Da cidade sacra à cidade laica. A extinção das ordens religiosas e as dinâmicas de transformação urbana na Lisboa do século XIX

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Designação
Convento de Corpus Christi

Código
LxConv080

Outras designações
Convento de Corpus Christi de Lisboa; Convento do Santíssimo Sacramento; Convento do Sacramento; Convento dos Torneiros

Morada actual
Rua dos Fanqueiros, 113-149; Rua de São Nicolau, 2-16; Rua dos Douradores; 50-94; Rua da Vitória, 1-11

Sumário
O antigo Convento de Corpus Christi de Religiosos Carmelitas Descalços situa-se na Baixa de Lisboa, ocupando a totalidade de um quarteirão da malha pombalina. Tem a sua origem numa Ermida fundada por D. Luísa de Gusmão em 1648, em agradecimento por o rei D. João IV ter escapado a um atentado que teria lugar durante a procissão de Corpus Christi, na qual o rei se incorporava. Em 1661 doou-a aos frades para aí construírem um convento. Aquando da sua morte em 1666, foi sepultada na igreja, e trasladada para o Convento das Grilas apenas em 1713, conforme era a sua vontade.

O Terramoto arruinou fortemente a zona central da cidade, em especial a freguesia de São Nicolau onde se localizava o convento, conforme se descreve nos relatos contemporâneos. A reedificação do convento obedeceu criteriosamente ao Plano aprovado em 1758, tendo os religiosos solicitado que lhes fosse adjudicado um quarteirão situado no local da antiga igreja, o que foi autorizado.

Em Agosto de 1833 o convento foi mandado desocupar, sendo extinto em 14 de Abril de 1834, e posteriormente vendido em 1835. Presentemente, o quarteirão mantém a estrutura da reconstrução quer no que se refere à parte conventual, quer à própria igreja, exemplar notável de um templo de planta centralizada integrado na quadrícula pombalina, sendo a alteração mais significativa a substituição do portal da igreja por três portas no piso térreo e outras três no 1º andar, retomando o ritmo das janelas do coro que se mantiveram.

Caracterização geral


Ordem religiosa
Ordem dos Carmelitas Descalços

Género
Masculino

Fundador
D. Luísa de Gusmão - Iniciativa régia

Data de fundação
1648-09-28

Data de extinção
1834-04-14

Autoria
Teodósio de Frias - Arquitecto, Edificação inicial.
Remígio Francisco de Abreu - Arquitecto, Reconstrução pós Terramoto de 1755.

Tipologia arquitetónica
Arquitetura religiosa\Monástico-conventual
Arquitetura civil de habitação\Prédio de rendimento

Componentes da Casa Religiosa - 1834
Convento
Claustro
Pátio
Igreja

Caracterização actual


Situação
Convento - Existente
Igreja - Existente

Ocupação
Devoluto(a)
- Devoluto(a)

Acesso
Convento - Privado\Condicionado
Igreja - Privado\Condicionado

Disposições legais
Monumento de Interesse Público; Portaria nº 628/2013

Descrição


Enquadramento histórico
A igreja do Convento de Corpus Christi na Baixa de Lisboa foi "o primeiro e mais importante monumento brigantino ao Santíssimo Sacramento e à Restauração" (GOMES, 2001, p. 247), mas difundiu-se a ideia de que já não existiria, nem o respectivo convento, o que felizmente se veio a verificar não ser verdade.

Podemos definir de forma esquemática três etapas na sua evolução: 1) a da fundação por D. Luísa de Gusmão; 2) a da reconstrução após o terramoto; 3) e as alterações iniciadas com a sua extinção e venda em hasta pública, mas que preservaram no essencial a igreja e o convento reedificados até aos dias de hoje.

O convento tem a sua origem na ermida fundada pela rainha D. Luísa de Gusmão em 28 de Setembro de 1648, em agradecimento por o rei D. João IV ter escapado a um atentado nesse mesmo local, quando por ali passava integrado na procissão de Corpus Christi, e "dedicou-se este Templo ao Santíssimo Sacramento pelo prodigioso sucesso, que sucedeu nas casas, que se derrubaram para o edificar, no mesmo dia do Corpo de Deus, quando se faz a procissão geral da Cidade" (COSTA, III, 1869, p. 308). Estava situada na Rua dos Torneiros, na proximidade da Igreja de São Nicolau, na zona mais central da Lisboa antiga, como se ilustra no levantamento efectuado em 1719 por Manuel da Maia.

Em 1661 a rainha doou a capela à ordem dos Carmelitas Descalços para aí fundarem um convento que perpetuasse e assinalasse a protecção divina à dinastia dos Braganças, tendo contribuído também com dinheiro para comprar outras casas contíguas para o convento. Mas "aos 26 de Fevereiro de 1666 pelas onze horas da noite morreu a Senhora Rainha D.ª Luísa Padroeira deste Real Convento de 'Corpus Christi', & aos 27 a enterraram no dito Convento, aonde esteve alguns anos em um magestoso Mausoléu da Parte do Evangelho, & por alguns inconvenientes que havia, ordenou o Senhor Rei D. Pedro seu filho que se trasladasse para debaixo do Sacrário" (Idem). Esteve assim sepultada nesta Igreja, só tendo sido transferida definitivamente para o Convento das Grilas por D. João V em 1717, conforme era seu desejo (GOMES, 2001, p. 250).

Na segunda metade do século XVII a Procuradoria-Geral dos Carmelitas Descalços foi aqui instalada, e o Convento de Corpus Christi passou a ser a sede da ordem.

A acção catastrófica do sismo de 1 de Novembro de 1755 que se fez sentir nesta zona da cidade, uma das mais atingidas, é bem eloquente nas palavras do pároco de São Nicolau que refere: "do estado presente pouco tenho que dizer: pois o pretérito terramoto, e fogo a ele subsequente devorou todo o distrito da minha paróquia, deixando todo o seu território deserto inabitável e montanhas de ruínas" e quanto aos "dois conventos de religiosos, e três capelas, e dois hospitais; já não existem, e deles só se encontram as ruínas: servindo de despertador à nossa lembrança" (Lisboa em 1758..., 1976, pp. 209-210). Outra testemunha presencial descreve: "O Terramoto, e incêndio memorável pôs todo este sagrado edifício na última miséria, transformando em cinzas, o que nele havia, sendo a perda mais para sentir, a da Procuradoria Geral, onde se conservavam os títulos, padrões, e escrituras originais de todos os Conventos da Província, com outros muitos papéis de grande importância de várias pessoas desta Corte, e Reino" (CASTRO, III, 1763, p. 388). Informa-nos ainda que os religiosos foram para o Campo do Curral (actual Campo dos Mártires da Pátria) onde montaram "uma decente barraca, e sua Ermidinha", e aí permaneceram até à Quaresma de 1757, quando foram habitar novas instalações conventuais, que tinham edificado no início da Rua do Passadiço na freguesia de São José.

A lei de 12 de Maio de 1758 aprovou um novo plano urbanístico baseado numa quadrícula geométrica para as zonas destruídas. A distribuição dos terrenos teve início em 1759, utilizando as novas regras definidas para estabelecer a equivalência entre as propriedades antigas e os lotes dos novos quarteirões. No caso do Corpus Christi, o convento solicita e obtém autorização para que seja mantida a localização da igreja, agora integrada no desenho do novo quarteirão, que pretendem que lhes seja igualmente atribuído em exclusivo. Com esta finalidade os frades compram vários terrenos na zona destruída, para que feito o cômputo total lhes seja adjudicada a totalidade da área que possuíam nesse mesmo quarteirão. Este processo está documentado em dois autos de posse de 6 de Março de 1767 e 20 de Setembro de 1768 (ANTT, Juízo da Inspecção de Bairros de Lisboa 1756-1758), e é explicitamente referido na anotação que existe no Livro do Tombo: "A fol. 167 do Livro das adjudicações e posses dos terrenos do Bairro do Rocio se adjudicou este aos mesmos Religiosos Carmelitas Descalços no lado do poente da Rua Nova da Princesa no mesmo lugar em que era dantes o seu Convento e Igreja de Corpus christi que é hoje o 4º quarteirão vindo da praça do Comércio. Lx.ª 6 de Novembro de 1768. João Álvares de Carvalho". Na verdade, constata-se que são utilizadas para a localização e implantação do convento reconstruído, os mesmos procedimentos que para as adjudicações dos lotes aos antigos proprietários dos terrenos situados na área destruída pelo terramoto e que é objecto do novo Plano.

Nos autos declara-se que os religiosos têm que "conformar-se nos prospectos e construção da sua obra do referido convento por todos os lados dele", explicitando-se que o desenho imposto para as fachadas das diferentes ruas tem de ser cumprido, assim como a forma particular do quarteirão, o que de facto foi religiosamente executado. Esta obrigação de construir de acordo com as fachadas aprovadas, embora se tenha permitido diferenciar exteriormente a fachada da igreja, é especialmente importante neste caso, porque se adjudica um quarteirão inteiro delimitado por três tipos de ruas com distinto valor e diferentes tipos de fachada. Mas existe ainda a particularidade de ter um canto chanfrado, condição imposta no auto de adjudicação, para assim ser constituído o adro da igreja paroquial de São Nicolau, que se previa construir na Rua dos Fanqueiros (v. planta da freguesia de São Nicolau elaborada por Monteiro de Carvalho). Embora a igreja não tenha sido construída neste local, o pequeno largo foi efectivamente construído.

No quadro das lutas liberais, e após a retirada dos exércitos de D. Miguel, procuraram refúgio na capital, muitos populares que tinham fugido da zona do Ribatejo. O Convento de Corpus Christi é um dos que é considerado como adequado para servir de alojamento a essas pessoas, pelo que é mandado desocupar pelo Vigário Geral em 31 de Agosto de 1833, ordenando aos religiosos que se instalassem no Convento dos Remédios da mesma ordem, às Janelas Verdes (ANTT, Inventário de extinção..., Cx. 2231, f. 0154). Desde logo deu-se início aos inventários dos bens e rendimentos do convento, tendo a igreja e os objectos sagrados sido entregues à guarda do pároco de São Nicolau (Idem, f. 0099 e 0274). E 14 de Abril de 1834 é declarada a sentença de supressão do convento.

Na sequência da extinção das ordens religiosas em 1834, a totalidade do convento, incluindo a igreja secularizada, é vendido em hasta pública em 1835 (Collecção de Contas da Commissão Interina da Junta do Crédito Público até 10 de Setembro de 1836...), estando desde então desafecto ao culto religioso, e sendo propriedade de particulares.

Evolução urbana
Tendo como origem uma ermida, este convento foi edificado no século XVII, na área central da Baixa de Lisboa, próximo da Igreja de São Nicolau. Situando-se numa zona densamente habitada, a sua construção foi concretizada através da compra de casa contíguas, mas as áreas disponíveis foram insuficientes para completar o edifício do convento, o que se tornou mais difícil de conseguir após a morte da Rainha em 1666, que até então financiara o empreendimento e também o seu recheio. Em meados do século XVIII, a igreja teria onze metros de frente e vinte de fundo, e o convento teria vinte e seis metros, por dezoito de fundo, ocupando uma área aproximada de 680 m2, como está descrito no Tombo efectuado após o terramoto.

Na reconstrução da Lisboa baixa, podemos verificar que a igreja do convento se irá manter aproximadamente na mesma localização. O quarteirão adjudicado aos Carmelitas Descalços estende-se por uma superfície de 1826,5 m2, ou seja, quase três vezes maior do que a área do convento inicial.

O cadastro viário da cidade pós-terramoto elaborado por Monteiro de Carvalho na 2ª metade do século XVIII mostra, na planta correspondente à freguesia de São Nicolau e no lado nascente da Rua dos Fanqueiros - designada como Bela da Princesa -, a implantação definida de forma esquemática das igrejas de São Nicolau e de Santa Justa. De realçar os dois pequenos adros triangulares em frente das igrejas, por os quarteirões fronteiros terem as esquinas cortadas, surgindo duas diagonais que enquadrariam perspecticamente as fachadas das futuras igrejas. Curiosamente, não existe neste documento qualquer indicação sobre a localização prevista dos conventos, nomeadamente o de Corpus Christi. Já na Planta da cidade e seus arredores de cerca de 1780, interpretando o seu código de representação de amarelos e encarnados, assinala a amarelo forte as igrejas de São Nicolau, de Santa Justa e de Corpus Christi, indicando-as para serem feitas de novo, tal como o amarelo claro dos dois largos triangulares já referidos. Verifica-se que, num primeiro tempo, para as igrejas paroquiais se projectou a sua reconstrução em novos locais, escolhidos especificamente para elas e valorizando o seu enquadramento urbanístico, mas na verdade, se bem que cumprindo a malha e o padrão pombalinos, elas vieram a ser edificadas em sítios diferentes, mais próximos da sua localização primitiva, como sucede neste caso.

Apesar do convento ter sido extinto e vendido em hasta pública em 1835, a documentação abundante dos arquivos permite-nos estudar e aprofundar o processo da sua reedificação. E através da análise dos Autos dos inventários elaborados no início do século XIX, comparando-os com a realidade existente, podemos verificar que ainda hoje existe na generalidade o convento reconstruído, o qual ocupou efectivamente a totalidade dum quarteirão do plano pombalino.

Caracterização arquitectónica
Existe alguma informação sobre como seria a ermida inicial, a qual subsequentemente passou a ser a igreja do convento. O seu projecto foi elaborado por Teodósio Frias, por encomenda da rainha D. Luísa de Gusmão, e embora destruída pelo terramoto, as descrições conhecidas da arquitectura da igreja, nomeadamente quanto à utilização do modelo de planta centralizada com cantos cortados, permitem afirmar que ele foi retomado na igreja reconstruída. É claro que a Igreja de Corpus Christi fundada em 1648 é sem dúvida uma igreja diferente das outras, conforme destaca Paulo Varela Gomes: "Para homenagear o Santíssimo e celebrar um acontecimento político decisivo, D.ª Luísa de Gusmão e o seu arquitecto desconhecido [actualmente identificado por Soromenho como sendo Teodósio Frias] optaram pela planta centralizada. Frei Cristóvão de Almeida comparou explicitamente a igreja com uma fortaleza do Santíssimo: o templo 'nos há-de servir de escudo nas adversidades, de fortaleza nas batalhas, e de segurança para as vitórias' (GOMES, 2001, p. 253).

A forte carga simbólica associada à fundação da ermida e do próprio convento, assim como o facto de esta tipologia estar muito ligada ao culto do Santíssimo Sacramento, poderão em parte justificar porque as descrições anteriores ao terramoto nos fazem lembrar o espaço centrado que foi reedificado e ainda hoje existe. Mais do que o aproveitamento de elementos decorativos, que com grande probabilidade terão ficado em estado irreparável, dever-se-á valorizar neste caso a força da memória e da persistência dos valores espirituais associados a este local. De facto, quer seja pela evidente qualidade dos materiais de construção desta igreja, quer pela sua beleza espacial e dos revestimentos de mármores coloridos, constata-se que conseguiu sobreviver até hoje a realidade da arquitectura interior da igreja, bem como a do restante convento.

Vejamos como foi descrita a igreja inicial num manuscrito anónimo sobre as casas religiosas de Lisboa: "É sua frontaria de pedraria lavrada, com seu frontispício, que ornam quartelas e pirâmides grandes sobre os cunhais. Dá entrada para a igreja um arco largo de uma volta abatida, e por baixo do dito arco ficam umas grades de ferro, que como portas se abrem e fecham quando querem. [...] Entrando pela porta da igreja se vê nela um quadrado, que formam quatro arcos largos e altos, sobre os quais corre uma cimalha, e dela para cima se segue o zimbório, que fecha com as mesmas almofadas de que são ornados os lados da igreja, ficando as almofadas postas umas em figura ovada, outras em redonda, e outras em quadrado, metidas todas em quadrados de pedra vermelha, as quais almofadas, ficando no meio destes quadrados tem outras triangulares à roda, que são brancas, assentando cada uma per si dentro dos ditos quadrados vermelhos. Quanto ao recheio interior destaca-se o retábulo da capela-mor: "é todo de ébano, com guarnição de metal dourado, cousa que se não vê em retábulo algum deste Reino. Tem de cada banda duas grandes colunas, com seus capitéis e cornija sobre eles, também de bronzes dourados". E no centro uma pintura de grandes dimensões em que "se representa a procissão em que El Rei Dom João atrás do pálio ia acompanhando a Cristo Sacramentado" (História dos Mosteiros..., II, 1972, pp. 131-140).

A Crónica dos Carmelitas informa que "o incêndio sucessivo ao Terremoto de 1755 reduziu a cinzas quanto estava fora da Igreja; na qual, posto que tão arruinado, que foi necessario abatê-la, não entrou o fogo", e poderemos concluir provisoriamente que o convento, resultante da adaptação das casas que se tinham comprado, não sobreviveu ao terramoto e ao incêndio, o mesmo não se terá passado com a Igreja, que se refere no entanto que terá sido demolida, e reedificada de novo, integrada no projecto do convento reconstruído. É legítimo pôr a questão sobre o eventual reaproveitamento de elementos da estrutura da Igreja, os quais tendo sobrevivido à catástrofe, pudessem vir a ser usados. Considero no entanto como mais provável que as eventuais semelhanças advenham de que se tenha querido manter o modelo da igreja, reforçando a importância do seu valor simbólico, e por isso utilizando agora uma maior riqueza nos revestimentos decorativos, e projectando totalmente de novo o espaço conventual, realidade esta que em termos gerais existe ainda hoje. Assim se podem interpretar as afirmações da 'Crónica': "Por conservarem os Carmelitas Descalços a memória de tão grande Benefício, que sem dúvida foi prodigioso; fundaram de novo, e à imitação do antigo, uma Igreja no mesmo sítio, e com maior custo por ser toda de mármore; para o qual concorreram com grandeza, os nossos Soberanos, Princípes, e Princesas. O convento adquiriu nova forma, e maior extensão, com bela Arquitectura, ideada pelo insigne Mestre Remigio" (BENTO, Liv. XIV, Cap. X).

Segundo Gonzaga Pereira: "A sua planta é em círculo, e bastantemente pouco profunda, pelo pouco espaço em que anda por detrás a Rua dos Douradores; contudo cabem bem acomodadas duzentas pessoas; e o seu alçado é conforme a cópia junto a esta colecção de Memórias, que foi tirado do natural, em ponto de vista observado na mesma rua" (PEREIRA, 1927, p. 89). A gravura que refere é a única imagem conhecida da fachada principal do convento com a igreja, tal como foram reconstruídas, antes das alterações do portal da Igreja e da torre sineira. Tal como ainda hoje se pode ver, a fachada da igreja do convento foi orientada a nascente para a Rua dos Fanqueiros, ficando virados para o pequeno largo o que terá sido o campanário.

O convento reconstruído ocupou a totalidade do quarteirão e seguiu rigorosamente o plano pombalino, integrando-se e apropriando-se dele, quer em termos formais, quer funcionais. A Igreja de Corpus Christi terá ficado aproximadamente no mesmo sítio da antiga, a sua implantação ligeiramente rodada, para encaixar transversalmente no quarteirão.

Pode supor-se que a carta topográfica nº 43, levantada em 1858 sob a direcção de Filipe Folque, e que mostra com algum detalhe o quarteirão reconstruído, nos dá uma visão de como seria o convento à data da sua extinção. Estão aí claramente delineados os dois pátios de forma quadrangular que ainda hoje tornam este quarteirão tão diferente de todos os outros da Baixa Pombalina, mas nenhuma indicação existe sobre a localização da igreja ou do seu zimbório, tratados já como qualquer outro prédio corrente da Baixa.

A execução do plano aprovado obrigou os proprietários a construir de acordo com os alçados definidos para cada rua. Também aqui as fachadas seguem um esquema hierárquico, apresentando este quarteirão as características seguintes: na Rua dos Fanqueiros, que é uma rua principal, localizou-se a fachada da igreja, identificada pela cimalha, o frontão recortado, os fogaréus e as pilastras duplas; a restante fachada mostra um desenho idêntico ao proposto para as ruas principais com janelas de sacada e varandas no 1º andar, janelas no 2º e 3º, e águas-furtadas. Nos arquivos de obras da Câmara Municipal de Lisboa estão documentados os sucessivos pedidos que, ao longo do século XX, foram substituindo os vãos originais por grandes montras envidraçadas seguindo gostos mais actuais. Também a Rua de São Nicolau, na zona do largo, segue este esquema. Uma excepção bem interessante é a fachada da antiga loja Abel Pereira da Fonseca, com cantarias e portas que deverão corresponder ao projecto de remodelação. Quem imaginaria Fernando Pessoa fotografado a beber um copo de vinho ao balcão deste estabelecimento, como nos mostra Marina Tavares Dias (DIAS, 1998, p. 110)?

Na Rua da Vitória e no resto da Rua de São Nicolau, fachadas típicas das Travessas, com os vãos primitivos: portas das lojas e sobrelojas, janelas nos outros pisos. E na Rua dos Douradores, uma Rua Secundária, fachada idêntica às dos outros quarteirões desta rua, onde no conjunto formado pelo rés-do-chão e sobreloja os vãos são alternadamente mais largos e com verga curva uns, e mais estreitos e de verga facetada os outros. As cantarias das janelas dos pisos superiores - 1º, 2º e 3º - têm forma quadrangular e cantarias lisas.

É na fachada da igreja da Rua dos Fanqueiros que maiores alterações foram introduzidas. Conforme representado nos "Monumentos Sacros" verificamos que correspondendo sensivelmente aos dois primeiros pisos actuais temos um portal único com frontão quebrado, e sobre ele as três janelas do coro-alto, no mesmo lugar que as actuais, embora com ligeiras diferenças no desenho. De assinalar ainda o campanário, hoje inexistente. Uma primeira conclusão podemos tirar: vemos já representadas as fachadas do quarteirão pombalino, pois mostram seguir a hierarquia e a modulação típicas, e por outro lado são idênticas às que hoje existem. De notável neste quarteirão, tomado como unidade de projecto do plano de reconstrução, é a manutenção da volumetria inicial, pelo menos até ao nível das cornijas das fachadas, e as inúmeras janelas de guilhotina ainda preservadas, as quais permitem ter uma leitura mais correcta em termos de uma escala humana e de ritmo variado da fachada inicial, bem representativa da arquitectura pombalina da Baixa.

O processo de extinção da Torre do Tombo contém, entre outros, dois documentos preciosos: o "Inventário da Igreja e dos Utensílios sagrados", e o "Inventário do Prédio Urbano" (que corresponde a este quarteirão). Acessoriamente, uma lista de intimações aos inquilinos das propriedades alugadas vem também confirmar alguns destes aspectos com mais pormenor. Podemos assim constatar que desde o início o convento reconstruído só ocupou parcialmente o quarteirão. Como em qualquer prédio da Baixa Pombalina as lojas do rés-do-chão e as sobrelojas, e o mesmo se aplicava aos apartamentos habitacionais localizados nos topos do quarteirão, foram desde o início edificados para alugar, como fonte de rendimento. Daí a justificação para que, além das entradas para o convento, existissem também outras entradas independentes, directas da rua, para que não houvesse interferência na vida conventual.

O espaço da igreja tal como foi descrito no "Inventário de 1833" ainda existe. Escrevia-se então que o corpo da igreja era "formado de Pedra lavrada de diverças cores... o tecto de estuque pintado e o sobrado de madeira dividido em sepulturas" e "dois Pulpitos de madeira, e Talha pintados, sobre sacadas de pedra, na parede", e por baixo de cada um outra porta " (ANTT, Inventário de extinção..., f. 0249). Na Igreja havia quatro Capelas: a de S. João da Cruz e de N.ª Sr.ª das Dores, do lado da Epístola; de S. José e do Sacramento, do lado do Evangelho. De notável nesta capela o ter "de fundo quase doze palmos" e as paredes serem de "cantaria lavrada" (Idem, f. 0250-0255). Existe ainda hoje um espaço octogonal um pouco deteriorado que deverá corresponder a esta descrição.

Na capela-mor, um "arco de Pedra de Cantaria lavrada, e paredes dos lados de Cantaria e pedra de cores", e duas Tribunas tendo por baixo duas portas "uma que sai para o Claustro, e outra que vai para o Coro, e Torre" (Idem, f. 0256-0257). Para o coro "sobe-se a elle pellos Dormitorios, e pella Escada que dá serventia para a Torre [sineira, provavelmente, o espaço vazio cilindrico ainda existente]"; ele apoia-se numa abóbada, e tem outra como tecto, e possui uma "grade de ferro com emblemas e enfeites do mesmo, sobre huma sacada de Pedra em toda a frente que faz para a Igreija" (Idem, f. 0263).

Tendo por base o "Inventário do Prédio Urbano" realizado em 9 de Novembro de 1833, vejamos como estaria estruturado o convento à data da sua extinção.

Supõe-se que seria no actual nº 121 da Rua dos Fanqueiros que ficaria a Portaria do Convento, e junto a ela a Casa da Botica; por aqui tinha-se acesso ao "Claustro lageado de pedra com seus arcos de cantaria e abóbada... e às escadas de pedra pellas quaes se sobe ao Convento" (Idem, fólio 0369), o qual ocupava o 2º e 3º andares, e as águas-furtadas. Estavam arrendadas cinco lojas no rés-do-chão, e no 1º andar dois espaços abobadados com janelas de sacada e respectivas varandas na fachada de rua. Na Rua da Vitória o convento ocupava também o 2º e 3º andares, e as águas-furtadas. Estavam arrendadas quatro lojas no rés-do-chão, um vão de escada e parte do 1º andar. Na Rua de São Nicolau nada se refere quanto ao convento. Estavam arrendadas três lojas, duas sobrelojas, e os apartamentos do 1º, 2º e 3º andares e as águas-furtadas com entrada pelo actual nº 12, o qual constituiria um lote praticamente independente. Finalmente na Rua dos Douradores estavam arrendadas ao nível do rés-do-chão sete lojas, e ainda três sobrelojas e um vão de escada; o convento e as aulas ocupavam o 1º, 2º e 3º andares e as águas-furtadas. O actual n.º 84 é referido com a designação de "Porta de Carro" e dava acesso ao que seria o antigo Pátio com as dependências de serviço do Convento: "os quartos dos Mossos, a Adega de abobada, despenca com suas Talhas para Azeite metidas em argamaça" (Idem). Existem ainda hoje vários compartimentos abobadados em semi-cave, nomeadamente sob as construções da Rua da Vitória e dos Fanqueiros, com acesso por este pátio, tal como se descrevia há cento e setenta anos. No pátio existia também um poço de água potável com uma bomba de cobre com roda de ferro, indo a água para duas pias de pedra que existiam na cozinha; refere-se ainda o facto de a cozinha ser lageada e o tecto em abóbada com alguidares de pedra para lavagem com o competente despejo. Este Inventário refere ainda a existência cos Dormitórios com as suas celas, da Casa do Oratório, da Casa do Capítulo, do refeitório, da livraria e mais as oficinas necessárias, sendo o 1º andar parcialmente ocupado pelas aulas já referidas (Idem, f. 0370).

Uma última fase é a das modificações que se seguiram à venda deste quarteirão, ou seja desde 1835 até hoje. O campanário e os sinos desapareceram. O portal da fachada da igreja foi substituído por três portas no rés-do-chão e, no 1º andar, três janelas de sacada, parcialmente tapadas pela abóbada que sustenta o coro, como referimos antes. Desapareceram as balaustradas do coro e dos púlpitos. O espaço da capela-mor foi entaipado e também subdividido com mais dois pisos, e acrescentadas várias divisórias.

Na parte do convento, as mudanças exteriores terão sido nas coberturas, onde se vê agora apenas telha marselha, com mais algumas águas-furtadas e chaminés. Nas fachadas dando para os pátios foram construídas varandas salientes em ferro para fazer as imprescindíveis casas de banho mínimas. Mais recentemente, no século XX sem dúvida, foram modificadas quase todas as fachadas das lojas da Rua dos Fanqueiros, construídas algumas novas caves, e efectuou-se uma ocupação parcial com construções nos pátios.

Inventário de extinção
ANTT, Ministério das Finanças, Convento do Corpus Christi de Lisboa, Cx. 2231.

http://digitarq.arquivos.pt/details?id=4694996

O inventário de extinção do Convento de Corpus Christi de Lisboa é constituído por um conjunto de 486 folios digitalizados. Nele se incluem diversos documentos que permitem acompanhar o historial desde a ordem de desocupação do convento em 1833 até à sua extinção em 1834: inventários, notificações diversas, avaliações, arrematações e entregas de bens a várias instituições, dando cumprimento às orientações estabelecidas.

As diligências para a supressão do convento e inventário dos seus bens foram determinadas pela portaria de 10 de Setembro de 1833, da Junta do Exame do Estado Actual e Melhoramento Temporal das Ordens Regulares (f. 0099).

Os autos de inventário tiveram início a 16 de Setembro de 1933 e prolongaram-se até 18 de Novembro. O juiz inventariante foi o padre João Damasceno Pacheco Pereira de Magalhães (pároco da paróquia de São Tiago de Camarate), o representante do convento foi o reverendo padre Frei Joze de Maria Santíssima (sacristão-mor), e o escrivão foi Francisco Raymundo da Silva.

Na altura havia apenas 3 religiosos no convento, pois os restantes 17 (7 frades e 10 leigos) tinham sido transferidos para o Convento de Nossa Senhora dos Remédios, por ordem do Vigário-geral de 31 de Agosto de 1833 (f. 0133 e 0154).

Foi um processo de inventário difícil, conforme relata o juiz supressor no relatório final dos autos (18 de Novembro de 1833 - f. 0133-0136), por falta de colaboração dos religiosos do convento. Com efeito, os livros de constas e legados tinham desaparecido Botica, Livraria, Adéga, Cozinha, Enfermaria, e tudo o mais que era bom tinha taobem desaparecido, e o resto estava de tal modo baralhado, e confundido... (f. 0133). Por isso conclui dizendo: Pareceme pois, Real Senhor pello que a Cima deixo ponderado que os Frades roubarão quanto poderão, reunirão os livros pelos quaes podia conhecer-se-lhes as ladroeiras [...] e fazendo à Nação mais hum bem Haja por suprimido não só este Convento, mas toda a Ordem, que não servindo de uttilidade algua à Nação, são oppostos ao sistema Constitucional, isto não he Ordem Relligioza, mais sim huam caza de comercio, uzura, e ladroeiras das quaes subsitem (f. 0135-0136).

A sentença de supressão foi emitida a 14 de Março de 1834 e a avaliação (com inventário) dos bens do convento (prédios rústicos) teve início a 20 de Maio e ficou concluída a 17 de Julho.

A publicação no Diário do Governo da hasta pública efectuada no dia 29 de Agosto de 1835 mostra-nos o quarteirão dividido em quatro lotes que foram arrematados. Especifica-se que cada um deles tem escadas independentes, o que permite um acesso directo à rua. Temos assim (SILVA, I, 1997, p. 667; SANTOS, 2004, p. 127):

A 1ª Divisão que inclui a igreja, que se informa ir ser secularizada, e que confronta com a Rua dos Douradores, numa frente de 23,43m (106,5 palmos), com a Rua de São Nicolau por onde tem entrada, que é o actual nº 12, e com a Rua dos Fanqueiros (antiga Rua Nova da Princesa); a 2ª Divisão confronta com a Rua dos Douradores e dos Fanqueiros, com frentes idênticas de 14,85m (67,5 palmos) para cada rua, e entrada pela portaria do convento que se supõe ser o n.º 121 da Rua dos Fanqueiros; a 3ª Divisão confronta com as mesmas ruas, com frentes de 17,38m (79 palmos) para cada uma delas, e entrada pela Rua dos Douradores através do nº 84; a 4ª Divisão tem frentes para a Rua dos Fanqueiros e para a Rua dos Douradores com 15,51m (70,5 palmos) para cada uma, e uma terceira frente para a Rua da Vitória por onde tem entrada pelo actual nº 7.

Cronologia


1648-09-28 Fundação, por D. Luísa de Gusmão, duma Ermida dedicada ao Santíssimo Sacramento.
1661 Doação da ermida e casas anexas aos Carmelitas Descalços para edificarem um convento.
1755-11-01 O terramoto deixa o convento em ruínas.
1756 Início da construção de um novo convento na Rua do Passadiço.
1757-04 Os religiosos mudam-se do Campo do Curral, para onde tinham ido após o terramoto, para o novo convento na Rua do Passadiço.
1759-05-05 É decidido no Capítulo Provincial comprar terrenos para ampliar o convento, com dinheiro dos conventos de Angola e Baía, uma vez que estes frades iriam utilizariam o convento para se alojarem quando estivessem de passagem por Lisboa.
1767-03-06 1º Auto de Adjudicação do lote com frente para a Rua dos Fanqueiros.
1768 Início da reconstrução do convento.
1768-09-20 Segundo auto de adjudicação do lote com frente para a Rua dos Douradores, completando o quarteirão.
1772 Venda do edifício da Rua do Passadiço.
1821 Residiam no convento 20 sacerdotes e 8 leigos.
1821-05-30 A regência do reino, em nome de D. João IV, ordena que os Gerais dos Estudos Públicos do Rossio se instalem no Convento do Corpus Christi «fazendo-se para isso os arranjos e consertos que forem indispensáveis; havendo com [o seu Prelado] e Religiosos [...] toda a consideração, e respeito que se deve á Propriedade, e de que não hão de eximir-se em obsequio da Causa Publica, que hoje exige as maiores economias.»
1833-08-31 Ordem do Vigário Geral para que de imediato seja desocupado o Convento de Corpus Christi, transferindo os seus religiosos para o Convento de Nossa Senhora dos Remédios, ficando livre para servir de alojamento aos "expatriados" (fugidos do Ribatejo para Lisboa para escaparem à violência das tropas do "usurpador").
1833-09-10 Portaria da Junta do Exame do Estado Actual e Melhoramento Temporal das Ordens Regulares determinando que sejam inventariados todos os bens do convento, e nomeando Juiz Inventariante João Damasceno Pacheco Pereira de Magalhães, pároco da freguesia de Camarate.
1833-09-16 Início do processo de inventariação, com cópia da Régia Provisão de 10 de Setembro de 1833 sobre o modo como se deve elaborar o Inventário e o destino a dar aos diferentes bens.
1833-09-19 Inventário da igreja, da sacristia e dos utensílios sagrados.
1833-09-20 Continuação do inventário da sacristia.
1833-09-28 Inventário da prata da igreja e auto de remessa da mesma ao Banco.
1833-09-28 Entrega da igreja, sacristia e objectos constantes do inventário respectivo ao Prior da Freguesia de São Nicolau, José António da Silva Santa Bárbara.
1833-10-02 Inventário dos paramentos e objectos não sagrados.
1833-10-14 Inventários dos utensílios de cozinha, enfermaria, despensa, adega e mais objectos do comum. Estes bens foram remetidos ao Depósito de São Bento no dia 23 de Outubro.
1833-11-08 Inventario dos documentos, livros e mais papéis e apólices, entregues ao Tesouro Público no dia 15 de Novembro.
1833-11-09 Autos de inventário do prédio urbano, na presença frei Joze de Santo Ellias (ex prior do convento) e frei Antonio do Santissimo Sacramento (procurador-geral da Ordem dos Carmelitas Descalços), e auto de encerramento do inventário.
1833-11-15 Termo de remessa dos 11 processos do inventário à Junta do Exame do Estado Actual, e Melhoramento Temporal das Ordens Religiosas, para deliberação régia.
1834-04-14 Sentença de supressão do convento.
1834-05-20 Portaria do Tesouro público para que seja feita a avaliação do edifício do convento.
1834-05-30 Decreto de extinção de todas as casas religiosas masculinas das ordens regulares e incorporação dos seus bens nos Próprios da Fazenda Nacional.
1834-06-05 Portaria do Tribunal do Tesouro Público para que o Prefeito da Estremadura tome conta das casas religiosas de todas as ordens regulares existentes no distrito da sua provedoria e proceda aos respectivos inventários e avaliações.
1834-06-15 Auto de posse, para a Fazenda Nacional, do edifício do convento e todas as suas pertenças.
1834-07-05 Portaria do Prefeitura da Estremadura determinando que o Provedor do 3º Distrito tome posse dos conventos da sua área de jurisdição (São Domingos, Corpus Christi Boa-Hora) e dos respectivos prédios urbanos, e que faça a sua avaliação.
1834-07-17 Autos de avaliação inquirindo os inquilinos.
1834-08-19 Portaria do Tribunal do Tesouro Público sobre a venda e o arrendamento dos bens nacionais. Determina que o Perfeito da Província da Estremadura dê orientações para que se proceda à venda dos bens móveis e semi-móveis, excepto os objetos do culto divino, as peças de ouro e prata e as livrarias; e que arrende, por um ano, todos os prédios rústicos e urbanos da Fazenda Nacional.
1835-04-15 Carta de lei pondo à venda em hasta pública os bens nacionais.
1835-08-29 Venda em leilão de 4 lotes, correspondentes ao edifício do convento, igreja e casas de habitação na Rua dos Fanqueiros, pelo valor de 53.400$000 (a avaliação tinha sido de 28.000$000).
2013-09-20 Publicação da Portaria nº 628/2013, que classifica o convento e a igreja como Monumento de Interesse Público.

Fontes e Bibliografia


Material gráfico

Cartulário Pombalino. Câmara Municipal de Lisboa, [1999].

PEREIRA, Luís Gonzaga - Igreja de Corpus Christi. Museu de Lisboa [1836].

Cartografia

[Enquadramento urbano | Convento de Corpus Christi de Lisboa, 1834].

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FOLQUE, Filipe; - [Carta Topográfica de Lisboa e seus arredores, 1856/1858]. 1:1000. 65 plantas; 92 X 62,5cm, Planta 43 (Outubro 1858).

FREITAS, José Valentim de; - [Plantas de Lisboa anterior ao Terramoto - estudos parciais e planta]. 18 plantas, Planta 18.

[Planta Topographica da Cidade de Lisboa, comprehendendo na sua extensão a beira mar da Ponte d´Alcantara até ao Convento das Comendadeiras de Santos [...], 3º quartel do século XVIII]. 1 Planta, 1520 X 680 mm. MC.GRA.0495.

POPPE, Elias Sebastião; - [Configuração de partes das fortificações antigas da cidade de Lisboa [...]]. MC.DES.0010.

Manuscrito

[Consultas da Comissão Eclesiástica da Reforma]. [Manuscrito]1822-1823. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério dos Negócios Eclesiásticos e Justiça, Maço 268, n.º 4, Caixa 214, Doc. 1.

Dos Conventos, e Mosteiros de Lisboa 1757, com a notícia verdadeira da ruína que padeceram em o fatal Terramoto, e Incêndio no 1.º de Novembro de 1755. [Manuscrito]Biblioteca Pública de Évora, f. 213-216v.

Inventário de extinção do Convento de Corpus Christi de Lisboa. [Manuscrito]Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Ministério das Finanças, Convento de Corpus Christi de Lisboa, Cx. 2231.

Juízo da Inspecção dos Bairros de Lisboa, Bairro do Rossio, Livros do Tombo e das Adjudicações e Posses. [Manuscrito]Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Monografia

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SANTANA, Francisco - Lisboa na segunda metade do século XVIII: plantas e descrições das suas freguesias. Lisboa: CML, 1976.

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RIBEIRO, Victor - História da Beneficiencia Publica em Portugal, Capitulo VIII. Instituto - Revista Scientifica e Litteraria,. Coimbra: Imprensa da Universidade. Volume 50, 1903, pp. 516-524.

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SOROMENHO, Miguel - O Convento de Corpus Christi: um caso de estudo. Monumentos. Lisboa: Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. nº 21, 2004, pp. 116-123.

Material Fotográfico


Convento de Corpus Christi | Exterior | Perspectiva geral. DPC_20150212_072.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Fanqueiros | Igreja. DPC_20150212_069.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Douradores | Fachada. DPC_20150212_076.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Fanqueiros | Fachada da Igreja. DPC_20150212_068.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi| Exterior | Rua dos Douradores | Fachada. DPC_20150212_080.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Douradores | Fachada. DPC_20150212_078.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Douradores | Fachada. DPC_20150212_077.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Douradores | Fachada. DPC_20150212_079.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Exterior | Rua dos Douradores | Perspetiva. DPC_20150212_075.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Interior | Sala. DPC_20150212_074.
© CML | DMC | DPC | José Vicente 2015.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Pormenor.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Cúpula.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Cúpula.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Cúpula.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Cúpula.

Convento de Corpus Christi | Interior | Igreja | Cúpula.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento de Corpus Christi | Interior | Zona habitacional.

Convento do Corpus Christi | Exterior Igreja. POR059374.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento do Corpus Christi | Exterior | Fachada sul. BAR000190.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento do Corpus Christi | Exterior | Rua de São Nicolau. POR059375.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.

Convento do Corpus Christi | Exterior | Rua dos Fanqueiros. N60476.
© CML | DMC | Arquivo Municipal de Lisboa.


Inventariantes


Maria Helena Ribeiro dos Santos - 2015-04-23
Última atualização - 2018-07-09


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Câmara Municipal de Lisboa
 Data: 2024-12-13