Da cidade sacra à cidade laica. A extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX

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Designação
Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz

Código
LxConv015

Morada actual
Estrada da Luz

Sumário
Por via do Alvará de 25 de março de 1697, foi permitido a Nuno Barretto Fuzeiro e a sua mulher a instituição de um convento na sua quinta localizada no sítio da Luz, junto a Carnide. As religiosas terão entrado no convento pouco depois, vindas, numa primeira fase, do Convento da Madre Deus e posteriormente dos conventos de Santa Brígida e de Nossa Senhora do Crucifixo. Com o edifício totalmente destruído pelo Terramoto de 1755, as religiosas viram-se na contingência de se abrigarem temporariamente na sua cerca e em casas arrendadas para o efeito. Em 1766, e já depois da expulsão da Companhia de Jesus de Portugal, instalaram-se definitivamente no antigo Noviciado jesuíta das Missões da Índia de São Francisco Xavier, a Arroios. Mantiveram, até à extinção do seu cenóbio, em junho de 1890, a posse dos terrenos da Luz e edifícios aí existentes.

Caracterização geral


Ordem religiosa
Ordem da Imaculada Conceição, Jurisdição diocesana

Género
Feminino

Fundador
Nuno Barreto Fuzeiro

Data de fundação
1697-03-25

Data de demolição
1755-11-01

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual

Tipologia de uso
Inicial - Religioso\Mosteiro ou Convento

Caracterização actual


Situação
Convento - Demolido(a)

Descrição


Enquadramento histórico
Nuno Barreto Fuzeiro, e sua mulher Dona Maria Pimenta, igualmente nobres, por favor da natureza, e pios por privilegios da Graça, pela magoa de lhes faltarem hum filho, e huma filha, nos quaes desejavão estabelecer a sua casa, cuidárão logo na Fundação de outra, em que melhor segurassem os enteresses do Ceo. Possuião estes nobres Cavalheiros huma excellente quinta com similhantes casas no sitio da Luz, e nellas intentárão fundar hum Mosteiro, dedicado á Conceição purissima da Senhora. (BELÉM, XIII, 1755, p. 10). Não obstante a existência de fontes que referem que já estava capaz de ser habitado em 1694 (CONCEIÇÃO, 1740, p. 162), os seus intentos foram concretizados apenas a 25 de março de 1697, altura em que um alvará lhe permite a instituição de um convento, tendo para o efeito convert[ido] as suas cazas em Igreja e Mosteyro (PORTUGAL e MATOS, 1974, p. 53). Por escritura de 25 de agosto de 1699, o casal doa todos os seus bens para serem aplicados às despesas do convento (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz a Arroios de Lisboa, , f. 0046).

A história deste convento é rica em contradições, começando pela própria data de fundação do convento, não consensual entre as diversas fontes do século XVIII: na terceira parte da sua Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves datada de 1755, Frei Jeronimo de Belém afirma que concluida a fábrica do edificio, e dotado o Mosteiro pelos devotos Fundadores, no anno de 1699. entrárão as primeiras Mestras deste espiritual edificio, que são as seguintes. Por Abbadessa a Madre Soror Ignez Maria do Espirito Santo; e por sua Vigária, e Mestra de noviças a Madres Soror Maria Magdalena da Cruz, ambas do nosso Mosteiro da Madre de Deos [LxConv074], que com lagrimas, e mutuo sentimento de saudades, se despedirão da sua Communidade. As duas Religiosas de Santa Brigida Inglezas [LxConv026], entrárão, huma para Porteira mór, e outra para Sacristãa. Em hum Sabbado 7. de Septembro do anno referido fizeram a sua entrada, acompanhadas de muitas Senhoras da Corte; a qual estando determinada na quarta feira antecedente a 4. do mesmo mez, se transferio para aquelle dia, pela resistencia, que mostrou a nova Abbadessa em sahir do seu Mosteiro. [...] Concluida a função com muito gosto, e applauso de todos, no dia sette de Septembro, ficou o Mosteiro na sujeição Ordinaria, e delle tomou posse o Eminentissimo Cardeal Souza, Arcebispo de Lisboa. A Madre Soror Ignez Maria do Espirito Santo, primeiro Abbadessa do Mosteiro da Luz, depois de exercitar o seu officio sette annos, com grandes creditos da sua virtude, prudencia, e zelo da observancia religiosa, pela falta de saude, largou o governo, e com sua companheira se retirou para o seu Mosteiro em 4. de Septembro de 1706 (BELÉM, XIII, 1755, pp. 11-12).

Por seu turno, na História da Fundação do Real Convento do Santo Christo das Capuchinhas Francesas, escrita pouco antes (em 1748), José Barbosa refuta informações similares às anteriormente transcritas (nomeadamente as que Agostinho de Santa Maria fornece no Santuário Mariano) ao afirmar que as Fundadoras entrarão nelle em 25 de Agosto de 1706, dia em que sahirão do seu amado Convento do Santo Crucifixo [LxConv093], para darem principio á dezejada fundação, o que se fez com grande pompa de armação, e de concurso de gente. Erão as Fundadoras a Madre Maria Magdalena do Sepulcro para Abbadessa, a Madre Jacinta da Madre de Deos para Vigaria, e Mestra das Noviças, e a Madre Catharina Maria do Lado para Porteira (BARBOSA, 1748, p. 193). Esta tese é igualmente admitida, uma década depois, por Maria Benta do Céu, em Jardim do Ceo, Plantado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Cidade de Braga (CÉU, 1766, pp. 38-39).

Apesar de não ser claro qual das fontes se aproxima mais da realidade, a coincidência de datas poderá indicar que as três religiosas capuchinhas francesas possam ter entrado no convento não para o fundar mas na sequência do seu abandono pela sua primeira abadessa, o que é integralmente corroborado por Frei Cláudio da Conceição (CONCEIÇÃO, 1740, p.163).

A vida conventual encontrava-se regrada por um documento intitulado Constituiçoins para as relligiosas Capuchas descalças de Nossa Senhora da Conceição da Luz, resumidas por João Dias Vicente (VICENTE, 1975, pp. 134-138).

O Convento foi profundamente danificado pelo Terramoto de 1755, de sorte que as Relegiozas nunca sahirão dos lemites da sua cerca, e depois de passarem nella os rigores do seguinte inverno vendo imposivel outra commodidade, detreminaram recolher se em humas moradinhas de cazas que alugavam, onde ainda que com muito aperto e grande discomodo observam o seu rigorozo instituto dando a todas hum singular exemplo (PORTUGAL e MATOS, 1974, p. 54). Não obstante se ter dado principio a alguns alicerces de hum bom regular convento (Idem), as religiosas não mais aí retornaram, tornando o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz numa das casas religiosas de Lisboa que menos anos de utilização teve. Em 1766, as religiosas instalam-se definitivamente no antigo Noviciado jesuíta das Missões da Índia de São Francisco Xavier, daí em diante designado por Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz em Arroios (LxConv075), onde permaneceram durante mais de um século (até 1890). Durante esse período mantiveram a posse da propriedade da Luz, arrendando os edifícios aí existentes.

Evolução urbana
Sobre Carnide, escreve em 1751 o Padre Luiz Cardoso: He [lugar] antiquissimo, e delle achamos lembrança pelos annos de 1394; outros lhe dão ainda muito mayor antiguidade, pois o fazem do tempo, que os Mouros possuihão estas terras. Consta o Lugar, e Freguesia de duzentos e dezanove visinhos. A sua situação he pela mayor parte em campina: goza de ares salutiferos (CARDOSO, II, 1751, p. 448).

A (quase total) falta de descrições sobre o edifício bem como de cartografia da época cubrindo a freguesia de São Lourenço de Carnide, dificulta a aferição exata da localização da implantação do convento em estudo. Os raros dados nesse particular existentes em fontes de época permitem apenas compreender que se localizaria em local pouco distante do lugar do Carnide (CÉU, 1766, pp. 38-39), fronteiro do Convento dos Religiosissimos Padres da Ordem Militar de Christo, chamado de N. Senhora da Luz [LxConv013] (CONCEIÇÃO, 1740, p. 162).

Os diversos livros da Décima da Cidade de Lisboa que contemplam a freguesia de São Lourenço de Carnide (que, iniciando-se apenas em 1762 já não reportam ao convento mas à quinta onde este originalmente se localizaria), limitam-se a referir a propriedade das freiras da Conceição como a primeira da Frontaria da Rua Direita vindo de Lisboa pelo lado direito. Ainda em posse das religiosas, a descrição da propriedade feita no decorrer do inventário elaborado em 1861 marca os limites da quinta, que corresponderiam aos da primitiva cerca do convento: confrontando pelo Norte com a rua dos Gallegos [atual Rua do Seminário], Sul com a estrada da Luz, Nascente com a Travessa das Bruxas [atual Travessa da Luz], e Poente com o largo da Luz (ANTT, Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz a Arroios de Lisboa, , f. 426). Esta marcação é integralmente corroborada pela descrição feita em 1914 por José Baptista Pereira, pároco de Carnide, e que se constitui como uma das raras (se não a única) da implantação exata do convento: [Na Estrada da Luz] á esquerda de quem vae para Lisboa ficava o convento de recoletas de Nossa Senhora da Conceição, do qual ligeiros vestigios se conservam. O frontispicio e entrada nobre eram pelo Largo da Luz, e proximo lhe ficava o cruzeiro do convento de Christo. Corria o convento das freiras pela estrada até um recanto, onde está incrustada hoje uma oficina de ferrador (PEREIRA, 1914, p. 337).

Assumindo que os oitocentistas limites da quinta das religiosas correspondem integralmente aos da cerca do convento (como parece ter acontecido), é possível afirmar que apenas no século XX a área foi modificada. Ainda no decorrer do século XVIII existiam já no terreno algumas construções, maioritariamente existências pré-terramoto, desconhecendo-se se os alicerces de hum bom regular convento (MATOS e PORTUGAL, 1974, p. 54) mencionados nas memórias paroquiais de 1758 foram ou não aproveitados. Na desamortisação dos bens dos extinctos conventos, foi comprado todo o terreno por quatro individuos, sendo seu maior comprador o sr. Joaquim Bernardes Branco, que tem a cerca e moradas de cazas, que ali se levantam, umas de novo, outras, como as que serviam de morada dos capellães do convento da Conceição, restauradas, conservando-se ainda por debaixo d'estas ultimas um dos tanques, que serviam de deposito ás aguas que regavam a horta do dicto mosteiro (PEREIRA, 1914, p. 277). Ainda assim, e com base na diferente cartografia do local da primeira metade de novecentos, é possível perceber que o terreno se manteve totalmente intocado até, pelo menos, à década de 1950. No decorrer das décadas de 1960 e/ou 1970, o terreno da antiga quinta foi integralmente urbanizado, surgindo nesse contexto o rasgamento da Rua Conselheiro José Silvestre Ribeiro. Simultaneamente, e por via a permitir o alargamento e regularização do traçado da Estrada da Luz, o terreno perdeu simultaneamente uma significativa parte da sua área, junto ao Largo da Luz.

Caracterização arquitectónica
Desconhecem-se descrições pormenorizadas ou desenhos do convento, existindo no entanto menção ao altivo cuidado com que se fez a sua construção: ornaram os Fundadores a nova Igreja com belíssimas imagens, ricos castiçais, lâmpadas, e vasos, de prata, e dourados, vistosos ornatos de flores de seda, e vasos de porcelana, cortinados mui ricos, e todo o Templo tão perfeitamente ornado, que em tudo pareceu fundação Real. (CÉU, 1766, pp. 38-39). Vítor Serrão refere que em 11 de Setembro de 1708, o mestre ladrilhador Valentim da Costa foi encarregado de revestir a nave da igreja do Convento [...] com azulejos de brutesco. O caderno de encargos desse mestre impõe que o revestimento seja feito com «azuleijo de brutesco do milhor que se fizer em Purtugal pintado por Antonio de Oliveira» (SERRÃO, 2012, p. 189).

Cronologia


1697-03-25 Alvará concedendo autorização a Nuno Barretto Fuzeiro para instituir um convento na sua quinta no sítio da Luz, freguesia de São Lourenço de Carnide.
1699 Vindas do Mosteiro da Madre de Deus, as Madres Soror Ignez Maria do Espirito Santo e Soror Maria Magdalena da Cruz terão fundado nesse ano o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz.
1699-08-25 Escritura de doação, por Nuno Barreto Fuzeiro e sua mulher, D. Maria Pimenta da Silva, de todos os seus bens para serem aplicados nas despesas do convento.
1702-12-26 Morte do fundador do convento, que nele é sepultado.
1706 Três religiosas do Convento do Santo Crucifixo - Maria Madalena do Sepúlcro, Jacinta da Madre de Deus e Catarina Maria do Lado - saem para o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz.
1708-09-11 O mestre ladrilhador Valentim da Costa foi encarregado de revestir a nave da igreja do convento com azulejos de brutesco.
1755-11 | 1766 As religiosas abrigam-se inicialmente na sua cerca, transitando temporariamente para umas casas arrendadas para o efeito. M
1755-11-01 O convento fica profundamente arruinado em consequência do terramoto.
1766-07-10 As religiosas da Ordem da Imaculada Conceição mudam-se para o edifício do antigo Noviciado das Missões da Índia de São Francisco Xavier (LxConv075), que passa a denominar-se Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz em Arroios.
1890-06-10 Morre a última religiosa professa da Ordem da Imaculada Conceição e o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz em Arroios é suprimido, passando a posse da Quinta da Luz para a Fazenda Nacional.

Fontes e Bibliografia


Cartografia

Instituto Geográfico Cadastral; - [Planta da Cidade de Lisboa,1950]. 1/1000. 238. MP 4100 (1C) a MP 4343 (16 U).

Instituto Geográfico Cadastral; - [Planta da Cidade de Lisboa,1970/1983]. 1/1000.

PINTO, Júlio António Vieira da Silva; - [Levantamento da planta de Lisboa, 1904/1911]. 1: 1000. 249 plantas; 80 X 50cm, Planta 6P (Fevereiro 1908).

Manuscrito

Décima da Cidade, livro de prédios Freguesia de São Lourenço de Carnide: 1764 até 1833. [Manuscrito]Arquivo Histórico do Ministério das Finanças. DC211P até DC248P.

Inventário de extinção do Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz a Arroios de Lisboa. [Manuscrito]. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério das Finanças, Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz a Arroios de Lisboa, Cx. 1952, f. 0426-0427.

Livro 2º de consultas, decretos e avisos de D. José I. [Manuscrito]10 de Março de 1751 a 21 de Abril de 1752. Arquivo Municipal de Lisboa.

Livro 2º de consultas, decretos e avisos de D. José I. [Manuscrito]10 de Março de 1751 a 21 de Abril de 1752. Arquivo Municipal de Lisboa.

Monografia

BARBOSA, José - Historia da Fundação do Real Convento do S. Christo das Religiosas Capuchinhas Francesas, Vidas das Suas Fundadoras, e de algumas Religiosas insignes em virtudes. Lisboa: Officina de Francisco Luís Ameno, 1748.

BELEM, Fr. Jeronymo de - Chronica Serafica da Santa Provincia dos Algarves da Regular Observancia de Nosso Serafico Padre S. Francisco [...], Parte Terceira. Lisboa: Mosteiro de S. Vicente de Fora, 1755, Livro XIII, Cap. IV.

CARDOSO, Luiz - Diccionario geografico, ou noticia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reynos de Portugal, e Algarve, com todas as cousas raras [...], Tomo II. Lisboa: Regia Officina Sylviana, 1757, pp. 448-449.

CASTRO, João Bautista de - Mappa de Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luis Ameno, tomo terceiro, parte V, 1763.

CEO, Maria Benta do - Jardim do Ceo, Plantado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Cidade de Braga. Lisboa: Officina de Manoel Coelho Amado, 1766.

CONCEIÇÃO, Fr. Cláudio da - Gabinete Histórico que sua Magestade Fidelissima, o Sr. Rei D. Miguel [...] oferece. Desde Janeiro de 1755 a Dezembro de 1758, Tomo XIII. Lisboa: Impressão Régia, 1829, p. 73.

CONCEYÇÃO, Fr. Apollinario da - Claustro Franciscano, Erecto no Dominio da Coroa Portuguesa e estabelecido sobre dezeseis venerabilissimas columnas. Expoem-se sua origem, e estado presente. Lisboa Occidental: Na Offic. de Antonio Isidoro da Fonseca, 1740, pp. 162-163.

COSTA, Padre António Carvalho da - Corografia Portugueza e Descripçam Topográfica do Famoso Reyno de Portugal [...]. Lisboa: Na Officina Real Deslandesiana, tomo terceyro, 1712.

MACHADO, Diogo Barbosa - Bibliotheca Lusitana. Historica, Critica, Cronologica. Lisboa: Officina de Ignacio Rodrigues, tomo III, 1752.

PORTUGAL, Fernando; MATOS, Alfredo de - Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa. Lisboa: Publicações Culturais da Câmara Municipal de Lisboa, 1974, pp. 53-54.

SERRÃO, Vítor - O "brutesco nacional" e a pintura de azulejos no tempo do Barroco (1640-1725). Um Gosto Português. O uso do azulejo no século XVII. Lisboa: MNAz/Babel, 2012.

Periódico

PEREIRA, José Baptista - Memórias de Carnide. O Instituto: Revista Scientifica e Literária, Volume 61º. Coimbra: Imprensa da Universidade. 1914.

VICENTE, João Dias - Conhecer o Passado Franciscano é Ajudar a Compreender o Presente. ALMA, número 234, Ano LXVIII. Abril 1975.

Inventariantes


Tiago Borges Lourenço - 2016-02-24


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 Data: 2024-12-12