria doada por ela ao convento servindo como ponto de partida para uma série de "peregrinatio" desenvolvidas, especialmente, mas não só, no período pascal, funcionando o espaço do convento, "ele próprio, como um imenso palco" (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 219-220). Aliás, parece que esta sala foi "o elemento a partir do qual se fizeram alguns dos espaços principais do convento, pois corresponde sensivelmente a uma vez à área interior do Claustrim, a duas vezes à Sala do Capítulo [atual coro-baixo] e a duas vezes e meia à nave da igreja" (PAIS e CURVELO, 2009, p. 78).

De planta em cruz latina, a igreja primitiva seguiu, provavelmente, o modelo arquitetónico da Igreja de Santa Clara de Assis (SIMÕES, 2009, p. 69). Assim sendo, a Sala Árabe corresponderia ao braço norte do transepto, a nave, de uma ala, à designada Sala D. Manuel e à sala anexa (atualmente uma sala de reservas do Museu Nacional do Azulejo) e a capela-mor ao atual coro-baixo. Quanto ao braço sul do transepto perdera-se e a torre sineira, que subsiste, implantava-se no alçado sul da igreja, como acontece com outros exemplos coevos (SIMÕES, 2009, p. 70). Podem ainda ter existido duas capelas colaterais, tendo na da esquerda sido implantado o túmulo de D. Leonor. Capela-mor, capelas colaterais e transepto inscreviam-se num quadrado. Por sua vez, a igreja e as alas conventuais, rodeando o claustro primitivo (atual claustrim), formavam um segundo quadrado maior (Idem, p. 71). O claustrim era revestido a azulejo enxaquetado branco e verde, do final do século XVI, início do XVII e as paredes «dos jardins do antigo mosteiro, corredores e refeitório" preenchidas com azulejo de padrão, da primeira metade do século XVII. O acesso à Sala do Capítulo e à Sala Árabe fazia-se pelo exterior, por um corredor coberto, provavelmente ainda das casas de Álvaro da Cunha, prolongando-se quase até ao limite da ala do claustro, construído a partir desse corpo, explicando, assim, a sua grande dimensão (PAIS e CURVELO, 2009, p. 78). A norte do claustro, encontravam-se o refeitório e a enfermaria. Tinham acesso pela escadaria do piso inferior, que se dividia em dois braços: um em direção à enfermaria e o outro para o passadiço de acesso à sala do capítulo (atual coro-baixo). Tinham no seu topo nascente um corredor elevado ao qual se acedia por uma pequena escadaria (Idem, p. 81).

Iniciada a 23 de junho de 1509 e benzida pelo Arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa, a 18 de julho (MATOS e PAULO, 1999, p. 9), a igreja primitiva já estava concluída por volta de 1522, como atesta o painel "Chegada das Relíquias de Santa Auta ao Convento da Madre de Deus", do Retábulo de Santa Auta (MNAA inv. 1462 B Pint) onde, segundo João Miguel Simões (SIMÕES, 2009, p. 74), está representada, de forma pormenorizada, a sua fachada ocidental. Esta apresentava um portal manuelino ao centro (que inspirou o portal neomanuelino colocado no século XIX na fachada sul), um janelão de moldura reta à sua esquerda e, sob este, numa mísula, um medalhão, da oficina dos Della Robbia, representando a Virgem e o Menino, três goteiras no topo, um friso com pérolas e um remate de falsos merlões (escudetes policromos), sendo as telhas da cobertura de duas cores. À esquerda da fachada, vê-se o corpo norte do Mosteiro, com janelas nos dois pisos, estando as do segundo gradeadas. À direita, recuada, a torre sineira, com uma goteira visível, igualmente friso com pérolas e coroamento decorativo flor-de-lisado, um vão de moldura ogival e, em baixo-relevo ou gravado na pedra, o emblema de D. Leonor (o camaroeiro). No plano seguinte, o braço sul do transepto, com janela de verga polilobada e telhado de duas águas em madeira. Em fundo, o rio Tejo "a sul, curvando para norte" (Idem, p. 74). Para além do medalhão Della Robbia apontado, encontravam-se, da mesma oficina, três na fachada sul, estando as armas reais de Portugal ao centro, ladeadas pelos bustos de Alexandre, o Grande e do rei da Pérsia Dario, representando respetivamente o Ocidente e o Oriente e, por isso, posicionados dessa mesma forma (PAIS e CURVELO, 2009, p. 83) e os quatro evangelistas, provavelmente ocupando os quatro ângulos da igreja e, mais tarde, cada quadra do claustrim (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 221).

O claustrim, que poderia «tratar-se de uma reminiscência de estrutura das ditas casas de Álvaro da Cunha» (PAIS e CURVELO, 2009, p. 79), na época da primitiva igreja, tinha um único piso e não era totalmente aberto, mas fechado do lado poente, com três compartimentos, tendo o do centro e maior a fonte de Santa Auta, que ainda hoje se encontra no local. Este articulava-se através de um arco com o espaço mais pequeno que, por sua vez, tinha uma janela que dava para o claustrim. O terceiro compartimento, no extremo oposto, tinha acesso lateral. No ângulo sudoeste, contíguo à parede da igreja primitiva existia também uma área fechada, com um nicho (tapado na intervenção de inícios de 1870), onde se avistavam os painéis laterais do Retábulo de Santa Auta, que, pintados de ambos os lados, se viam simultaneamente na igreja (Idem, p. 80). Para o espaço de clausura, destinado às religiosas, davam as duas cenas relativas à trasladação das relíquias de Santa Auta, no reverso dos dois painéis laterais ("Partida das relíquias de Colónia", à esquerda e "Chegada das relíquias à Madre de Deus", à direita) e para a "igreja de fora", destinada aos fiéis, as quatro cenas relativas à lenda de Santa Úrsula ("Benção do Papa Ciríaco", "Encontro de Santa Úrsula com o Príncipe Conan", "Embarque em Basileia" [ou "Moguúncia"] e "Martírio em Colónia"). O atual painel maior era originalmente dois painéis quadrangulares ("Embarque e Martírio"), de dimensões aproximadas dos laterais, que foram reunidos num só, através de repintes (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 152 e 228). Compensando o desnível entre o lado mais elevado do claustro e o mais baixo da igreja, deste lado, o retábulo tinha, provavelmente, uma predela, com três painéis, que atualmente se encontram no arcaz da sacristia, e se ordenavam da seguinte forma: Santa Luzia (ao centro) e, voltadas para ela, Santa Inês (à direita) e Santa Catarina (à esquerda) (Idem, p. 240).

Em 1525 morre a rainha D. Leonor, deixando em testamento às religiosas "as suas casas de Xabregas em que fiz o Mosteiro da Madre de Deus com todas suas oficinas (...) com seu curral e casas em derredor do curral em que às vezes eu por minha especial consolação pouso (...)" (BNL, cod. 11.352, pp. 46-48, cit. por MATOS e PAULO, 1999, p. 9). A rainha mandara ainda fazer outras casas, onde viviam o confessor e o procurador do mosteiro e comprara também à viúva de Álvaro da Cunha a herdade das Pegadas, que partia das casas do confessor e procurador até à Cruz da Pedra, deixada também às freiras "para nela (...) estenderem e enxugar a roupa para que lha não furtem e para o que lhes for necessário" (Idem, p. 9).

À data da morte de D. Leonor, o conjunto arquitetónico da Madre de Deus, era já exíguo e as queixas das freiras levaram à realização, a partir de 1551, de uma grande campanha de remodelação, por ordem de D. João III (O Edifício / A Fundação [Museu Nacional do Azulejo]), dirigida pelos arquitetos Diogo de Torralva (at. 1520-1554) e Pedro Carvalho. O rei pretendia uma nova igreja, de maiores dimensões, com escadaria de acesso, para evitar a invasão pelas águas do Tejo, e um novo coro, onde se mandou retratar. A nova igreja é um edifício de raiz clássica com capela-mor de planta quadrada, coberta por uma cúpula, cujo tambor seria rasgado por janelas que as freiras pediram ao rei para encerrar, pois sentiam muito a devassa. A própria articulação da capela-mor com o corpo da igreja, de nave única, remete para os modelos de Serlio (1475-1554), arquiteto e teórico do Renascimento italiano. A igreja primitiva é mantida, adaptada a sala do capítulo (O Edifício / A Campanha de D. João III [Museu Nacional do Azulejo]) e cemitério das freiras, mas, com a perda do pé direito original, é apeada grande parte das pinturas dos altares que passam para várias capelas e espaços da nova construção, onde, nalguns casos, se irão manter até 1940, ou são integrados na nova igreja, como foi o caso do retábulo de Santa Auta, apesar de já sem a predela (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 240). Também o velho claustro permanece. O novo, bem mais amplo, é "um dos primeiros e melhores exemplares lisboetas desse gosto de matriz clássica importado de Itália" (MATOS, 1999, p. 12). Mantendo o edificado pré-existente, as novas construções, como o claustro e a igreja, implantam-se obrigatoriamente, numa zona não propícia à construção porque inundável, a uma cota inferior, com um desnível de quase 2 m entre o novo e o primitivo claustro, ficando apenas o restante conjunto conventual (atuais salas de exposição e reservas do MNAz) implantado em terrenos mais elevados (SIMÕES, 2009, p. 70). Segundo Alexandre Pais e Alexandra Curvelo, terão sido as inundações constantes "o motivo principal que levou à construção do novo edifício de culto, prolongando o espaço conventual a oriente e colocando-o numa cota superior, claramente evidenciada pelo lanço de escadas que liga a nave da igreja com o denominado coro-baixo" (PAIS e CURVELO, 2009, p. 75).

Com a empreitada joanina, o edifício é alteado, construindo-se um segundo piso. Na reformulação dos espaços, a antiga enfermaria e o refeitório saem de junto do antigo claustro ficando, a primeira, numa área adjacente ao antecoro (atual Capela de Santo António) (Idem, p. 79), e o segundo a norte do novo claustro, junto à cozinha (atual restaurante do MNAz). Após as obras, D. João III manda trasladar do claustrim para a entrada da atual Capela de D. Leonor os restos mortais da rainha e daquela sala sai o "Panorama de Jerusalém" para o coro da nova igreja (Idem, p. 78). O rei já havia isentado a rainha, sua tia, do pagamento do foro do Mosteiro, em 1524 (no valor de 1800 réis) e proibido, nesse ano e em 1526, a construção de casas entre aquele e o Convento de Xabregas (MATOS e PAULO, 1999, p. 9) e era tão devoto ao local que mandou construir um passadiço entre o seu Paço, que lhe ficava contíguo (mais tarde conhecido por Palácio Nisa), e a igreja, a fim de poder assistir à missa da tribuna real, mas terá morrido "antes que se fizesse o passadiço" (Memórias da Fogueira, 1639, cit. por SERRÃO, 2009, p. 113). Na "Vista do Convento da Madre de Deus", de Dirk Stoop, de c. 1662 (Museu de Lisboa), verificamos as alterações levadas a cabo pelo rei: a nova igreja, com a sua cabeceira de feição clássica e o acesso lateral por portal em arco de volta perfeita, flanqueado por colunas, que sustentam uma arquitrave e tabela horizontal, a antiga igreja absorvida na construção, o transepto suprimido, a sacristia com janela quadrangular, encimada por janela de sacada, mostrando uma estrutura maneirista e, adossado ao topo poente, onde se abria o antigo portal axial, um corpo retangular (SIMÕES, 2009, pp. 75-76; SIPA, Igreja da Madre de Deus / Mosteiro da Madre de Deus / Museu Nacional do Azulejo, IPA.00002547). Na fachada sul mantém-se a torre sineira e os medalhões Della Robbia aparecem no novo corpo avançado, acoplado à primitiva igreja. Para além do pórtico, apenas pequenas frestas davam para o rio e para a horta das religiosas e as janelas eram tão altas que aquelas tinham de se "por nos bicos dos peis para chegar aellas", como nos conta a "Notícia da Fundação" do Mosteiro, de 1639 (cit. por PAIS e CURVELO, 2009, p. 82). Aliás, Duarte Nuno Leão, na sua "Descrição do Reino de Portugal", de 1610, diz que as freiras mais que descalças, "se podem chamar emparedadas" (cit. por PAIS e CURVELO, 2009, p. 76).

É também a "Notícia da Fundação" que nos informa que, em 1639, o convento contava com 18 oratórios, excluindo o antecoro e as capelas da enfermaria e do dormitório (Notícia da Fundação, cit. por PAIS e CURVELO, 2009, p. 83), para além de que "costumavão ter entre o claustro e jardins do mesmo Mosteiro Capellas, e Oratorios ou Ermidas" (Arquivo Histórico do Patriarcado, Do Convento da Madre de Deus, maço 6, nº 5, cit. por PAIS e CURVELO, 2009, p. 83).

Nos finais do século XVII, o rei D. Pedro II acudiu às religiosas da Madre de Deus, mandando reparar o convento, sob a direção do engenheiro João Rebelo de Campos, numa campanha que se fez sentir sobretudo a nível decorativo. São desta época (c. 1670-1690) as pinturas dos tetos da igreja e coro-alto, da oficina de Marcos da Cruz (c. 1610-1683) e Bento Coelho da Silveira (1617-1708), bem como o douramento das suas molduras e a execução de altares de talha dourada. Os painéis de azulejos holandeses são colocados, em 1686, a expensas de Luís Correia da Paz, deputado do tribunal da Junta do Comércio do Brasil que, em troca, recebeu das freiras a licença de se fazer sepultar, juntamente com os membros da sua família, na igreja do convento.

Também o rei D. João V promove uma campanha de obras no Convento da Madre de Deus. Sob supervisão do Padre José Pacheco da Cunha constrói-se uma nova sacristia e o arcaz, entre 1746-1750, onde trabalharam o pintor André Gonçalves (1685-1754), o mestre entalhador Félix Adauto da Cunha (at. 1716-m.1773), o carpinteiro António da Silva, o mestre serralheiro Manuel da Rocha e os lavrantes Luís João e Amaro Gonçalves. Terá sido nesta ocasião, ou pouco mais tarde, que foram integradas as pinturas de Santa Inês, Santa Luzia e Santa Catarina, de um retábulo da primitiva igreja e os painéis de Santa Auta no arcaz (Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 238). Em paralelo, renova-se a talha do coro-alto e do arco do cruzeiro da igreja e Adauto da Cunha executa um novo retábulo-mor e o púlpito. Na sala do capítulo. D. João V recupera a memória do antigo espaço de enterramento, que o foi na época de D. Manuel, e manda ali colocar os altares dedicados à Crucificação, Emtombamento de Cristo e Dormição e Ascenção da Virgem. Na mesma empreitada, o cadeiral é colocado no coro-alto (PAIS e CURVELO, 2009, p. 77) e os vários relicários quinhentistas dispersos pelo convento são recolhidos no grande relicário barroco ali montado (Casa Perfeitíssima..., 2009, pp. 262-263). Deve-se também à mesma campanha de obras a decoração do ante-coro (atual Capela de Santo António), com pinturas figurando a vida de Santo António, atribuídas à oficina de André Gonçalves, painéis de azulejo figurativo , azul e branco, e pavimento de decoração geométrica, com madeiras do Brasil. Desde o século XVI que este espaço servia para celebrar o Natal e, por isso, durante a campanha joanina, são colocados no seu topo, confrontantes e em articulação, um altar dedicado à Virgem da Esperança (cuja imagem se perdeu após a extinção das Ordens Religiosas) e um presépio da oficina de António Ferreira (c. 1700-1730), enquadrado por duas portas pintadas, como se de um grande armário se tratasse, mas que se dispunha numa sala anexa (com o dobro da altura, largura e profundidade do espaço atual). Durante a quadra, a Virgem, que está "de esperanças", dá à luz e, em frente do altar, as portas do armário abrem-se, revelando o nascimento do Menino, por entre cujas figuras as freiras podiam circular, como que integrando o cortejo de adoradores (RTP, Visita Guiada). Segundo Alexandre Pais, esta sala do Presépio é o primeiro exemplo de um presépio numa sala permanente, em detrimento da habitual montagem para a época natalícia (RTP, Visita Guiada). A predominância de figuras femininas é também destacada pelo investigador, no contexto deste convento feminino.

O Terramoto de 1755 provocou alguma ruína no edifício, em particular no coro-alto e na igreja, com a destruição do altar-mor e a queda de pinturas do teto. O rei D. José custeou as obras de arranjo que consistiram na reconstrução das paredes da capela-mor e do coro, execução de uma nova tribuna e no restauro e produção de novas pinturas. Nesta campanha participaram, de novo, o pintor André Gonçalves, com três novos painéis a óleo para a igreja, e o entalhador Félix Adauto da Cunha (até 1760), bem como os douradores Vicente Ribeiro (em 1786), José Joaquim (em 1761) e o carpinteiro Mestre Bernardino (O Edifício / Uma igreja toda cosida em ouro [Museu Nacional do Azulejo]). Várias gravuras dos séculos XVIII e XIX, mostram-nos a fachada principal do convento, com as alterações levadas a cabo, apresentando a capela-mor com um remate mais simples, um janelão no piso inferior e um vão semicircular no topo.

Em 1869, com a extinção do Convento da Madre de Deus, acentua-se a remoção de muito do seu património integrado, numa primeira fase para as coleções régias, e numa segunda para o Museu Nacional de Arte Antiga.

Para o Convento da Madre de Deus foram sendo conduzidos e armazenados painéis de azulejo, provenientes de outros locais, que inicialmente se destinavam à decoração do interior do edifício, mas que acabaram por ali permanecer, guardados em caixotes.

Em 1871, o projeto do arquiteto José Maria Nepomuceno (1836-1895) previa que a igreja e dependências imediatas fossem destinadas a museu, que expusesse o espólio do convento.

Por despacho do Ministro do Interior, de 2 de fevereiro de 1912, é confiada a guarda da igreja da Madre de Deus e suas dependências a internados do Asilo D. Maria Pia, sendo aquela transformada em museu, sob a responsabilidade artística do Conselho de Arte e Arqueologia da Iª Circunscrição. Em 1915, o Ministério de Instrução Pública pensa constituir a Igreja da Madre de Deus como secção de arte sacra do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), e no ano seguinte algumas dependências do convento são já supervisionadas pelo museu. Mas apenas em 1932, por decreto de 7 de março, a igreja, sacristia e coros do Convento da Madre de Deus passam a anexos do MNAA.

Com o objetivo de realizar uma exposição comemorativa dos 500 anos do nascimento da Rainha D. Leonor, no Convento da Madre de Deus, a Fundação Calouste Gulbenkian custeia as obras de restauro do claustro, tendo os trabalhos iniciado em 1957. Quando a exposição termina (7 de janeiro de 1958), os edifícios são entregues à tutela do MNAA, tendo sido logo colocada a hipótese do aproveitamento dos espaços para a instalação de um Museu do Azulejo, o que vem a ser aprovado em março de 1960, pela Direção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes. Procede-se então à transferência de azulejos arrecadados no MNAA para a Madre de Deus, tendo sido responsável pela montagem e organização do espólio o engenheiro João Miguel dos Santos Simões, vogal efetivo da Academia Nacional de Belas Artes, responsável pela Brigada de Estudos de Azulejaria da Fundação Calouste Gulbenkian e conservador-ajudante do MNAA. Em 1965, com o Regulamento Geral dos Museus de Arte, História e Arqueologia, pelo Decreto-lei nº 46758, de 18 de dezembro, é fundado o Museu do Azulejo no Convento da Madre de Deus (igreja, sacristia e coros), como anexo do MNAA. O Museu vai conquistando alguns espaços ocupados pelas oficinas do antigo Asilo D. Maria Pia e, em 1980, pelo Decreto-Lei nº 404/80, autonomiza-se do MNAA e passa a Museu Nacional do Azulejo.

Evolução urbana
O Convento da Madre de Deus, que atualmente instala o Museu Nacional do Azulejo (MNAz) é flanqueado pelas instalações do Centro de Educação e Desenvolvimento D. Maria Pia, da Casa Pia de Lisboa, correspondendo o corpo do lado nascente ao antigo Palácio dos Marqueses de Nisa. Fronteiro à Rua da Madre de Deus, que lhe tomou o nome, o convento situa-se na zona oriental de Lisboa, praticamente no extremo sudeste da Freguesia da Penha de França, em Xabregas, sítio que se estende à vizinha freguesia do Beato, que, aliás, em 1770, ao ser criada pela remodelação paroquial da cidade, chegou a integrar a área do convento.

Xabregas, ou Enxobregas, tem as mais antigas referências documentais no século XII (PARDAL, 2004, p. 15), sendo descrita como um lugar do termo de Lisboa, banhado pelo rio Tejo e povoado de vinhedos, hortas, olivais e pomares que abasteciam a cidade. O sítio resulta do povoamento da pequena reentrância do esteiro do rio que originariamente subia até Chelas e cujo assoreamento levou ao desenvolvimento do núcleo urbano (MATOS e PAULO, 1999, p. 5). Ali, em meados do século XIII, o rei D. Afonso III mandou construir um paço real, que viria a ser incendiado, durante a invasão castelhana de 1373, sendo as ruínas doadas, no início do século XV, por D. Afonso V, a D. Guiomar de Castro para ali fundar um convento franciscano, que virá a ser conhecido por Convento de S. Francisco de Xabregas. Sítio de conventos e local de eleição da corte, também a nobreza vai estabelecer em Xabregas as suas quintas e casas de campo (PARDAL, 2004, p. 18).

O Convento da Madre de Deus, mandado erguer pela rainha D. Leonor (1458-1525), mulher de D. João II, em 1509, na ladeira que descia até Xabregas, por onde seguia a Estrada Real, era banhado pelo Tejo, até ao início do século XIX (PAIS e CURVELO, 2009, p. 75). No ano seguinte, a rainha manda construir um novo paço real junto ao convento e cria um sistema de abastecimento de água a este, do qual a "Fonte da Samaritana", assim chamada por ter no alçado a respetiva representação da passagem do Novo Testamento, era a única fonte de água potável que ali chegava (PARDAL, 2004, p. 17). Fruto de uma das inúmeras petições e concessões, resultantes da escassez de água potável na zona (PAIS e CURVELO, 2009, p. 76), a fonte foi apeada no final do século XIX e hoje encontra-se no Museu de Lisboa. Não é de excluir que a abertura da Rua da Madre de Deus, citada desde 1509, não tenha sido também uma iniciativa da própria rainha, «iniciando assim o processo de alteração viária de toda a zona com o lançamento da nova estrada ribeirinha« (MATOS e PAULO, 1999, p. 3). D. João III, sobrinho da rainha viúva, constrói um paço contíguo ao convento e investe na transformação deste, pois «parece ter tido em mente a definição de um pólo alternativo ao Terreiro do Paço, desejando transformar o terreiro de Xabregas em verdadeira praça real» (Idem, p. 3). Prova de que o problema da escassez de água não ficara resolvido é a mercê de dois poços de água no vale de Chelas que D. Catarina, mulher de D. João III fará ao convento, em 1566 e 1572, recebendo ainda aquele outra fonte, em 1609 (Idem, p. 11).

Durante o século XVII surgem novos conventos na zona, como o de Santos-o-Novo, das Grilas e dos Grilos, e fortes, como o de Santa Apolónia e o da Cruz da Pedra. As quintas do Pina e do Coxo, de meados do século seguinte, são exemplos da permanência do caráter rural da zona (PARDAL, 2004, p. 18). Com o terramoto e maremoto de 1755 assiste-se ao abandono de quintas nobres e à construção, em 1769, de uma muralha de proteção contra o rio, na Cruz da Pedra.

No final do século XVIII estabelecem-se as duas primeiras fábricas no vale de Chelas, às quais se seguem outros complexos fabris «que alterariam com o decorrer dos tempos, por completo, todo o antigo espaço verdejante de Xabregas» (Idem, p. 19). Durante a guerra civil, a zona fica pontuada pelas fortificações erguidas contra as tropas absolutistas e após a extinção das Ordens Religiosas (1834) muitas unidades industriais estabelecem-se em conventos e palácios desocupados.

Em 1852, por decreto de 11 de setembro, fixam-se novos limites para a capital, criando-se o concelho dos Olivais, separado de Lisboa pela Estrada da Circunvalação. Situação que irá manter-se até à nova organização de 1885, que integra em Lisboa a freguesia de S. João, à qual pertencia o Convento da Madre de Deus, hoje aglutinada pela freguesia de Penha de França. A partir de 1856, com o desenvolvimento do caminho-de-ferro, o acesso ao rio é cortado e o antigo terreiro de Xabregas fica reduzido ao atual Largo do Marquês de Nisa.

No início da década de 1860, o Convento da Madre de Deus confinava a norte com o antigo Palácio do Marquês de Nisa e seus terrenos, a sul com o Largo da Cruz da Pedra, a nascente com a estrada real que vai de Lisboa para o Beato (atual Rua da Madre de Deus) e a poente com a estrada de Lisboa a Chelas (atuais Rua Nelson de Barros e Estrada de Chelas). A cerca conventual era toda murada, "partindo do lado norte com uma horta que foi do Marquês de Nisa e do lado nascente com o edifício do Convento e recreio das religiosas e dos outros lados com a via pública e com a que vai para Chelas, onde tem o portão de serventia". Dividia-se em cerca externa e cerca interna. A primeira compunha-se de cinco talhões (em 1860, passando para sete no ano seguinte), com horta, canavial e pomar, divididos em socalcos, com arribanas, um telheiro, uma pequena pedreira, dois poços de engenho, dando um deles água para a cerca interna, dois tanques, uma pia de cantaria, «abegoaria e duas cazinhas", um pequeno aqueduto que conduzia em tempos água ao Mosteiro e um depósito que recebia água de um dos poços, utilizada para rega. Na cerca interna, um outro poço, junto ao edifício, dava água para o convento. Esta cerca era composta por quatro talhões, com árvores de «poivide e caroço», servindo um daqueles, «com seus pilares de pedra» para recreio das religiosas (ANTT, Inventário de extinção do Convento da Madre de Deus de Xabregas de Lisboa, Cx. 1949, f. 0181-0183 e 0369-0370).

No decorrer do século XIX, Xabregas torna-se um importante pólo de industrialização, nascendo ali bairros operários, com os seus caraterísticos pátios e vilas que darão lugar, no final do século e início do seguinte, a bairros de barracas e casas degradadas. Na primeira metade do século XX, assiste-se a um crescimento populacional e urbano da zona oriental da cidade, com a implantação de eixos viários e serviços. O encerramento das indústrias, no 3.º quartel do século, intensifica a degradação urbana e a ruína. Situação que tem vindo a inverter-se após o processo de reabilitação da zona, para a realização da Expo'98, e, mais recentemente, com a ocupação de espaços abandonados para atividades culturais.

Caracterização arquitectónica
O Convento da Madre de Deus tem na sua origem um edifício de estilo manuelino, mas foi continuamente alvo de intervenções arquitetónicas, desde o século XVI até ao século XX.

Depois do convento ter sido extinto, a partir de 1871 dá-se início à remodelação do edifício da Madre de Deus, segundo projeto do arquiteto José Maria Nepomuceno (1836-1895), numa atitude historicista inserida na cultura tardo-romântica da época. Por morte daquele, as obras continuaram sob a direção do engenheiro civil Liberato Telles (1843-1902), até 1899. Destinavam-se à adaptação dos espaços disponíveis a uma nova utilização civil - a instalação do Asilo D. Maria Pia.

Uma planta do piso térreo do convento, da autoria de Nepomuceno (reproduzida em Casa Perfeitíssima..., 2009, p. 77), acompanhada de uma "explicação", dá-nos uma visão pormenorizada do edificado antes das obras e do projeto de alterações. As construções implantavam-se a quatro cotas diferentes, sendo a mais baixa a da igreja, articulada com a "Sala árabe" (atual Capela D. Leonor) e o claustrim, este mais elevado que aquela. O atual jardim do Museu Nacional do Azulejo (MNAz) servia de pátio da entrada particular para os aposentos das raparigas, o claustro para recreio dos rapazes e a atual Sala D. Manuel era a Casa de despacho da Irmandade de Nossa Senhora da Madre de Deus. No centro da parede norte do claustrim uma porta dava acesso a uma «arrecadação», contígua a uma Capela de Nosso Senhor dos Passos, seguida para norte de uma sala onde se arrecadavam retábulos do Mosteiro (atualmente, ambas salas de exposição do MNAz). Contíguos à ala norte do claustro, os espaços que atualmente acolhem serviços e os sanitários do Museu, eram (de poente para nascente) uma passagem para o pátio dos aposentos femininos, um «armazém de retábulos» e duas capelas e latrinas (sendo a estas últimas e à segunda capela que correspondem os atuais sanitários). O espaço onde se construiu uma escada, e posteriormente um elevador, servia de arrecadação à oficina de sapateiros da Casa Pia, sendo esta no local onde hoje se encontra a receção do Museu. A atual sala de exposições temporárias, paralela à ala nascente do claustro, servia de "casa de reunião dos rapazes" e a sul desta foram apeados os bebedouros. A «casa do padre» (no ângulo nordeste da igreja) era uma «segunda serventia onde se coloca um grande retábulo que existe na igreja». A norte do claustrim, são assinalados na planta vários compartimentos a ser aterrados, onde virá a abrir-se um espaço ao ar livre e a erguer, de seguida, estruturas semelhantes, já visíveis na planta de Lisboa de 1904/1911, de Silva Pinto, que integraram o Colégio D. Maria Pia e mantiveram a traça e decoração azulejar de enxaquetado (PAIS e CURVELO, 2009, p. 83). Na mesma planta de 1911 vemos também que a ligação entre o convento e o antigo Palácio Nisa deixou de ser a sul para passar a ser a norte, desaparecendo a zona verde que ali existia e formando o pátio que hoje dá entrada ao MNAz. Também o próprio edifício do Palácio e os edifícios a poente, atualmente da Casa Pia, sofrem certas alterações, surgindo a zona verde imediatamente a poente do primeiro pano da fachada sul do convento e a transformação da zona até à Cruz da Pedra, numa alameda ajardinada.

No canto noroeste do claustro projeta-se uma «escada particular para aposentos das raparigas» e conserva-se no lado nascente outra «para entrada das Pessoas Reais». A igreja sofre algumas alterações, sobretudo na zona do coro-baixo, com a construção de uma escadaria e altar. Altera-se a entrada para a tribuna régia, que passa a ser direta. Nas paredes laterais da escada e na base dos vãos das três janelas são colocados azulejos «meio-relevo, ornatos a cinco cores», vindos da igreja primitiva, do pavimento do batistério e de algumas capelas (Idem, 2009, p. 80). A Sala D. Manuel é profundamente alterada, entre 1872 e 1899, tendo-se entaipado o centro da parede de acesso ao coro-baixo, onde outrora deverá ter existido um altar e criado uma separação relativamente ao seu topo oposto, transformado numa segunda sala (atualmente reserva do MNAz). O teto é rebaixado e decorado ao gosto neo-manuelino e as paredes revestidas com azulejos do século XVIII, provenientes do Convento de Sant'Ana, em Lisboa. Os revestimentos cerâmicos dali retirados, bem como da Sala árabe, do refeitório e do claustrim são em parte reaproveitados para forrar as paredes do coro-baixo. O claustrim é regularizado, sendo os arcos redistribuídos, as paredes são revestidas com azulejos vindos do Convento de Sant´Ana e reaproveitados de vários imóveis do país, as abóbadas são refeitas com decoração em estuque são aplicados azulejos e retirados os pequenos compartimentos da ala oeste (ficando apenas a fonte de Santa Auta), é aberto um corredor, com escada de acesso ao claustro, a partir da ala nascente e construída outra escada de acesso ao piso superior, a partir do seu canto sudoeste. As capelas em redor do claustro são desativadas.

Quanto à fachada sul do convento, é bastante alterada. Suprimem-se as pilastras, que marcavam a divisão do espaço interno, colocam-se novas janelas neomanuelinas, constrói-se uma platibanda e gárgulas zoomórficas. Muda-se o portal maneirista pelo que se pensava ser uma réplica do primitivo, ao gosto neomanuelino, baseado no painel "Chegada das Relíquias de Santa Auta ao Convento da Madre de Deus". É construída uma escadaria de acesso ao porta,l protegida por grades metálicas, com um portão central, limitadas por dois pilares oitavados em cantaria, rematados por friso, onde assentava uma esfera armilar (SIPA, Igreja da Madre de Deus / Mosteiro da Madre de Deus/Museu Nacional do Azulejo, IPA.00002547). A torre sineira é alteada, perdendo-se o coruchéu original e são abertas sineiras no topo e um pórtico na base, que devia ser o pórtico principal, descoberto e desentaipado, durante a campanha de obras (PAIS e CURVELO, 2009, p. 76). É acrescentado um 3.º piso aos panos do lado poente, modificando-se-lhes as janelas e retirando os três medalhões cerâmicos Della Robbia, e no corpo da igreja abrem-se novas janelas e acrescentam-se elementos decorativos.

Atualmente, do conjunto conventual original restam a torre sineira, uma segunda torre, com coruchéu revestido de azulejos, a igreja e os claustros. A feição atual do edifício deve-se, em boa parte, a intervenções do final do século XIX e de meados do século XX.

A planta é retangular e irregular, composta por igreja, do lado sul, à qual se adossa, em ângulo, para nascente, a chamada "casa do padre", havendo entre ambas uma torre sineira quadrangular. A norte da igreja, as dependências conventuais, atualmente adaptadas a salas do Museu Nacional do Azulejo (MNAz), organizam-se em torno de um claustro, o qual se liga a um menor, conhecido por "claustrim", em cota superior. A norte do claustro situa-se o chamado "jardim de inverno". A poente e a nascente, o convento é envolvido por edifícios da Casa Pia de Lisboa.

Quanto aos materiais utilizados na construção do edifício, a estrutura é de alvenaria, de cantaria de calcário e de betão, sendo os elementos de suporte e decorativos (cornijas, platibandas, cruzes, contrafortes, pilastras, colunas, modinaturas, plintos, altares), bem como a maioria dos pavimentos, em cantaria de calcário. Todas as fachadas são rebocadas e pintadas de branco.

A fachada principal, virada a sul, é composta por seis panos desnivelados, sendo os dois do lado esquerdo de decoração mais simples e os restantes, limitados por contrafortes e decorados ao gosto neomanuelino. Aqueles evoluem em três pisos, rasgados por vãos de moldura simples. O do extremo poente tem três janelas retangulares na face virada a sul (estando a do piso inferior entaipada) e dois óculos ovais em cada uma das faces laterais, ao nível dos pisos superiores. O pano seguinte possui dois eixos de vãos, possuindo o esquerdo três janelas (com a inferior entaipada) e o direito, uma porta, encimada por bandeira, no piso inferior, e uma janela, por cada um dos restantes. Segue-se a torre sineira, saliente, com três registos, o inferior com duplo friso, que se interrompe para a abertura de uma porta em arco abatido, flanqueado por quatro colunelos, com capitéis simples e bases de côncavos e convexos, as exteriores dispostas numa cota superior, formando arco canopial, rematado por cruz latina, tendo, no lado direito, uma esfera armilar e, no lado esquerdo, vestígios da existência de uma segunda; entre a verga da porta e o arco surge um elemento cordiforme e, no centro do canopo, o emblema de D. Leonor (camaroeiro). O registo superior é definido por uma cornija sobrepujada por uma corda, que pende ao centro, e encimada por um friso de acantos entrelaçados e o escudo de D. Leonor coroado, rasgando-se sobre este uma pequena fresta. No topo da torre abrem-se as sineiras, em arcos de volta perfeita e o interior contém uma escada em caracol com 50 degraus. Os restantes panos, a nascente da torre sineira, têm embasamento de cantaria, cornija pontuada por goteiras e acima desta platibanda rendilhada, onde surgem, alternadamente com alcachofras, cruzes latinas, de Avis e de Santiago, esferas e os emblemas da rainha D. Leonor e de D. João II (o camaroeiro e o pelicano alimentando os filhos, respetivamente). Os cunhais são apilastrados, encimados por pináculos escalonados, que terminam numa coluna torsa, rematada por pirâmide canelada. Estes panos evoluem em dois pisos, tendo as janelas do piso inferior arcos trilobados e molduras triplas, rematadas em cogulhos entrelaçados e as do piso superior molduras retas e colunelos a flanqueá-las. O primeiro pano, reentrante, apresenta duas janelas por piso. O seguinte, correspondente ao coro-baixo e à nave da igreja, tem seis janelas no piso superior e no inferior cinco (das quais, três entaipadas) e, descentrado, o portal de acesso à igreja, elevado ao nível das janelas, por dois lanços de escadas, sendo o inferior de planta poligonal. O portal é trilobulado, assente em colunelos, com bases de côncavos e convexos e capitéis fitomórficos, flanqueado por uma arquivolta côncava, ornada por videira entrelaçada e por duas colunas de fuste liso, assentes em bases semelhantes às anteriores, com capitel fitomórfico, de onde evolui um arco trilobulado, interrompido por canopos, rematados por cogulhos de acantos e alcachofras, que centram o escudo de D. Leonor, coroado, flanqueado pelo emblema da rainha (à direita) e de D. João II (à esquerda). O pano correspondente à capela-mor e à sacristia possui seis janelas, três por piso.

Reentrante, o corpo da "casa do padre", no extremo nascente, é composto, na face sul, por duas portas em arco abatido, flanqueadas por colunelos, assentes em bases de côncavos e convexos e encimadas por duas janelas, semelhantes às dos panos precedentes, estando centrado no piso superior um óculo lobulado, envolvido por tripla moldura, a interior cordiforme, a intermédia torsa e a exterior simples. A face nascente é semelhante, mas sem portas, estando ao nível destas um óculo de moldura simples. À direita, um portão de ferro dá acesso ao pátio que antecede a entrada no MNAz.

Para o pátio de entrada dá a fachada posterior da "casa do padre", com duas janelas retilíneas, encimadas por duas de perfil trilobulado, surgindo, no topo, quatro janelas quadrangulares sobrepostas duas a duas. A fachada nascente do convento contém quatro portas em arco de volta perfeita, nos extremos, dando uma delas acesso ao claustro. No piso intermédio encontramos janelas retilíneas e no superior óculos circulares. A nascente, encontra-se a fachada lateral do Palácio dos Marqueses de Nisa, cujo corpo se adossa ao ângulo nordeste do Mosteiro. Na fachada deste, fronteira ao portão de acesso ao pátio, duas janelas retilíneas ladeiam um arco de volta perfeita que dá acesso a uma galilé com três vãos: em frente, o vão com arco de volta perfeita pertencente ao Palácio, tal como o da direita. Este e o da esquerda, que dá acesso à portaria do Museu, têm vão de verga reta.

A portaria do MNAz integra a loja, o bengaleiro, as instalações sanitárias e a bilheteira, sendo este espaço encimado por uma galeria de madeira, com escada de caracol. Da portaria chega-se ao restaurante do Museu, por um arco de volta perfeita de cantaria. Nas paredes do restaurante encontram-se azulejos azuis e brancos, com elementos alusivos à alimentação e cenas campestres. Do restaurante acede-se ao jardim, que lhe serve de esplanada, com canteiros adossados às fachadas e um lago quadrangular no topo, com fonte central, cuja taça era a parte superior do chafariz do claustro principal (à qual falta o remate em pináculo). Rodeando o jardim, temos as fachadas do mosteiro a nascente e a sul, tendo a primeira dois níveis de janelas de sacada, com guarda metálica trabalhada, e a segunda três de janelas de peito, tal como a fachada a poente, que pertence às instalações da Casa Pia. A norte encontra-se um alto muro, coberto por trepadeira.

Da portaria acede-se igualmente ao claustro. Este apresenta planta quadrada e no primeiro piso contrafortes, simples, com goteiras, e no segundo, contrafortes de duas ordens e remate em platibanda. O terreiro tem quatro canteiros, que rodeiam o citado chafariz de calcário, cuja taça é suportada por três colunas com capitéis decorados com folhagem, rodeando uma quarta coluna, mais grossa, em cujo capitel se encontram figuras humanas segurando cartelas com inscrições. O piso inferior, com cobertura em abóbada de aresta, é composto por cinco arcadas por ala, assentes em pilastras toscanas. As paredes são pontuadas por pilastras com remate de cantaria e por baixos-relevos com os emblemas de D. Leonor e de D. João II. Os vãos de verga reta e moldura simples, em cantaria, dão acesso às salas de exposição do MNAz. O segundo piso do claustro tem cobertura de madeira e cinco vãos por ala, protegidos por vidro, assentes em quatro colunas toscanas cada um. Nas paredes abrem-se vãos de volta perfeita, com colunelos de capitéis decorados, que dão para salas de exposição do MNAz. Um silhar de azulejo figurativo apresenta cenas alusivas ao sacrifício da clausura e mensagens moralistas, identificadas por inscrições. Deste segundo piso é visível, a sul, o corpo elevado da igreja e do coro-alto, donde se ergue uma torre rematada em coruchéu poligonal, revestida a azulejo enxaquetado verde e branco, e o terceiro piso do claustro, onde se situam serviços, reservas e a Biblioteca do MNAz.

No ângulo sudoeste do piso inferior do claustro, situa-se a Capela de D. Leonor, com teto de alfarge e chão de ladrilho, que expõe um painel com o "Panorama de Jerusalém" e medalhões Della Robbia com os quatro evangelistas. Junto à entrada, no pavimento do claustro encontram-se as sepulturas da rainha D. Leonor, da irmã, D. Isabel e da primeira abadessa do mosteiro, Soror Coleta. À direita da capela abre-se um vão que dá acesso ao coro-baixo da igreja, a uma cota inferior, vencida por uma rampa metálica.

O coro-baixo tem pavimento em lajeado de granito e teto plano, dividido em nove caixotões, com molduras de talha dourada, que enquadram símbolos marianos pintados. As paredes são revestidas a azulejo, com silhar inferior em enxaquetado branco e verde, encimado por azulejos de padrão policromos, com elementos fitomórficos. O mesmo padrão reveste as janelas, cujo perfil é em diagonal. Sobre o silhar, surgem telas com cenas da vida de São Francisco e de Santa Clara, e uma Crucificação, todas com moldura de talha. Nas paredes laterais, confrontantes, dois altares de talha dourada e decoração barroca, com colunas salomónicas, dedicados à Senhora da Boa Morte (o do lado da Epístola) e ao Crucificado (o do lado do Evangelho). O primeiro contém uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sob um dossel e, sobre o altar, uma urna com frente envidraçada, com a imagem da Senhora da Boa Morte, em tamanho natural. No segundo a composição com as figuras de Cristo, da Virgem e São João, aparece sob um arco de volta perfeita e o Cristo Morto, em tamanho natural, sob o altar, surgindo ainda várias imagens em nichos. No lado esquerdo da escada de acesso à igreja, uma inscrição e a data "1873". No lado direito, a lápide tumular de António Moniz Barreto, sobrepujada por uma pedra de armas (1627).

Subindo a citada escada, abre-se a nave da igreja, de planta longitudinal e pavimento em lajeado de calcário de várias tonalidades, onde se encontram algumas sepulturas. A cobertura é de masseira, assente em cornija de cantaria. Divide-se em caixotões com pinturas, representando cenas da vida da Virgem, emolduradas em talha dourada, com elementos vegetalistas dourados. As paredes têm lambril de azulejos azuis e brancos, de temas religiosos e profanos, com molduras de acantos enrolados, assentes em rodapés onde figuram putti, anjinhos e sátiros, surgindo, sob um dos painéis, medalhões com alegorias aos cinco sentidos, na forma de anjinhos com atributos. Sobre estes, dois níveis de pinturas, envolvidas por molduras de talha dourada e separados por friso da mesma talha e cornija de cantaria, representando, o inferior, cenas da vida de São Francisco e o superior, de Santa Clara, estas intercaladas pelas janelas. No lado da Epístola, situa-se a porta da fachada sul, protegida por guarda-vento de madeira, com elementos decorativos, e o púlpito, de decoração rococó, em talha dourada, cujo acesso se faz pelo interior da parede, a partir de uma porta de verga reta.

O presbitério é elevado por um degrau e protegido por teia de madeira torneada, tendo dois retábulos de talha dourada, o da Sagrada Família (no lado da Epístola) e o de Santa Auta (no do Evangelho), com as respetivas relíquias. Ambos integram-se em vãos de volta perfeita, com arcos decorados, tendo os altares frontal bipartido, decorado por almofadados. Aqui, e no cruzeiro que se lhe segue, o pavimento de calcário forma desenhos geométricos.

O arco triunfal, que antecede o cruzeiro, é de volta perfeita e assenta em quatro pilastras, com talha de elementos entrelaçados de concheados e querubins, tendo o fecho decorado pelas armas reais, coroadas, ladeadas por dois anjos. Lateralmente, duas pinturas representam São Francisco e Santa Clara e sobre o arco uma Coroação da Virgem. Na base, surgem três arcos de volta perfeita, em cantaria, assentes em pilastras toscanas, tendo no intradorso, mais um arco de cada lado, com pequeno elemento decorativo dourado.

O cruzeiro tem cobertura em falsa cúpula, assente em pendentes ornados de talha, com o tambor dividido em apainelados retangulares, rematados por cornija e concheado dourado, definidos por pilastras assentes em cubos. No lado da Epístola surge uma pintura de tema franciscano e no do Evangelho uma tribuna real, com decoração rococó de talha dourada (anjos e querubins, rosetas e falso baldaquino). No interior, duas pinturas e a porta de acesso, com decoração de talha. Sob a tribuna, uma janela de verga reta, enquadrada por elementos de talha dourada.

A capela-mor é aberta por um arco de volta perfeita, flanqueado por dois menores. A cobertura é em abóbada de berço, com elementos de talha dourada. O retábulo-mor, também de talha, é de planta côncava, tendo ao centro uma tribuna, em arco de volta perfeita, com o trono encimado por baldaquino, sustentado por colunas, e na base o sacrário embutido, flanqueado por dois apainelados. A estrutura termina em dois fragmentos de frontão, assentes em duas colunas coríntias, com fuste decorado por videira, encimados por duas figuras alegóricas, a Fé (do lado do Evangelho) e a Esperança (do lado da Epístola), que enquadram um espaldar flanqueado por enrolamentos e sobrepujado por cornija, contendo um medalhão ornado por um delta luminoso e rodeado por cabeças aladas. O altar é paralelepipédico, em cantaria de calcário branco e vermelho, com frontal tripartido, decorado por elementos ovalados e cruciformes. As janelas da capela-mor e do cruzeiro têm ombreira profunda e em diagonal, com revestimento de azulejo.

Para lá da capela-mor, do lado da Epístola situa-se a "casa do padre" e do lado do Evangelho, a sacristia. Aqui, o pavimento é em lajeado de calcário, com várias tonalidades, criando um desenho geométrico. O teto é plano, com moldura de talha, contendo no centro a pintura Assunção da Virgem recebida pela Santíssima Trindade. As paredes têm silhar de azulejos policromos, com moldura de concheados e óvulos, contendo, num lado as armas reais e no outro um símbolo franciscano. Ambos têm bancos adossados, com tampo de madeira e pés em volutas de cantaria. Os painéis de azulejo são encimados por oito telas com cenas da vida de José do Egipto, com molduras de talha de concheados, separadas por quarteirões. Ao centro da sala, surge uma mesa circular em mármore, sustentada por plinto e na parede norte um arcaz de pau-santo, com duplo espaldar, o inferior retilíneo e mais simples, com pinturas representando Santa Luzia, Santa Inês e Santa Catarina, e o superior com decoração rococó de talha, tendo um oratório central e pequenos nichos, com os fundos pintados em "chinoiserie".

Na parede poente da nave, abrem-se dois vãos retilíneos, separados por friso de talha. O inferior, que dá acesso ao coro-baixo, é flanqueado por duas colunas e por dois painéis de azulejo representando a Chegada das relíquias de Santa Auta e a Partida das relíquias de Santa Auta, de Pereira Cão (1896-99). O vão superior, que corresponde ao coro-alto, é encimado por friso decorado a talha dourada e por cornija de cantaria, tendo uma guarda de madeira torneada.

Voltando ao coro-baixo, encontramos no centro da parede poente um relicário de talha dourada, ladeado por duas portas de verga reta e moldura de cantaria, que dão acesso à chamada Sala de D. Manuel. Esta apresenta um teto decorado com pinturas e relevos ao gosto neo-manuelino e as paredes revestidas a azulejos do século XVIII, da autoria de Manuel dos Santos (1690-1725), com temas franciscanos nas paredes laterais e na parede nascente um Calvário. As portas e janelas têm moldura em ponta de diamante.

Saindo para o claustro e passando a Capela de D. Leonor, abre-se à esquerda um vão com uma escada de acesso ao claustrim. A escada tem dois lanços e patamar lajeado a várias cores, formando um padrão geométrico, inserindo-se num corredor com paredes revestidas a azulejo de padrão azul e branco, nas quais surgem, confrontantes, duas janelas retilíneas, flanqueadas por colunelos. O claustrim, reconstruído ao gosto neomanuelino, é de planta retangular e tem dois pisos, separados por cordame. O inferior apresenta arcadas de volta perfeita, assentes em colunas toscanas e o superior arcadas maineladas, de arcos trilobados e espelho vazado, com capitéis de decoração variada (onde se destaca um comboio a vapor). Sobre as arcadas, surgem óculos vazados e um friso de acantos e no topo uma platibanda vazada, rematada por friso cordiforme. As coberturas são em teto plano no piso superior e em abóbada de aresta no inferior, decorada por elementos geométricos. O piso inferior é revestido a azulejo de padrão, policromo. Na ala oeste, encontra-se a fonte de Santa Auta, em cantaria, composta por arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, rematada em frontão semicircular. No centro, possui um elemento almofadado, onde aparecem três bicas em forma de carranca e a inscrição "AGVA DE SANTA AVTA". No ângulo sudoeste deste piso, abre-se um corredor abobadado, com arcos de volta perfeita, ornados por folhagens, e paredes revestidas a azulejo de padrão de albarradas, azul e branco, que leva a um lanço de escadas, revestido com azulejos figurativos. Do topo da escada, acede-se a várias salas de exposição do MNAz e ao segundo piso do claustrim, cujas paredes poente, norte e sul têm painéis de azulejo de padrão.

Do piso superior do claustrim, chega-se à Capela de Santo António. O pavimento é em parquet de madeiras exóticas, com decoração geométrica, e o teto em gamela, contendo telas com cenas da vida do santo. As paredes são revestidas a azulejo figurativo, azul e branco, encimado por telas com molduras de talha pintada de branco e dourado, também com cenas da vida do orago. No topo sul, encontra-se um altar dedicado à Virgem da Esperança (sem imagem), com retábulo de talha dourada e, na frente, a concha com a pérola, símbolo daquela invocação. No lado oposto da sala, a reconstituição do presépio da Madre de Deus, integrado num grande armário, com portas pintadas. As figuras dos azulejos direcionam o olhar do espetador ora para o altar, ora para o armário (RTP, Visita Guida). Dois vãos de verga reta dão acesso ao coro-alto (o da direita) e ao 2.º piso do claustro (o da esquerda).

O coro-alto tem pavimento em parquet e cobertura em masseira, assente em friso e cornija de talha, formando caixotões, com molduras de talha, enquadrando cenas da vida de Cristo. Dispõe de um cadeiral de pau santo, em duas ordens, sendo as cadeiras posteriores mais elevadas, com espaldar composto por apainelados de talha dourada contendo nichos com 22 relicários. As janelas são revestidas a azulejo azul e branco, representando heroínas do Antigo Testamento, nas laterais, e símbolos da Virgem, no topo. Entre aquelas, encontram-se telas com cenas franciscanas e da vida de Cristo, envolvidas por talha dourada. O vão que abre para a nave da igreja tem moldura com pintura policroma de elementos vegetalistas e é encimado por um tabernáculo barroco. A flanqueá-lo estão dois altares, com frontal formado por sebastos e sanefas, encimados por um sacrário. Ladeando os altares, estão os retratos de D. João III e D. Catarina, acompanhados dos seus santos protetores.

Pelo ângulo nordeste do 2.º piso do claustro sobe-se ao 3.º piso, por uma escada moderna até uma grande sala de exposição e à Biblioteca do Museu.

Inventário de extinção
ANTT, Ministério das Finanças, Convento da Madre de Deus de Xabregas de Lisboa, Cx. 1949, http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4224403

O processo de extinção do Convento da Madre de Deus é composto por 409 fólios digitalizados e contém documentação datada de 1856 a 1934. Inclui dois inventários de bens, um realizado em 1860 (com a respetiva cópia), anterior à extinção do convento, e outro em 1869, executado no seguimento daquela.

O Convento de Nossa Senhora da Madre de Deus situava-se, à época da sua extinção, na freguesia de São Bartolomeu do Beato, concelho de Olivais, distrito de Lisboa. A 15 de julho de 1869, por morte da última religiosa, soror Rosa Maria do Coração de Jesus, o convento é suprimido e o Estado toma posse dele. À data residia uma única religiosa no convento, a madre vigária soror Teresa Clara de Jesus Maria José, que pertencia ao Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Mártires de Sacavém e que, da Madre de Deus, passa para o Convento de Nossa Senhora da Visitação, de Arroios, com uma tença mensal, fruto das rendas do convento (f. 0331-0333). Pelas portarias do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, de 19 de julho (f. 0060-0063) e de 16 de agosto de 1869 (f. 0152-0153), o edifício e cercas conventual são, respetivamente, cedidos a título provisório ao Asilo D. Maria Pia - asilo masculino, fundado em 1867, que dependia dos Serviços Centrais de Beneficência Pública e ocupava o antigo Palácio do Marquês de Nisa, contíguo, a norte (f. 0381-0383). O Conselheiro António José Torres Pereira, presidente da Comissão administrativa da instituição, obrigava-se a preservar a igreja do convento e ficava depositário da mobília, livraria e animais, até o Governo declarar o seu destino (f. 0118-0121). Por alvará do Ministério da Fazenda, de 4 de setembro de 1869, o novo diretor do Asilo D. Maria Pia, Manuel de Oliveira Barros, fica encarregue da guarda e conservação do recheio da sacristia, igreja e dependências do convento (f. 0327-0330). No ano seguinte é ereta na igreja do convento, a Irmandade de Nossa Senhora Madre de Deus, que ali passou a exercer o culto (f. 0027-0028).

O primeiro inventário de bens do Convento da Madre de Deus, realizado de 20 a 24 de abril de 1860, tinha em vista «examinar a capacidade e estado do edifício e da cerca, os livros e documentos do cartório e mais objectos» (f. 0173-0175). Foi executado por determinação do Ofício de 1 de dezembro de 1858, expedido pela Delegação do Tesouro do distrito de Lisboa ao escrivão suplente da Fazenda do Concelho dos Olivais, Francisco João Brady, que acompanhará o prior da freguesia de Santa Maria dos Olivais João Manuel Rodrigues Lima, encarregado da feitura do inventário, por ofício do vigário geral interino do Patriarcado de Lisboa, datado de 24 de dezembro de 1859, em cumprimento do Aviso Régio de 12 de maio de 1857, do decreto patriarcal de 4 de junho do mesmo ano e do ofício da Delegação do Tesouro de 16 de outubro de 1858 (f. 0171-0176). Estava presente a abadessa do convento, Soror Joaquina Maria do Santíssimo Sacramento e vários cidadãos «para cujo fim foram intimados», como João António Gomes, pintor, restaurador e avaliador de quadros e António de Campos e Silva, ourives (f. 0217). O inventário incidiu sobre os bens imóveis (prédios rústicos e urbanos) e móveis, descrevendo e avaliando o edifício do convento, a cerca e seus anexos (f. 0181-0183), alfaias e objetos de culto (f. 0213-0233), livraria - 859 volumes (f. 0371), foros, prazos (f. 0189), títulos de Crédito Público (f. 0199-0209), e dívidas ativas e passivas (f. 0158). Contem ainda um mapa do pessoal (f. 0154).

O segundo inventário, realizado de 13 a 21 de agosto de 1869, é composto de 27 folhas e foi mandado fazer por ordem do Dr. Manuel Fernandes Cicouro, comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, chantre da Igreja Patriarcal de Lisboa, provisor vigário geral e governador interino no espiritual de todo o Patriarcado, da Prelazia de Tomar e do Grão-Priorado do Crato, ao Dr. António Marques Fragoso Pais, desembargador da Relação Eclesiástica do Patriarcado e da secção Superior do Recurso Pontifício, a fim de verificar a existência do que constava do inventário de 1860 e «pôr em arrecadação segura as alfaias e vasos sagrados e mais objectos pertencentes ao Culto Divino do Convento de Nossa Senhora Madre de Deus» (f. 0331-0332). O inventário é acompanhado de uma cópia anotada do de 1860, sendo «mais completo do que aquele porquanto no primeiro foram ocultados objectos à descrição» (f. 0009-0011). Enumera os objetos em falta (f. 0359-0360) e os levados para o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), como paramentos e outros tecidos, ourivesaria e joalharia, missais, o santo sudário, marfins, imagens e figuras de barro, cerâmica, quadros, painéis de azulejo, molduras, mobiliário (f. 0389-0363). O inventário do cartório, realizado a dia 16, incidiu sobre papéis de crédito (ações do Banco de Portugal, inscrições e certificados da Junta do Crédito Público - f. 0373-0376), breves apostólicos, indulgências e graças concedidas às religiosas, várias cartas da Irmandade, alvarás e provisões reais, testamentos com legados deixados ao convento, livros de atas, entre outros documentos. A dia 21 realiza-se o inventário do mobiliário, utensílios e livraria do convento, bem como o das cercas, que regista duas vacas e um boi, duas noras de engenho, uma viga feita de um tronco de cedro, uma canoa e uma carroça, instrumentos de lavoura e outro material (f. 0369-0371 e f. 0377-0380). Em virtude do ofício de 9 de agosto de 1869, do Delegado do Tesouro do Distrito de Lisboa, acompanhou Fragoso Pais o primeiro oficial da Repartição de Fazenda do Distrito de Lisboa, José Joaquim Rodrigues Sousa, a quem foi mostrado o «Livro para se lançarem as contas do Convento da Madre de Deus» (1847-1860) - f. 0361-0363. Assinaram o inventário a madre vigária Soror Teresa Clara de Jesus Maria José, a escrivã soror Maria Filomena de Nossa Senhora das Necessidades e o oficial da Repartição de Fazenda. Fragoso Pais é ainda autorizado, por ordem do vigário geral, a «transferir com a decencia devida» a madre vigária para o Convento de Nossa Senhora da Visitação, em Arroios (f. 0331-0332).

Para além dos dois inventários, o processo inclui uma relação dos bens e rendimentos (f. 0156), mapas das despesas (f. 0161-0162) e dívidas ativas e passivas (f. 0158) do convento (1856), autos de avaliação dos bens rústicos e urbanos dos conventos da Madre de Deus, das Religiosas Descalças de Santo Agostinho do Grilo, e de Marvila (1861) - f. 0076-0096 (Grilo e Marvila), documentos sobre a entrega do edifício do Convento da Madre de Deus ao Asilo D. Maria Pia (1869) e sobre a concessão das cercas à administração do Asilo por Portaria de 16 de agosto de 1869 (f. 0381-0383) e documentação relativa ao pedido do provedor do Asilo D. Maria Pia, Luís Filipe da Mata, para a remoção de objetos do antigo convento "que tenham merecimento artístico" e do leilão dos restantes, por necessidade do espaço por eles ocupados (1915-1916) - f. 0004-0025.

O processo contém ainda um auto de conferência de arrolamento dos bens existentes na Igreja da Madre de Deus e suas dependências, efetuado entre janeiro e 10 de abril de 1934, com uma relação dos objetos que faltavam no convento, em face do inventário de 1869 (quadros, alfaias litúrgicas, objetos do culto divino, paramentos, painéis de azulejos, mobiliário, capelas e altares - f. 0299-0303) e a relação dos objetos que não constavam dos arrolamentos (quadros, alfaias, frontais de altar, paramentos e pavilhões de sacrário e outros objetos de apoio ao culto - f. 0305-0324), «ficando os dois termos apensados ao primitivo arrolamento». O auto foi executado por José Augusto Pereira Pimentel e Gustavo Mendes Ferreira Cabral, segundos oficiais da Direção Geral da Fazenda Pública (Património Nacional), a fim de cumprir o despacho do Diretor Geral da Fazenda Pública de 8 de dezembro de 1933, estando presente o Diretor do Asilo D. Maria Pia, Augusto da Fonseca Junior (f. 0325). No âmbito deste auto de conferência, encontram-se também cópias, de 1934, de documentação do Asilo D. Maria Pia acerca de obras enviadas para restauro à Academia Real de Belas-Artes de Lisboa (em junho de 1881 - f. 0395-0397), de objetos destinados ao MNAA, sobretudo tapetes persas e figuras do presépio da Madre de Deus (em agosto de 1911 e abril de 1912 - f. 0397-0400), de quadros enviados à Comissão do Inventário e Beneficiação da Pintura Antiga em Portugal e ao MNAA, para restauro (março de 1914, agosto de 1919 e julho de 1932 - f. 0404-0405 e f. 0408 0409) e de livros e documentos pertencentes ao cartório do convento depositados no MNAA (em fevereiro e março de 1915 - f. 0406-0407).

Cronologia
1508 A rainha D. Leonor é autorizada pelo Papa Júlio II a fundar um convento na zona de Xabregas. D. Leonor pede ao imperador Maximiliano da Áustria que lhe mande de Colónia, algumas relíquias das Onze mil virgens.
1508-05-22 O Papa Júlio II autoriza D. Leonor a levar religiosas de outros conventos para o da Madre de Deus.
1509 Fundação do Convento da Madre de Deus.
1509 | 1517 Execução dos medalhões cerâmicos dos quatro evangelistas, atribuídos a Andrea della Robbia, com colaboração de Giovanni della Robbia.
1509 | 1510 D. Leonor encomenda a Gil Vicente um auto "para o tempo do Natal".
1509 | 1511 Encomenda do retábulo da Nossa Senhora das Dores a Quentin Metsys, por intermédio de João Brandão, consignatário real em Antuérpia.
1509-02-21 D. Leonor compra umas casas e uma horta a D. Inês, viúva de Álvaro da Cunha, para construir o convento.
1509-06-18 Instalação, nas casas compradas à viúva de Álvaro da Cunha, de sete freiras provenientes do Convento de Jesus, em Setúbal.
1509-06-23 Início da construção da igreja. Segue-se a construção do claustrim e da torre sineira e a aplicação de medalhões cerâmicos dos Della Robbia na fachada principal.
1509-07-18 A igreja é sagrada pelo arcebispo de Lisboa, D. Martinho da Costa.
1510 Azulejos das capelas da igreja. D. Leonor manda construir um novo paço real junto ao convento e cria um sistema de abastecimento de água a este, do qual faz parte a "Fonte da Samaritana".
1511 Provável execução do retábulo da Nossa Senhora das Dores, encomendado a Quentin Metsys, para o convento.
c. 1513 Execução do Panorama de Jerusalém, por um mestre flamengo, encomendado por D. Leonor.
1513-07-20 O retábulo de Nossa Senhora das Dores já está montado na igreja, pois o rei D. Manuel oferece 33 varas de pano pintado da Índia para se fazer o seu guarda-pó.
1513-12 Representação do Auto de Sibila Cassandra, de Gil Vicente, na igreja do convento por encomenda de D. Leonor. O auto coloca uma questão relevante no seio de um convento feminino: qual o papel da mulher na sociedade, seguir a vida religiosa ou ser mãe e gerar mais cristãos'
1515 Execução do retábulo da Madre de Deus, para a capela-mor, na oficina de Jorge Afonso.
1517 | 1522 Colocação de medalhões Della Robbia na fachada e interior do convento.
1517-08 O imperador Maximiliano envia a D. Leonor, para o Convento da Madre de Deus, as relíquias de Santa Auta, uma das onze mil virgens que, com Santa Úrsula, terá sido martirizada em Colónia.
1517-09-02 Chegada a Portugal das relíquias de Santa Auta, juntamente com um Santo Sudário e um "Panorama de Jerusalém" pintado.
1517-09-12 As relíquias de Santa Auta são conduzidas ao Convento da Madre de Deus, em procissão, com a presença do arcebispo de Lisboa.
c. 1520 A oficina de Quentin Metsys executa o painel "Aparição do anjo a Santa Clara, Santa Inês e Santa Coleta", para a Madre de Deus.
1521 Início da remodelação do convento, por iniciativa de D. João III, dirigida por Diogo de Torralva e Pedro Carvalho. Construção de nova igreja, claustro, escadaria de acesso, para evitar a invasão pelas águas do Tejo e transformação do coro-baixo em sala do capítulo e cemitério das freiras. O túmulo de D. Leonor é trasladado do claustro primitivo para o novo.
c. 1522 Execução do retábulo de Santa Auta e das pinturas de Santa Inês, Santa Luzia e Santa Catarina, que seriam, provavelmente, a sua predela. Um dos painéis do retábulo mostra a igreja do convento concluída.
1522 Inauguração da capela de Santa Auta. O Papa Adriano VI acede ao pedido de D. Leonor (feito a Leão X) de estabelecer o dia 12 de setembro como comemorativo da trasladação das relíquias de Santa Auta para o Convento da Madre de Deus.
1524 O rei D. João III isenta D. Leonor do pagamento do foro do convento e proíbe a construção de casas entre este e o Convento de Xabregas.
1524-04-17 D. João III manda fazer um muro de silharia para proteger o convento das águas do Tejo. D. Leonor adquire um chão que doou ao convento e mandou cercar.
1525 Morre D. Leonor, no Paço de Santo Elói, e deixa o convento às religiosas. Nesta data, conta 42 freiras, 4 veleiras, 2 frades (padre e sacristão) e 12 criados.
1526 Mais uma vez, D. João III proíbe a construção de casas entre o Convento da Madre de Deus e o Convento de Xabregas.
1537 Do Paço da falecida rainha chegam ao convento retábulos, seis medalhões dos Della Robbia (um com as armas da rainha, outro com o emblema de D. João II e os quatro Evangelistas) e várias alfaias.
1550 Fundação de um paço real por D. João III, contíguo ao convento (futuro Palácio dos Marqueses de Nisa).
1551-12-07 Carta de Soror Catarina do Espírito Santo, abadessa do convento, pedindo ao rei a continuação das obras.
1557 Verifica-se a necessidade de fazer um cais para proteger o convento das águas do Tejo.
1557-09-17 A rainha D. Catarina, na qualidade de regente durante a menoridade de D. Sebastião, determina que os 300 mil reais destinados a pagar a obra do cais a construir junto ao Convento da Madre de Deus sejam emprestados à abadessa e freiras para pagar as obras que estão a ser feitas no edifício conventual.
1564 Execução dos retratos de D. João III e D. Catarina, por Cristóvão Lopes, para o coro-alto do convento.
1566 D. Catarina faz mercê ao convento de um poço de água no vale de Chelas.
1567 Bula de Pio V autoriza o aumento do número de professas para 33. D. Sebastião manda construir um cais, para proteger o convento das águas do Tejo.
1568 D. Sebastião manda abater todas as árvores juntas aos canos do convento.
1572 D. Catarina faz mercê ao convento de mais um poço de água no vale de Chelas.
1572 | 1578 "Correção" do retábulo da capela-mor da igreja do convento, segundo a estética da Contra-Reforma.
1578 Deflagra um incêndio no convento.
Século XVI - finais Terminam as obras encomendadas por D. João III. O culto de Santa Auta encontra-se em declínio.
1600 | 1670 Pintura do teto da capela-mor com o ciclo da vida da Virgem, por Marcos da Cruz.
1605 Petição da madre abadessa e das freiras do convento contra as obras no Paço real, gerido por D. Margarida de Távora, por perturbarem a clausura.
1609 O convento recebe uma fonte, para fazer face à escassez de água potável.
1613 | 1621 Pintura das paredes da igreja com cenas da vida de São Francisco e Santa Clara, por Bento Coelho da Silveira.
1616 No cruzeiro da igreja do convento existem capelas dedicadas à Madre de Deus, aos Santos Reis, a Santa Auta e a Nossa Senhora da Assunção.
1617 Petição da abadessa e religiosas da Madre de Deus ao rei, sobre a necessidade de reparação das oficinas do convento.
1617-03-07 Carta Régia para consulta ao Desembargo do Paço sobre a petição da abadessa do Convento da Madre de Deus para que lhes sejam pagas as esmolas devidas, nomeadamente a da impressão da Bula da Cruzada, necessárias para o reparo das oficinas do convento que estão para cair.
1626 Sagração do novo altar-mor, por D. Frei João de Portugal, bispo de Viseu.
1639 Um presépio encontra-se junto ao ante-coro.
1662-05-05 Venda da capela de Santa Auta, com o seu retábulo, a Gaspar de Faria Severim, por 300$000.
1670 | 1690 Campanha de obras no convento, a pedido das freiras e por ordem de D. Pedro II, sob a direção de João Rebelo de Campos (pinturas dos tetos da igreja e coro-alto).
1670 A imagem de Santa Auta ainda se mantém no altar.
1686 Luís Correia da Paz patrocina a colocação de azulejos holandeses na igreja do convento.
1693 Execução das portas da igreja e conserto dos telhados.
1694 | 1696 Dádivas da família real para as obras do convento, num total de 1.111$000.
1698 | 1707 Execução e colocação dos azulejos holandeses pela oficina de Jan van Oort e, após a morte deste (1699), por Willem van der Kloet.
Século XVIII Encontram-se no claustro cerâmicas Della Robbia: os medalhões do Pelicano e da Virgem com o Menino (este junto do túmulo de D. Leonor) e o tabernáculo.
Século XVIII - início; Século XIX - meados Os medalhões Della Robbia dos quatro evangelistas são transferidos do claustrim para o claustro.
1700 | 1703 Obras na Capela dos Reis, situada no lado da Epístola, por 10$000.
c. 1700-1730 Execução do Presépio da Madre de Deus, por Dionísio e António Ferreira. Colocação do mesmo numa casa anexa à Capela de Santo António, no ante-coro.
1704 Referência à ermida do Calvário, na cerca conventual.
1707 A imagem da Madre de Deus "está colocada em huma capella collateral, que fica fronteira ao coro da parte do Evangelho".
1745 | 1750 Pintura da Coroação da Virgem para o coro-alto, por André Gonçalves.
1746 | 1750 Construção de nova sacristia, impulsionada pelo Padre José Pacheco, sacristão-mor e encomendada pela Madre Abadessa Isabel Auta de São José. Trabalham o entalhador Félix Adauto da Cunha, o dourador Augusto Ferreira e o pintor André Gonçalves, que executa o ciclo de José do Egito. Provável adaptação de tábuas do retábulo de Santa Auta ao espaldar da sacristia.
1747 Início da execução do púlpito, por Félix Adauto da Cunha.
1750 Conclusão da pintura da sacristia. Pintura do ciclo da capela de Santo António.
1752 O retábulo de Nossa Senhora das Dores é retirado do topo da sala do capítulo (atual coro-baixo) e colocado numa capela do claustro, mandada dourar por D. Mariana Vitória de Bourbon.
1755 Já não existe na igreja o culto de Santa Ana, cultuando-se na antiga capela São Joaquim e São José. Existem no convento as irmandades da Madre de Deus, Nossa Senhora da Boa Morte e Almas.
1755-11-01 O grande terramoto faz ruir parte da igreja, que é imediatamente reconstruída.
1757 Execução de uma tela a representar o Salvador do Mundo.
1759 Referência a cinco altares na igreja: o da capela-mor, o da Madre de Deus (Evangelho), o de Santa Auta, com as imagens de Santa Ana, São Joaquim e São José, o dos Santos Reis Magos (Epístola) e o de Nossa Senhora do Rosário. Pintura do arco triunfal por André Gonçalves, por 100$400.
1760 André Gonçalves retoca painéis do teto da igreja e faz 3 novos.
1761 Douramento dos painéis da igreja e do púlpito, por Joaquim José. Obras na Capela dos Reis.
1769 Conserto e douramento das credências da capela-mor. Construção de uma muralha de proteção contra o rio, na Cruz da Pedra.
1771 A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é transferida para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Século XVIII - último quartel Pintura de uma tela para a sacristia, por Pedro Alexandrino de Carvalho.
1786 Forro e douramento da sobreporta da Capela do Salvador.
1788 | 1789 Colocação de laje e sepulturas no corpo da igreja.
1830 Desmontagem do Presépio da Madre de Deus. Algumas peças integram as coleções régias.
1834-05-30 Decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos.
1859 D. Fernando II escolhe algumas obras do convento para a sua coleção no Palácio das Necessidades. Leva, provavelmente, os medalhões Della Robbia do claustro e o tríptico da Sagrada Família e Anjos, do coro da igreja. O painel central do conjunto de Santa Auta serve de luneta a uma capela da igreja, tendo, para isso, aglutinado dois painéis independentes e levado acrescentos e repintes, adaptando-se àquele formato.
1860 Os dois painéis laterais do retábulo de Santa Auta e os quadros representando Santa Inês, Santa Catarina e Santa Luzia estão integrados no arcaz da sacristia, servindo os primeiros como portas.
1860-04-20 | 1860-04-24 Primeiro inventário de bens do Convento da Madre de Deus.
1861 Por diploma de lei o recheio e o edifício do Convento da Madre de Deus são incorporados na Fazenda Nacional.
1861-04-04 Lei sancionando o decreto das cortes gerais de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que "Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero". E que uma lei especial regulará esta aplicação.
1861-10-25 Auto de avaliação dos bens rústicos e urbanos do Convento da Madre de Deus, por ordem da Repartição da Fazenda do distrito de Lisboa.
1862-05-31 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções "sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos".
1867 O Estado adquire o Palácio Nisa, contíguo ao Convento da Madre de Deus, a fim de instalar o Asilo D. Maria Pia (estabelecimento de correção de menores, criado por Decreto de 14 de março de 1867).
1868 A Igreja da Madre de Deus encerra ao culto.
1869-07-15 Morre soror Rosa Maria do Coração de Jesus, a última freira do convento, e este é extinto.
1869-07-19 Por portaria do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça o edifício do convento é cedido provisoriamente ao Asilo D. Maria Pia.
1869-08-13 | 1869-08-21 Por portaria do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, a cerca do convento é cedida provisoriamente ao Asilo D. Maria Pia.
1869-08-16 Por portaria do Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, a cerca do convento é cedida provisoriamente ao Asilo D. Maria Pia.
1869-09-04 Por alvará do Ministério da Fazenda, o Diretor do Asilo D. Maria Pia, Manuel de Oliveira Barros, fica encarregue da guarda e conservação do recheio da sacristia, igreja e dependências do convento.
1870 É ereta na igreja do convento, a Irmandade de Nossa Senhora Madre de Deus, que ali passa a exercer o culto.
1871 Projeto de remodelação, de José Maria Nepomuceno, para instalar o Asilo D. Maria Pia no Convento da Madre de Deus. Prevê-se que a igreja e dependências imediatas sejam destinadas a museu. Alterações na igreja, claustro, claustrim e fachada sul, onde se substitui o portal, amplia-se a torre sineira e removem-se os medalhões Della Robbia.
1871 | 1899 Restauro das pinturas e da talha.
1872 | 1899 Alterações na Sala D. Manuel.
1882-01-12 | 1882-06-20 Integram a Exposição de Arte Ornamental Portuguesa e Espanhola as esculturas cerâmicas dos Della Robbia (dispersas por várias salas) e algumas figuras do presépio da Madre de Deus. No final da exposição os Della Robbia pertencentes ao rei D. Fernando (os 4 evangelistas e o pelicano) voltam para as paredes da biblioteca do Palácio das Necessidades e outros integrarão o espólio do Museu Nacional de Belas Artes.
1893 | 1895 Diversas obras no Asilo D. Maria Pia, levadas a cabo pela Direção de Edifícios Públicos e Fornecimento de Materiais.
1893 A sacristia do convento é descrita como zona de "entulho".
1894 A pedra decorrente das demolições na antiga cerca do Mosteiro de Santo Alberto é vendida para as obras do Asilo D. Maria Pia, entre outras.
1894-06-30 Projeto de uma avenida de acesso à entrada do Asilo D. Maria Pia.
1895 Por morte de José Maria Nepomuceno, as obras de remodelação são continuadas por Liberato Teles. Apeamento dos altares colaterais dedicados à Madre de Deus e aos Reis Magos (Epístola). Demolição da parede fundeira da nave, ligando a igreja ao espaço de clausura. Os Painéis de Santa Auta encontram-se na sacristia.
1896 | 1899 Execução dos painéis de azulejo Chegada das relíquias de Santa Auta e Partida das relíquias de Santa Auta, por Pereira Cão, para a parede fundeira da igreja.
1899 Conclusão das obras de remodelação do convento. Restauro da talha dourada por Guilherme Marques e douramento por João Cardoso.
1910-06-16 Decreto de classificação da Igreja da Madre de Deus como Monumento Nacional.
1911 Anexos da igreja e coro exibem obras de arte.
1912-02-02 Por despacho do Ministro do Interior, a guarda da Igreja da Madre de Deus e suas dependências é confiada a internados do Asilo de D. Maria Pia, sendo aquela transformada em museu, sob a responsabilidade artística do Conselho de Arte e Arqueologia da 1ª Circunscrição.
1912-04-17 O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) recebe 8 tapetes do Convento da Madre de Deus.
1913 São depositados no MNAA os medalhões Della Robbia que estavam na posse de D. Fernando.
1913-07-21 Os medalhões Della Robbia com os 4 evangelistas e o painel maior do retábulo de Santa Auta saem do Palácio das Necessidades e são incorporados no MNAA. O segundo leva uma nova moldura, ao gosto Renascença, tendo nos cantos as efígies de D. Manuel I e sua mulher D. Leonor, por A. Barreiros.
1915 O provedor do Asilo D. Maria Pia, Luís Filipe da Mata, pede a remoção de objetos do antigo convento "que tenham merecimento artístico" e autorização para leiloar os restantes, por necessidade do espaço por eles ocupados. O Ministério de Instrução Pública pensa constituir a Igreja da Madre de Deus como secção de arte sacra do MNAA.
1916 Algumas dependências do convento são já supervisionadas pelo MNAA.
c. 1929 Primeiro restauro dos Painéis de Santa Auta, por Luciano Freire, para figurarem no Pavilhão de Portugal da Exposição Universal de Sevilha. À época os dois painéis menores serviam como portas de armário do arcaz da sacristia da Madre de Deus e, por isso, tinham sido reduzidos em todos os lados.
1930 | 1931 Intervenção da Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) no convento: tratamento de caixilhos, pintura e colocação de vidros em falta, colocação de vidros belgas no zimbório da capela-mor, restauro do coro-alto, com colocação de vigas de ferro e conserto do parquet, da talha dourada, de um relicário e do cadeiral, douramento dos relicários, restauro e recolocação das telas das paredes
1932 O diretor do MNAA, José de Figueiredo, manda vir do Convento da Madre de Deus caixotes e barricas de azulejos, para as arrecadações do Museu (BMNAA, IV, 2, 1960). São retirados das duas pilastras da capela-mor da igreja os painéis "O Calvário" e "A Pietá", para tratamento no MNAA.
1932-03-07 Por decreto, a igreja, sacristia e coros do Convento da Madre de Deus passam a anexos do MNAA.
1934 | 1935 Intervenção da DGEMN no convento: restauro da talha da nave e altar-mor, do pavimento do coro e capela de acesso, dos vãos da escada de acesso ao claustrim e da sacristia.
1934-01 | 1934-04 Auto de conferência de arrolamento dos bens existentes na Igreja da Madre de Deus, em face do inventário de 1869.
1940 É colocada a hipótese de transportar o teto da Capela de D. Leonor para o Palácio de Sintra.
1942 Intervenção da DGEMN no convento: restauro da talha da nave e capela-mor e do pavimento da sacristia, da Capela de D. Leonor, da Sala de D. Manuel e do claustro; construção de abobadilha de tijolo e ferro no claustro; reparação de caixilharias e portas.
1943 A igreja é devolvida ao culto. Intervenção da DGEMN no convento: reparação dos telhados; substituição dos lanternins por telhas de vidro; arranjo das janelas.
1944 Obras na casa do reitor, sob direção da DGEMN: instalações sanitárias e condução de água para as mesmas.
1945 Intervenção da DGEMN no convento: remoção das grades da portaria e tratamento dos degraus; restauro das paredes e coberturas de algumas salas; apeamento de gradeamentos e pilares de cantaria da porta principal; reparação geral da talha; colocação da cobertura do 2.º piso do claustro com abóbada de tijolo e de tijolo no terraço a construir no claustro; obras na igreja e Capela de Santo António, com novo pavimento em cantaria e restauro da talha, de painéis de azulejo, da talha do coro-alto e capela-mor; substituição de caixilharias e portas.
1946 Transporte do relógio para a Sé de Miranda do Douro. Intervenção da DGEMN no convento: reconstrução de parede, reposição de azulejo, construção do pavimento em tijolo e restauro da pintura do teto (por Armando Soares), no coro-baixo; abertura de uma porta de passagem para a Capela de Santo António e de outra do claustro para a residência do reitor; obras de conservação numa ala do claustro.
1946-08-06 Aprovação do projeto de adaptação de parte do convento a casa do prior.
1947 Um incêndio no Asilo D. Maria Pia leva à ocupação das salas contíguas ao coro do convento para a realização de aulas. Intervenção da DGEMN no convento: colocação de mosaico hidráulico no pavimento e de azulejo branco na igreja; adaptação de uma zona do edifício a casa do prior; à separação entre as zonas conventuais e do Asilo.
1950 A DGEMN procede ao tratamento de caixilhos e colocação de vidros e redes na igreja e à reparação da instalação elétrica.
1951 | 1952 A DGEMN realiza obras na residência do reitor (colocação de portas), a remodelação da instalação elétrica e o restauro da torre sineira.
1953 Intervenção da DGEMN no convento: conservação de telhados e sistemas de drenagem, tratamento de rebocos e pintura de caixilharias, consolidação da platibanda, reparação da balaustrada, da talha e do pavimento de betonilha, alteração dos degraus da escada exterior, conclusão de painéis de azulejo decorativo, restauro da sacristia
1954 Intervenção da DGEMN no convento: restauro da talha dourada da igreja, tratamento de caixilharias, portas, ferragens e rebocos e demolição e reconstrução da platibanda, assentamento de um portão de ferro, beneficiação da instalação elétrica, reconstrução de uma sala destinada a Museu, onde se colocaram pinturas do século XVI.
1954 | 1955 Intervenção da DGEMN no convento: recuperação da igreja, levantamento do pavimento de mosaico e colocação de lajeado na sacristia, reparação do chafariz do claustro, avivamento da inscrição da lápide sepulcral da entrada do claustro e restauro da talha dourada da igreja.
1954-12 O presépio da Madre de Deus é instalado provisoriamente no MNAA.
1956 O presépio da Madre de Deus integra a exposição permanente do MNAA.
1956 Intervenção da DGEMN no convento: colocação de dois plintos em mármore no arco cruzeiro, para as imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora de Fátima, restauro e douramento do altar da sacristia, instalação elétrica na mesma, execução de uma escada de madeira para a tribuna, execução de gárgulas de cantaria para os arcos do claustro, colocação de vidros, incluindo no lanternim, e reparação do telhado e da porta da torre sul.
1957 Intervenção da DGEMN no convento: consolidação da mesa da sacristia, reparação da instalação elétrica e remoção do azulejo das paredes do claustro e respetivo encaixotamento, para permitir a reconstrução de uma ala da Casa Pia. Projeto para cobrir o segundo piso do claustro.
1957 | 1958 Intervenção da DGEMN no convento (com participação financeira da Fundação Calouste Gulbenkian), para receber a Exposição evocativa do 4.º Centenário da morte da Rainha D. Leonor: reparação dos telhados e pavimentos, substituição de azulejos, no claustrim, ajardinamento do claustro e colocação de calçada à portuguesa, saibro e quatro canteiros. Projeto do percurso museológico para um Museu do Azulejo, do arquiteto Francisco Conceição Silva.
1958 Exposição evocativa do 4º Centenário da morte da Rainha D. Leonor, no Convento da Madre de Deus.
1958 | 1959 Intervenção da DGEMN: remoção de fios telefónicos do claustro e construção de valetas, canalização de água, instalação de bocas de rega, tratamento de rebocos e pinturas, pavimentação de ladrilho cerâmico e de lajeado nas escadas; restauro dos azulejos e fecho de vãos com painéis no claustrim; restauro da talha dourada da igreja; remoção da grade do coro-baixo e modificação da escada para a igreja e do vão para o claustro, com remoção do azulejo; restauro da talha dourada da Capela de Santo António e arranjo da escada de acesso ao trono; pintura artística de tetos (tomando como modelo a Capela de Santo António); restauro dos azulejos do claustro, igreja, Sala de D. Manuel e Capela de D. Leonor (pela Fábrica Sant'Ana); limpeza da torre e do azulejo que reveste a agulha; colocação de padieira na janela da sacristia; reparação geral das fachadas, com tratamento de rebocos e colocação de alvenaria e pilastras de cantaria na fachada nascente; reparação do portão.
1959 Restauro do Convento da Madre de Deus e instalação da Secção de Cerâmica do MNAA.
1959 Intervenção da DGEMN na sacristia, coro e sala anexa, com restauro da talha dourada, reparação do parquet e restauro do cadeiral, da pintura, mesa e portas; instalação elétrica e iluminação da igreja; assentamento de ladrilhos de cantaria na escada principal; assentamento de cantaria em molduras, ombreiras e pavimentos; assentamento de tetos e abóbada de fasquiado nos anexos da igreja; arranjo de uma agulha em cantaria na sacristia; desmontagem da clarabóia da escada da entrada de serviço; no claustro, desmontagem da rosácea e colocação de cantaria no vão, desmontagem de gárgulas no fecho dos arcos e colocação nos contrafortes laterais, e construção em betão armado de cortina em volta do claustro.
1959-01 O conservador do MNAA João Miguel dos Santos Simões sugere a instalação de um Museu do Azulejo no Convento da Madre de Deus, dependência do MNAA.
1960 Intervenção da DGEMN no convento: reparação de bocas de incêndio e das instalações sanitárias; alteração dos óculos existentes; colocação de painéis de azulejo nas paredes; pintura das grades dos portões; consolidação dos pavimentos de madeira na sala de catequese; tratamento de rebocos e pinturas no corredor da sacristia e Sala D. Manuel; reparação geral dos telhados; adaptação de uma dependência junto à tribuna para casa forte; douramento da talha da tribuna, sacristia e igreja; beneficiação da drenagem das águas pluviais no claustro.
1960-03 A Direção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes (DGESBA) aprova a criação do Museu do Azulejo no Convento da Madre de Deus, como anexo do MNAA. Os azulejos arrecadados no MNAA são transferidos para a Madre de Deus.
1961 Montagem da secção de azulejo do MNAA no Convento da Madre de Deus. Os azulejos depositados no Convento das Trinas transitam para o claustro da madre de Deus. A DGEMN procede à reparação de circuitos de iluminação e tomadas.
1962 | 1963 A DGEMN procede à reparação da instalação elétrica
1962 Intervenção da DGEMN no Mosteiro: obras interiores, reparação dos telhados e arranjo do escoamento das águas pluviais; assentamento de azulejos artísticos e de cofres metálicos para esmolas; picagem e colocação de estuque nos tetos das salas da Confraria e consolidação da balaustrada nascente.

1962/1963 A DGEMN procede à reparação da instalação elétrica.
1963 Vinda do painel de azulejos "São João Baptista a pregar", do Mosteiro da Batalha. Intervenção da DGEMN no convento: arranjo de uma sala no terceiro piso, anexa ao claustro, abertura de porta para o exterior, reparação do coletor, levantamento do jardim do claustro e reposição dos canteiros, abertura de roços para escoamento de águas pluviais no claustrim, obras na casa do reitor e instalação da Casa Mortuária.
1964 Intervenção da DGEMN no convento: reparação de rebocos nos corredores e claustros, arranjo das instalações sanitárias, libertação da Sala de D. Manuel para o Museu e acesso a partir da via pública.
1965-12-18 Fundação do Museu do Azulejo no Convento da Madre de Deus (inclui a igreja, sacristia e coros), como anexo do MNAA ). O Diretor-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes coloca a hipótese de abrir o Museu ao público, na parte dada como montada.
1967 Santos Simões recomenda a conclusão dos trabalhos de pequenas reparações e acabamentos no convento, antes de proceder à abertura do Museu do Azulejo.
1969 A instalação da obra Pão de Santo António no primeiro piso que dá para a ala este do claustro e de uma oficina de bate-chapa e pintura de automóveis, criada pela Casa Pia, no pátio do Mosteiro obriga a que a entrada do Museu se faça pela igreja. A DGEMN procede à reforma das cantarias dos pináculos em mau estado, à limpeza de algerozes e gárgulas e à consolidação e reparação das coberturas
1969-02-28 Um sismo provoca alguns danos na igreja, com a queda de vários pináculos.
1970 O isolamento da área da obra Pão de Santo António, permitindo o acesso ao Museu pelo pátio da antiga portaria. A DGEMN procede ao arranjo e substituição das bocas de incêndio.
1972 A DGEMN procede a obras na casa do guarda (situada sob a sacristia) e à iluminação do interior da igreja.
1975 A DGEMN procede à construção de novas coberturas em material incombustível. Já se encontra regularizada a escadaria de acesso ao portal sul, tal como se apresenta hoje.
1976 | 1978 A DGEMN procede à conservação da cobertura sobre a capela-mor e à colocação de grades nas janelas.
1979 | 1980 Intervenção da DGEMN: colocação de uma estrutura que impossibilita o acesso aos telhados pelos alunos do Asilo D. Maria Pia, restauro das coberturas e dos elementos de queda das águas pluviais, tratamento de rebocos e pinturas exteriores e de algumas salas interiores, devido a infiltrações, consolidação da platibanda, reparação do pavimento da igreja, construção de um dreno no claustrim, para evitar infiltrações na Capela de D. Leonor.
1980 | 1982 Intervenções da DGEMN: ampliação das instalações do MNAz para oeste, numa área cedida pela Casa Pia, no 2º e no 3º piso, com construção de escadas no topo da Capela de Santo António e telhados no anexo; demolição do pavimento e cobertura da Sala do presépio; apeamento de uma rosácea moderna da ala oeste do claustro; construção de arcos de reforço em tijolo nas paredes da sacristia.
1980-09-26 Pelo Decreto-Lei nº 404/80, o Museu do Azulejo autonomiza-se do MNAA e passa a Museu Nacional do Azulejo (MNAz), recebendo parte do acervo daquele.
1983 Obras realizadas no âmbito da XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura, do Conselho da Europa, segundo projeto do arquiteto Sebastião Formosinho Sanchez, incluindo a reformulação do pátio de entrada e jardim do Museu. A DGEMN constrói uma chaminé na residência do reitor. Instalação de um bar-cafetaria.
1985 Regresso do Presépio à Madre de Deus, em regime de depósito, vindo do MNAA. Intervenção da DGEMN: obras de beneficiação no depósito de azulejos, assentamento de um guarda-vento e porta para a entrada do Museu, reconstrução da parede que envolve o ascensor e construção de estrutura em alvenaria no 3º piso para casa das máquinas, construção de parede no auditório do primeiro piso.
1986 Intervenção da DGEMN: reconstrução dos telhados do claustrim e demolição da trapeira.
1999 | 2001 Restauro total da igreja, pelo Instituto Português dos Museus e Instituto Português de Conservação e Restauro: arranjo das coberturas e tratamento das caleiras, substituição de caixilhos dos vãos e colocação de telas de enrolamento, nova iluminação, restauro das pinturas, da talha da capela-mor e da nave, da escultura e do azulejo, com substituição de alguns azulejos por cópias idênticas, devido ao mau estado de conservação.
2002 Restauro das 48 peças restantes do Presépio da Madre de Deus com o objetivo de o remontar.
2003 Projeto de Andreia Galvão para expor o Presépio da Madre de Deus.
2006-12-13 A nova montagem do Presépio da Madre de Deus é aberta ao público, no seu local original.
2007-03-29 O MNAz é afeto ao Instituto dos Museus e Conservação pelo Decreto-Lei 97/2007.
2015-05-14 Abre ao público a Sala D. Manuel, que funcionava como reserva do MNAz.

Fontes e Bibliografia
Material gráfico

Aspecto da fachada principal da Igreja da Madre de Deus, depois de construída a torre. Arquivo Nacional Torre do Tombo.

Grande vista de Lisboa. Museu Nacional do Azulejo.

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Cartografia

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PINTO, Júlio António Vieira da Silva; - [Levantamento da planta de Lisboa, 1904/1911]. 1: 1000. 249 plantas; 80 X 50cm, Planta 14I (Fevereiro 1909).

Manuscrito

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Inventário de extinção do Convento da Madre de Deus de Xabregas de Lisboa. [Manuscrito]. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério das Finanças, Convento da Madre de Deus de Xabregas de Lisboa, Cx. 1949.

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Material Fotográfico
Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul. DPC_20140917_024.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul. DPC_20140917_044.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul. DPC_20140917_046.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Torre sineira. DPC_20140917_025.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Torre sineira. DPC_20140917_030.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Igreja. DPC_20140917_036.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Portal da Igreja. DPC_20140917_038.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Vão. DPC_20140917_040.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul. DPC_20140917_027.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Pormenor. DPC_20150525_196.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Pormenor. DPC_20150525_201.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul | Pormenor. DPC_20150525_207.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro | Galerias. DPC_20150525_018.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro | Galerias. DPC_20150525_016.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro | Galerias. DPC_20150525_003.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente. DPC_20150525_024.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente. DPC_20150525_028.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente | Vão. DPC_20150525_022.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente. DPC_20150525_025.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente. DPC_20150525_139.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente | Galeria superior. DPC_20150525_127.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro nascente | Galeria superior. DPC_20150525_131.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Escada. DPC_20150525_030.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Fonte Auta. DPC_20150525_039.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria. DPC_20150525_044.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria. DPC_20150525_046.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria. DPC_20150525_042.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Azulejos. DPC_20150525_049.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Cobertura. DPC_20150525_040.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Escada. DPC_20150525_051.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria superior. DPC_20150525_066.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria superior. DPC_20150525_067.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria superior | Pormenor. DPC_20150525_048.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria superior | Pormenor. DPC_20150525_052.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustrim | Galeria superior | Pormenor. DPC_20150525_055.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro poente | Galeria superior | Vão. DPC_20150525_072.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Antecoro. DPC_20150525_084.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Coro alto. DPC_20150525_098.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Coro alto. DPC_20150525_101.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Coro alto | Pormenor. DPC_20150525_108.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Nave. DPC_20150525_147.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Capela mor. DPC_20150525_166E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Nave. DPC_20150525_172.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Nave. DPC_20150525_174E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Cruzeiro. DPC_20150525_162E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Sacristia. DPC_20150525_151E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Sacristia. DPC_20150525_158.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Sacristia. DPC_20150525_156.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Coro baixo. DPC_20150525_183.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Igreja | Coro baixo. DPC_20150525_189.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Sala D. Manuel. DPC_20150525_185.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Interior | Sala D. Manuel. DPC_20150525_184.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento da Madre de Deus | Exterior | Fachada sul. PEX001587.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento da Madre de Deus | Interior | Claustro. A18616.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Inventariantes
Henrique Martins - 2015-09-01
Última atualização - 2018-07-09

Imagens: 55