Da cidade sacra à cidade laica. A extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX

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Designação
Convento de Santo Agostinho

Código
LxConv008

Outras designações
Convento de Santo Agostinho de Lisboa; Convento de Santo Agostinho de Lisboa ao Grilo; Convento de Nossa Senhora da Conceição; Convento das Religiosas Descalças de Santo Agostinho ao Grilo; Convento das Grilas

Morada actual
Rua do Grilo, 84

Sumário
A fundação do Convento de Santo Agostinho de Lisboa (entre 1663 e 1665) está intrinsecamente ligada à do Convento de Nossa Senhora da Conceição do Monte Olivete (LxConv006), tendo D. Luísa de Gusmão conseguido concretizar a sua intenção de fundar dois conventos de Agostinhos Descalços (um para cada género) em duas quintas próximas, situadas na zona oriental da cidade.

Da autoria de João Nunes Tinoco, a primeira pedra é lançada por D. Frei Domingos de Gusmão, arcebispo de Évora. Após a morte da rainha, D. Afonso VI prosseguiu as obras iniciadas por sua mãe. Não obstante a igreja se ter concluído a 28 de Agosto de 1706, quase três décadas depois (em 1734) as religiosas contrairiam ainda um empréstimo de 3000 cruzados para continuarem as obras do convento.

No início da década de 1850, foi um dos conventos da zona oriental da cidade a ter a sua cerca cortada pelo primeiro troço de caminho-de-ferro aberto em Portugal, que se inauguraria em Outubro de 1856, ligando Lisboa ao Carregado.

Após a morte da última religiosa do convento, a 22 de Março de 1885, o Estado pôs em curso os trâmites normais para a tomada de posse do edifício, o que aconteceria a 20 de Maio seguinte. Cerca de quatro anos depois, no decorrer de 1889, o espaço foi cedido para aí se instalar a Manutenção Militar (que ocupou toda a cerca, aí se mantendo desde então), tendo-se procedido à demolição do edifício do antigo convento no decorrer da década seguinte.

Caracterização geral


Ordem religiosa
Congregação dos Agostinhos Descalços, Sujeitas ao Prelado Maior dos Agostinhos Descalços.

Género
Feminino

Fundador
D. Luísa de Gusmão - Iniciativa régia

Data de fundação
1663 | 1665

Data de extinção
1885-03-22

Autoria
João Nunes Tinoco - Arquitecto, Atribuição

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual

Componentes da Casa Religiosa - 1834
Convento
Pátio: 2
Igreja
Cerca de recreio e produção

Caracterização actual


Situação
Convento - Vestígios
Igreja - Demolido(a)
Cerca - Existente / parcialmente construída

Acesso
Privado

Descrição


Enquadramento histórico
O Convento de Santo Agostinho foi fundado pela rainha D. Luísa de Gusmão numa data compreendida entre 1663 e 1665, nele se tendo recolhido neste último ano [(«resolvida a Rainha a deixar a Corte, se recolheo no dia 17 de Março [de 1665], Sabbado de Ramos, ao Convento do Grillo, que ainda não estava acabado. Sahio do Paço acompanhada d'ElRei, do Infante, e de toda a Nobreza, que a seguirão até entrar nas ditas, poucas e imperfeitas, casas do Convento» (CONCEIÇÂO, IV, 1819, p. 294)] e aí falecido a 27 de Fevereiro do ano seguinte. Vieram inicialmente cinco religiosas do Convento de Santa Mónica de Lisboa.

A fundação deste convento está intrinsecamente ligada à da do Convento de Nossa Senhora da Conceição do Monte Olivete (LxConv006), uma vez que D. Luísa de Gusmão conseguiu concretizar a sua intenção de fundar dois cenóbios de religiosos Agostinhos Descalços, um masculino e outro feminino. Para o efeito comprou duas quintas próximas, uma a Gonçalo Vasques da Cunha, onde construiu o cenóbio masculino e outra a Francisco de Melo (marquês de Sande e conde da Ponte) para nela fundar o convento das religiosas de Santo Agostinho. Este último, por sua vez, «arrematara a quinta em praça, em consequência da acção que Luís Álvares de Andrade movera contra os herdeiros de D. Francisco de Mascarenhas (1661), governador de Macau, donde trouxe a primeira laranjeira doce para a sua Quinta do Grilo» (MATOS e PAULO, II, 1999, p. 73)

«A primeira pedra do novo templo foi lançada por D. Frei Domingos de Gusmão arcebispo de Évora, sobrinho da rainha fundadora, segundo traça do arquitecto João Nunes Tinoco, por atribuição de Reynaldo dos Santos» (Idem, p. 74). Após o falecimento da rainha, D. Afonso VI prosseguiu as obras fundadas pela sua mãe. Não obstante as obras na igreja se terem concluido a 28 de agosto de 1706, quase três décadas depois (em 1734) as religiosas contrairiam ainda um empréstimo de 3000 cruzados para continuarem as obras do convento (Idem, p. 74).

O convento apresentava uma localização bastante original e privilegiada relativamente aos demais da cidade, ficando localizado junto ao rio [«sobre fortissimas muralhas» (PEREIRA, 1927, p. 221)], em local próximo ao «Cais do Duque». Tal facto, associado ao de a estrada de Xabregas passar junto à fachada principal do convento, obrigou a que a casa religiosa tivesse a sua cerca num espaço fisicamente desligado do seu edifício. De modo a permitir um acesso directo das religiosas à sua cerca foi construído um passadiço em arco sobre a via pública.

No início da década de 1850, foi um dos conventos da zona oriental da cidade a ter a sua cerca cortada pelo primeiro troço de caminho-de-ferro aberto em Portugal, que se inauguraria em Outubro de 1856, ligando Lisboa ao Carregado. Por essa ocasião as religiosas perderam igualmente uma substancial parte da sua cerca, localizada a norte do caminho-de-ferro.

Após a morte da última religiosa do convento, a 22 de Março de 1885, o Estado pôs em curso os trâmites normais para a tomada de posse do edifício, o que aconteceria a 20 de maio seguinte. A totalidade dos bens de raiz foi de seguida entregue ao Ministério da Guerra, à excepção, num primeiro momento, do edifício do convento. Já depois desta tomada de posse, e cessando no fim de 1887 «os arrendamentos, a que desde a suppressão do convento se havia de procedido, da casa do capellão, casa e gallerias subterraneas e da cerca, annunciou-se o novo arrendamento dos mesmos predios para o corrente anno, não se realisando senão o arrendamento da cerca, por parte do Ministerio da Guerra se apossaram tambem da casa do capellão e da casa e gallerias subterraneas, exigindo dos rendeiros as respectivas chavas, que eles individamente intregaram» (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Santo Agostinho ao Grilo de Lisboa, Cx. 1985, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224424, f. 1063). A 12 de Janeiro de 1888 a Secretaria de Estado dos Negócios de Guerra endereça uma carta ao Ministro da Fazenda mencionando a questão da horta do convento, cuja utilização se encontrava comprometida pelo referido arrendamento em curso, válido até 31 de Dezembro seguinte. Assim, é solicitado o cancelamento do mesmo (ANTT, Idem, f. 0489).

Ainda antes da supressão do convento, parte do edifício foi atribuída à Associação de Santa Maria Magdalena (por via do Decreto régio de 24 de Dezembro de 1884) para nele estabelecer um colégio ou casa de abrigo para penitentes: «a casa chamada da enfermaria e mais um corredor e outras duas casas aonde se (?) uma serventia para fora; tres casas de baixo da dita enfermaria, que são, uma cosinha, casa de confessionario e coro de baixo, - uma escada de pedra que conduz ao primeiro andar e n'elle uma casa chamada da Nossa Senhora, com duas capellas, coro e ante coro com serventia para a cerca, da qual tambem foi concedida uma parte; uma escada que conduz ao dormitorio de cima que consta de um corredor com cellas em uma salla grande; tambem lhe foi concedido um quarto sotão a que chama o coro dos oculos; e tudo tomaram pose, como consta em um termo lavrado» (ANTT, Idem, f. 0832-0833).

A 6 de Maio de 1887 o Director Geral da Secretaria de Estados dos Negócios da Guerra envia uma missiva ao Director Geral dos Próprios Nacionais pedindo a cedência do edifício para o fim a que havia sido destinado: «tendo sido entregue a este Ministerio o pavimento terreo do Convento dos Grilos, para ser ali arrecadado material de guerra ultimamente adquirido no estrangeiro, e sendo indispensavel que egualmente seja cedida a parte restante do aludido edificio a fim de lhe ser dada a applicação para que, em tempo fôra solicitado o extincto convento de Sta Anna, isto é, para servir de habitação ás filhas e viuvas dos officiais que faleceram em defesa do paiz e que não legaram a suas familias meios alguns de subsistência» (ANTT, Idem, f. 1077-1078). A 28 de Maio seguinte a entrega provisória do edifício é finalmente concedida (ANTT, Idem, f. 1143-1144). Não é possível perceber se este entrega efetivamente se procedeu e em que termos, porém, por via do ofício de 24 de maio de 1889 «se communicou o despacho de 13 do mesmo mez, concedendo provisoriamente ao mesmo ministerio a totalidade do edificio do supprimido convento, incluindo a parte que [...] foi concedida á Associação de Santa Maria Magdalena; em virtude do que se fez entrega de todo o resto do edificio propriamente dito» (ANTT, Idem, f. 1062). Assim, apenas quatro anos depois da supressão do convento, o Ministério da Guerra pôde finalmente tomar posse da totalidade dos bens de raiz do mesmo.

Com o início do processo de secularização do templo (iniciado em 1888 e concretizado no ano seguinte, já depois dos restos mortais da rainha D. Luísa de Gusmão terem sido transladados para o Mosteiro de São Vicente de Fora), avolumaram-se os pedidos de entrega de elementos e objectos de culto da igreja.

A 5 de Novembro de 1888, «a Junta de Parochia da freguesia de São João Baptista da Villa de Alhandra, Concelho de Vila Franca de Xira, constando-lhe que vai ser demolida a Egreja do extincto convento das Grillas ped[iu que lhe fossem] concedidas as cantarias, altares e entre elles o Altar Mór, teia e todos os mais objectos necessarios ao Culto, para serem aproveitados na reedificação da Egreja Matriz d'esta Villa» (ANTT, Idem, f. 367). Por Decreto de 20 de Dezembro seguinte, publicado no Diário do Governo nº 299, de 31 de Dezembro de 1888 (ANTT, Idem, f. 0361) são lhe concedidos os mármores do Convento de Santo Agostinho, subsistindo no entanto, em fevereiro seguinte, a «dúvida se a concessão abrange todos os marmores que haja no edificio do convento e na igreja, ou somente os d'esta e que consistem nas pilastras do retabulo do altar mór, compostas de marmores de varias cores, formando mosaico, onde estão pintadas as armas da rainha fundadora, unicos que ali existem e ao que [...] parece susceptiveis de se poderem tirar» (ANTT, Idem, f. 0359-0360).

No mesmo dia em que é assinado o auto de posse da Igreja para a Fazenda Nacional (1 de Março de 1889), é igualmente assinado um termo de entrega à «Junta de Parochia da Freguesia d' Alhandra, concelho de Villa Franca de Xira de [...] sete quadros curvilinios, - oito ditos que guarnecem as paredes do corpo da egreja, todos pintados a oleo, revestidos de grandes molduras de talha dourada, com ornamento largo, representando a vida de Santo Agostinho - Duas capellas que estão nos angulos do cruzeiro da egreja, com camarim e ornamentação dourada, - Uma capela do Santissimo com um quadro revestido de moldura talha dourada, representando Jesus Christo cruxificado, - cinco quadros pintados a oleo revestidos de grande moldura de talha dourada, sendo um d'elles maior e curvilinio, representando a adoração do Santissimo, cujo quadro se acha assignado por Bento Coelho, - Dois grandes quadros pintados a oelo com molduras de talha dourada sendo um representando as bodas de Canáa e outro os peixes e o pão, - O altar mór composto de camarim, Throno e retabulo, sendo os pilares d'este de differentes mármores, formando mosaico com as armas pintadas, da Rainha fundadora, - Um pulpito com ornamentações douradas, quatro que estão na parede do fundo da egreja, duas que estão por cima das portsa, da entrada para a sachristia e para o camarim do alta mór e as outras duas que estão por cima dos altares situado nos angulos do cruzeiro da egreja, - Um arcaz de carvalho e um armario de madeira do Brazil que estão na Sachristia da igreja e finalmente os marmores que restem as paredes interiores da egreja e que forem de facil extracção». À referida junta foram imputadas «as depesas de extracção e remoção do que se lhe concede» (ANTT, Idem, f. 0461-0462).

Não obstante, a 8 de Agosto seguinte, a Junta da Paróquia de Alhandra refere, por carta, que ainda não lhe havia sido possível arrancar os mármores do corpo da igreja «em consequencia da pressa que há em remover para ali farinhas do Estado, espera[va]m para que futuro quando seja demolida a Igreja os poder[e]m mandar arrancar afim de não [lhes ser] desapossa[do] o que [lhes fora] concedi[do]» (ANTT, Idem, f. 1055).

Outros objectos da igreja tiveram diversos fins: a 8 de Março de 1889, o Cardeal Patriarca de Lisboa assina um documento no qual refere que «as lampadas [...] [dever-se-iam] reservar para o Recolhimento dos Olivais, uma [e] tambem os castiçaes e crucifixos dos altares, se não estiverem já concedidos. O commungatorio ficará reservado para o Recolhimento dos Olivaes» (ANTT, Idem, f. 0457), dando ainda indicação para que se cobre recibos de tudo.

Também no início de 1889, a «Junta de Parochia da Freguesia de Santo Eustaquio do Logar d'Alpiarça, muito respeitosamente, [...] ped[e] [...] para a sua nova Egreja, os sinos existentes nos extintos Conventos das Grilas, e da Esperança, da Cidade de Lisboa, encorportados na Fazenda Nacional, a teia altares e mais objectos aproveitaveis existentes na Egreja e Convento da Esperança, incluindo tres altares no topo da casa do Coro de cima do referido convento» (ANTT, Idem, f. 0453). Nesse sentido, e seguindo determinações do Decreto de 24 de Janeiro de 1889, a 1 de Março seguinte é assinado, por José Madeira Abranches (administrador do concelho de Loures) e pelo escrivão José Garcia da Cunha, um termo de entrega à Junta da Paróquia da Freguesia de Alpiarça «de dois sinos sendo um d'elles pequeno que estavão na torre [do convento] [...] com a clausula de serem os ditos sinos destinados á sua egreja, não podendo terem outra aplicação» (ANTT, Idem, f. 0353-0355).

Segundo Maria de Lourdes Filipe Nunes, «os painéis de azulejo que enriqueciam o convento foram colocados no Claustro da Igreja da Madre de Deus» (NUNES, 1997, pp. 73-74).

Uma vez na posse de todos os bens de raiz do suprimido Convento de Santo Agostinho, o Ministério da Guerra pôde, enfim, colocar em andamento o seu projecto de nele instalar a Manutenção Militar, que viria a substituir a Padaria Militar inaugurada em 1862 na Avenida 24 de Julho e cujas instalações eram já insuficientes em dimensão e condições.

A 30 de Junho de 1886 é nomeada uma comissão para a criação de uma nova padaria militar. Esta comissão iniciou assim uma busca pelo sítio ideal, tendo merecido atenção as Cavalariças Reais de Belém, o Vale do Zebro e a Fábrica Progresso (Idem, p. 37), considerando no entanto nenhuma delas como ideal. É nesse sentido que o Convento das Grilas passa a ser incluido na lista, apresentando «as mais vantajosas condições de capacidade, situação geográfica e facilidade de comunicações» aliado ao facto de se encontrar em posse do Estado Português desde 1885, o que permitiria uma fácil cedência. A 22 de Dezembro de 1887 a referida comissão apresenta um relatório com a decisão final de localização para um orçamento toal de 630:000$000 réis (Idem, p. 38).

A cedência do espaço para a Manutenção Militar ocorre por via do Ofício de 8 de Fevereiro de 1889 expedido pela 2ª Repartição dos Próprios Nacionais sob o nº 37584 (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Santo Agostinho ao Grilo de Lisboa, , f. 1073). O termo de entrega da cerca do antigo convento é efectivado a 20 de Maio seguinte, perante a presença de José Madeira Abranches (Administrador do Concelho de Loures - antigo Concelho dos Olivais) de Jeronymo da Cunha Pimentel (Presidente da Direcção das Obras de Manutenção Militar), de Henrique da Silva Casquilho e do escrivão José Garcia da Cunha (ANTT, Idem, f. 1075-1076).

Sobre a instalação da Manutenção Militar no antigo Convento de Santo Agostinho e sua história, ver o estudo de caso intitulado A Manutenção Militar: de espaço religioso a complexo industrial ().

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Evolução urbana
O Convento de Santo Agostinho (ou das Grilas) implantou-se na zona oriental de Lisboa, junto a uma das principais vias de saída em direção a nascente. O contínuo viário formado pela Rua/Calçada de Santa Apolónia, Rua/Calçada da Cruz da Pedra, Rua da Madre de Deus, Rua Direita de Xabregas, Calçada/Rua Direita do Grilo, Rua Direita do Beato António tornou-se numa das principais áreas de implantação de novas casas religiosas entre os séculos XVI e XVIII, aí se localizando igualmente o Convento de Santa Apolónia (LxConv091), o Convento de Nossa Senhora da Porciúncula (ou dos Barbadinhos Italianos - LxConv055), o Convento de Santa Maria do Paraíso (LxConv111), o Convento de Santos-o-Novo (LxConv073), o Convento da Madre de Deus (LxConv074), o Convento de São Francisco de Xabregas (LxConv005), o Convento de Nossa Senhora da Conceição do Monte Olivete (ou dos Grilos - LxConv006), o Convento de São João Evangelista de Xabregas (LxConv006) e o Convento de Nossa Senhora da Conceição de Marvila (LxConv033). À semelhança de outras zonas da cidade onde o mesmo fenómeno ocorreu, esta vasta implantação de casas religiosas concorreu profundamente para o desenvolvimento urbano da área em estudo. No entanto, o facto de ser uma área não abrangida por qualquer levantamento cartográfico em período anterior a meados do século XIX não permite aferir, de forma mais baseada, como esta evolução ocorreu em períodos anteriores.

O convento apresentava uma localização bastante original e privilegiada relativamente aos demais da cidade, implantando-se junto ao rio, próximo ao chamado «Cais do Duque». Tal facto, associado ao de a Rua Direita do Grilo passar junto à fachada principal do convento, obrigou a que a casa religiosa tivesse a sua cerca num espaço fisicamente desligado do seu edifício. De modo a permitir um acesso direto das religiosas à sua cerca (e devido à pendente da sua cerca) foi construído um passadiço em arco sobre a via pública.

No início da década de 1850, o Convento de Santo Agostinho foi uma das casas religiosas da zona oriental da cidade a ter a sua cerca cortada pelo primeiro troço de caminho-de-ferro aberto em Portugal, que se inauguraria em Outubro de 1856, ligando Lisboa ao Carregado. Por essa ocasião as religiosas perderiam igualmente uma substancial parte da sua cerca, localizada a norte da linha.

As mais profundas alterações ocorrem entre o final do século XIX e o início do século XX, coincidindo com a extinção do convento e consequente demolição (quase) integral do edifício e aproveitamento do seu terreno para instalação da Manutenção Militar. De modo a que a instituição ganhe um substancial área de terreno e permita o uso efectivo do rio para receber as matérias-primas e escoar os produtos fabricados, é levado a cabo a execução de um aterro de grandes dimensões, que algumas décadas depois se revelaria fundamental para a consubstanciação de uma nova ligação viária entre o centro e a zona oriental da cidade. É também neste período que é regularizado o traçado da Rua Direita do Grilo (que igualmente se concretiza num ligeiro alargamento da via) e se abre a Rua da Manutenção do Estado (actual Rua da Manutenção Militar), uma nova via ligando a Rua de Xabregas à Manutenção Militar e assim providenciando um mais eficaz acesso às unidades fabris e de acondicionamento de produtos.

No início da década de 1940 ocorre o rasgamento da Avenida Infante D. Henrique, uma avenida marginal ao Rio Tejo que, ligando o centro à zona oriental da Lisboa, se torna a mais longa via da cidade. Como anteriormente referido, esta nova avenida aproveita parte dos terrenos do aterro, tendo a sua abertura retirado o acesso direto ao rio (pela primeira vez na história do Convento/Manutenção Militar). Em meados da década de 1990, o alargamento desta avenida (executado para melhorar os acessos ao recinto da Expo'98) retirou, de novo, parte do terreno sul da Manutenção Militar, obrigando inclusivamente à demolição de dois edifícios pré-existentes.

Passados quase 120 desde a instalação da Manutenção Militar, é possível perceber que os limites da cerca do Convento de Santo Agostinho aquando da sua extinção se mantêm inalterados, tendo-se adicionado a estes duas parcelas de terreno anteriormente pertencentes à Casa de Lafões. As principais alterações do tecido urbano ocorrem, portanto, do lado do rio, onde um aterro permitiu ganhar a este uma substancial parcela de terreno.

Caracterização arquitectónica
A demolição do Convento de Santo Agostinho no final do século XIX, obriga ao seu conhecimento unicamente por via de descrições a partir de descrições antigas ou de fotografias de final de oitocentos.

A descrição que Gonzaga Pereira faz no decorrer na década de 1830 é um pouco genérica, referindo que a planta do convento «hé bem distribuida, as capellas, o especáto hé muito grandiozo, e de cantaria muito bem lavrada, e de cores que faz maravilhozo effeito; o alçado prencipal nada offerece recomendavel neste importante ramo, e o lateral só tem de sufrivel hé a sua porta; a planta interna hé muito bem distribuida, e tem officinas todas bem deliniadas. Aponta para uma igreja cuja planta pode acomodar mais de 600 fieis [...], possu[indo] 3 capellas [...] o mais decentes possivel. [...] He ornada de quadros, os quaes se conservão com muito zello, e mostrão ser pinturas de André Gonsalves (isto he as mais mudernas), e as antigas são de Bento Coelho da Silveira [...]. As imagens são poucas, sendo entre ellas a mais insigne a de Nossa Senhora da Conceiçã» (PEREIRA, 1927, pp. 221-223).

Mais recentemente, em cerca de 1886, o processo relativo ao inventário de extinção do convento descreve um edifício composto por «trez pavimentos, um inferior e dois superiores, Egreja, Sachristia com uma casa contigua e adro, e uma pequena cerca com portas para o pavimento inferior do convento; é situado na rua Direita do Grillo, freguesia de São Bartholomeu, Concelho dos Olivaes, e confronta tudo pelo Norte com a referida pequena cerca, Sul e Nascente com o Tejo e poente com propriedade de casas pertencentes ao mesmo convento. A Igreja tem quatro altares e uma tea da Communhão, de ebanos com pilastas de marmore branco com mosaico de varios outros marmores, todos muito finos; teia que se reputa(?) de muito valor. Tem dezesseis quadros em tella com molduras douradas pregados na parede sendo dois na capella mór, representando, um as bodas de caná, o outro a multiplicação do pão; em por cima do commungatorio, representando a adoração ao Santissimo Sacramento, e treze nas capellas latraes e corpo da igreja, representando varios assumptos religiosos e alguns passos da vida de Santo Agostinho, entre os quaes de mencionar em particular os seguintes: Primeiro - A ?) do Santo a Cathecumeno; - Segundo - O Santo em menino recebendo liçõens de Santa Maria, sua Mãe; - Terceiro - O Santo na eschola; - Quarto - Baptismo do Santo; - Quinto - O Santo passeando na praia a pensar no mysterio da Trindade e o Anjo que n'esta circunstancia lhe apparecem; - Sexto - O Senhor Crucificado, Nossa Senhora, Santa Maria Magdalena e outra figura religiosa que não se pode bem definir; Setimo - Apparecimento de Nossa Senhora ao Santo; - Oitavo - O Santo levando os péz a Jesus que se lhe apresenta na figura d'um peregrino. Os cinco quadros restantes representam outros passos da vida de [...] Santo Agostinho. Os dezesseis quadros são grandes e se representam de valor, principalmente os tres primeiros, que são de superior valor. Por cima da cimalha da igreja estão collocados sete quadros, mais pequenos em tela tambem com molduras douradas, representando varios factos historicos da Ordem de Santo Agostinho. Por baixo do Convento existem duas gallerias subterraneas, e um armazem, que ao diante são mencionados» (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Santo Agostinho ao Grilo de Lisboa, Cx. 1985, , f. 0829-0832).

Inventário de extinção
ANTT, Ministério das Finanças, Convento de Santo Agostinho ao Grilo de Lisboa, Cx. 1985, http://digitarq.arquivos.pt/viewer?id=4224424

Com quase 1200 fólios, o processo de extinção do Convento de Santo Agostinho («edificado pela Rainha D. Luiza Francisca Maria de Gusmão, mulher d'ElRei D. João 4º, e por ella dotado com propriedade que comprou ao marquez de Sande, na qual o m.mo está situado, e com dinheiros provenientes de seu dote, e herança de seus maiores, e com rendim.tos q lhe pertenciam da Caza de Bragança, e do produto de suas árras, o q tendo era proprio e especial da mencionada Rainha» - f. 0036) é um dos maiores de entre os das extintas casas religiosas lisboetas.

A 9 de Julho de 1856 as freiras são autorizadas a venderem três armazéns que possuíam na Rua Direita do Grilo, de modo a poderem saldar parte do seu passivo (f. 0375-0405).

A 24 de Novembro de 1858, Manoel Jozé Fernandes Cicauro (Provisor e Vigário Geral Interino), encarregado pelo Decreto Patriarcal de 4 de Junho de 1857 e em execução do Decreto Régio de 2 de Maio do mesmo ano, autoriza a ida de Silvério Antão Barata Salgueiro (pároco da freguesia de São Nicolau) aos «Convento das Religiosas de Nossa Senhora Madre de Deos, Regrantes de Santo Agostinho em Chellas, Descalças de Santo Agostinho ao Grillo, e de Nossa Senhora da Conceição em Marvilla, acompanhando do Empregado da Fazendo para esse fim nomeado, e proceder ao inventário dos bens, rendas, dividas activas e passivas, e alfaias, e objectos preciosos dos ditos Conventos em conformidade do que se acha disposto nos sobreditos Diplomas e nas observações datadas de vinte e um de Julho do referido anno» (f. 0063).

A 15 de Fevereiro de 1859 foi iniciado o inventário dos bens de raiz do convento, estando presentes Silvério Antão Barata Salgueiro (Director da Curia Patriarcal, prior colado da freguesia de São Nicolau e Juiz Comissário do inventário; irmão de Adriano Antão Barata Salgueiro), o escrivão Francisco João Brady e, na grade do convento, Anna de Santo Agostinho (prioresa do convento). Como louvados, o inventário teve Luiz Pedro, Francisco Roiz da Piedade (ambos lavradores), Gregório de Oliveira (fazendeiro) Emilio Caetano Pinheiro (Carpinteiro), Francisco de Paula Pinheiro e Joaquim Eustaquio Pinheiro (ambos pedreiros). De entre os bens inventariados, constava o «edificio do Convento, que com as officinas delle, e com as Lojas q por baixo do mesmo estao em parte e no resto por baixo do adro da Igreja, com entrada pela rua direita do Grillo, com o numero de policia 28, para onde tem uma pequena casa de primeiro andar situada ao poente m.mo Convento, e com as lojas que tem a entrada pelo lado do nascente do mesmo edificio e uma pequena casa terra, para o mesmo lado, mas separada do edificio, que attendendo ao seu estado de conservação, e aos reparos que se tornão indispensaveis, e q foram occasianados pelo terramoto do dia 11 de Novembro do anno proximo passado [avaliado em 18:980$000] [...] e uma cerca q está situada em frente do edificio do Convento, entre a Rua Dir.ta do Grillo e a Rua ?, tendo comonicação com aquelles, p.lo ? q está sobre a Rua Direita, a qual consta de poço, 2 tanques d'alvenaria, terras de regadio e sequeiro, alguãs arvores de fruta de caroço, algumas oliveiras, e uma peq.na parreira», avaliada em 1:600$000. Constavam igualmente «cazas de prim.º andar, com frente pª a Rua Dir.ta do Grillo, com o numero de policia 25», outra propriedade de casas na Rua Direita do Grilo, nº 66-68, outra na Rua das Cabras, outra «sita na Praça de D. Pedro, em Lisboa, pª onde tem os n.os de policia de 99 a 103, e pª a Rua do Principe 12 a 16, q consta de Lojas, 3 andares e agoas furtadas» (e que não foi avaliada nesta ocasião «p falta de tempo», sendo-o em 11 de Março seguinte pelo valor de 17:470$00, quase tanto como o valor do edifício do convento) bem como um armazém com entrada pela Rua Direita do Grilo e uma propriedade de casas abarracadas com pequeno quintal próxima do convento (f. 0033-0041).

A 17 de Fevereiro seguinte foi assinado o termo de abertura do inventário dos foros do Convento, com a presença do juiz comissário do inventário, do mesmo escrivão e da madre prioreza do convento. Foram avaliados quatro itens, correspondendo a outros tantos foros nos concelhos dos Olivais, Arruda, Santarém e Torres Vedras (f. 0043-0047).

No dia seguinte e com a presença dos mesmos intervenientes, deu-se por aberto o inventário dos títulos do convento, correspondendo a quatro inscrições da Junta do Crédito Público (avaliadas em 1:650$000, rendendo um juro anual de 49$500), 5 padrões de tença (num total de 1:259$500) e um título de renda vitalícia no valor de 300$000 (f. 0049-0053).

A 8 de Abril, na presença dos três intervenientes dos anteriores inventários e de dois louvados [Antonio Ozorio de Campos e Silva (ourives do ouro) e Jozé Antonio da Costa (ourives da prata)] procedeu-se ao termo de abertura e encerramento do «inventário das alfaias e mais objectos preciosos», visto ter sido declarado pela prioresa do convento que «não havia outros objectos de ouro, ou prata, além do vazo sacramental q estava com as Sagradas Particulas, e um Calice de prata (o copo dourado) q não foram avaliados p estarem ao serviço, e q não tinhão outros paramento q não fossem os q estavão a uso diario os quaes todos eram já muito usados e de pequeno valor e p isso não mereciam dar-se a escripta» (f. 0057-0059).

Também datado de 8 de Abril de 1859, o mapa das dívidas existentes a 31 de Dezembro de 1856 dá conta que, apesar de não possuírem dívidas activas, existia um total de 14:577$120 em dívidas passivas, a maioria das quais a irmandades e a religiosas de outros conventos (nomeadamente de Arroios - Lxconv075) para «a edificação dos armazéns que possuirão», que foram pagas no decorrer do ano de 1856 com o dinheiro resultante da venda dos referidos armazéns (f. 0006). Existe igualmente os mapas da despesa (f. 0008-0017) e de bens/receitas do ano de 1856 (f. 0027-0029), bem como o mapa do pessoal do convento (f. 0022-0023), que permite perceber a existência de 15 freiras (com idades compreendidas entre 51 e 79 anos, sendo prioresa Anna de Santo Agostinho, professa em 1819), 6 pupilas (entre os 12 e os 37 anos) e 10 «empregados d'ambos os sexos no serviço interno e externo da comunidade».

A 3 de Outubro de 1862, João Filipe Minhava, Delegado do Tesouro, refere que o motivo porque as «propriedades [na Rua Direita do Grilo nº 66-68 e no Beco das Cabras] não obti[ver]am lanço em praça [...] [se deve ao] estado ruinoso dos predios e o valor elevado que lhes tinha sido dado, em razão das rendas dos mesmos; e com quanto estas sejão importantes, pois o primeiro andar do predio nº 66 a 68 rende 72.800 réis, e o do beco das cabras 34.800 reis, não fascinam os individuos que pretendem comprar bens, porque sabem que pelo estado de ruina das ditas propriedades, estas difficilmente resistirão a dous rigurosos invernos» (f. 0337-0338).

A 7 de Abril de 1864 é aberto o Auto de «Avaliaçam do foro de trinta alqueires de trigo e uma galinha, com laudemio de vintena [...] no logar de Camoudes, freguesia de Santo Quintino», concelho de Arruda - avaliado em 484$800 (f. 0919-0935).

Não havendo documentação referente ao período de mais de duas décadas, o documento cronologicamente subsequente reporta-se ao aviso régio de 24 de Dezembro de 1884, através do qual foi «concedida provisoriamente à associação de Santa Maria Magdalena a parte do edificio do convento que estava disponivel para o estabelecimento de um collegio, ou casa de abrigo para a rehabilitação do sexo feminino» (f. 1080).

A 19 de Março de 1885, por via do ofício nº 131, a Repartição de Fazenda do Distrito de Lisboa dá conhecimento de «que se acha[va] em perigo de vida a ultima freira do convento das Grillas [...] e podendo dar-se breve a vaga d'aquelle convento, e existindo n'elle valores que é necessario guardar, [pedia-se] [...] indica[ções sobre] as providencias [a] [...] tomar para evitar qualquer desvio que por ventura se p[udesse] dar entre a vaga e a ordem para proceder ao inventário dos bens ali existentes» (f. 1137).

As notícias estavam efectivamente correctas, tendo a última religiosa falecido três dias depois, a 22 de Março de 1885, e consequentemente sido posto em marcha o processo habitual que visava essencialmente evitar o «extravio de valores, titulos e objectos pertecentes a[o] convento [...], [a] collocação [d]as pupillas [existentes] [...], [a] arrecadação e administração dos bens e rendimentos [...] [(]nos termos das instrucções de 31 de maio de 1862[)] [...] [e a tomada de] posse do convento e respectivo inventário» (f. 1121-1124). Por ofício de 6 de Maio de 1885 foram remetidos ao delegado do tesouro do districto de Lisboa os inventários (de 1859) de bens de raiz, de foros, das alfaias e objectos precisos e de títulos de crédito público e particular.

A 20 de Maio é assinado o «Auto de Posse do edificio e mais bens de raiz [...] do Convento» por Antonio Augusto Villaça (administrador do Concelho dos Olivais), Henrique Francisco Bizarro (delegado do tesouro do distrito), do padre Theotonio José de Figueiredo e Costa (capelão confessor do Recolhimento dos Olivais, nomeado pelo Cardeal Patriarca para assistir ao inventário dos bens do convento) e do escrivão José Bernardo dos Anjos. Compreendia «o edificio do convento, com todas as suas officinas, que se compôe de Igreja, Adro e pequena cerca, com trez pavimentos, um inferior e dois superiores. É situado na Rua Direita do Grillo da referida Freguesia e confronta pelo Norte, com a referida rua, pelo Sul e Nascente com o Tejo e pelo Poente com cazas na mesma rua, que tem os numeros vinte cinco e vinte sete, e pertenciam as referidas religiosas. Por baixo deste Convento existem duas galerias subterranes e um armazem infra descriptos.

Uma morada de cazas situadas na mencionada Rua Direita do Grillo, com os numeros vinte cinco a vinte e sete, que se compôe de lojas e primeiro andar, confrontando pelo Norte, com a mesma rua, pelo Sul, com o Tejo, pelo Nascente, com o Adro da Igreja do Convento do Grillo, e pelo Poente, com cazas das referidas religiosas, que teem o numero vinte e oito para a dita Rua Direita do Grillo. Umas cazas na referida Rua Direita do Grillo, com o numero vinte e oito, que se compõe de lojas, sobrados e duas galerias subterraneas sobre postas, correndo de Nascente ao Poente, confinando por este lado com os armazens de Antonio Maria Bravo e Filhos e pelo Nascente até debaixo do Convento. Confronta todo est predio, pelo Norte com a Rua Direita do Grillo, pelo Sul, com a praia, pelo Nascente, com as cazas anteriormente descriptas com os numeros vinte cinco a vinte sete para a mesma Rua Direita de Grillo e pelo Poente com cazas de Antonio Maria Bravo & Filhos.

Um armazem subterraneo, que se compõe de quatro compartimentos (todas de baixo do convento já descripto) com porta para a Rua Direita do Grillo, tendo do lado esquerdo da entrada uma caza terrea e na frente um pequeno telheiro. Tem este armazem serventia para a praia do Duque com a qual confronta pelo Nascente.

Uma cerca (a cerca do Convento) na Rua Direita de Grillo, em frente do Convento e com este communicavel por uma fronte que atravessa a rua compondo-se, de terra para horta, com algumas parreiras e oliveiras, tendo poço d'agua nativa dois tanques e nora, com patêo á entrada, onde tem abogoaria(?) e uma pequena caza para cazeiro, e confronta pelo Norte, com a linha ferrea, pelo Sul, com a Rua Direita do Grillo, pelo Nascente com Fabrica de Sabão de Antonio Joaquim Rodrigues dos Santos e pelo Poente com cazas dos herdeiros de José Lourenço Duarte [...]» (f. 0496-0498). No mesmo documento também se menciona a questão da cedência de parte do edifício, elencando-se as dependências da parte do edifício cedido à Associação de Santa Maria Magdalena: «a caza chamada da enfermaria e mais um corredor, e outras duas cazas onde se devia fazer a serventia para fóra; trez cazas debaixo da dita enfermaria que são: uma cosinha, casa do confessionario e coro de baixo; uma escada de pedra que conduz outra vez ao primeiro andar e n'elle uma sala chamada de Nossa Senhora, Côro e ante-côro com serventia para a Cerca, da qual tambem lhe foi cedida uma parte; uma escada que conduz ao dormitorio de cima que consta d'um corredor com cellas e uma sala grande, e tambem lhes foi cedido um grande sotão a que chamão a casa dos oculos e de tudo tomarião posse segundo consta d'um termo datado de vinte e quatro de março d'este anno, assignado pelo Eminentissimo Cardeal Patriarcha e pelas Excelentissimas senhoras que fazem parte da Comissão da Associação. É contudo certo que do officio da Direcção Geral dos Proprios Nacionaes datado de seis(?) de Maio último, não consta (?) do edificio digo- que alem da parte do edificio lhes fosse concedida [...] a parte da cerca a que se refere a forma acima mencionada» (f. 04980-500).

A 23 de Maio, é assinado o Auto de Inventário dos títulos de crédito público, por Antonio Augusto Villaça (administrador do Concelho dos Olivais), do padre Theotonio José de Figueiredo e Costa (capelão confessor do Recolhimento dos Olivais, nomeado pelo Cardeal Patriarca para assistir ao inventário dos bens do convento) e do escrivão Diogo Gomes de Moura (f. 0511-0512). Foi inventariado um total de vinte e sete títulos (doze inscrições de assentamento, sete títulos do Banco de Portugal, cinco padrões, dois certificados provisórios de dívidas internas e um título de renda vitalícia), num total de 86:560$000 (f. 0511-0523). Dois dias depois foi apenso ao inventário «o documento da entrega, no Cofre Central do Ministério da Fazenda, dos titulos mencionados no mesmo documento, e recibo da entrega, na segunda repartição da Direcção Geral da Contabilidade, do título da renda vitalícia» (f. 0524).

Entre 10 e 22 de Junho de 1885 é elaborado, pelos três intervenientes atrás referidos, o «inventário dos bens de raiz e dos dominios directos», composto por cinco itens referentes a propriedades e três referentes a foros (em Santo Quintino, concelho de Arruda; freguesia de São Vicente de Paulo, concelho de Santarém; freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ponte de Rol, concelho de Torres Vedras - globalmente avaliados em 702$000 (f. 0836-0838).

O item nº 1 compreendia o «edificio do Convento, que se compõe de trez pavimentos, um inferior e dois superiores, Egreja, Sachristia com uma casa contigua e adro, e uma pequena cerca com portas para o pavimento inferior do convento; é situado na rua Direira do Grillo, freguesia de São Bartholomeu, Concelho dos Olivaes, e confronta tudo pelo Norte com a referida pequena cerca, Sul e Nascente com o Tejo e poente com propriedade de casas pertencentes ao mesmo convento. A Igreja tem quatro altares e uma tea da Communhão, de ebanos com pilastas de marmore branco com mosaico de varios outros marmores, todos muito finos; teia que se reputa de muito valor. Tem dezesseis quadros em tella com molduras douradas pregados na parede sendo dois na capella mór, representando, um as bodas de caná, o outro a multiplicação do pão; em por cima do commungatorio, representando a adoração ao Santissimo Sacramento, e treze nas capellas latraes e corpo da igreja, representando varios assumptos religiosos e alguns passos da vida de Santo Agostinho, entre os quaes de mencionar em particular os seguintes: Primeiro - A ?) do Santo a Cathecumeno; - Segundo - O Santo em menino recebendo liçõens de Santa Maria, sua Mãe; - Terceiro - O Santo na eschola; - Quarto - Baptismo do Santo; - Quinto - O Santo passeando na praia a pensar no mysterio da Trindade e o Anjo que n'esta circunstancia lhe apparecem; - Sexto - O Senhor Crucificado, Nossa Senhora, Santa Maria Magdalena e outra figura religiosa que não se pode bem definir; Setimo - Apparecimento de Nossa Senhora ao Santo; - Oitavo - O Santo levando os péz a Jesus que se lhe apresenta na figura d'um peregrino. Os cinco quadros restantes representam outros passos da vida de [...] Santo Agostinho. Os dezesseis quadros são grandes e se representam de valor, principalmente os tres primeiros, que são de superior valor. Por cima da cimalha da igreja estão collocados sete quadros, mais pequenos em tela tambem com molduras douradas, representando varios factos historicos da Ordem de Santo Agostinho. Por baixo do Convento existem duas gallerias subterraneas, e um armazem, que ao diante são mencionados.

[Eram as seguintes dependências, as que foram atribuidas à Associação de Santa Maria Magdalena para estabelecimento de um collegio ou casa de abrigo para penitentes:] A casa chamada da enfermaria e mais um corredor e outras duas casas aonde se ?) serventia para fora; tres casas de baixo da dita enfermaria, que são, uma cosinha, casa de confessionario e coro de baixo, - uma escada de pedra que conduz ao primeiro andar e (?) uma casa chamada da Nossa Senhora, com duas capellas, coro e ante coro com serventia para a cerca, da qual tambem foi concedida uma parte; uma escada que conduz ao dormitorio de cima que consta de um corredor com cellas em uma salla grande; tambem lhe foi concedido um quarto sotão a que chama o coro dos oculos; e tudo tomaram pose, como consta em um termo lavrado» (f. 0833).

Existe uma indicação na margem de página: «vide Pº 42097 Cedido ao Ministerio da Guerra, por despacho ministerial de 13 de maio de 1887 para servir de habitação ás filhas e viuvas dos officiaes que falleceram em defeza da patria; Esta concessão foi provisoria e com a clausula de reversão para a fazenda logo que o ospicio deixe de ter a applicação para que foi pedido» (f. 0829-0830).

O item nº 2 era «uma propriedade de casas de entrada na dita Rua do Grillo, com os numeros vinte e cinco e vinte e sete, onde residia o Capellão do Convento, que se compôe de lojas e primeiro andar; confronta do Norte com a cerca, sul com o Tejo, nascente com o adro da Igreja e do poente com outras casas, que pertenciam tambem ao Convento, que tem o numero vinte e oito para a dita Rua do Grillo« (f. 0833-0834).

O item nº 3 reportava-se a «outra propriedade de casas situada na mesma Rua Direita do Grillo, com o numero vinte e oito, que se compôe de lojas, sobrados e duas galerias subterraneas, sobre hortas correndo do nascente ao poente confinando por este lado com armazens de Antonio Maria Bravo e Filhos e pelo nascente até debaixo do Convento; comfronta toda a propriedade, pelo norte com a dita Rua Direita, sul com a praia, nascente com a outra propriedade de casas a acim descripta e pelo poente com casas de Antonio Maria Bravo e Filhos. Esta propriedade está arrendada por setenta e cinco mil reis cada semestre a Antonio Maria Bravo e Filhos» (f. 0833).

O item nº 4 era «um armazem subterraneo que se compôe de quatro compartimentos (todos de baixo do Convento) com porta para a Rua Direita do Grillo tendo do lado esquerdo da entraa uma casa terria, e na frente um pequeno telheiro; tem este armazem serventia para a praia do Duque, com a qual confronta pelo nascente. Este armazem está arrendado por duzentos mil e cem reis por cada semestre a João Augusto Pereira, de Lisboa» (f. 0834-0835).

O item nº 5 dizia respeito a «uma cerca (a Cerca do Convento) situada na Rua Direita do Grillo em frente do convento e communica com este por uma ponte que atravessa a dita rua; compondo-se de terra para horta com algumas parreiras e oliveiras; tem poço de agua nativa, dois tanques e nora; tem uma pequena casa para caseiro, com pateo; confronta pelo norte com a Linha ferrea, sul com a Rua Direita do Grillo, nascente com a Fabrica do Sabão de Antonio Joaquim Rodrigues dos Santos e poente com casas dos herdeiros de José Lourenço Duarte e herdeiros de Sampaio. Esta propriedade está arrendada por sessenta mil reis por cada semestre a Antonio Maria Bravo e Filhos (f. 0835-0836).

À excepção do primeiro, todos os itens anteriormente descritos terão sido «entregue[s] provisoriamente ao Ministerio da Guerra».

A 22 de Junho é elaborada, a descrição dos livros e papéis do cartório do convento, num total de 132 livros (18 livros de receita, 18 livros de despesa e 96 livros diversos - f. 0529-0560).

Entre 2 e 18 de Agosto é elaborado o inventário das pratas e mais objectos preciosos. Para além dos três intervenientes comuns à elaboração dos restantes inventários do convento, esteve presente Carlos Augusto dos Santos (avaliador e contraste com loja na Rua do Ouro, 161). Foram inventariados e avaliados 49 itens, num valor total de 359.510$00, sendo os mais valiosos «um thuribulo com a competente naveta e colherinha, de prata lavrada [...] pesando tudo mil sete centos trinta e tres gramas (item nº6, avaliado em 51.990$000 - um dos quatro itens deste inventário com indicação de terem sido entregues à Academia das Belas Artes) e uma custodia de prata dourada com pé triangular e haste redonda [...], em cujo cimo tem uma peça lavrada a cinzel [...] [pesando] a prata [...] mil e duzentas gramas» (item nº 1, avaliado em 45.000$000) - f. 0561-0576.

A 4 de Maio de 1886 é assinado um termo de entrega por depósito dos quatro itens a serem entregues à Academia das Belas Artes (f. 0576-0579).

A 25 de Agosto inicia-se a elaboração do «Inventário dos paramentos, alfaias, imagens e mais objectos relativos ao culto» (f. 0581-0656), contando como louvado com Joaquim Francisco Murteira (avaliador e contraste). Foi inventariado um total de 300 peças (139 paramentos, 66 imagens, 64 «relicários e mais objectos de culto» e 31 oratórios) no total avaliadas em 3:325$920. Os itens com avaliação mais elevada foram «um paramento de damasco de seda branca tecido a outro, guarnecido com franjas e galões de ouro fino, comprehendendo uma casula com a competente estola e manipulo; duas dalmaticas com dois manipulos e uma estola, tudo forrado de seda branca e em bom estado; e uma bolsa para corporaes» (item nº1, avaliado em 150$000), «um frontal de damasco branco tecido a ouro, guarnecido com galão e franja de ouro fino, forrado de linhage roxa, medindo de comprimento tres metros aproximadamente, e em bom estado» (item nº9, avaliado em 80$000), «um paramento de damasco de seda encarnado, com as faxas tecidas a outro, guarnecido com galões e franjas de ouro» (item nº 14, avaliado em 80$000), «uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, de tamanho natural, de madeira estofada» (item nº 187, avaliada em 90$000) e «uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, orago da igreja, de tamanho natural, de madeira estofada» (item nº 217, avaliada em 80$000). Este inventário e avaliação são dados como concluídos a 19 de Setembro seguinte (f. 0656-0657).

A 21 de Maio de 1886 é assinado o termo de entrega por depósito «das chaves da [...] igreja, tal como se acha descripta no respectivo inventario [...] assim dos mais objectos pertencentes ao culto, constantes do respectivo inventario [...], excepto os objectos (?) pela Commissão das Bellas Artes de Lisboa» (três objectos - um paramento e duas imagens) - f. 0657-0660.

O «inventário da mobilia, louças, utensilios domesticos e mais objectos diversos» (f. 0719-0826) tem início a 1 de Outubro de 1885 na presença dos três habituais intervenientes e de Joaquim Francisco Musteira, avaliador e constraste. Numa primeira fase (até 18 de Outubro) foram inventariados 298 itens, sendo os restantes 319 inventariados de 02 de Dezembro de 1885 até 12 de Abril de 1886. No total foram descritos 617 itens [131 móveis diversos, 94 armários e cómodas, 87 itens respeitantes utensílios de cozinha (alguns compreendendo mais do que um objecto), 48 itens respeitantes a jarras (alguns compreendendo mais do que um objecto), 45 cadeiras, 28 arcas e caixas, 20 alcatifas, 65 itens respeitantes a louças (alguns compreendendo mais do que um objecto), 20 itens respeitantes a tabuleiros (alguns compreendendo mais do que um objecto), 7 itens respeitantes a «cestos, cabazes, açafates, etc.» (alguns compreendendo mais do que um objecto), 7 itens respeitantes a barricas (três deles compreendendo mais do que um objecto), 61 itens respeitantes a «vários objectos e madeiras» (alguns deles compreendendo mais do que um objecto) e 1 orgão («fechado em armario, em sofrivel estado de conservação, de madeira de vinhatico, com ferragens amarellas, tendo oito registos, sendo os tubos de madeira e metal, e o fole de alavanca»)] avaliados globalmente em 1:005$530. De entre estas centenas de objectos destaca-se «um grande arcaz de madeira de páo Santo, medindo de frente cinco metros e dezesseis centimetros aproximadamente; todo entalhado, com ornatos embutidos, (?) molduras, tanto no corpo inferior do movel como no seu coroamento, o qual tem na parte central dois nichos, e dos lados dois espelhos fixos emoldurados no movel. Tem nove gavetas grandes com escudetes e argolas de metal amarello, e doze pequenas com ferragens do mesmo metal» (item nº 240, avaliado em 300$000). 18 destes objectos foram entregues à Academia de Belas Artes.

A 17 de Dezembro de 1885 é elaborado o «Inventário de todos os quadros encontrados» (f. 0661-0691), tendo já nessa altura José Madeira Abranches substituido António Augusto Villaça no cargo administrador do concelho dos Olivais. Na condição de louvado esteve presente Manuel Victor Rodrigues («architecto histórico»). Inventariaram-se e avaliaram-se 147 quadros e gravuras (124 pertencentes ao convento e 23 à igreja) num valor total de 5:702$650. No respeitante aos itens do convento, percebe-se uma existência maioritária de peças de pouco valor, com as quais contrastam um pequeno conjunto de outras mais valiosas (a avaliação dos nove itens mais valiosos corresponde a mais de 85% da total). De entre estes, as maiores avaliações foram o «quadro grande em tela, representando a refeição de Jeus Christo ministrada pelos Anjos depois do jejum dos quarenta dias« (avaliado em 200 mil réis), os dois «quadro[s] grande[s] em tela representando Jesus Christo coroando as freiras» (itens nº 24 e nº 36, avaliados em 120 mil réis e 60 mil réis) e o «quadro (no cubiculo do Noviciado) em tela, representando Nossa Senhora brindando as freiras» (item nº 59, avaliado em 60 mil réis) .

Ao invés, os 23 quadros da igreja são avaliados em quase 5:000$000, destacando-se «os dois quadros em tela na capella mór com molduras douradas pregadas na parede, representando, um as Bodas de Caná; o outro a multiplicação do pão. [...] Escola de Bento Coelh» (item nº 125, avaliados em 500$000 cada), um «outro quadro grande em tela (tambem escola de Bento Coelho) pregado por cima do Commungatorio, com moldura dourada, representando a Adoração ao Santissimo Sacramento» (item nº 126, avaliado em 500$000).

Este inventário é dado como concluído a 30 de Março de 1886 (f. 0690-0691).

A 3 de Junho de 1887 assina-se o termo de entrega «por depósito á Auctoridade Ecclesiastica dos quadros que representam assumptos religiosos» (f. 0130) por José Madeira Abranches (administrador do concelho de Loures), Diogo Gomes de Moura (encarregado da feitura do inventário), Theotónio Jozé de Figueiredo Costa (capelão do Recolhimento dos Olivais, nomeado pelo Cardeal Patriarca de Lisboa), perante duas testemunhas [Francisco Carvalho Nogueira (oficial do exército) e José Marçal Pereira (criado de servir)] - f. 0129-0131.

De 28 de Dezembro de 1885 a 22 de Junho de 1886 é elaborado o «inventário de todos os livros encontrados» (f. 0693-0717), pelos três habituais intervenientes e Luiz Carlos Rebello Piedade, conservador da Biblioteca Nacional, «nomeado pelo administrador para avaliador dos livros» (f. 0695). Foram inventariados e avaliados 99 livros, num valor total de 71$800.

Os foros do convento são avaliados no decorrer do primeiro semestre de 1886:

A 15 de Março é elaborado o «Auto de avaliação d'um foro de trinta alqueires de trigo (ou 396, litros) e uma galinha, imposto e uns predios na freguesia de Arranhó», por Alfredo Baldamio(?) de Seabra (administrador do concelho), Pedro Duarte de Castro (escrivão da fazenda), Rafael Joaquim Ferreira, António Arthur da Cunha e Joaquim Teixeira de Lemos Júnior (louvados) - f. 0861-0878.

A 30 de Março é aberto o auto de avaliação de um foro na freguesia de São Vicente do Paulo, termo de Santarém - avaliado em 241$500 (f. 0899-0913).

A 5 de Junho é aberto o auto de avaliação de um domínio directo no «logar da Ponte do Rol, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, termo da villa de Torres Vedras», avaliado em 144$620 (f. 0895-0897).

No mesmo mês de Março, a Direcção da Associação de Santa Maria Magdalena reclama o facto de as «suas protegidas [não poderem] ouvir missa por estar fechada a Igreja do extincto convento, e os vasos sagrados (que são de infimo valor) terem sido retirados pelo empregado da fazenda, que procede ao inventario, constando à Direcção que os objectos de prata se acham arrecadados na Casa da Moeda. [...] [Nesse sentido, a instituição pede que] pelo Ministerio da Fazenda seja ordenado ao delegado do thesouro que as chaves da Igreja lhe sejam confiadas, ficando a direcção responsavel pelas imagens, que houver na Igreja, e pelos vasos sagrados, paramentos e alfaias indispensaveis para o culto, a exemplo do que se tem feito com outras Associações de Caridade, como aconteceu com a Igreja dos Cardaes de Jesus, na Rua Formosa, séde do Asylo das Cégas» (f. 1099).

A 6 de Maio de 1887 o Director Geral da Secretaria de Estados dos Negócios da Guerra envia uma missiva ao Director Geral dos Próprios Nacionais pedindo a cedência do edifício para o fim a que havia sido destinado: «tendo sido entregue a este Ministerio o pavimento terreo do Convento dos Grilos, para ser ali arrecadado material de guerra ultimamente adquirido no estrangeiro, e sendo indispensavel que egualmente seja cedida a parte restante do aludido edificio a fim de lhe ser dada a applicação para que, em tempo fôra solicitado o extincto convento de Sta Anna, isto é, para servir de habitação ás filhas e viuvas dos officiais que faleceram em defesa do paiz e que não legaram a suas familias meios alguns de subsistência» (f. 1077-1078). A 28 de Maio seguinte a entrega provisória do edifício é finalmente concedida (f. 1143-1144).

Entre 5 e 12 de Julho de 1887, no edifício do extinto Convento de Santo Agostinho e na presença de José Madeira Abranches (administrador do concelho de Loures - o concelho dos Olivais havia entretanto sido extinto e parte do terreno incorporado no de Loures) e do escrivão José Rodrigues de Mello, procedeu-se à «venda em almoeda dos moveis pertencentes ao refferido convento, e que consta[va]m do respectivo inventário». Foram vendidos mais de uma centena de objectos, que renderam um total de 353$465 (f. 0237-0279). Ainda assim, a 9 de Julho, a 2ª Repartição Geral dos Próprios Nacionais dá conta de que, entre os móveis em venda alguns possuiam «avaliação exagerada e por isso não te[ndo] tido comprador, [pelo que] ped[iu] por isso que se auctorise o abatimento no preço da avaliação» (f. 1007).

Entre 20 e 27 de Agosto no edifício do extinto Convento de Santo Agostinho e na presença de Domingos António Pereira (administrador substituto do concelho de Loures) e do escrivão José Rodrigues de Mello, procedeu-se à «continuação da venda em hasta pública dos moveis pertencentes ao refferido convento, e que consta[va]m do respectivo inventário». Venderam-se algumas dezenas de objectos, que renderam um total de 143$050 (f. 0237-0316).

Entre 5 e 7 de Setembro no edifício do extinto Convento de Santo Agostinho e na presença de Domingos António Pereira (administrador substituto do concelho de Loures) e do escrivão José Rodrigues de Mello, procedeu-se à «continuação da venda em hasta pública dos moveis pertencentes ao refferido convento, e que consta[va]m do respectivo inventário» - cerca de uma dezena de objectos que renderam um total de 15$300 (f. 0319-0330).

A 7 de Setembro é assinado o termo de entrega por depósito «ao Inspector da Academia das Bellas Artes, para serem provisoriamente arrecadadas no Museu Nacional das Bellas Artes e ali serem expostas ao publico» um conjunto de objectos descritos nesse documento (f. 1083-1090). E a 26 de Setembro é assinado um «termo de entrega por depósito ao Eminentissimo Prelado, representado pelo Reverendo ecclesiastico encarregado de assistir aos actos do [...] inventário de [1859] [...] objectos comprehendidos no inventário da mobília» (f. 0133-0142).

Já depois da tomada de posse do edifício, a 12 de Janeiro de 1888 a Secretaria de Estado dos Negócios de Guerra dirige uma carta ao Ministro da Fazenda mencionando a questão da horta do convento, cuja tomada de posse ainda não se havia concretizado por estar arrendada até 31 de Dezembro seguinte. Assim, e visto ter sido posto em praça o arrendamento da horta, solicita o cancelamento do mesmo (f. 0489).

O processo de extinção inclui parte da correspondência trocada em 1888 e 1889 entre a Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça e a Direcção Geral dos Próprios Nacionais relativa ao processo de secularização da igreja (f. 0423-0452):

Através do ofício nº 44674, de 5 de Setembro de 1888, a Direcção Geral dos Próprios Nacionais solicita ao «ministerio dos negocios ecclesiasticos e de justiça a profanação da igreja do supprimido convento de Santo Agostinho, vulgo do Grillo, e mandou-se ao director da repartição de fazenda de Lisboa que tomasse as providencias que tivesse por convenientes a fim de salvaguardar os valores e preciosidades ali existentes. Solicitou-se mais d'aquelle ministerio a auctorização para que individuo competente podesse ir levantar a planta da mesma igreja» (f. 0431).

No dia seguinte a Repartição da Fazenda do Districto de Lisboa pede que, face ao exposto, sejam tomadas «com urgencia todas as providencias [...] convenientes afim de salvaguardar os valores e preciosidades existentes na Igreja ao supprimido convento de Santo Agostinho, ao Grillo» (f. 0441).

Em carta da Secretaria de Estado dos Negócios Eclesiásticos e de Justiça, de 7 de Setembro de 1888, é dada conta de «que n'esta data foram solicitadas ao Exmo Cardeal Patriarcha de Lisbôa ao providencias necessarias para ser promptamente facilitada a entrada na Egreja do extincto convento de religiosas de Santo Agostinho (aos Grillos) d'esta cidade, ás pessoas que, para a realisação da planta do novo edificio que há de construir-se, ali se apresentarem» (f. 0439).

A 11 de Setembro, o Conselheiro Director Geral da Direcção Geral dos Negócios Eclesiásticos não se mostra particularmente favorável à ideia da secularização da igreja, pois considera que «estando depositadas n'aquella egreja em caixão proprio, as cinzas da Rainha Dona Luiza Francisca de Gusmão, a profanação d'aquelle templo, antes d'ellas serem d'ali trasladadas, seria uma grave irreverencia [...] E [...] muito conviria que aquella egreja, uma das mais bellas das que ficaram dos extinctos conventos d'esta cidade, fosse conservado para os exercicios do culto religioso» (f. 0435).

A 8 de Fevereiro de 1889 é assinado um Decreto Régio pedindo a «profanação da Igreja» (f. 0427), o qual merece, a 22 de Fevereiro, resposta de Jacinto Eduardo de Brito Seixas (Conselheiro Director Geral dos Negócios Ecclesiásticos) na qual afirma que a igreja já se encontrava profanada «já há muito tempo, mórmente depois que os restos mortaes da Illustre Rainha, a Senhora Dona Luiza de Gusmão foram d'ali trasladados para o jazigo Real de São Vicente. = É agora urgente que pelo Ministerio das Obras Publicas sejam ali enviadas alguns empregados, que apêem as imagens que estão nas capellas, e os quadros que se acham ornando as paredes do templo, a fim de serem conduzidos com outros objectos de culto pelos mesmos empregados para esta minha residencia de São Vicente de Fora» (f. 0427)

A 1 de Março seguinte é assinado o auto de posse da Igreja para a Fazenda Nacional (f. 0459).

O processo de secularização do templo terá caído no domínio público, avolumando-se por isso os pedidos de entrega de elementos e objectos de culto a ele pertencentes.

No entanto, já algum tempo antes, a 4 de Julho de 1887, o Arcebispo de Mitilene (cargo à época era habitualmente concedido ao bispo-auxiliar que desempenhava as funções de vigário-geral do patriarca de Lisboa) havia pedido «que, dos objectos pertecentes ao convento de Santo Agostinho, no Grillo, annunciados para venda no dia [seguinte] [...], se retir[ass]em os pertecenetes ao culto, a fim de serem entregues á junta de parochia da freguesia de S. Bartholomeu do Beato. [...] Entre os objectos de uso profano annunciados para venda h[avia] alguns pertencentes ao culto, taes com alcatifas, jarras, castiçaes etc, objectos que se torna[va]m precisos para o culto na egreja de S. Bartholomeu do Beato» (f . 0479-0487).

A 7 de Dezembro do mesmo ano, o Cardeal Patriarca de Lisboa dá conhecimento à Direcção Geral dos Próprios Nacionais que «alguns altares fixos e outros ornatos [da Convento das Grilas] [...] muito conviriam á Igreja de Alhandra, a cuja reparação se está procendendo» (f. 0475), indagando a possibilidade da cedência dos referidos elementos. Em resposta datada de 21 de Dezembro, o mencionado organismo refere que o edifício tinha sido entregue ao Ministério da Guerra («como consta do Pº 42097»), pelo que seria conveniente consultá-lo a esse respeito.

No entanto, é a partir do início efectivo do processo da «profanação da Igreja» que se denota uma maior urgência nos referidos pedidos de entrega de elementos pertencentes ao templo:

A 25 de Outubro de 1888, a Mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento da freguesia de Santa Catarina, pede a concessão de «uns altares de pedra marmore, e respectivas urnas dos mesmos, doze quadros, teia da egreja, pias de pedra para agua benta, e outros objectos antigos, e que pelo gosto artistico devem ser cuidadosamente conservadores, por que representam glorias passadas [...] para o sumptuoso templo de Santa Catharina onde podem estar expostas com o aceito devido» (f. 0371).

No mesmo sentido, a 5 de Novembro, «a Junta de Parochia da freguesia de São João Baptista da Villa de Alhandra, Concelho de Vila Franca de Xira, constando-lhe que vai ser demolida a Egreja do extincto convento das Grillas ped[iu que lhe fossem] concedidas as cantarias, altares e entre elles o Altar Mór, teia e todos os mais objectos necessarios ao Culto, para serem aproveitados na reedificação da Egreja Matriz d'esta Villa» (f. 0367). Por Decreto de 20 de Dezembro de 1888 (publicado no Diário do Governo nº 299, de 31 de Dezembro de 1888 - f. 0361) são lhe concedidos os mármores do Convento de Santo Agostinho, subsistindo no entanto, em Fevereiro seguinte, a «dúvida se a concessão abrange todos os marmores que haja no edificio do convento e na igreja, ou somente os d'esta e que consistem nas pilastras do retabulo do altar mór, compostas de marmores de varias cores, formando mosaico, onde estão pintadas as armas da rainha fundadora, unicos que ali existem e ao que [...] parece susceptiveis de se poderem tirar» (f. 0359-0360).

A 1 de Março de 1889 é assinado um termo de entrega à «Junta de Parochia da Freguesia d' Alhandra, concelho de Villa Franca de Xira de [...] sete quadros curvilinios, - oito ditos que guarnecem as paredes do corpo da egreja, todos pintados a oleo, revestidos de grandes molduras de talha dourada, com ornamento largo, representando a vida de Santo Agostinho - Duas capellas que estão nos angulos do cruzeiro da egreja, com camarim e ornamentação dourada, - Uma capela do Santissimo com um quadro revestido de moldura talha dourada, representando Jesus Christo cruxificado, - cinco quadros pintados a oleo revestidos de grande moldura de talha dourada, sendo um d'elles maior e curvilinio, representando a adoração do Santissimo, cujo quadro se acha assignado por Bento Coelho, - Dois grandes quadros pintados a oelo com molduras de talha dourada sendo um representando as bodas de Canáa e outro os peixes e o pão, - O altar mór composto de camarim, Throno e retabulo, sendo os pilares d'este de differentes mármores, formando mosaico com as armas pintadas, da Rainha fundadora, - Um pulpito com ornamentações douradas, quatro que estão na parede do fundo da egreja, duas que estão por cima das portsa, da entrada para a sachristia e para o camarim do alta mór e as outras duas que estão por cima dos altares situado nos angulos do cruzeiro da egreja, - Um arcaz de carvalho e um armario de madeira do Brazil que estão na Sachristia da igreja e finalmente os marmores que revestem(?) as paredes interiores da egreja e que forem de facil extracção» (f. 0461-0462). À referida junta foram imputadas «as depesas de extracção e remoção do que se lhe concede» (f. 0462).

A 23 de Março é assinado o termo de entrega «ao Cabido Administrador da Sé Cathedral de Lisboa, da têa com balaustres de ébano e pedestaes de cantaria de diversas côres formando mosaico com ornadas e armas do convento em marmores de diversas côres, que existe» na igreja do Convento de Santo Agostinho (f. 0455).

Não obstante, a 8 de Agosto seguinte, a Junta da Paróquia de Alhandra refere, por carta, que ainda não lhe havia sido possível arrancar os mármores do corpo da igreja «em consequencia da pressa que há em remover para ali farinhas(?) do Estado, esperamos para que futuro quando seja demolida a Igreja os podermos mandar arrancar afim de não [lhes ser] desapossa[do] o que [lhes fora] concedi[do]» (f. 1055).

A 8 de Março de 1889, o Cardeal Patriarca de Lisboa assina um documento no qual se refere que «as lampadas [...] [dever-se-iam] reservar para o Recolhimento dos Olivais, uma [e] tambem os castiçaes e crucifixos dos altares, se não estiverem já concedidos. O commungatorio ficará reservado para o Recolhimento dos Olivaes» (f. 0457), dando ainda indicação para que se cobre recibos de tudo.

No início de 1889, a «Junta de Parochia da Freguesia de Santo Eustaquio do Logar d'Alpiarça, muito respeitosamente, [...] ped[e] [...] para a sua nova Egreja, os sinos existentes nos extintos Conventos das Grilas, e da Esperança, da Cidade de Lisboa, encorportados na Fazenda Nacional, a teia altares e mais objectos aproveitaveis existentes na Egreja e Convento da Esperança, incluindo tres altares no topo da casa do Coro de cima do referido convento»(f. 0453). Nesse sentido, e seguindo determinações do Decreto de 24 de Janeiro de 1889, a 1 de Março seguinte é assinado, por José Madeira Abranches (administrador do concelho de Loures) e pelo escrivão José Garcia da Cunha, um termo de entrega à Junta da Paróquia da Freguesia de Alpiarça «de dois sinos sendo um d'elles pequeno que estavão na torre [do convento] [...] com a clausula de serem os ditos sinos destinados á sua egreja, não podendo terem outra aplicação» (f. 0353-0355).

Concluindo, a carta redigida pela Repartição de Fazendo do Districto de Lisboa, datada de 18 de Janeiro de 1888, permite perceber as dinâmicas das cedências dos espaços: «ao edificio do supprimido convento de religiosas, ao Grillo [...] estavão annexos os seguintes predios: um armazem subterraneo, que andava arrendado a João Augusto Pereira; a casa nº 28 com duas gallerias subterraneas, que tambem andavam arrendadas a Bravo & F.os; a casa chamada do Capellão e a cerca chamada de fóra. Pouco depois da suppressão do convento foi mandada entregar ao Ministerio da Guerra - a parte disponivel do mesmo convento, incluindo os armazens subterraneos - Off.os de 26 de Outubro de 1885. Pr.os 38925 e 37584, de 7 e 14 de Novembro do mesmo anno, ambos com o Nº 39008, em virtude do que se lhe fez entrega, alem dos armazens do pavimento terreo do edificio do convento, única parte d'elle então disponivel.

Por officio de 24 de Maio do anno proximo findo, Pr. 42097, se communicou o despacho de 13 do mesmo mez, concedendo provisoriamente ao mesmo ministerio a totalidade do edificio do supprimido convento, incluindo a parte que por Aviso Regio de 24 de Dezembro de 1884, fôr concedida á Associação de Santa Maria Magdalena; em virtude do que se fez entrega de todo o resto do edificio propriamente dito.

Cessando no fim do anno ultimo os arrendamentos, a que desde a suppressão do convento se havia de procedido, da casa do capellão, casa e gallerias subterraneas e da cerca, annunciou-se o novo arrendamento dos mesmos predios para o corrente anno, não se realisando senão o arrendamento da cerca, por parte do Ministerio da Guerra se apossaram tambem da casa do capellão e da casa e gallerias subterraneas, exigindo dos rendeiros as respectivas chavas, que eles individamente intregaram» (f. 1061-1063).

O tema da cedência do espaço para a Manutenção Militar é apenas brevemente aflorado neste processo de extinção, referindo-se que essa cedência ocorre por via do ofício de 8 de Fevereiro de 1889, expedido pela 2ª Repartição dos Próprios Nacionais sob o nº 37584 (f. 1073).

O termo de entrega da cerca do antigo convento ocorre a 20 de Maio seguinte, na presença de José Madeira Abranches (Administrador do Concelho de Loures - antigo Concelho dos Olivais) de Jeronymo da Cunha Pimentel (Presidente da Direcção das Obras de Manutenção Militar), de Henrique da Silva Casquilho e do escrivão José Garcia da Cunha (f. 1075-1076).

Cronologia


c. 1850 À semelhança de outros conventos da zona oriental de Lisboa, a cerca do Convento de Santo Agostinho é truncada pelo primeiro troço de caminho-de-ferro aberto em Portugal, que se inauguraria em Outubro de 1856 com a ligação entre Lisboa e o Carregado. Por essa ocasião as religiosas perderiam igualmente uma substancial parte da sua cerca, localizada a norte da linha.
c. 1995 Alargamento da Avenida Infante D. Henrique. Parte do terreno sul da Manutenção Militar foi perdido, obrigando à demolição de dois edifícios.
1663 | 1665 Fundação do Convento de Santo Agostinho, de religiosas Agostinhas Descalças.
1706-08-28 Conclusão da construção da igreja do convento.
1734 As religiosas contraem um empréstimo de 3000 cruzados para continuarem as obras do convento.
1830-03-02 No resumo das consultas especiais da Junta do Melhoramento elaborado no âmbito do «Plano e Regulamento das Ordens Regulares» determinado pelo Decreto de 7 de Setembro de 1829, é referido que o Convento das Grilas tem 29 freiras e 5:785$810 réis de renda. Segundo a Junta, o convento «deve subsistir» embora seja encessário averiguar sobre a dívida passiva de 16 contos.
1834-05-30 É decretada a extinção de todas as casas religiosas masculinas das Ordens regulares e a nacionalização dos seus bens. As comunidades femininas mantêm-se mas ficam impedidas de emitir votos.
1858-11-24 Silvério Antão Barata Salgueiro (pároco da freguesia de São Nicolau) é nomeado pelo Vigário Geral Interino para proceder aos inventários dos bens, rendas, dívidas activas e passivas, alfaias e objectos preciosos dos conventos da Madre de Deus, de Chelas, das Grilas e de Marvila.
1859-02-15 Início do inventário dos bens de raiz do convento. O convento é avaliado em 18:980$000 e a cerca em 1:600$000.
1859-02-17 Inventário dos foros do convento (4 foros nos concelhos dos Olivais, Arruda, Santarém e Torres Vedras.
1859-02-18 Inventário dos títulos do convento, correspondendo a 4 inscrições da Junta do Crédito Público (avaliadas em 1:650$000, rendendo um juro anual de 49$500), 5 padrões de tença (num total de 1:259$500) e um título de renda vitalícia no valor de 300$000.
1859-04-08 Inventário das alfaias e mais objectos preciosos e inventário das dívidas passivas. O mapa de pessoal do convento refere a existência de 15 freiras (com idades compreendidas entre 51 e 79 anos), 6 pupilas (entre os 12 e os 37 anos) e 10 empregados de ambos os sexos para o serviço interno e externo da comunidade.
1861-04-04 Lei sancionando o Decreto de Cortes de 28 de Março de 1861, que estabelece os termos em que deve proceder-se à desamortização dos bens eclesiásticos. O artº 11º refere que «Todos os bens que, no termo d´esta lei, constituírem propriedade ou dotação de algum convento que for supprimido na conformidade dos canones, serão exclusivamente aplicados á manutenção de outros estabelecimentos de piedade ou instrucção e á sustentação do culto e clero». E que uma lei especial regulará esta aplicação.
1862-05-31 Decreto que regula a execução do artigo 11º da Lei de 4 de Abril de 1861. Inclui as instruções «sobre a administração e rendimento dos conventos de religiosas suprimidos».
1884-12-24 Aviso Régio através do qual são concedidas provisoriamente à Associação de Santa Maria Magdalena algumas dependências do convento, para nelas se instalar um colégio, ou casa de abrigo do sexo feminino.
1885-03-22 Morre a última religiosa professa e o convento é extinto.
1885-05-06 Os inventário de 1859 são remetidos ao delegado do Tesouro do distrito de Lisboa.
1885-06-22 Inventário dos livros e papéis do cartório do convento, num total de 132 livros (18 livros de receita, 18 livros de despesa e 96 livros diversos).
1885-08-02 | 1885-08-18 Inventário das pratas e mais objectos preciosos.
1885-08-25 | 1985-09-19 Inventário dos paramentos, alfaias, imagens e mais objectos relativos ao culto.
1885-10-01 | 1885-10-18 Primeira parte do inventário da mobília, louças, utensílios domésticos e mais objectos diversos.
1885-10-26 Ofício relativo à entrega da parte disponível do antigo Convento de Santo Agostinho ao Ministério da Guerra.
1885-12-02 | 1886-04-12 Continuação do inventário da mobília, louças, utensílios domésticos e mais objectos diversos.
1885-12-17 | 1886-04-30 Inventário e avaliação de todos os quadros encontrados no convento (147 quadros e gravuras - 124 pertencentes ao convento e 23 à igreja).
1885-12-28 | 1886-06-22 Inventário e avaliação dos 99 livros encontrados no convento.
1886-03 A Associação de Santa Maria Magdalena solicita ao Ministério da Fazenda que lhe sejam confiadas as chaves da igreja para que as suas protegidas possam ouvir missa.
1886-03-15 | 1886-06-05 Autos de avaliação dos foros do convento.
1886-05-04 Termo de entrega (por depósito) de alguns objectos preciosos à Academia das Belas Artes.
1887-05-28 Cedência provisória do antigo edifício conventual para residência das filhas e viúvas dos oficiais que morreram em defesa do país e que ficaram sem meios de subsistência.
1887-07-03 Termo de entrega dos quadros de temática religiosa à Autoridade Eclesiástica.
1887-07-04 O Arcebispo de Mitilene solicita que os objectos do culto religioso que vão ser postos à venda no dia seguinte (jarras, castiçais, etc.) sejam entregues à junta da paróquia da freguesia de São Bartolomeu do Beato.
1887-07-05 | 1887-07-12 Venda em almoeda de vários objectos pertencentes ao convento (valor arrecadado - 353$465).
1887-07-05 | 1887-07-07 Fase final da venda em hasta pública dos moveis pertencentes ao convento (valor arrecadado - 15$300).
1887-08-20 | 1887-08-27 Continuação da venda em hasta pública dos móveis pertencentes ao convento (valor arrecadado - 143$050).
1888-07-19 Promulgação da proposta de lei de 4 de Maio de 1888, relativa à criação da Manutenção Militar.
1888-11-05 A Junta de Paróquia da freguesia de São João Baptista, em Alhandra (concelho de Vila Franca de Xira), solicita que lhe sejam concedidas as cantarias, altares, teia e outros objectos da igreja do antigo Convento de Santo Agostinho, para serem utilizados na reedificação da igreja matriz da vila.
1888-25-10 A Mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento (freguesia de Santa Catarina) pede a concessão de uns altares de pedra mármore, quadros, pias de pedra para água benta, etc., para serem expostos na Igreja de Santa Catarina.
1889-01 Início das obras de instalação da Manutenção Militar. Ao longo dos 3 anos seguintes é construído o edifício destinado à padaria, são demolidas as alas do convento, a cerca é terraplanada e é construído o aterro.
1889-01-24 Decreto concedendo à junta de paróquia de Alpiarça (Almeirim) os sinos do convento e à junta de paróquia do Olival (Vila Nova de Ourém) os objectos da igreja que sobrarem da concessão feita à junta de paróquia de Alhandra.
1889-03-01 Assinatura do termo de entrega à Junta de Paróquia da freguesia de Alhandra de várias peças pertencentes à igreja conventual: vários quadros a óleo a vida de Santo Agostinho, um quadro a óleo representando a adoração do Santíssimo (assinado por Bento Coelho), o altar-mor e os mármores que revestem as paredes interiores do templo e que forem de fácil extração, etc..
1889-03-01 Auto de posse da Igreja por parte da Fazenda Nacional.
1889-03-23 Assinatura do termo de entrega, ao Cabido da Sé de Lisboa, da teia com balaustres de ébano e pedestais de cantaria de diversas cores pertencente à Igreja do Convento de Santo Agostinho.
1889-05-20 Termo de entrega da cerca do Convento de Santo Agostinho à Manutenção Militar.
1890-12-19 Apresentação do programa da instalação da Manutenção Militar, com base nas conclusões prestadas pelas comissões de estudo.
1891-03-19 Para que possa prosseguir a obra dos quarteis na cerca do convento é decretada a expropriação por utilidade pública de uma propriedade particular na Rua das Grilas, 22-23 e de outra no Beco das Cabras.
1898-06 Apresentação de uma proposta de obras a executar no ano económico 1898-1899, de modo a concluir o processo de instalação da Manutenção Militar.
1915 | 1916 Construção de novas instalações para depósito de farinha e pão e depósito de carnes fumadas e salgadas, tendo-se ampliados os edifícios da casa das máquinas e da fábrica da bolacha.
1917 | 1918 Ampliação da fábrica das bolachas, dos depósitos dos géneros, da casa das caldeiras e da casa das máquina, tendo-se construído de raiz o matadouro e uma oficina de automóveis.
1921 | 1922 Construção de um novo e amplo edifício na parte sul da parada do quartel e junto do Beco do Grilo.
1925 | 1926 Início das obras de construção do desvio do caminho-de-ferro e de novos armazéns junto a este desvio. A Manutenção Militar adquire a Quinta de Lafões, situada a norte da linha férrea.
1929 Ampliação do desvio da linha férrea; construção do transportador aéreo, do laboratório-museu, do túnel de passagem para a Quinta de Lafões.
1929 | 1930 Modificação e ampliação das oficinas da sede, que passam a estar reunidas num só edifício.
1931 Modificações no refeitório das praças e no edifício principal.
1931 | 1932 Compra de outra parcela da Quinta de Lafões, situada a nascente da antiga cerca conventual e onde, ao longo do século XIX, existiu uma fábrica de sabão.
1932 | 1933 Construção da estação de incêndios, da dependência destinada aos serviços de engenharia, médicos e veterinários, bem como dos refeitórios para operários e operárias.
1933 Colocação do relógio eléctrico na fachada do edifício principal.
1935 Construção de novas oficinas, depósitos (para água e óleos) e lavandaria, tendo-se procedido igualmente à iluminação de alguns dos arruamentos.
1938 Construção de frigoríficos e depósitos subterrâneos; remodelação integral da padaria e reparação da moagem.
1945 Criação de uma escola profissional no recinto da Manutenção Militar.
1953 Construção de um amplo depósito para géneros e com mais 40 tanques para azeite (atingindo-se assim um total de 116 tanques, com uma capacidade total de 1 milhão de litros). Remodelação da fábrica de pão.
1956-11-19 Início do funcionamento, nas instalações da Manutenção Militar, da delegação nº 9 do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos.
1957 | 1959 Construção de um bloco social (Decreto nº 41351, de 8 de Novembro de 1957), abrangendo três setores: um infantário, uma creche e uma escola primária para 120 alunos, dotada de biblioteca e de dois recreios; uma cozinha, copa e refeitório com capacidade para 550 pessoas; um cine-teatro com capacidade para mais de 600 lugares.
1970 | 1979 Construção dos grandes silos.

Fontes e Bibliografia


Material gráfico

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Distribuição de usos em 1854.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Distribuição de usos em 1856.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Implantação em 1911.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Implantação em 1950.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Implantação em 1970.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Implantação em 2014.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa - Planta de localização.

Cartografia

[Enquadramento urbano | Convento de Santo Agostinho de Lisboa, 1834].

[Enquadramento urbano | Convento de Santo Agostinho de Lisboa, 2015].

FOLQUE, Filipe; - [Carta Topográfica de Lisboa e seus arredores, 1856/1858]. 1:1000. 65 plantas; 92 X 62,5cm, Plantas 9 (Junho 1858) e 16 (Setembro 1858).

Instituto Geográfico Cadastral; - [Planta da Cidade de Lisboa,1950]. 1/1000. 238. MP 4100 (1C) a MP 4343 (16 U).

[Levantamento altimétrico da cidade de Lisboa, 1871]. 65 plantas (?).

PINTO, Júlio António Vieira da Silva; - [Levantamento da planta de Lisboa, 1904/1911]. 1: 1000. 249 plantas; 80 X 50cm, Plantas 14J (Fevereiro 1909), 14K (Novembro 1908) 3 15K (Outubro 1908).

Manuscrito

[Consultas da Comissão Eclesiástica da Reforma]. [Manuscrito]1822-1823. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério dos Negócios Eclesiásticos e Justiça, Maço 268, n.º 4, Caixa 214.

Inventário de extinção do Convento de Santo Agostinho de Lisboa ao Grilo. [Manuscrito]. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério das Finanças, Convento de Santo Agostinho de Lisboa ao Grilo, Cx. 1985.

Monografia

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Electrónico

Manutenção Militar [Consult. 17-11-2015].

Manutenção Militar [Consult. 17-11-2015].

Periódico

Diário do Governo, 1º Série, nº 253. [8 de Novembro de 1957].

MONTEIRO, Patrícia Alexandra R. - Efeitos do Terramoto de 1755 nos Conventos de Lisboa: os casos dos conventos de Sant´Ana e de Nª Sraª da Conceição de Agostinhas Descalças (Grilas). Olisipo - Boletim do Grupo Amigos de Lisboa. Lisboa. II Série, nº 22/23, janeiro/dezembro 2005, pp. 50-61.

Material Fotográfico


Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | |Fachada norte. DPC_20140403_016.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Fachada norte. DPC_20140403_007.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Demolição da Ala Oeste. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_20_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Fachada norte. DPC_20140403_009E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Fachada norte. DPC_20140403_002E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior| Manutenção Militar | Zona sul | Fachada sul. DPC_20140403_068.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Edifício principal | Piso térreo. DPC_20140403_022E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul |Edifício principal | Piso térreo. DPC_20140403_028E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Edifício principal | Piso térreo. DPC_20140403_038E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Edifício principal | Zona habitacional | Escada. DPC_20140403_050E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de moagem. DPC_20140403_073.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | | Silos. DPC_20140403_069.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Piso dos Moinhos. DPC_20140403_077.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Piso dos Moinhos. DPC_20140403_079.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Piso dos Moinhos. DPC_20140403_086.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Piso dos triores. DPC_20140403_099E.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Topo dos Silos de recepção. DPC_20140403_108.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de Moagem | Piso dos Moinhos. DPC_20140403_124.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul. DPC_20140403_132.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul. DPC_20140403_141.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de pão. DPC_20140403_148.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Manutenção Militar | Zona sul | Padaria Velha. DPC_20140403_152.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2014.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Armazens. ECML_20150629_116.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Armazens. ECML_20150629_120.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul. ECML_20150629_123.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul. ECML_20150629_124.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Armazens. ECML_20150629_124.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Armazens. ECML_20150629_126.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Armazens. ECML_20150629_127.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona sul | Fabrica de pão. ECML_20150629_131.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Messe de graduados e Refeitório militar. ECML_20150629_003.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Armazem do Azeite. ECML_20150629_005.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Armazem do Azeite | Depósitos. ECML_20150629_010.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Armazem do Azeite | Depósitos. ECML_20150629_012.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Armazem do Azeite | Depósitos. ECML_20150629_042.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Armazem do Azeite | Depósitos. ECML_20150629_034.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Edifício de serviços. ECML_20150629_049.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Câmaras frigoríficas. ECML_20150629_050.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Plataforma ferroviária. ECML_20150629_051.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Plataforma ferroviária. ECML_20150629_058.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Garagem / Armazéns de apoio. ECML_20150629_064.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Garagem / Armazéns de apoio / Bloco Social. ECML_20150629_066.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Cinema. ECML_20150629_070.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Cinema. ECML_20150629_076.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Cinema. ECML_20150629_081.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social. ECML_20150629_084.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social. ECML_20150629_086.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social. ECML_20150629_087.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Jardim infantil. ECML_20150629_093.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Jardim infantil. ECML_20150629_096.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social | Jardim infantil. ECML_20150629_091.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Bloco Social / Garagens. ECML_20150629_098.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Acesso ao túnel. ECML_20150629_100.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Zona norte | Túnel de acesso à Quinta de Lafões. ECML_20150629_102.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Manutenção Militar | Portão da entrada Norte. A73483.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada norte. MNL_100-G_nº189.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho de Lisboa | Exterior | Fachada Norte. MNL_100-G_n-º193.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada nascente. MNL_100-G_n-º191.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada poente. MNL_100-G_0187.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada poente | Portal da Igreja. MNL_100-G_0188.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada sul. MNL_100-G_nº192.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada sul. MNL_100-G_nº190.
© CML | DMC | Gabinete de Estudos Olisiponenses.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Ala Oeste | Vista do pátio. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_19_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Demolição do 2º andar da ala nascente. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_22_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Ala nascente. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_23_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Demolição da ala poente. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_24_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada norte | Demolição do Arco. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_26_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachaada norte. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_31_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Exterior | Fachada sul | Ala poente. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_34_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Tecto da enfermaria. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_33_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Escada principal | Brazao de armas. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_35_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.

Convento de Santo Agostinho | Interior | Tecto de uma das salas do 1ª andar. ADVRL_FAM_FCP_E_A_001_36_m0001.
© Arquivo Distrital de Vila Real.


Inventariantes


Tiago Borges Lourenço - 2015-11-18
Última atualização - 2020-06-04


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 Data: 2024-03-29